domingo, 13 de setembro de 2020

Pernambucanos que desafiam a morte:Praias do Recife e de Jaboatão atraem aglomerações neste domingo (13)



Na semana passada, secretário André Longo disse que descumprimento de normas sanitárias põe em risco controle da pandemia no Estado.


Mesmo após os apelos das autoridades sanitárias para as pessoas evitarem aglomerações, as praias e outros espaços públicos do Recife e de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana, continuam cheios. Embora a movimentação fosse um pouco menor que no feriado de 7 de setembro, este domingo (13) também foi marcado pelo descuido com as medidas de prevenção à Covid-19.

Se, de um lado, a volta do comércio e das atividades sociais é importante para a subsistência de parte da população mais vulnerável, por outro, banhistas de Piedade, Boa Viagem, Pina e Brasília Teimosa descumprem o distanciamento social e o uso da máscara. Um dos poucos com a boca e o nariz cobertos nas imediações do Acaiaca, o técnico em iluminação Rodrigo Oliveira, 24 anos, diz que saiu para aproveitar a folga, mas sente receio de ir à praia. “Vim para ficar pouco tempo, só para ver e sentir o sol e retornar. [Estou usando] máscara e álcool em gel. Isso é algo que a gente deve se acostumar por muito tempo”, afirma.

Outros pontos de aglomeração foram a área em frente à igrejinha de Piedade, o Pina e o Buraco da Velha, em Brasília Teimosa. Em todos esses lugares, a maioria não protegia o rosto. Entre os poucos que usavam a máscara, havia quem a utilizasse de maneira inadequada, debaixo do queixo ou pendurada na orelha. Já no Bairro do Recife, apesar de muita gente estar de máscara, ciclistas e pedestres se aglomeravam na Praça do Marco Zero e na Avenida Rio Branco na manhã deste domingo.

Na semana passada, em coletiva de imprensa on-line, o secretário de Saúde, André Longo, lamentou as cenas de aglomeração e o descumprimento das normas sanitárias flagradas durante o feriadão da Independência, que, segundo ele, colocam em risco o atual cenário de estabilização e queda no número de casos e mortes. “São atitudes egoístas, equivocadas e que nos causam grande preocupação, até indignação”, ressaltou.

 


Professor Edgar Bom Jardim - PE

João Lira: Bom Jardim de todos!



O prefeito João Lira (PSD) foi oficializado, no final da tarde deste domingo 13 de setembro de 2020, como pré-candidato a prefeito de Bom Jardim.  A atual vice-prefeita,  Ivonete Ivo (PSD), continua na composição da chapa majoritária para mais um embate político. A coligação Bom Jardim de todos terá 27 candidatos a vereador.

Após a apresentação dos pré-candidatos ao cargo de vereador, Ivonete Ivo, fez uso da fala elogiando a trajetória política do prefeito; destacou ações governamentais e disse que há uma festa na casa dos bonjardinenses, reforçando o tema posto em tela pelo pré-candidato Lúcio Mário Cabral.

Usando da palavra o prefeito e pré-candidato  fez apelo emocionado, tentou mexer com os sentimentos de seu eleitorado para recuperar espaços perdidos e motivar sua tropa. João Lira disse: "Quero dizer aos bonjardinenses que não  tenho uma família perfeita, mas tenho uma família que Deus me deu. Agradeceu  a Valéria Lira pela presença e companheirismo nos momentos bons e difíceis, fez um breve histórico de elogios ao filho Edgar Lira, secretário de Infraestrutura,  pediu orações para Elisângela Braz, secretária de finanças, que se encontra hospitalizada em Recife. Elisângela está com coronavírus, justificou a ausência da sobrinha. Agradeceu aos demais presentes"... Continuando: "Quero falar pra quem está em casa que sou um ser humano com qualidades e defeitos...  Pelo que fiz temos grande perspectiva de vitória. Bom Jardim, tu me conhece! Conhece o passado desse filho sofredor, temente a Deus. Esse filho que remove montanhas para trazer dias melhores ... Nunca fui à  Brasilia para não trazer algo nas mãos para o município... O nosso município está no caminho do desenvolvimento, não só a limpeza das ruas, uma pintura de um prédio. São obras que irá acolher nossos filhos e netos por muitos anos.... Só nos resta neste momento dizer: Eu sou a melhor opção para governar minha terra!  Não é minha vontade,  é  a vontade de Deus." 
"Não deixem que o mal venha se encontra com o bem... Eu nunca tive uma prestação de contas rejeitada pelo Tribunal de Contas. ...É desse jeito que é  certeza de vitoria", concluiu João Lira.

