sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

O mundo reverencia o legado do genial comunista Oscar Niemeyer


dilma_caixao_320 (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)

Dilma ao lado da viúva Vera Lúcia, durante o velório 

HOMEM SIMPLES
Em carta de 1987 enviada um mês antes de seu aniversário de 80 anos ao amigo pessoal José Aparecido de Oliveira, então governador do Distrito Federal, Oscar Niemeyer, que morreu nesta quarta-feira (5), aos 104 anos, recusou convite para participar das comemorações programadas para a data.
Carta escrita por Niemeyer ao amigo José Aparecido, ex-ministro da Cultura, em que diz que não participaria de festa de seus 80 anos de vida (Foto: TV Globo/Reprodução)Carta escrita por Niemeyer ao amigo José Aparecido, ex-ministro da Cultura, em que diz que não participaria de festa de seus 80 anos de vida (Foto: TV Globo/Reprodução)
No texto datilografado, o arquiteto afirmou que pretendia passar o aniversário “em completo anonimato” e afirma não ser merecedor das comemorações. "Primeiro, é um problema de consciência. Afinal muitos brasileiros que por maiores feitos os mereciam, não as receberam." Na carta, de 13 de novembro, Niemeyer explicou que não se sentia “no direito de tantas honrarias”.
Na verdade, meu amigo, passei pela vida como outro homem qualquer. Nada de excepcional. Os mesmos problemas de trabalho e subsistência, de sonhos, tristezas e fantasias"
Oscar Niemeyer, em carta de 1987
“Na verdade, meu amigo, passei pela vida como outro homem qualquer. Nada de excepcional. Os mesmos problemas de trabalho e subsistência, de sonhos, tristezas e fantasias”, escreveu. “Meu desejo hoje é passar meu aniversário em completo anonimato. Data que, a meu ver, não deve entusiasmar ninguém.”
Niemeyer se diz ainda apaixonado pela arquitetura. "Se trabalhei muito foi por ter como ofício um trabalho que me atraiu e apaixonou pela vida afora e se o desempenhei a contento foi porque o destino para isso contribuiu", diz em outro trecho. José Aparecido, que organiza a festa para o amigo, morreu em 2007, de insuficiência respiratória.
Vinte anos depois da recusa em participar da própria festa de aniversário, Niemeyer cedeu à celebração de seu centenário com familiares e amigos. Em 2007, cerca de 600 pessoas participaram da festa de 100 anos do arquiteto, na Casa das Canoas, projetada por ele em 1951, na Zona Sul do Rio de Janeiro.
Praça dos Três Poderes
Em outro texto do arquiteto, escrito de próprio punho, Niemeyer explica em três folhas uma de suas obras mais conhecidas, a Praça dos Três Poderes, em Brasília. Na carta, ele descreve a praça e o que ela representa – a demarcação em um mesmo espaço dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
Manuscrito de Niemeyer em que o arquiteto 'explica' seu projeto da Praça dos Três Poderes, em Brasília (Foto: TV Globo/Reprodução)Manuscrito de Niemeyer em que o arquiteto 'explica'
seu projeto da Praça dos Três Poderes, em Brasília
(Foto: TV Globo/Reprodução)
“Deles depende a vida brasileira e as nossas próprias vidas. Daí sua importância, o aspecto monumental que sua arquitetura procura caracterizar, com os palácios contidos em formas regulares, enriquecidos por uma preocupação plástica diferente, mais livre, e sem dúvida mais brasileira”, escreveu.

A carta não é datada, mas foi escrita entre 1985 e 1988. Em um dos trechos, ele fala sobre a necessidade de se promover melhorias na praça. “Agora , com Sarney na Presidência e [José] Aparecido no Governo de Brasília, precisamos reabilitá-la. Concluir o museu”, escreve o arquiteto.
José Sarney foi presidente do Brasil entre 1985 e 1990. José Aparecido de Oliveira foi escolhido ministro da Cultura pelo presidente eleito Tancredo Neves, em 1985. No mesmo ano, já com Sarney na Presidência, ele foi nomeado governador do Distrito Federal, voltando ao ministério em 1988.



Professor Edgar Bom Jardim - PE

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