domingo, 28 de junho de 2015

O machismo costura histórias seculares

Por Antônio Paulo Rezende.
As mudanças ocorrem e direitos são assegurados. Os ritmos variam e se misturam com os devaneios.No entanto, permanecem desencontros que pareciam ser superados pelos iluminismos tão exaltados. Quebrou-se a sociedade da servidão, as cidades anunciavam liberdade, as revoluções queriam definir outras relações. Chegou-se a acreditar que as ciências desvendariam mistérios e conseguiria firmar a paz. Mas a desconfiança não se foi. As guerras e as colonizações mostravam uma violência desproporcional. A dominação impunha costumes culturais, ampliava preconceitos, submetia povos inteiros. Genocídios marcam a história, apesar dos discursos generosos que mascaram a vontade de poder.
Esquecemos que somos animais. Temos sofisticações, inventamos tecnologias. Procuramos sempre afirmar inteligências e competir com astúcias especiais. Há teorias que circulam prometendo futuros paraísos. As notícias não são animadoras. Na prática, somem os desejos de igualdade, prevalece o terror, o susto acorda pesadelos. Olha-se a sexualidade com estudos diferentes. Condena-se comportamentos do passado. Apesar de tantos debates, de conquistas, de rebeldias, a sociedade cultiva machismos, sepulta afetos, mascara e justifica opressões. Somos animais sociais, produzimos fantasias, andamos em pântanos que sustentam nossos voos azuis. As interrogações nos agoniam, riscam possibilidades de salvação.
É difícil compreender o vaivém da história. A questão do bem e do mal perdura. As culpas não sossegam, os arrependimentos clamam por perdões. As religiões dizem se comunicar com deuses, que a bondade é possível. A população aumentou e a complexidade também. É um exílio viver num mundo em que as imagens passam com velocidade. Estamos no Brasil assistindo ao que acontece na França. O vídeo confunde, a novela tumultua sentimentos, o consumo confunde valores. Num delírio inexplicável, as coisas tomam conta do humano, a ambição move disputas e hipocrisias, os pertencimentos são efêmeros e traiçoeiros.
Muitas carências num mundo com  diversidade imensa. As insatisfações não cessam. Na política, o machismo faz vítimas, segrega; no cotidiano envolve drama familiares. Houve deslocamentos, perdas, desafios. A psicanálise lê  sentimentos, dialoga com os traumas infantis, ajuda a decifrar desacertos. Se aceitamos que a incompletude nos acompanha, se nos lembramos de Édipo e seus destinos, das tantas  lendas que atravessam séculos, a surpresa se apresenta como companheira dos fazeres afetivos. As dores e as saudades se mantêm. Nossos malabarismos trazem novas trilhas e reinventam ilusões. Os discursos se chocam como barcos sem cais. O jogo tem cartas, cores, sangue, mas contém segredos e viajam sem direção.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

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