Embora centrado e na defensiva João Lira não falou de Plano de Governo, não citou nenhuma proposta, não fez nenhuma promessa para um futuro mandato. 

Depois da convenção houve até uma carreata para comemorar a pré-candidatura do irmão (vereador). 

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Patrão x patroa: no Google, o retrato do machismo





Nesta semana, cantora Anitta reagiu ao significado da palavra ‘patroa’ nas buscas da internet

“Chegou a patroa, não desço do salto”. Assim canta Anitta na música lançada em agosto em parceria com os rappers Papatinho, Dfideliz e Bin. Com uma letra empoderada, a carioca fala na canção o que pode ser uma biografia resumida de sua vida: poderosa, empresária, milionária e empoderada.

A cantora, no entanto, levou um susto na quarta-feira 9 ao pesquisar no Google o significado da palavra “patroa”. No dicionário, aparecem “mulher do patrão” e “dona de casa” como definições.

 

 

 

Quando se busca o termo “patrão”, o significado é outro: “Proprietário ou chefe de um estabelecimento privado comercial, industrial, agrícola ou de serviços, em relação aos seus subordinados; empregador; chefe de uma repartição pública”.

“É inacreditável. Eu não estou acreditando que isso está no nosso dicionário. Patroa é tudo que está no masculino, só que no feminino. Pode ser a dona do que quiser”, reagiu a artista em uma rede social.

A palavra “patroa” não é a única da língua portuguesa que tem significados contestáveis nos resultados de busca na internet.

Em sua defesa, o Google alega que não é o responsável pelo conteúdo. O sistema da plataforma apenas reproduz o que aparece nos dicionários da Oxford University Press.

“Quando as pessoas pesquisam por definições de palavras na Busca, frequentemente, elas desejam informações de maneira rápida. Por isso, trabalhamos para licenciar conteúdos de dicionários parceiros, neste caso da Oxford Languages. Não temos controle editorial sobre as definições fornecidas por nossos parceiros, mas reconhecemos a preocupação neste caso e vamos transmiti-la aos responsáveis pelo conteúdo”, disse o Google em pronunciamento oficial.

Para a linguista e autora do livro “Gramática da Manipulação”, Letícia Sallorenzo, “é obrigação do dicionário trazer o registros dessas palavras”. “É para isso que o dicionário serve. Goste-se ou não, essas palavras são faladas com esse sentido em alguns lugares do País”, afirma.

“Os significados não podem deixar de ser registrados. É a sociedade que precisa mudar por meio do comportamento. Hoje, por exemplo, a gente se sente mal chamando alguém de tição (maneira como os negros eram tratados). Há 30, 40 anos não era, e já conseguimos tirar essa expressão do uso corriqueiro, mesmo aparecendo no dicionário”, acrescenta.

 

Exemplos

 

Até o final de 2019, quando a palavra professora era buscada no Google, uma das definições era a de “prostituta”. Após gerar polêmica nas redes, o parceiro do Google retirou a definição do ar.

 

 

A palavra “cadela”, quando pesquisada, vem acompanhada de “mulher pouco digna ou de comportamento ou hábitos reprováveis”.

 

 

De acordo com a linguista, a maioria das associações de mulheres com animais tem como objetivo tratá-las de forma pejorativa.

“A retratação da mulher na língua brasileira vai ser sempre de forma depreciativa. Raríssimos casos vão apontar no sentido contrário. Se você fala que homem é um galo, ele é o garanhão, já a mulher galinha é a promíscua”, diz.

Nas buscas, o termo vaca aparece como “mulher de vida devassa”.

 

 

Já vadia tem como significado “pessoa do sexo feminino que tem muitos casos amorosos”.

 

 

Puta é outra palavra que aparece com conotação preconceituosa. “Qualquer mulher lúbrica que se entrega à libertinagem”, define o dicionário.

 

Apesar dos exemplos, Letícia pondera que a língua portuguesa não é machista.

“Não é machista, nem feminista. No fundo, é resultado de seus usuários. Se quem faz o uso dela a utiliza de forma machista, é porque a pessoa é machista”, afirma.

