quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

O desfile das mercadorias: o capitalismo,os valores, o vírus


A multiplicidade pode ser anúncio de uma possível democracia. Espalham-se as escolhas, aumentam os debates, criam-se teorias. Mas além da abertura há manipulações. Nem tudo segue o caminho da verdade. Aceleram-se o jogo da mídia, os enganos dos negócios, a falsidade dos discursos. Não sei se o capitalismo é historicamente uma invenção que se adapta aos comportamentos humanos com uma fatalidade cruel. A agilidade existe, pede máscaras, agita ambições. No momento que vivemos as confusões também são múltiplas. Tudo parece uma grande encenação de pobreza ética incomensurável. Quando falo no mundo das mercadorias, penso nas compras, nos simulacros, nos conceitos de felicidade, nas pessoas perdidas em imagens com brilhos e mentiras sedutoras.
O fetiche da mercadoria não é apenas uma questão econômica. É preciso está alerta para os entrelaçamentos sociais, não cair em hierarquias fabricadas para mexer com os poderes. Ninguém nega força da tecnologia, a diversidade de fórmulas ditas milagrosas. Entre quantidade e qualidades sinto que a sociedade se arrasta. Desconhece o significado da solidariedade e assume um individualismo que ressalta sucesso e esperteza. Talvez, essa multiplicidade de significados seja perniciosa. Todos dizem ter razão, porém governar se tornou um exercício de acusações. Sempre desconfiei do animal racional capaz de se redimir de todos pecados e inventar a salvação eterna.
Não reduza a mercadoria ao presente do seu extraordinário amigo secreto. Não se vende somente produtos visíveis. O capitalismo animou seu fôlego e continua. A modernidade se pintou de liberdade, prometeu igualdade, no entanto o que houve foi uma sofisticação de iscas cheias de ambiguidades. Nem as religiões, nem as academias, nem os generosos conseguem compreender que o cinismo e a violência estão soltos. Uma sociedade que cultiva drogas de forma extremada, não se localiza nos seus valores. Nunca conversamos com equilíbrio e, muita vezes, eliminamos as fraquezas com infantilizações permanentes. A idade não diz o que temos na afetividade que não anula as neuroses.Marx, Freud, Lacan,Nietzsche, Kant, Platão, Rousseau construíram reflexões sobre as sociabilidades. Sinais de otimismo  cortam melancolias
Tudo é descartável ou há uma  pureza inviolável?. O  mais grave é que as pessoas também se tornaram mercadorias. Curtem vitrines, submergem no exibicionismo Em cada quarto escuro surge uma visão de mundo que celebra o êxito. Há palavras tontas: justiça. sinceridade, equilíbrio, comunhão… A história é uma invenção social, não tenho dúvidas. Mas o reino da falsidade expande seus territórios. Estreitam-se futuros, negociam armas e sentenças determinadas. Sortes e azares maquinam brincadeiras seguindo a rota do escorpião. Poucos observam que existe uma tempestade, poucos observam o que são mercadorias. Valem pela desqualificação. Será que estamos conectados com a perversão? A história é ação de todos e não fantasias restritas de covardias. Não se mire no pecado capital. Ele é um vírus. Por Antônio Rezende.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

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