segunda-feira, 5 de março de 2012

Dilma, Angela Merkel e os interesses políticos e econômicos unilaterais


Pela manhã, presidente do Brasil criticou guerra cambial dos países ricos.
Chanceler alemã defendeu 'confiança' como 'caminho' para sair da crise.

Do G1, em Brasília
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A chanceler Angela Merkel e a presidente Dilma Rousseff durante abertura da feira tecnológica Cebit, em Hannover, na Alemanha (Foto: Odd Andersen / AFP Photo)A chanceler Angela Merkel e a presidente Dilma Rousseff durante abertura da feira tecnológica Cebit, em Hannover, na Alemanha (Foto: Odd Andersen / AFP Photo)
Ao discursar após a presidente Dilma Rousseff na abertura da Feira Internacional das Tecnologias da Informação e das Comunicações, a Cebit, em Hannover, na Alemanha, a chanceler Angela Merkel criticou "medidas protecionistas unilaterais" como estratégia para sair da crise financeira internacional.
"A presidente Dilma citou tsunami de liquidez, manifestou sua preocupação. Temos de olhar para medidas protecionistas unilaterais. Penso que a confiança é o caminho que devemos trilhar para sair da crise. [...] Nós, europeus, ficamos conscientes do fato de que temos que olhar além das nossas fronteiras", declarou Merkel. Segundo ela, trata-se de uma "crise bem delicada".
A fala foi uma menção ao termo "tsunami monetário", usado por Dilma na quinta-feira (1º) para criticar a política cambial dos países desenvolvidos.
Para a chanceler alemã, é preciso criar regras que resultem em uma "política orçamentária estável e sólida". "As consequências da crise internacional são consequências da crise do endividamento".
Ainda em seu discurso, Merkel citou que terá "oportunidade" de conversar sobre a crise com Dilma ainda nesta segunda. Após a participação na feira, as duas têm uma reunião privada e devem falar sobre a crise.
Medidas de proteção
Pela manhã, Dilma criticou a "política monetária expansionista" dos países desenvolvidos. Disse que a "massa monetária" produzida gera "bolha" e "especulação" e que o Brasil tomará "todas as medidas" para se proteger - veja no vídeo ao lado.
“Eu reconheço que [a política cambial] é um mecanismo de defesa, mas você ganha tempo só. O que o Brasil quer mostrar é que está em andamento uma forma concorrencial de proteção de mercado que é o câmbio, uma forma artificial de proteção do mercado. [...] Somos uma economia soberana. Tomaremos todas as medidas para nos proteger", afirmou a presidente a jornalistas em Hannover, no lobby do hotel Luisenhof.
Nesta sexta-feira (2), Merkel já havia afirmado que entende as críticas feitas por Dilma. "De certa maneira, eu entendo as dúvidas dela. É por isso que vou tentar dizer a ela que planejamos perseguir reformas desta vez, que nós certamente não vamos adotar medidas semelhantes de novo", declarou.
A reforma do FMI (Fundo Monetário Internacional) e outras questões de política externa, como a crise na Síria, a Palestina e o Irã, também deverão ser debatidas por Dilma e Merkel. "A presidenta vai reafirmar aquilo que é próprio da política externa brasileira, que é a busca de soluções negociadas, diplomáticas, mesmo quando essas soluções parecem muito difíceis", disse o assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia.
Inclusão digital
Em seu discurso na abertura da feira, Dilma não citou a economia e falou sobre ações do governo brasileiro em prol da inclusão digital.
"A exclusão digital, das tecnologias da informação, acentua as desigualdades já existentes. [...] O Brasil fez opção clara nos últimos anos por universalizar o acesso à tecnologia", afirmou Dilma. Segundo ela, os benefícios decorrentes do desenvolvimento das tecnologias da informação não podem ser "privilégio de poucos".
A presidente brasileira destacou no discurso a ascensão à classe média de camadas da população que antes viviam na pobreza. "Pela primeira vez na história do meu país, mais da metade dos 190 milhões de brasileiros pertencem à classe média. Essa grande mobilidade social tem impacto direto no uso das tecnologias", declarou

Professor Edgar Bom Jardim - PE

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