segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Cadê a ajuda do governo Federal ? Brasileiro que morreu afogado na Rússia esperou 20 minutos por ajuda. O custo para trazer o corpo ao Brasil foi de US$ 6 mil. A família reuniu o dinheiro graças a doações de amigos e desconhecidos.



Na última sexta-feira (6), o estudante paulista Rafael Lusvarghi voltou ao lugar onde morreu seu colega de faculdade, Henrique Vasques de Haro, de 20 anos.

As águas agora correm onde poucos dias atrás só existia gelo. Na última sexta-feira (6), o estudante paulista Rafael Lusvarghi voltou ao lugar onde morreu seu colega de faculdade, Henrique Vasques de Haro, de 20 anos.

Rafael é a única testemunha do que aconteceu no Rio do Sudoeste da Rússia, na última segunda-feira. Fazia -2°C na cidade de Kursk, a 460 quilômetros de Moscou.

“A gente patinou por todo esse pedaço. Não tava desse jeito na hora”, lembra Rafael.

Segundo Rafael, eles saíram para patinar na hora do almoço. Revezaram um par de patins e, por volta de 13h30, resolveram ir embora. Na caminhada de volta, o gelo trincou e eles caíram na água. Tentaram chegar à margem, mas não conseguiram.

Lá havia um botão de emergência para acionar os bombeiros. Mas não havia ninguém por perto. Foram 20 minutos esperando por ajuda. Rafael conta que Henrique não se desesperou.

“Ele teve um comportamento exemplar, manteve a calma e tudo. Mas a gente ficou muito tempo na água até alguém passar e perceber que a gente tava caído. Ele não conseguiu aguentar, ele ficou inconsciente. Ele afundou faltando muito pouco tempo pro policial chegar”, conta Rafael.

“Dependendo do extremo da temperatura, em três a quatro minutos eu já tenho perda de consciência e a pessoa já não consegue mais ter controle sobre suas capacidades. A cada grau que diminui a temperatura do meu corpo, cai meu metabolismo em torno 5% a 9% mais ou menos”, explica a supervisora do pronto-socorro do Hospital das Clínicas, Maria Cecília Damaceno.

O corpo de Henrique ficou duas horas submerso até ser retirado do rio. A causa da morte foi afogamento, segundo a embaixada do Brasil em Moscou.

Henrique estava há apenas três meses em Kursk, uma cidade de 400 mil habitantes. Era o começo de uma vida na Rússia que duraria seis anos. Em outubro, ele trocou a Zona Leste de São Paulo, onde sempre morou, por uma cidade de paisagem bucólica no interior da Rússia. Não sabia falar russo, nem tinha roupas para o frio que ia enfrentar. O que o atraiu foi a chance de cursar medicina com uma bolsa de estudos.

“Ele passou por todas as provas que eram necessárias, todos os exames. E conseguiu a vaga”, conta Victor Vasques de Haro, irmão de Henrique.

Oficial da cavalaria, Henrique queria voltar ao Brasil como médico do Exército.

“Conseguimos parcelamento, aliás, nós estamos ainda pagando o gasto que ele teve pra ir. Nós falamos: temos condições de fazer um jeitinho brasileiro para ele ir concluir um sonho”, declara Victor Vasques de Haro.

Em Kursk, Henrique morava num alojamento estudantil com outros brasileiros.

“Tinha alegria para dar e vender”, afirma um brasileiro.

“A gente ficava acordado até quatro, cinco da manhã. sempre fazendo molecagem de madrugada”, lembra o estudante Luiz Lohn.

Henrique já havia aprendido algumas palavras em russo com a ajuda de um professor brasileiro.

“Ele era um menino muito dedicado, muito esforçado, muito aplicado. Infelizmente foi uma fatalidade”, conta o professor Daniel Ferreira.

Aos amigos do Brasil, Henrique dizia estar feliz. Natasha Kwasinei foi namorada dele por seis anos. O relacionamento terminou por causa da distância.

“Eu sempre falava que não queria que ele fosse. Mas eu parei de insistir nisso porque aparentemente ele tava feliz, e eu não queria atrapalhar mais”, declara.

No meio do ano Henrique voltaria para o Brasil para ver os pais e os três irmãos. O último contato com a família foi pouco antes do acidente.

“Aqui eram 05h56, lá já era próximo do meio dia, exatamente o momento em que ele tava saindo do hostel para patinar. Ele me mandou uma mensagem de bom dia”, lembra o irmão de Henrique.

Era Rafael quem costumava patinar. Naquele dia, segundo ele, Henrique pediu para ir junto.

“No dia anterior eu tinha ido com o Rafael, como sou muito medroso não tive aquela coragem de entrar”, lembra o estudante Jemerson Fabio Gomes.

Há pouco tempo, Rafael sofreu um acidente parecido no mesmo rio.

“Foi perto da margem, então foi fácil de sair por conta”, conta.

Com Henrique, o desfecho foi outro. “Meu pai recebeu a ligação, eles não falavam português claro, mas ele entendeu a mensagem”, lembra o irmão.

O custo para trazer o corpo ao Brasil foi de US$ 6 mil. A família reuniu o dinheiro graças a doações de amigos e desconhecidos. O corpo deve chegar a São Paulo ainda neste domingo.

“Fica muita saudade. Mas eu sei que ele conseguiu tudo que ele queria. Ele foi visitar um monumento, onde está a chama do fogo eterno, que não se apaga. E do lado tem escrito ‘Nunca esqueceremos, jamais serão esquecidos’. Acho que essa frase, que foi uma das primeiras que ele falou, jamais fez tanto sentido quanto agora”, se emociona o irmão de Henrique.

Com informações do Fantástico. Acesse: http://professoredgarbomjardim-pe.blogspot.com/

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