sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Mandela e a luta contra o apartheid

Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.
Nelson Mandela

O ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela, que morreu na quinta-feira (5) aos 95 anos em Pretória, é considerado um dos maiores heróis da luta pela igualdade de direitos no país e foi um dos principais responsáveis pelo fim do regime racista vigente entre 1948 a 1993 chamado do apartheid - separação, na língua africâner, que é derivada do holandês.
Durante o apartheid, que vigorou por mais de 40 anos, imperava na África do Sul uma política oficial de segregação dos cidadãos segundo a cor de sua pele - em que a minoria branca dominou a maioria negra.

Mandela é considerado um ícone justamente por guiar o país das algemas deste regime para uma democracia multirracial.

Conhecido como “Madiba”, ficou preso durante 27 anos devido à luta contra o regime da minoria branca e ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1993 por combater a discriminação racial. Foi eleito em 1994 o primeiro presidente negro da África do Sul, nas primeiras eleições multirraciais sul-africanas.
Colonizada por holandeses e britânicos, a África do Sul se tornou independente em 1910, mas, desde a chegada dos primeiros europeus, no fim do século XV, surgiram ações de dominação dos nativos negros.
Em 1948, com a vitória do Partido Nacional nas eleições legislativas, a segregação racial se tornou oficial. O governo passou a registrar cidadãos segundo a raça e a proibir os casamentos mistos.

O governo também confiscou propriedades de negros e obrigou milhares de pessoas a se mudar para áreas reservadas por etnia. A cor da pele passou a definir se a pessoa poderia votar, onde iria estudar, morar, trabalhar e a receber tratamento médico, diferenciando lugares e posições de brancos e negros na sociedade.
 Placas determinavam as áreas para brancos e as áreas para negros, que deveriam, obrigatoriamente, carregar uma caderneta com informações pessoais.

Em 1960,  após uma manifestação que terminou com 69 mortos, o governo decretou estado de emergência e baniu o Congresso Nacional Africano (CNA), o movimento que lutava pela união de todos os africanos e contra o apartheid. Mandela fazia parte do CNA e também havia sido presidente do grupo, coordenando a luta contra o regime de segregação no país.
Em 1961, quando o CNA é posto na ilegalidade após os protestos, Mandela tornou-se líder da guerrilha Umkhonto we Sizwe (Lança da Nação), planejando uma greve geral. O CNA desiste da resistência pacífica e Mandela deixa ilegalmente a África do Sul em 1962 para viajar pela continente para receber treinamento militar. Visitou a Inglaterra, Marrocos e Etiópia, e foi preso ao voltar, em agosto do mesmo ano. De acordo com o jornal “Telegraph”, a organização perdeu o ideal de protestos não letais com o tempo e matou pelo menos 63 pessoas em bombardeios nos 20 anos seguintes.
Mandela começou a frequentar informalmente as reuniões do CNA em 1942 e tornou-se secretário nacional em 1948, ano em que o Partido Nacional ganhou as eleições, abandonando o curso de direito para se dedicar aos protestos contra seis leis consideradas injustas. Como reação do governo, na ocasião, ele e 19 colegas foram presos e sentenciados a nove meses de trabalho forçado. Anos depois, foi condenado por abandonar ilegalmente o país e sabotagem.
Em 1976, em Soweto, ainda durante o apartheid, uma região de população negra nos arredores de Johanesburgo, estudantes se revoltaram contra a decisão do governo de tornar o africâner o idioma oficial em todas as escolas. Os protestos se espalharam pelo país e chamaram a atenção do mundo.
Na década de 1980, vários países endureceram as sanções contra a África do Sul como forma de pressão por mudanças. Em 1989, o novo presidente, Frederick de Klerk, iniciou as mudanças. Tirou o Congresso Nacional Africano (CNA) da ilegalidade e deu os primeiros passos para acabar com o apartheid.
Luta pela liberdade
Enquanto integrava o CNA, Mandela ajudou a articular, em 1955, o Congresso do Povo e citava a política pacifista de Gandhi como influência. A reunião uniu a oposição e consolidou as ideias antiapartheid em um documento chamado Carta da Liberdade. No fim do ano, Mandela foi preso juntamente com outros 155 ativistas em uma série de detenções pelo país. 
“Eu lutei contra a dominação branca, e lutei contra a dominação negra. Eu cultivei o ideal de uma sociedade democrática e livre, na qual todas as pessoas vivem juntas em harmonia e com oportunidades iguais. Este é um ideal pelo qual eu espero viver e alcançar. Mas, se for necessário, é um ideal pelo qual estou preparado para morrer”, afirmou Mandela.
Em 1964, Mandela e outros sete colegas foram condenados por sabotagem e sentenciados à prisão perpétua. Um deles, Denis Goldberg, foi preso em Pretória por ser branco. Os outros foram levados para a Ilha de Robben.

Após o fim da carreira política, Mandela voltou-se para a causa de diversas organizações sociais e de direitos humanos.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

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