domingo, 3 de abril de 2016

Nós e os nós: a política e Gramsci

Por Paulo Rezende.
Quem se lembra das obras de Gramsci não esquece do seu conceito de hegemonia. Há uma lucidez exemplar nas reflexões do líder italiano. O poder não existe solto, sem amarras, precisa de uma base. Se queremos uma democracia, temos que lutar para que os vestígios autoritários sejam apagados. Eles sobram na política brasileira. Quem conhece a história não se negará a observar que a república tropeçou muita vezes e seguiu um caminho árido e curvo. Prevaleceu a força, os partidos não seguram um projeto e negociações ganham intermediários que formam quadrilhas, com  cinismos nutridos e vacinados. Nunca leram Gramsci ou utilizam-se do avesso da política, mas deliram com as redes da imprensa.
Poucos momentos de respiração saudável.Estamos inundados por denúncias. Há escândalos em toda parte. A sociedade perdeu sua direção, não consegue visualizar quem pode governá-la. A confusão é imensa, radicaliza raivas, desmonta memória, empurra as leis para lata do lixo. O presidente da Câmara do Deputados engana e se livra de processos com uma facilidade impressionante. Há uma fuga, ninguém parece abrir o jogo, todos ficam na defensiva, querendo extremar o individualismo. As novidades assombram montando uma trilha de sensacionalismo que atormenta.
A política não dialoga com Gramsci, Alguns sentem-se senhores das verdade do juízo final. O estado policial mete medos, pois as liberdades sofrem ameaças constantes. A atmosfera de desconfiança é geral. Como acenar, então, para hegemonia? Qual o grupo que apresenta um projeto que salve e libere os nós que nos apertam? Ambicionam o poder central com manipulações persistentes e bem produzidas. O susto contamina o cotidiano cheio de notícias sensacionalista. Quantas caixas de Rivrotil foram vendidas? Não custar citar como as farmácias estão sendo frequentadas. É sinal que a sociedade adoece, luta contra o peso das mentiras fabricadas e a desigualdade domina, cerca,oprime.
O mercado de diplomas esvazia a reflexão. Há uma apatia e uma vitória do pragmatismo da grana. Gramsci foi preso pelos fascistas. Eles se organizaram em muitos países da Europa. A violência criou fôlego e arruinou o convencimento. Os argumentos ficaram tontos . O corporativismo dançou sua valsa com olho no imperialismo. É difícil desatar os nós. As comunicações tecnológicas atuam com pressa. O mundo globalizou-se sem formar a democracia , nem tampouco cidadãos . Vale a economia concentrada, nada de socializar. O narcisismo elege espaços, rompe afetos, emperra instituições.Multiplicamos os meios culturais, o cartão de crédito tornou-se, porém, um fetiche.Por onde anda a pedagogia política? Por onde andam os desejos de dividir?
Mente-se com máscaras sofisticadas. Há um suspense que amplia a ansiedade. Vivemos noites de insônias. São muitas perguntas e respostas imediatas, sem reflexões. Os  boatos trituram as consciências. A sociedade não se contempla no espelho das ambiguidades. Inventa resistências, para evitar que a luz do cais não se acabe. O tempo se vai e leva a história. As religiões mudam suas estratégias, querem um lugar no Congresso Nacional. Exploram ingenuidades usando a dita palavra de Deus. Não deixam de existir salvadores que clamam verdades e acumulam vaidades. Prometeu segue acorrentado.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

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