 

Cultura do xingamento

 

A psicóloga, professora da Universidade de Brasília e autora do livro “Saúde mental, gênero e dispositivos: cultura e processos de subjetivação”, Valeska Zanello, diz que a nossa cultura aceita xingamentos.

“O xingamento é um sintoma da nossa cultura. São preconceitos que se tornam invisíveis pela força do hábito”, diz em entrevista a CartaCapital.

A palavra babaca, por exemplo, tem origem no termo vagina. No dicionário, vulva.

 

“Não existe um significado puro de nenhuma palavra. Estudar essa pragmática da palavra é fundamental, porque é desvendar os valores sexistas e racistas de nossa sociedade”, afirma Valeska.

Sobre o tema, Valeska realizou uma palestra. Assista:


 

 


Carta Capital
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 12 de setembro de 2020

Pernambuco inicia cadastramento de profissionais de cultura para benefício oferecido pela Lei Aldir Blanc

Formulário estará disponível nesta segunda (14), no Mapa Cultural de Pernambuco. Segundo a Secult-PE, cerca de 16 mil pessoas devem receber o benefício de R$ 600

Hélia Scheppa/Divulgação

Hélia Scheppa/SEI

Anúncio foi feito nesta sexta-feira (11) pelo secretário estadual de Cultura, Gilberto Freyre Neto, no Palácio do Campo das Princesas

O Governo de Pernambuco inicia, nesta segunda-feira (14.09), o cadastramento de profissionais, artistas e demais trabalhadores da área de cultura que buscam a Renda Básica Emergencial prevista pela Lei Aldir Blanc. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (11) pelo secretário estadual de Cultura, Gilberto Freyre Neto, no Palácio do Campo das Princesas. O Governo do Estado ficará responsável por aplicar R$ 74 milhões na destinação da renda emergencial aos profissionais do setor, e no fomento a atividades culturais. Com base em estudo feito na Secult-PE, esse recurso beneficiará cerca de 16 mil trabalhadores da cultura no Estado, que, por sua vez, destinou no plano de ação R$ 52.008.000,00 (70%) para a renda emergencial e R$ 22.289.673,60 (30%) para editais, chamadas públicas e prêmios, nos quais serão adotados critérios de regionalização e de cotas, em conformidade com o Plano Estadual de Cultura. Já as prefeituras dos 184 municípios pernambucanos vão gerenciar o repasse de outros R$ 69 milhões aos espaços culturais, coletivos e empresas culturais que comprovarem ter interrompido as atividades durante a pandemia da Covid-19, e também serão responsáveis pelo fomento a projetos culturais.

O cadastro, que ficará disponível até o dia 14 de outubro, exige alguns requisitos. O preenchimento do formulário pode ser feito dentro da plataforma Mapa Cultural de Pernambuco, no link www.lab.mapacultural.pe.gov.br. Também estão disponíveis no site informações atualizadas sobre a Lei 14.017/2020, que podem auxiliar os trabalhadores da cultura na solicitação do benefício. Neste primeiro momento, o cadastro e o preenchimento do formulário serão exclusivos para solicitação da Renda Emergencial, voltada às pessoas físicas. Nos próximos dias, a Secretaria Estadual de Cultura (Secult) vai divulgar informações sobre a convocatória que envolverá editais, chamadas públicas e prêmios.

A estimativa da Secult-PE – responsável pelo envio do Plano de Ação da Lei Aldir Blanc em Pernambuco – é de que cerca de 16 mil profissionais do segmento da cultura no Estado acessem o benefício da Renda Emergencial, e aproximadamente 2,5 mil agentes culturais recebam recursos por meio de editais e prêmios. De acordo com o secretário Gilberto Freyre Neto, a hora é de unir esforços da administração estadual e dos municípios para aplicação dos recursos. “A iniciativa dispõe de R$ 143 milhões. É preciso dar velocidade aos procedimentos burocráticos para que a Renda Emergencial da Lei Aldir Blanc chegue o mais rápido possível ao setor cultural”, afirmou.

QUEM PODE RECEBER - O benefício de Renda Básica Emergencial é voltado às pessoas físicas que comprovem atuação no setor cultural ou artístico nos últimos 24 meses e que, decorrente da crise sanitária, tiveram as atividades profissionais interrompidas. Serão pagas três parcelas de R$ 600 – retroativas ao mês de junho, quando a lei foi aprovada – para até duas pessoas da mesma família. A mulher provedora de família monoparental receberá o valor em dobro, R$ 1.200, também em três parcelas.

