Dezoito esculturas do artista caruaruense integram a mostra Criaturas imaginárias, em cartaz no Museu Casa do Pontal
A relação entre homem e animal é tema da mostra Criaturas imaginárias, que abriu no último sábado (30), no Museu Casa do Pontal, no Rio de Janeiro. Por meio de 18 peças do artista caruaruense Manoel Galdino (1929-1996), a exposição dialoga com leituras da cultura popular e contemporânea para fusão entre seres humanos e animais, frequente na cultura brasileira.
Dentre as 23 peças da exposição, 18 são de Galdino e integram o acervo do museu. As demais são obras de Angelo Venosa, Cristina Salgado e Eliane Duarte, que estavam sob guarda do Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC), parceiro da mostra na Casa do Pontal. O artista contemporâneo Zé Carlos Garcia também cedeu uma peça de seu próprio acervo para a mostra.
De acordo com a diretora do museu e curadora da exposição, Angela Macelani, entre os destaques da exposição estão uma peça de barro, de cerca de 1 metro, de autoria de Galdino, chamada Monstro e uma obra da artista Cristina Salgado, de 1,2 metro, denominada Mulher observadora, que é uma leitura de um cão fêmea, com olhos espalhados por todo o corpo.
“Todas as obras abordam as fronteiras entre homem e bicho. De alguma forma: que corpo comum é esse (animal ou humano) que temos? São seres ambíguos metade gente, metade bicho, que compartilham um mundo humanizado, ou animalizado, digamos assim, que são questões fortes nas lendas da cultura brasileira, por exemplo, disse a curadora, que é antropóloga.
Uma estrutura de Angelo Venosa, que usa ossos na composição, também está entre as peças mais instigantes, segundo a curadora. “É uma estrutura leve, oca, de 2 metros, que parece recoberta por uma pele. São ossos não humanos que nos evocam a lembrança da transitoriedade de qualquer vida, inclusive uma vida humana”, disse Angela sobre a peça, que não tem nome.
A mostra Criaturas imaginárias segue aberta ao público até o dia 30 de março, de terça-feira a domingo, entre 9h30 e 17h. Os ingressos custam R$ 4, a inteira, e R$ 2, a meia. O Museu Casa do Pontal fica na Estrada do Pontal, 3.295, no Recreio, zona oeste do Rio.
Com informações de Isabela Vieira ( Agência Brasil/JC ).
FIQUE POR DENTRO
Manuel Galdino de Freitas nasceu em 1929, na cidade pernambucana de São Caetano, próximo ao Alto do Moura. Em 1940, muda-se para Caruaru,(PE), onde passa a trabalhar em olaria, fazendo telhas e tijolos. Casa-se com Maria Rendeira e tem três filhos. Torna-se funcionário municipal, trabalhando na construção civil. Nas horas vagas, se distrai modelando figuras de barro, entre elas a de Judas, para as brincadeiras de malhação da Semana Santa. Sua trajetória como artista tem início a partir de 1974, quando é destacado pela p refeitura para executar serviços no Alto do Moura, onde faz amigos que o introduzem na arte de "bonecos", principal atividade local. Apaixona-se de tal maneira pela modelagem em cerâmica, que despede-se do trabalho público, vende a casa que possuía em Caruaru e muda-se com a família, definitivamente, para o Alto do Moura. Tenta vários negócios alternativos, ao mesmo tempo em que se dedica febrilmente à produção de novos bonecos. Logo passa a ser reconhecido como um dos mais fecundos ceramistas do Alto Moura. Suas criações formam um repertório de obras delirantes e originais, consagrando os monstros autofágicos, e outros personagens de forte conteúdo onírico, como Lampião-Sereia e São Francisco Cangaceiro. Manuel Galdino morre no Alto do Moura, em 1996. Com informações de popular.art.br
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