sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Fraudes com dinheiro do ProJovem


Desvios ocorreram em sete cidades mineiras, segundo investigação.
Escutas revelam negociações entre agentes públicos e presidente do IMDC.

Do G1/ MGTV 
Mais de R$ 3,5 milhões do Ministério do Trabalho e Emprego, destinados ao Programa Nacional de Inclusão de Jovens (ProJovem), teriam sido desviados em sete cidades mineiras, segundo investigação da Polícia Federal. O suposto esquema criminoso com dinheiro público, que resultou na prisão de 25 pessoas, foi desarticulado nesta segunda-feira (9) pela Operação “Esopo”.
Seis cidades do Norte de Minas e do Vale do Jequitinhonha (AraçuaíCoração de Jesus, Januária, São Francisco, São João da PonteTaiobeiras) e do Sul (Três Corações), que receberam repasse de dinheiro do Ministério do Trabalho, aparecem no relatório da Polícia Federal. Os desvios teriam sido cometidos por agentes públicos e por representantes da Oscip de nome Instituto Mundial de Desenvolvimento e Cidadania (IMDC), acusada de articular as fraudes. As negociações entre agentes públicos foram monitoradas por meio de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça. Segundo a investigação, as prefeituras fecharam contratos fraudulentos com o IMDC.
Uma das transações envolve o recebimento de R$ 800 mil da Prefeitura de Januária. A Polícia Federal gravou com autorização da Justiça uma conversa entre o presidente do IMDC, Deivson Oliveira Vidal, e o então secretário de Defesa Social do município, Cristiano Maciel Carneiro. Os dois aparecem como investigados em relatório da Operação “Esopo” sobre suposta fraude no Programa ProJovem.
Na escuta de dezembro de 2011, eles conversam sobre um repasse e citam um procurador que não é identificado no diálogo.
Deivson: Instaurou uma comissão administrativa, o procurador?
Cristiano: É. O procurador, ele fez foi isso.
Deivson: Entendi. Vamos combinar o seguinte: só pra me aliviar, me paga 50% do valor, pelo menos agora, só pra me dar uma aliviada aqui.
Cristiano: Olha... É aquilo que eu te pedi, eu preciso de um posicionamento do prefeito, sabe, Deivson?
Deivson: Mas eu não consigo falar com ele. Eu liguei 10 mil vezes para ele, não atende, deixei recado.
Ainda de acordo com a polícia, cerca de três meses depois, o aviso do pagamento parcial ao IMDC foi anunciado por Marcos Vinícios da Silva, conhecido como Marquinhos, que está foragido. Marquinhos era o assessor do deputado federal Ademir Camilo, que por meio de emenda parlamentar conseguia os recursos públicos. A conversa é com Maria Beatriz Barbosa, assistente financeira do IMDC:
Beatriz: “Marquinho”.
Marquinhos: Tá na conta aí, 450 mil, ué.
Beatriz: Acabou... acabou de aparecer aqui. Eu tava te ligando.
Marquinhos: Pois é, ué. Eu falei com ele. Eu fiz 450 mil, se você quiser eu  passo agora, o comprovante.
Em outra ligação, Marquinhos avisa Deivson sobre o mesmo depósito.
Marquinhos: Tá na conta, viu?
Deivson: Me falaram... depósito em cheque. Me falaram. 450, né? Depositou a menos, bandido!
Marquinhos: Não, era que o valor da nota era esse, sô. Ele depositou uma nota, o outro vai pegar o cheque.
Deivson- Ah tá, então beleza.
Marquinhos: É meu amigo, tá bom demais!
Segundo estimativas da Polícia Federal, a União tem que ser ressarcida em R$ 3.636.956,77 porque o instituto dirigido por Daivson Vidal não prestou os serviços para os quais foi contratada, como transporte e formação de alunos do Programa Nacional de Inclusão de Jovens por meio de capacitação profissional.
Outra prefeitura investigada foi a de Araçuaí. Em outra ligação, Deivson Vidal comemora com um subordinado o recebimento de uma parcela que seria de R$ 79 mil.
Daniel: Aqui, Araçuaí caiu, viu?
Deivson: Graças a Deus!
Daniel: Setenta e nove.
Deivson: Setenta e nove?
Daniel: É.
Deivson: Ô Deus é bom demais, gente!
Daniel: Eu não quero nem saber se falar em devolver, eu não devolvo, não.
O ex-prefeito de Januária, Maurílio Arruda, foi preso durante a operação de segunda-feira e liberado depois de prestar depoimento. Ele nega as irregularidades com o dinheiro do ProJovem. O ex-prefeito de Araçuaí, Aécio Silva, disse que compareceu à Polícia Federal para prestar esclarecimentos e que não agiu de má fé na realização dos contratos com o IMDC.
No Instituto Mundial de Desenvolvimento e Cidadania ninguém foi encontrado, nesta quinta-feira (12). O advogado de Deivson Vidal não atendeu às ligações. Os advogados dos demais funcionários que aparecem nas escutas telefônicas, realizadas com autorização da Justiça, não foram localizados.
http://professoredgarbomjardim-pe.blogspot.com.br/
Professor Edgar Bom Jardim - PE

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