É necessário atender aos requisitos do auxílio, previstos no inciso I, do art. 2º da Lei 14.017/2020, como estar cadastrado no Mapa Cultural de Pernambuco e preencher o formulário disponível no hotsite da Lei Aldir Blanc, ambos no link www.lab.mapacultural.pe.gov.br, criado especificamente para esse período. O andamento da análise do cadastro poderá ser acompanhado no perfil criado no Mapa Cultural de Pernambuco. Atualmente, cerca de 10 mil pessoas já possuem esse perfil.

Para ter acesso ao Auxílio de Emergência Cultural, os requisitos são os seguintes: 1 - Cadastro no Mapa Cultural e comprovada atuação no setor cultural ou artístico há pelo menos 24 meses; 2 - ter mais de 18 anos; 3 - possuir renda familiar mensal por pessoa de até meio salário mínimo (R$ 522,50) ou renda familiar mensal total de até três salários mínimos (R$ 3.135,00); 4 - Ter apresentado no ano de 2018 rendimentos tributáveis abaixo de R$ 28.558,70 (IRPF da Receita Federal); 5 - Não ter recebido nem estar recebendo o Auxílio Emergencial Geral, pago pelo Governo Federal. Também não poderá receber o auxílio cultural quem tiver emprego formal ativo; receber benefício previdenciário ou assistencial (com exceção do Bolsa Família); receber parcelas de seguro-desemprego; ter renda familiar mensal por pessoa ou familiar total superior ao exigido na Lei; e quem teve rendimentos tributáveis acima de R$ 28.559,70 no ano de 2018 (IRPF).

Após o cadastro, os lotes de inscrições serão encaminhados à DataPrev para validação das informações. “Pernambuco está trabalhando de forma integrada com a Secretaria da Controladoria Geral do Estado para realizar essa dupla verificação, de modo a tornar elegível o pedido. Quando o cadastro for validado e homologado, segue para o pagamento, por depósito na conta bancária do próprio beneficiário”, explicou Silvana Meireles, secretária-executiva da Secult-PE.

Para execução da Lei Aldir Blanc em Pernambuco, a gestão cultural reuniu esforços e aproximou diversas entidades. Participam dessa construção todos os Estados que integram o Fórum Nacional de Secretarias Estaduais de Cultura; a Associação Municipalista de Pernambuco (AMUPE); o Conselho Estadual de Políticas Culturais (CEPC); Conselho Consultivo do Audiovisual (CAudv); e Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural (CEPPC).

Também se engajaram nos esforços pela execução da lei diversas entidades estaduais, como a Secretaria da Fazenda (SEFAZ), Secretaria de Planejamento e Gestão (SEPLAG), Secretaria da Administração (SAD), Agência de Tecnologia de Informação (ATI), Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude (SDSCJ), Secretaria do Trabalho, Emprego e Qualificação (SETEC), Secretaria de Política de Prevenção às Drogas (SPPD), Secretaria da Controladoria Geral do Estado (SCGE) e Procuradoria Geral do Estado (PGE).

ENTENDA A LEI ALDIR BLANC - A Lei 14.017/2020 foi regulamentada pelo Governo Federal pelo Decreto 10.464, de 18 de agosto de 2020. O objetivo é auxiliar trabalhadores da cultura e da arte, além de espaços, empreendimentos, organizações, cooperativas, pontos de cultura e iniciativas do setor que tiveram as suas atividades interrompidas pela pandemia da Covid-19.

O texto definiu as ações emergenciais e o valor de R$ 3 bilhões para todo o País, abrangendo, conforme o art. 2º, três categorias: auxílio financeiro a pessoa física – como o benefício da renda básica emergencial; subsídio aos espaços e às organizações;  e editais, chamadas públicas e prêmios para propostas realizadas e transmitidas, preferencialmente, em meios digitais e online. Os governos estaduais ficam responsáveis pelos pagamentos às pessoas físicas, deixando os pagamentos do subsídio mensal aos espaços culturais e aos coletivos a cargo das prefeituras. Já os editais para apoio e fomento à cadeia produtiva da cultura ficarão sob a responsabilidade conjunta de Estados e municípios.

