quinta-feira, 4 de julho de 2013

Snowden, o ex- técnico da CIA, um herói da atualidade não conseguiu asilo de Dilma


Imperialismo:Caso Snowden abala lua de mel entre EUA e América Latina


Com informações da BBC Brasil.



A incipiente "lua de mel" do governo do presidente Barack Obama com a América Latina pode ser a mais recente vítima do imbróglio diplomático criado pelo informante Edward Snowden, o ex-técnico da CIA que vazou informações sobre o programa secreto americano de coleta de dados de telefonemas e internet de cidadãos comuns.
Críticas à postura "arrogante" de quatro países europeus (Portugal, Espanha, França e Itália) que se recusaram a autorizar que o avião do presidente boliviano, Evo Morales, cruzasse seu espaço aéreo ecoaram também na nação mais empenhada em trazer de volta para casa o informante: os EUA.
Entretanto, pressionada por jornalistas, a porta-voz do Departamento de Estado americano, Jen Psaki, tentou desvencilhar o seu governo da decisão de impedir a passagem do avião presidencial boliviano, que acabou tendo de pernoitar na Áustria na terça-feira.
"Temos estado em contato com uma variedade de países em todo o mundo onde Snowden tem alguma chance de pousar ou até transitar, mas não vou dizer quando estas (conversas) ocorreram nem que países foram", admitiu a porta-voz americana.
"De maneira geral, pedimos que Snowden seja devolvido de qualquer país onde esteja, onde possa pousar ou por onde possa transitar."
Ela se recusou a dizer se os EUA tinham ou não informação de que Snowden pudesse estar no avião do chefe de Estado boliviano.
"Quero pedir-lhes que contatem os países aos quais estão se referindo e perguntem a eles sobre as decisões que foram feitas", afirmou Jen Psaki.

'Injustiça'
A aeronave de Morales, que vinha da Rússia, passou a noite em Viena enquanto o governo austríaco verificava os rumores de que transportava o informante americano. Só pela manhã, quando as suspeitas foram desfeitas, o avião foi autorizado a seguir viagem.
"Não sabemos quem inventou esta grande mentira, mas queremos denunciar à comunidade internacional essa injustiça com o avião do presidente", expressou, no aeroporto, o ministro das Relações Exteriores da Bolívia, David Choquehuanca.
O incidente gerou indignação entre líderes latino-americanos. A presidente argentina, Cristina Kirchner, disse que o episódio foi "humilhante" para um chefe de Estado da região.
O equatoriano Rafael Correa postou em sua conta de Twitter que "a nossa América não pode tolerar tanto abuso". "O que é com a Bolívia é com todos", disse Correa.
Já a presidente Dilma Rousseff afirmou que "o constrangimento ao presidente Morales atinge não só a Bolívia, mas a toda América Latina".
"(O caso) compromete o diálogo entre os dois continentes e possíveis negociações entre eles", afirmou a presidente através de nota.
Em uma mensagem na sua conta de Twitter, o Itamaraty disse que transmitiu ao governo boliviano o seu "repúdio" à "atitude arrogante" dos países europeus e disse que "a não autorização do sobrevoo causou surpresa, por não coadunar-se com as práticas internacionais".
Organizações como a Unasul, o grupo sul-americano de nações, e a OEA (Organização dos Estados Americanos, com sede em Washington), também criticaram a decisão.
À tarde, o governo francês emitiu uma nota dizendo que pediu desculpas ao governo boliviano pela "demora" em conceder a permissão de sobrevoo para o avião presidencial de Morales.
"A autorização para voar sobre o território francês foi concedida assim que as autoridades foram informadas de que a aeronave em questão era a do presidente Morales", disse a nota.
'Nunca houve, é claro, intenção de recusar o acesso do avião do presidente Morales ao nosso espaço aéreo; o presidente Morales é sempre bem-vindo no nosso país."

