domingo, 12 de outubro de 2014

A cidadania sofre o cerco de pressões.

A política: os lugares da história.

Por Antônio Rezende.
As eleições acontecem trazendo a política para o debate. Há uma clima de festa cívica, como alguns gostam de afirmar. Não podemos esquecer que a política está entrelaçada com as questões do poder. Ela deveria ser pensada nas relações sociais que vivemos sem necessitar de datas marcadas. Mas o ritmo é outro. Fugimos de assuntos polêmicos e esperamos momentos do calendário oficial. Os problemas se avolumam, como também as insatisfações. As eleições ganham um tom de de magia, lança-se a reflexão para o futuro.
Não é à toa que as tensões quebram limites. Há toda uma organização que explode seus negócios. Muitas pesquisas, novidades na imprensa, debates sucessivos. O espetáculo arquiteta públicos e crenças. Apesar da concentração e mistura de cores, a política termina repetindo passados que pareciam longínquos. Há atmosferas de desânimo, há ataques pessoais, há amizades desfeitas. Não faltam cinismos, nem criação de especialistas em análises ditas complexas. A sociedade se estrutura, como se o fim da história se aproximasse.
O dia marcado é intensamente vivido. O voto é discutido. As dúvidas circulam, os interesses aprofundam ansiedades. Pede-se transparência, porém existem mais sombras e máscaras. Inventam-se tecnologias para acelerar o processo. As eleições tornam-se também um negócio de incomensurável valor. A democracia é cantada, mesmo com suas debilidades visíveis. Os salvadores da pátria distribuem bandeiras, programas, carros de som. Comício e passeata congregam militantes e curiosos. Ressentimentos e preconceitos não perdem seus lugares.
Os partidos fazem coligações gigantescas. Muitas siglas, para pouco conteúdo e boatos constantes. A confusão atrai. Forma-se um mercado de trabalho passageiro, no entanto com ambições milionárias. Os resultados da disputa não demoram. A sofisticação é indescritível. Há o segundo turno que proporcionará armações inesperadas. A política é território de surpresas. Possui uma lógica singular e não deixa de lembrar Maquiavel.Quem visualiza a história construída, apenas, com mudanças, fica atordoado. As permanências promovem desesperanças, mas as instituições seguram suas tradições, o novo e o velho se abraçam.
Vivemos numa sociedade capitalista e a política não se ausenta das tramas das desigualdades. A cidadania sofre o cerco de pressões. Os ideais de justiça terminam contaminados pelos valores de troca. Sobram astúcias, apagam-se as transparências. Portanto, os descontroles estão presentes e fazem suas vítimas.Se a questão do poder não se escondesses do cotidiano, não tivesse data marcada para suas questões, a sociedade se abriria para outras transformações.
Não se mudam as pedagogias e se exaltam a carência de gestões. A política deveria envolver crítica e reflexão. O cenário, contudo, é de julgamento e sensacionalismos. Se a reprodução da desigualdade continua sendo o mote dos governos, fica difícil escolher com fôlego e tocar nos sonhos. Ninguém está ausente da política, de se chocar com seus oportunismos, de afirmar suas opções. É preciso não desconhecer os limites e observar as falhas que vestem as escolhas de cada um. A sociedade se desfaria sem a política e seus contrapontos.       De:Astúcia de Ulisses.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

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