quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Fósseis de baleia azul de 6 mil anos são encontrados em Iguape, SP


Pesquisadores da Unesp de São Vicente recolheram amostras para estudo.
Estimativa é que animal pesava entre 20 e 30 toneladas.

Mariane RossiDo G1 Santos
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Equipe de alunos e pesquisadores encontram fósseis de baleia azul em Iguape, SP (Foto: Francisco Sekiguchi Buchmann/Divulgação)Equipe encontra fósseis de baleia azul em Iguape, SP (Foto: Francisco Sekiguchi Buchmann/Divulgação)
Alunos e pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de São Vicente, no litoral de São Paulo, recolheram fósseis de uma baleia azul em uma praia de Iguape. A previsão é que o fóssil esteja no local há pelo menos 6 mil anos.
Um morador da cidade encontrou o objeto na areia da praia e avisou a equipe do Laboratório de Estratigrafia e Paleontologia da universidade. O professor da área e oceanógrafo Francisco Buchmann foi até a praia do Leste, em Iguape, e constatou que o material se tratava de ossos de uma baleia, em processo de fossilização. No local havia parte do crânio da baleia, parte da mandíbula, escápula, vértebras, costelas e uma parte do ouvido característica da baleia azul (Balaenoptera musculus), o que pôde definir a espécie do animal.
Alunos e pesquisadores trabalham em escavação para encontrar fósseis (Foto: Francisco Sekiguchi Buchmann/Divulgação)Alunos e pesquisadores trabalham em escavação
(Foto: Francisco Sekiguchi Buchmann/Divulgação)
Ele e 25 alunos do curso de Biologia Marinha e Gerenciamento Costeiro ficaram no local entre os dias 22 de agosto e 2 de setembro para realizar a escavação. O primeiro passo foi retirar grandes pedaços de troncos de árvores que estavam em cima do crânio do animal. "Alguns achavam que o fóssil era madeira", diz Buchmann. Logo depois, foi feita uma barricada feita com sacos de areia para que o mar não avançasse e cobrisse novamente os fósseis.
Um gerador de energia elétrica e uma bomba submersa foram usadas para retirar a água dentro da escavação. Depois de diversas etapas deste processo, os alunos e o professor conseguiram um guincho elétrico, um tripé e uma talha para a retirada dos ossos menores e elevação do crânio acima das ondas. Eles tiveram que construir uma espécie de estrada na areia para poder remover o crânio da praia e colocá-lo no caminhão, que levou os ossos e colocou em frente a um dos laboratórios de pesquisa, na sede da universidade em São Vicente.
Segundo Buchmann, provavelmente a baleia encalhou numa antiga praia quanto o nível do mar era muito acima do que vemos atualmente. Muito tempo depois, houve a variação da linha de costa devido a erosão costeira, o que expôs o crânio e ossos ao ambiente de água salgada. Ele estima que a baleia pesava entre 20 e 30 toneladas. O pesquisador acredita ainda que o animal tem pelo menos 6 mil anos, por conta das variações do nível do mar no período Quaternário, referente ao últimos 2 milhões de anos.
Equipamento ergueu parte da ossada para ser retirada da praia (Foto: Francisco Sekiguchi Buchmann/Divulgação)Equipamento ergueu ossada para remoção
(Foto: Francisco Sekiguchi Buchmann/Divulgação)
Para ele, a descoberta e todo o trabalho foi prazeroso. “O desafio foi muito grande”, conta. Os alunos ficaram acampados e puderam participar de toda a parte prática da profissão.
As oito peças estão sendo restauradas e preservadas pelo especialista. Uma parte de um fóssil foi encaminhado aos Estados Unidos para análise. "O importante é descobrir como a baleia chegou lá e o que aconteceu com ela", explica ele. As amostras serão datadas por testes de carbono 14 e, de acordo com esse estudo, será possível saber a idade do crânio e algumas características do animal e da época em que viveu.
Além disso, Buchmann afirma que o grupo irá voltar nos próximos meses na praia do Leste em Iguape, para tentar encontrar outras partes do animal que ainda não foram localizadas.
Ossos da baleia continuam na Unesp em São Vicente (Foto: Mariane Rossi/G1)Ossos da baleia continuam na Unesp, em São Vicente (Foto: Mariane Rossi/G1)

Professor Edgar Bom Jardim - PE

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