'Mão' dos EUA

Apesar da retratação francesa e das críticas dirigidas aos países europeus, outros países, como a Venezuela de Nicolás Maduro, não deixaram de responsabilizar os EUA – o país mais interessado no destino de Snowden – pelo "atentado" a Morales.
Para alguns analistas, o caso é no mínimo um "sobressalto" na retórica que Washington tem trocado com seus vizinhos, na qual se enfatiza o desejo de cooperação e integração baseados na 'igualdade" e no "respeito mútuo".
Mas para o diretor de Políticas do Conselho das Américas – uma organização empresarial que produz análises e estudos sobre a América Latina –, Christopher Sabatini, a questão vai "além da dinâmica de 'país hegemônico versus países explorados'" que tem caracterizado historicamente os conflitos entre os países latino-americanos e os EUA.
"Não estou tentando justificar o incidente com Morales, mas parceria é uma via de duas mãos. Para um país ser tratado com respeito, precisa respeitar as prerrogativas de segurança nacional de outro", disse Sabatini à BBC Brasil.
Ele disse acreditar que, ao indicar que seu país pudesse concordar em dar asilo para Snowden, Evo Morales pisou no calo dos EUA ao tratar a questão do "inimigo número um" americano de forma "leviana".
"Não consigo imaginar Peña Nieto, Santos e Dilma (presidentes de México, Colômbia e Brasil) agindo da mesma forma. São países que entendem que, para defender a sua segurança nacional, qualquer outro país, inclusive os EUA, farão tudo que estiver ao seu alcance", disse o analista.
"Há uma certa falta da polimento diplomático em como Morales agiu. Se isto não justifica a forma como foi tratado, também é certo que claramente não vinha obedecendo as regras do jogo."
As mais recentes tentativas de aproximação dos EUA com a América Latina incluem, ainda que de forma menos intensa, aqueles países cuja política externa contém doses de antiamericanismo, como Cuba, Venezuela e Equador.
Mas Sabatini observa que "qualquer tentativa genuína de reaproximação tem limites".
"Quando um país tão claramente, por nada mais que ideologia, tenta minar a autoridade americana (em termos de segurança nacional), isto tem consequências", disse.
"Os EUA não reagem mais a encenações como o presidente Maduro dizendo que Washington quer desestabilizar o seu governo. Mas (o caso de Snowden) é um tema importante para os EUA", acredita.
"É um assunto que vai no âmago da percepção americana do seu poder global, e que envia uma mensagem a outros possíveis informantes ou hackers. Todo país precisa estabelecer o seu limite e foi isso que os EUA fizeram."