Enviado ao Ministério do Turismo (MTur) no começo de setembro, o Plano de Ação do Governo de Pernambuco para execução da Lei Aldir Blanc já foi aprovado pelo Governo Federal. De acordo com o cronograma estabelecido pelo MTur, os recursos deverão chegar nesta sexta-feira (11). Serão R$ 74 milhões enviados ao Governo do Estado e mais R$ 69 milhões destinados aos municípios pernambucanos, totalizando R$ 143 milhões. Os valores correspondentes aos municípios serão repassados diretamente aos cofres das prefeituras.

Para mais informações sobre a Lei Aldir Blanc em Pernambuco, acesse: www.cultura.pe.gov.br/leialdirblanc.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Arroz mais caro já motivou revoltas, causou mortes e derrubou líderes pelo mundo



Sede de empresa queimada por manifestantesDireito de imagemREPRODUÇÃO
Image captionSede de uma empresa produtora de arroz, Suzuki Shoten, queimada por manifestantes na cidade Kobe em 1918

O aumento abusivo no preço do arroz, um dos alimentos mais consumidos no país, atingiu com força uma população empobrecida, gerando fome e uma revolta generalizada contra o governo.

O trecho tem semelhanças com o momento pelo qual o Brasil está passando hoje, em que o arroz, junto com alguns outros alimentos essenciais, vem pesando cada vez mais no bolso dos brasileiros.

A frase, no entanto, se refere ao Japão de 1918, ano em que o preço do produto causou uma grave crise e protestos por todo o país, levando à renúncia do então primeiro-ministro japonês.

Em 1979, na Libéria, aconteceu uma história parecida. Dezenas de manifestantes que protestavam contra uma proposta de alta do arroz foram mortos pelas forças nacionais, desencadeando uma série de atos de revolta pelo país. Mais recentemente, multidões de haitianos foram às ruas protestar contra um salto nos preços desse e de outros itens básicos, como feijão e óleo de cozinha.

Alguns dos aspectos que se repetem em todos esses casos são o encarecimento de um alimento essencial, a existência de uma população economicamente fragilizada e manifestações violentas, que acabam por derrubar governantes.

Desde o início do ano, apesar dos baixos índices de inflação, o arroz acumula uma alta de quase 20% no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Outros itens como feijão e cebola, também diariamente presentes na mesa do brasileiro, chegaram a subir ainda mais.

Embora pesquisadores apontem que o contexto social brasileiro é bem diferente e que revoltas como as que ocorreram no passado em outros países são muito improváveis por aqui, o incômodo do presidente Jair Bolsonaro com a situação se tornou evidente.

Se, quando a crise estourou, o mandatário tratou de pedir "sacrifício" e "patriotismo" aos donos de supermercados para não repassar o aumento ao consumidor, recentemente o governo anunciou que iria zerar o imposto de importação do produto até o fim do ano, numa tentativa de conter a alta dos preços e também uma possível reação negativa da população.

Revolta no Japão

No período final da 1ª Guerra Mundial, em 1918, o Exército Imperial Japonês enviou mais de 70 mil tropas para a Sibéria para lutar ao lado da França, Grã-Bretanha e do Exército Branco russo contra os bolcheviques. Para alimentar tanta gente em campo de batalha, o governo teve que lançar mão de grandes remessas de arroz.

"Prevendo que o governo aumentaria a encomenda, os comerciantes de arroz começaram a estocar o produto para forçar uma alta no preço, de forma a vendê-lo mais caro", explica a especialista em cultura e história do Japão Cristiane Sato.

Só que a estratégia acabou desabastecendo a população nacional e levando às alturas o preço do arroz no país, que já lidava com uma inflação em alta devido à participação na guerra.

"Em 1918, 20 kg de arroz chegavam a custar quase o salário inteiro de um funcionário público", conta Sato.

Na época, o arroz era o principal item da alimentação japonesa e representava 80% do consumido regularmente pela população em geral.

Tropas japonesas desembarcando em Vladivostok, na Rússia, em 11 de agosto de 1918.Direito de imagemGETTY IMAGES
Image captionTropas japonesas desembarcando em Vladivostok, na Rússia, em 11 de agosto de 1918.

Em julho de 1918, quando a situação ia se tornando insustentável, os jornais noticiaram uma notícia curiosa, ocorrida num vilarejo da cidadezinha costeira de Toyama.

Lá um grupo de esposas de pescadores tentou impedir a exportação de grãos como forma de protesto contra os altos preços, provocando um tumulto com os comerciantes da região.

