AFP - Agence France-Presse
Procurado pelos Estados Unidos pelo vazamento de informações sobre o programa americano de espionagem de comunicações, Snowden afirmou que "não lamenta" nada que tenha feito e pediu asilo político à Rússia, para que sua viagem seja feita de forma legal à América Latina, em um comunicado publicado após ter se reunido com treze personalidades russas, incluindo dois advogados e representantes da Anistia Internacional e da ONG Human Rights Watch, na zona de trânsito do aeroporto de Moscou-Cheremetievo.
O americano ainda agradeceu o apoio de Bolívia, Equador e Nicarágua.
A representante de uma ONG russa que participou do encontro declarou que a embaixada americana havia pedido que ela transmitisse uma mensagem ao acusado.
Tatiana Lochkina, da Human Rights Watch (HRW), declarou ter recebido um telefonema, em nome do embaixador Michael McFaul, pedindo-lhe que dissesse a Snowden que ele não é um defensor dos direitos humanos.
"A posição das autoridades americanas é de que ele não é um defensor dos direitos humanos. Ele violou a lei e é por isso que deve se apresentar à Justiça", indicou.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, reagiu ao pedido de asilo de Snowden, declarando que as condições definidas na semana passada pelo presidente Vladimir Putin para a sua permanência no país continuam as mesmas.
"Snowden pode, teoricamente, permanecer na Rússia se, em primeiro lugar, renunciar totalmente às atividades que prejudicam nossos parceiros americanos e, em segundo lugar, se ele mesmo quiser isso", declarou à agência Interfax, ressaltando que até o momento nenhum pedido formal foi recebido.
O advogado russo Guenri Reznik, que participou da reunião, declarou à AFP que "Edward Snowden havia se comprometido a não prejudicar mais os Estados Unidos" para permanecer na Rússia.
Na semana passada, Snowden, que trabalhava para uma empresa que prestava serviços à Agência de Segurança Nacional (NSA), apresentou uma solicitação de asilo político a mais de 20 países, incluindo a Rússia.
A Venezuela ofereceu asilo a Snowden, assim como Nicarágua e Bolívia.
O americano está bloqueado no aeroporto de Moscou desde 23 de junho, quando chegou proveniente de Hong Kong.
Em uma mensagem, na qual convocou a reunião desta sexta-feira, Snowden denunciou as pressões exercidas pelos Estados Unidos que o impediram de encontrar asilo.
"Testemunhamos nestas últimas semanas uma campanha ilegal de ameaças por parte de membros do governo dos Estados Unidos para me negar o direito de asilo previsto pelo artigo 14 da Declaração Universal dos Direitos Humanos", escreveu Snowden às personalidades convidadas para a reunião.
"A magnitude das ameaças é inédita: nunca antes na história dos Estados Unidos conspiraram para forçar a aterrissagem de um avião presidencial para procurar um refugiado político", ressaltou Edward Snowden, em referência ao avião do presidente da Bolívia, Evo Morales, forçado a uma parada em Viena, no seu regresso de Moscou na semana passada.
Vários países europeus, incluindo a França, fecharam seu espaço aéreo acreditando que Edward Snowden estivesse a bordo.
A razão pela qual Edward Snowden não embarcou no voo Moscou-Havana ainda é desconhecida, mas os questionamentos levaram o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a declarar no final de junho que "não enviaria aviões" para capturar o fugitivo.
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