O que fez? Por que foge ?
SnO owden, o que fez e por que foge
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Ironia da História: está em Moscou, de passagem, ex-agente perseguido pelos EUA depois de denunciar mega-rede de vigilância sobre cidadãos
Por Caue Seginemartin Ameni (outrasapalavras.com).
Enquanto nas principais metrópoles do mundo movimentos sociais se organizam pela internet, governos viralizam vigilância da rede. E desta vez não é paranoia.
Numa fuga típica de filme hoolywoodiano, o ex-especialista da CIA Edward Snowden encontra-se num hotel localizado na zona de trânsito do aeroporto de Sheremetievo-Moscou, a caminho do Equador. Snowden, que no início do mês vazou ao jornal britânico The Guardian documentos sobre o programa de espionagem PRISM, da Agência de Segurança Nacional norte-americana (NSA), obteve ontem (24 de junho), do governo de Rafael Correa, o status de refugiado político.
As revelações de Snowden incluem espionagem com grampos telefônicos e vigilância de atividades online, sem autorização judicial, com a colaboração dos gigantes da informática. Podem levá-lo a ser condenado a até dez anos de prisão por comunicação de informações de defesa nacional, revelação de informação confidencial e roubo de propriedade do governo. O jovem vem sendo duramente acusado de traidor por comentaristas da Fox News e pelo ex-vice-presidente Dick Cheney, a quem respondeu astutamente em entrevista a internautas do The Guardian: “Ser chamado de traidor por Dick Cheney é a maior honra que se pode dar a um americano”.
Recentemente o ex-agente somou a essa outra denúncia: a de que o Reino Unido seriaresponsável pelo que ele chama de “o maior programa de vigilância da história”, igualmente sem autorização judicial, e com monitoramento capaz de armazenar extenso volume de dados privados da internet e de ligações telefônicas em nível global. A denúncia foi destaque na edição de sábado (22/06) no The Guardian.
Conforme os documentos que apresentou, o programa de espionagem do setor de comunicações da agência de inteligência do Reino Unido, Government Communications Headquarters (GCHQ), seria “ainda pior” do que a americana NSA, tendo em vista que monitora através dos cabos de fibra ótica – que viabilizam o tráfico global da internet e ligações telefônicas, e passam em grande quantidade pelo território britânico, a caminho de outros países e continentes. O ex-agente disse ainda à reportagem que os dados são armazenados e analisados em parceria secreta pelas duas agências de inteligência. A operação do governo inglês, nomeada por Tempora, está rodando há 18 meses, e tem condições de armazenar informações por 30 dias.
A agência britânica não comenta as informações, mas insiste que seu trabalho é legal e alega monitorar suspeitos de terrorismo, incluindo suas ligações telefônicas, conteúdo de emails, páginas no portal de relacionamento Facebook e histórico de acessos nos programas de navegação. Segundo levantamento do The Guardian, o documento revela que no último ano o GCHQ monitorou 600 milhões telefonemas por dia e mais de 200 cabos de fibra ótica. Cada cabo carrega 10 gigabites por segundo, o equivalente ao envio de todas as informações sobre todos os livros da Biblioteca Britânica, 192 vezes, a cada 24 horas.
Antes das primeiras denúncias serem veiculadas pelo jornal britânico, Snowden fugiu para China. As autoridades americanas o acusaram de espionagem e solicitaram a Hong Kong sua extradição, mas o governo da ilha chinesa alegou que o pedido dos Estados Unidos não atendia os critérios da lei local e solicitou mais informações. Snowden transferiu-se então para a Rússia, e o governo chinês informou os Estados Unidos que o jovem norte-americano “deixou Hong Kong para um terceiro país através de canais legais e normais”.
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Depois disso, tende a piorar o “conflito diplomático” que vem desde o ano passado, quando Washington e Pequim se acusaram mutuamente, por diversas vezes, de espionagem cibernética.  De acordo com a edição online de sábado (22 de junho) doSouth China Morning Post, Snowden também passou informações sobre espionagem digital na China. Ele teria dito ao jornal chinês que os Estados Unidos hackearam computadores em empresas chinesas de telefonia móvel, assim como sedes da Pacnet de Hong Kong – empresa proprietária da “maior rede de fibra ótica submarina da região”. Teria revelado também que a base de dados da Universidade de Tsinghua, uma das principais instituições de ensino superior da China, fora espionada. A China pediu explicações após a revelação dos programas do NSA.
Daniel Ellsberg, ex-analista militar responsável pelo vazamento dos Papeis do Pentágono em 1971, observou que, embora isso não signifique um Estado policial, a infraestrutura eletrônica e legislativa para instalá-la já está em funcionamento. Bastaria apenas um pretexto ou ameaça para autorizar os próximos passos. O caso foi destaque nas manchetes dos principais jornais. Segundo a Amazon, as vendas do romance 1984 de George Orwell – que fala de um estado totalitário em que ninguém escapa à vigilância do Grande Irmão – aumentaram 7.000% após as revelações do inconfidente ex-especialista da CIA.
Três cenários parecem despontar no horizonte de Snowden. Um é parecido com o destino do fundador do Wikileaks, Julian Assange, há um ano exilado na embaixada equatoriana em Londres. Outro se assemelha ao do jovem Bradley Manning, processado perante uma corte militar por “colaborar com o inimigo” ao ter vazado ao Wikileaks informações secretas sobre irregularidades das Forças Armadas na guerra no Iraque. Ou um terceiro, mais otimista, parecido com o trajeto do ex-analista Daniel Ellsberg, que revelou detalhes sobre a situação na Guerra do Vietnã (1955-1975) e hoje é reconhecido como um herói.

www.professoredgar.com

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