"É importante ressaltar o papel das mulheres nesses eventos. Eram donas de casa que estavam sofrendo com o aumento dos preços, da mesma forma que está acontecendo com muitas no Brasil hoje", aponta Célia Sakurai, doutora em ciências sociais pela Unicamp e autora de livros sobre a história da imigração japonesa no Brasil.

Graças à imprensa, a notícia se espalhou rapidamente, inspirando várias outras manifestações pelo país, inclusive em algumas das cidades mais importantes, como Tóquio e Osaka.

Ao tomar proporções maiores, a revolta atraiu representantes de grupos ideológicos recentemente importados do pensamento ocidental, como anarquistas, nacionalistas, liberais e socialistas, aglutinando uma série de outras reivindicações sociais. O movimento não era mais só pelo preço do arroz.

Segundo a pesquisadora e doutora em ciências sociais pela PUC Luíza Uehara, o Japão tinha então uma grande população de miseráveis, tanto nas fábricas das grandes cidades quanto nas zonas rurais, condição que vinha gerando protestos frequentes havia mais de uma década.

"Foi inclusive por causa dessa miséria que os japoneses começaram a imigrar para o Brasil", conta Uehara. "Para se ter uma ideia, a propaganda para atrair os japoneses dizia que aqui eles conseguiriam comer arroz todo dia, coisa que lá nem sempre era possível".

Nas ruas, o povo incendiou depósitos de arroz e atacou postos de polícia, o que gerou uma repressão severa das forças do governo, que temia ver uma nova revolução russa florescendo no próprio quintal. "Foram milhares de presos, muitos deles submetidos a castigos corporais", diz a pesquisadora.

Depois de cerca de um mês de protestos, quando os ventos da revolta finalmente amainaram, o primeiro-ministro Terauchi Masatake anunciou sua renúncia, tomando para si a responsabilidade pelos distúrbios à ordem pública.

Aos poucos, com uma intervenção do governo, o preço do arroz voltou a um patamar aceitável.

"O governo passou a fazer um estoque preventivo do arroz, caso houvesse escassez do produto", conta Silvio Miyazaki, professor do Programa de Pós-Graduação em Língua, Literatura e Cultura Japonesa da USP.

O político foi substituído no cargo por Hara Takashi, de perfil moderado, dando início a uma breve flexibilização do regime, que, apesar de democrático, era fortemente conservador e autoritário.

Logo no início da década de 1920, essa moderação perdeu lugar para o crescimento do militarismo e da opressão, que levariam o país à Segunda Guerra Mundial.

Golpe na Libéria

Mais de 60 anos depois desses eventos, a Libéria, um pequeno país na costa oeste africana originalmente criado para abrigar escravos americanos libertos, passou por uma convulsão social parecida.

No dia 14 de abril de 1979, manifestantes marcharam contra uma proposta do governo de aumentar o preço do arroz, visando tornar seu cultivo viável no país.

O protesto tinha orientação pacífica, mas alguns dos milhares de participantes começaram a saquear estabelecimentos locais. A polícia e o exército, por sua vez, reagiram a tiros, matando dezenas de pessoas e ferindo algumas centenas.

Em foto de 1980, o presidente da Libéria, Samuel K. Doe (óculos escuros), aparece cercado por membros de seu Conselho de Redenção dos PovosDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionEm foto de 1980, o presidente da Libéria, Samuel K. Doe (óculos escuros), aparece cercado por membros de seu Conselho de Redenção dos Povos

"Forças do governo perpetraram abusos como assassinatos, tortura e prisão arbitrária de civis. Além disso, há relatos de membros das forças liberianas tomando parte em saques ao lado de manifestantes", diz um relatório da organização The Advocates for Human Rights sobre o caso.

Um dos principais motivos para a fúria popular era o fato de o presidente do país, William R. Tolbert, possuir fazendas de arroz e se beneficiar diretamente do aumento.

"Corria a ideia de que a intenção era favorecer uma elite que importava o produto ou os plantadores, dos quais fazia parte a família do presidente", conta o professor de história da África da UFRJ Cláudio Costa Pinheiro.

Segundo uma reportagem do New York Times da época, no dia seguinte ao protesto Tolbert caracterizou os líderes do movimento como "homens maus e satânicos", que só queriam "causar caos e desordem no país com o objetivo de derrubar o governo".

Em pouco tempo, de acordo com Pinheiro, se proliferaram pela Libéria protestos cada vez mais violentos contra o governo, esgarçando o quadro político do país.

