quarta-feira, 13 de junho de 2012

Fogo sagrado para abrir Rio+20


Cerca de 350 indígenas participaram na cerimônia, em Jacarepaguá.
Brasileiros, canadenses e guatemaltecos estão reunidos na Kari-Oca.

Glauco AraújoDo G1 RJ
Integrantes de diversas nações indígenas, que chegaram hoje à Aldeia Kari-Oca, são vistos durante a cerimônia do acendimento do Fogo Simbólico para a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, realizada na Colônia Juliano  (Foto: Wilton Júnior/Agência Estado)Índios participaram da cerimônia do acendimento
do fogo sagrado, na Colônia Juliano Moreira, em
Jacarepaguá (Foto: Wilton Júnior/Agência Estado)
Cerca de 350 índios brasileiros, canadenses, mexicanos e guatemaltecos participaram da cerimônia de acendimento do fogo sagrado ancestral indígena, na Aldeia Kari-Oca, montada na colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá, na zona Leste do Rio. O ato, segundo Marcos Terena, responsável pelo espaço, será repetida diariamente no mesmo local onde os índios montaram a oca na Rio92.
Terena disse que todos os povos unidos na Kari-Oca "são um povo só". Ele afirmou que em 1992, cerca de 750 índios ficaram alojados no local. "Neste ano, esperamos receber cerca de 1,6 mil representantes de vários países e continentes. O fogo para o índio é luz. A fumaça, por mais contraditório que possa parecer, é para limpar o ar, mas dentro da cultura indígena, dos pajés."
A cerimônia do fogo sagrado foi realizada no ponto exato onde os índios montaram a Oca em 1992, mas foram impedidos de montar a habitação no local, neste ano, por conta de um laudo da Fiocruz. "Eles disseram que tem leishmaniose naquele trecho. Nosso pajé foi lá e disse que não tem. Acreditamos no pajé e não no papel da Fiocruz. Vocês estão vendo mosquito ou formiga aqui?", disse Terena, se referindo ao trabalho espiritual feito pelos pajés no local.
Participaram da cerimônia de abertura da Kari-Oca índios das tribos xerente, paresi, manoki, terena, gurani kaiwa, guarani, kayapó, pataxó, pataxó hã hã hãe, bororo e xavante. Além das etnias brasileiras, o acendimento do fogo sagrado também contou com a participação de índios Sioux, do Canadá; dos astecas, do México; e dos maias, da Guatemala.
Índio participa da cerimônia de acendimento do fogo sagrado ancestral indígena (Foto: Glauco Araújo/G1)Índio kayapó participa da cerimônia de acendimento do fogo sagrado ancestral indígena (Foto: Glauco Araújo/G1)
"Cúmplices da destruição da natureza"Mais cedo, antes da cerimônia de acendimento do fogo sagrado, a mexicana Berenice Sanchezs, que integra a Rede Mesoamericana de Mulheres Indígenas sobre Biodiversidade, disse que a "mãe terra" precisa se protegida por todos. "Não podemos vender nosso ar. Querem comercializar créditos de carbono e fazer com que sejamos cúmplices da destruição da natureza."
Terena afirmou que os índios vão redigir um documento em três dias para ser entregue aos membros da Organização das Nações Unidas (ONU). "Será um documento político e com visão de longo prazo."
Ele aproveitou para questionar a demora do governo federal em liberar as verbas oferecidas para a realização a Kari-Oca. Segundo ele, o Ministério do Esporte liberou R$ 1,5 milhão e o Ministério da Cultura, outros R$ 80 mil. "Nenhum desses valores chegou. Assim, mostramos que não é preciso de tanto dinheiro para defender a natureza. E ainda vamos deixar um legaado, pois trouxemos internet para a Fiocruz [instalada na colônia Juliano Moreira] e é coisa de primeira e não sinal de rádio."
Belo Monte
Terena afirmou ainda que a ONU não quer debater os efeitos danosos que a construção da Hidrelétrica de Belo Monte pode provocar ao meio ambiente. "Belo Monte é um caso consumado. Temos de pensar lá na frente. A ONU quer debater energia sustentável. Então vamos falar dos projetos de contrução de seis hidrelétricas que estão previstas na Amazônia."



Fogo sagrado para abrir Rio+20
Professor Edgar Bom Jardim - PE

0 >-->Escreva seu comentários >-->:

Postar um comentário

Amigos (as) poste seus comentarios no Blog