sábado, 14 de dezembro de 2013

Corpo de Mandela chega em Qunu

Ex-presidente morto aos 95 anos vai ser enterrado no domingo (15).
Cerimônia da etnia xhosa inclui sacrifício de boi e uso de trajes típicos.


9/12 - Uma estrutura é construída em Qunu para o enterro de Mandela no dia 15 de dezembro. (Foto: Carl de Souza/AFP)Estrutura é construída em Qunu para o enterro de Mandela no dia 15 de dezembro. (Foto: Carl de Souza/AFP)
O corpo de Nelson Mandela, ex-presidente sul-africano e líder da luta pela igualdade, chegou neste sábado (14) a Qunu, onde será enterrado neste domingo (15). Ele foi levado da Base Aérea de Pretória à residência de sua família em Qunu, povoado onde o líder cresceu. Os rituais tradicionais da etnia xhosa, incluindo o sacrifício de um boi, protagonizarão a despedida final.
14/12 - O caixão de Mandela chega à residência da família do líder sul-africano em Qunu coberto por uma pele de leão (Foto: Elmond Jiyane/GCIS/AP)14/12 - O caixão de Mandela chega à residência da
família do líder sul-africano em Qunu coberto por
uma pele de leão (Foto: Elmond Jiyane/GCIS/AP)
Depois do velório formal em Pretória, a tradição vai dominar a cerimônia do enterro, que será acompanhado por dirigentes e ex-dirigentes de todo o mundo e convidados especiais.
O funeral do Prêmio Nobel da Paz e primeiro presidente negro da África do Sul depois do fim do apartheid será supervisionado pelos anciões do clã e acontecerá na fazenda da família Mandela.
O sacrifício do animal - recorrente em momentos importantes da vida - será parte crucial do evento.
"Um funeral é uma cerimônia complicada que envolve se comunicar com os ancestrais e permitir que o espírito da pessoa que se foi descanse", declarou o chefe Jonginyaniso Mtirara, do clã Thembu, ao qual Mandela pertence.
"Derramar o sangue do animal é parte importante do processo", acrescentou.
Durante a cerimônia, Mandela será tratado como "Dalibhunga", o nome que lhe deram aos 16 anos no rito de iniciação à vida adulta.
Seu corpo será recebido ao grito de "Aaah! Dalibhunga!", que se repetirá durante a cerimônia.
Os xhosa utilizarão o traje típico dos funerais, branco e azul, adornado com colares.
Os oradores xhosa estarão divididos em três grupos, um deles o Thembu, ao qual Mandela pertencia.
Embora ele nunca tenha demonstrado sua fé, a mãe de Mandela incutiu nele sua confissão metodista.
mapa qunu mandela (Foto: 1)
Seu casamento em 1998 com sua terceira esposa, Graça Machel, foi realizada por um sacerdote metodista, Mvune Dandala, com bênçãos de reverendos de outras confissões, incluindo um rabino.
A comissão de assuntos tradicionais regional pediu que o governo não interfira na organização da cerimônia.
"Se o governo intervier, os anciões não o aceitarão e não será bem-vindo, e isso terá um efeito pernicioso nos membros da família, porque o espírito voltará para persegui-los", explicou o chefe da comissão, Nokuzola Mdenge.
Os vizinhos e uma empresa privada prepararam cuidadosamente o panteão familiar, protegendo-o dos curiosos com um muro.
É o local onde foram enterrados novamente seus três filhos, depois que uma parte da família os transferiu a Mvezo, o povoado no qual Mandela nasceu, após uma disputa.
Em muitas áreas rurais da África do Sul é normal enterrar os parentes nas terras da família.
O antropólogo e historiador Mda Mda declarou que Mandela não terá um enterro real, apesar das conexões familiares com a realeza Thembu.
"Não era um rei, seu pai não era um rei, como alguns gostam de acreditar", declarou.
A filha mais velha de Mandela, Makaziwe, declarou em julho que não queria que o túmulo de seu pai se convertesse em local de peregrinação e que não estaria aberto ao público.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

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