No Brasil, droga foi aprovada pela Anvisa em janeiro. Ela é indicada para pacientes com uma mutação genética conhecida por BRAF V600E
Médico examina paciente com melanoma (Peter Dazeley/Getty Images)
Um novo medicamento para tratar o câncer avançado de pele ou melanoma metastático praticamente duplica o tempo médio de sobrevida, revela estudo realizado com 130 pacientes e divulgado nesta quarta-feira.
Desenvolvido pela Genentech, filial americana da gigante suíça Roche, a droga Zelboraf (vemurafenibe) foi aprovada pelo FDA, agência de controle de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos, em agosto de 2011, o que a torna o primeiro novo tratamento contra melanoma em 13 anos. No Brasil, a droga foi aprovada em janeiro deste ano pela Anvisa, mas ainda não está sendo comercializada.
Opinião do especialista
José Augusto Rinck JúniorOncologista clínico do AC Camargo
"É uma droga nova voltada a pacientes que têm uma mutação genética específica do melanoma. O medicamento é útil para metade das pessoas com a doença.
Ao comparar o uso da droga — em pessoas que têm a mutação — com tratamentos convencionais, o vemurafenibe aumenta o tempo médio de sobrevida.
A dificuldade é que é uma medicação oral de alto custo. O valor ainda não está definido no Brasil, mas ao importá-la o custo médio é de 20.000 reais por uma caixa com comprimidos para um mês.
O Zelboraf não possui efeitos colaterais típicos da quimioterapia, como queda de cabelo e náuseas. Mas os pacientes podem ter problemas na pele, como o surgimento de outros tumores — só que mais fáceis de controlar."
O estudo mais recente, cujos resultados foram publicados pelo New England Journal of Medicine, acompanhou 132 pacientes em 13 centros médicos de Estados Unidos e Austrália.
Os pacientes tratados com o Zelboraf viveram em média 15,9 meses após a metástase, contra uma expectativa de nove meses."Sabíamos que este medicamento reduzia os melanomas em grande parte dos pacientes e que funcionava melhor que a quimioterapia, mas ainda não sabíamos que faziam os pacientes viver mais tempo", disse Antoni Ribas, coordenador do estudo e professor de hematologia e oncologia do Jonsson Cancer Center, da Universidade da Califórnia, em Los Angeles.
O Zelboraf pode ser utilizado para tratar a metade dos pacientes com melanoma metastático, ou cerca de 4.000 pessoas nos Estados Unidos anualmente, segundo os pesquisadores.
Tomado em forma de comprimido duas vezes ao dia, o medicamento age bloqueando uma proteína ligada ao crescimento celular em pacientes com melanoma avançado cujos tumores mostram a mutação genética conhecida por BRAF V600E.
No total, 53% dos pacientes com essa mutação obtiveram redução de seus tumores em mais de 30%, enquanto outros 30% experimentaram reduções menores. A droga não provocou resposta em 14% dos pacientes.
Um inconveniente é que os pacientes parecem desenvolver resistência ao tratamento com o tempo, mas os cientistas estão procurando maneiras de evitar que isto ocorra.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), estima-se que 6.230 brasileiros desenvolvam a doença em 2012. A Organização Mundial de Saúde estima que o câncer de pele provoca 66.000 óbitos ao ano em todo o mundo, e 80% são atribuídos aos melanomas. Por professoredgarbomjardim-pe.blogspot.com
(Com informações da agência France-Presse/veja.com)
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