Às reivindicações alimentares, uniu-se a revolta contra uma estrutura antiga, que mantinha no poder uma elite liberiana privilegiada, de descendência americana.

Em 1980, um ano após as manifestações originais, o governo foi derrubado por um golpe de Estado, e Tolbert assassinado.

Tumulto no Haiti

A população do Haiti foi outra que se rebelou contra o aumento excessivo do valor do arroz, já no século atual.

Em 2008, atingidos por uma crise global que triplicou o preço do produto no mercado internacional, haitianos irados foram às ruas em manifestações que tiveram resultados violentos.

O aumento do preço, que chegou a dobrar o valor do produto no país, teve ainda mais impacto devido à pobreza e ao baixo nível de renda do povo haitiano, cuja maior parte sobrevivia com um salário de menos de dois dólares por dia, segundo informações do Banco Mundial.

Em abril, a população faminta da cidade de Okay entrou em conflito com agentes de paz das Nações Unidas.

Os protestos alcançaram outras cidades do país, onde os manifestantes passaram a apedrejar policiais e saquear lojas. O saldo final foi de seis mortos e vários feridos em todo o país.

Os protestos só acabaram quando o governo anunciou um plano para reduzir o preço do arroz e senadores removeram o primeiro-ministro Jacques-Édouard Alexis do cargo, dez dias após o início dos tumultos.

Em pronunciamento para a TV à época, o então presidente haitiano René Préval disse que "o arroz importado se tornou caro e nossa produção nacional está em ruínas. Por isso, subsidiar a importação de comida não é a resposta".

A principal medida anunciada pelo governo para acalmar os manifestantes, porém, foi um subsídio ao valor do produto importado, derrubando seu preço em mais de 15%.


Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Cristiane Brasil se apresenta à polícia após pedido de prisão




A ex-deputada federal Cristiane Brasil (PTB) se apresentou à Secretaria de Polícia Civil, no Rio de Janeiro, nesta sexta-feira-11, depois de virar alvo de um pedido de prisão no âmbito da Operação Catarata, que investiga supostos desvios em contratos de assistência social no governo do Rio de Janeiro e na prefeitura da capital.

De acordo com o jornal O Globo, Cristiane chegou à Polícia com dois advogados e rebateu a delação que atribuiu a ela participação no esquema de corrupção.

Filha do ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), Cristiane trabalhou como secretária de Envelhecimento Saudável da administração municipal do Rio de Janeiro. Os contratos investigados custaram quase 120 milhões de reais aos cofres públicos e foram firmados entre 2013 e 2018.

Nas redes sociais, Cristiane afirmou que “é um absurdo” que uma denúncia antiga, de 2013, esteja sendo cumprida agora em um mandado de prisão preventiva, em data próxima às eleições municipais – ela é pré-candidata a prefeita do Rio de Janeiro.

“Isso é num momento que minha candidatura se fortalece. Nós sabemos que tem interesses políticos por trás. Estou de consciência tranquila de que os fatos serão esclarecidos ao meu favor”, afirmou.  “Não sei cadê esse enriquecimento ilícito. Quero saber como me beneficiei de um esquema de propina que eu não tenho nenhum contato. Cadê os milhões?”, acrescentou.

Carta Capital

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Miguel Barbosa: Por um Bom Jardim de Paz



O ex-prefeito Miguel Barbosa (PP)  foi oficializado, no início desta sexta-feira 11, como candidato a prefeito de Bom Jardim.  O empresário Tuquinha do Posto (PSB) será o candidato a  vice- prefeito. O  Partido dos Trabalhadores (PT)  também integra a coligação e disputará vagas para Câmara Municipal. 

 A convenção foi presencial, restrita e seguiu normas sanitárias conforme recomenda os protocolos de segurança em tempo da pandemia de coronavírus. Milhares de pessoas assistiram a transmissão da convenção política na rede social Facebook. O slogan de campanha que denomina a coligação é:Por um Bom Jardim de Paz.

Miguel Barbosa, demostrou segurança, confiança e fé. Em suas palavras, pediu o apoio do eleitorado para devolver alegria  e paz para todos. Prometeu  avanços na educação, levar água para as comunidades do Distrito de Tamboatá, gerar  oportunidades para os jovens, criar o Bolsa Família municipal e construir casas para os necessitados. Destacou que não irá fazer campanha maltratando adversários. Quero que os filhos dos bonjardinenses possam nascer em Bom Jardim, declarou.

Professor Edgar Bom Jardim - PE