sábado, 26 de março de 2016

Não fique fora da história

Por Paulo Rezende.
Não há neutralidade. O silêncio e a apatia têm significados. Cada um faz sua construção, escolhe seus valores, valoriza sua coragem, duvida de alguma fantasia. Todos contribuem para a aventura, com suspense, surpresas e maldições. Ficar fora da história é renunciar ao coletivo. Somos animais sociais. Toda prática egoísta fragmenta e provoca tensões. Esconder-se é renunciar à solidariedade. Quando as crises radicalizam é importante que as janelas sejam abertas e se apontem os desenhos do caminho escolhido pela maioria. É preciso sempre que veias tenham sangue e não caricaturas.
Tenho quase 64 anos e muito tempo no magistério. Há autores que me tocam. As reflexões de Nietzsche sobre os valores, sobre as tradições ocidentais, sobre os gregos me trazem deslumbramentos. Envolvem-me. Não só fã das racionalidades ditas supremas. Admiro os bons iconoclastas. Quem cultivou uma leitura de Nietzsche não deve estar muito perplexo com situação que vivemos e dividimos. Há um apodrecimento generalizado, um descuido com a responsabilidade e a autonomia. Nem se conhece o significado decisivo dessas palavras. Valem o Big Brother e suas intimidades eróticas. Quem se liga ou estica as cordas do possível equilíbrio? O globo tem luzes para iluminar as demências? Será?
Insisto na questão do cinismo. Jogam as leis no lixo, riscam as conquistas. Parecem psicopatas totalmente surtados. Se a população se detivesse no olhar de certas pessoas não ficaria tão ausente em algumas ações. A falta de atenção talvez esteja na velocidade das notícias. A mídia empurra manchetes, distorce de forma visível. Respeito as heterogeneidades desde que possuam argumentos e não brinquem de pedalar no domingo para tornar-se democrata. Se a sociedade é desigual, violenta, invadida pelo tráfico, com pensar que a democracia é mágica?Poucos medem o tempo. estragam-se raciocínios para sugerir o caos.
Os ressentimentos são fortes. Ambicionam manter as desigualdades como , então, exaltar o estado de direito? Tudo muito confuso. Os valores dançam com estivessem no inferno. Queimam-se constantemente. Não há observação sobre o que será o futuro, porém um desmanche político incrível, feito em tocas sofisticados, em restaurantes finos. Costuram-se conspirações, há infinitas denúncias. Epidemia de dengue na política dos mosquitos espertos?As opiniões iguais terminam sacrificando o social com a mesmice. Não punir quem assumiu compromisso com a corrupção seria um grande erro.
Colocar a sociedade numa corda bamba, como armadilhas esvazia a possibilidade de confiar. Por onde andamos? Por que tantos olhos vermelhos, tantos ódios, tantos delírios de poder? A velha luta do bem contra o mal num mundo descartável? Angústias, expectativas, ataques, medos. Muitos não percebem como o sentimento entra na político, como a falta de afeto cria sujeitos vampirescos. As farmácias lucram. Não existem, contudo, remédios para cinismo. O conhecimento é um instrumento que produz ambiguidade e nutre dominações. Alguém tem o dom da ingenuidade?O paraíso celebra alguma festa? Qual será o dia do último pecado? Quem será o juiz do juízo final?
Professor Edgar Bom Jardim - PE

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