domingo, 7 de setembro de 2014

Facebook, comportamentos, máquinas

Por Paulo Rezende.
Estou no face, curtindo convivências e encontrando dimensões diferentes dos meus tempos passados. Os limites eram grandes. O telefone e a televisão faziam o costurar do cotidiano, além das conversas pessoais. Seria impossível imaginar que a sociedade ganharia outro ritmo sob o comando das máquinas imperiosas. Surgem dificuldades, exige-se rapidez e se desprezam experiências. Há uma busca de fórmulas salvadoras. Os mestres são outros e as informações se multiplicam propagando conhecimentos, mas não largando as superficialidades e as hipocrisias.
A história é território de transformações. Falar de identidades fixas é um escorregão perigoso. Um dia se vai e já queremos novidades. Frequentamos ambientes diversos, com arquiteturas surpreendentes. Os comportamentos procuram, muitas vezes, corresponder ao que se coloca como adequado. Os modelos disputam espaços. Compra-se, troca-se, vende-se. Celebram-se sucessos passageiros. Há remédios que prometem arrastar depressões e construir felicidades. O movimento quebra costumes, atiça questões, fragiliza saudades. É o mundo dos classificados.
Não há como fechar as portas. Temos os incômodos e corremos atrás de alternativas. As religiões se misturam com desejo de riqueza. Despertam a sede eleitoral dos políticos. Poucos preservam os ensinamentos de princípios, lembram-se da sabedoria e da simplicidade. O fôlego do capital esvazia sossegos, não quer ouvir relatos de experiências, consagra a acumulação e o consumo. Nem tudo, porém, é registro de conformismo e submissão. As máquinas são invenções, elas podem apontar outras trilhas e destruir o culto às vitrines.
O fundamental é a convivência. O excesso de mercadorias inquieta. As pessoas observam, sentem-se seduzidas, aprofundam o individualismo. As festas estão relacionadas com datas comerciais, mostram o valor das estatísticas, anunciam lucros e satisfação nos negócios. A convivência sofre a invasão de presentes, amigos secretos, reuniões em restaurantes, cumprimentos repetitivos. A economia se fortalece com o chamado setor de servições e suas armadilhas gananciosas. O lugar das griffes é sagrado.
O Facebook forma suas cartografias. Substitui os meios de comunicação mais lentos, estimula outras linguagens, porém não esquece de buscar referências no passado. As amizades são virtuais, os grupos estimulam aproximações, nem sempre a leveza predomina. Há também disputas, feudalização, fabricação de máscaras, estranhamentos. A memória é agitada para se construir uma ponte com a história. As informações circulam, atraem debates, não são despidas de estratégias políticas.Há quem conclua que tudo não passa de um tentativa de apagar a solidão e produzir um  enredo compatível com o tempo moderno ou pós-moderno.
A convivência se modifica, contudo se preservam os sentimentos vestidos com as roupas atuais. Continuam as fantasias, as especulações, as possibilidades de criar-se esconderijos ou se evitar proibições. A rapidez redefine comportamentos. Não há como impor sociabilidades e uniformizar opiniões, sem ruídos e dissidências. As divergências não se vão mesmo que as reflexões sejam superficiais.O desafio é se envolver com os pertencimentos, observando que a história não se move sem eles e redesenha, sempre, suas perguntas sobre o passado. Será que cada um sabe a força do ar que respira?
Professor Edgar Bom Jardim - PE

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