terça-feira, 9 de junho de 2020

Entenda os riscos para Bolsonaro e Mourão no TSE, onde 8 ações pedem cassação da chapa


Bolsonaro e Mourão sentados, olhando para lados opostos, em eventoDireito de imagemEVARISTO SA/AFP VIA GETTY IMAGES
Image captionTSE analisa ações que pedem a cassação da chapa do presidente Jair Bolsonaro e seu vice, Hamilton Mourão, em 2018

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) retoma nesta terça-feira (09/06) o julgamento de duas ações que pedem a cassação da chapa presidencial eleita em 2018, formada pelo presidente Jair Bolsonaro e seu vice, Hamilton Mourão.

No total, há oito ações na Corte que tentam anular a eleição presidencial, das quais quatro tratam do suposto uso de notícias falsas (fake news) pela campanha de Bolsonaro. No entanto, o julgamento dessas quatro ações, vistas como ameaças maiores ao presidente, ainda não está marcado.

Os dois casos que serão analisados nesta terça-feira tratam de um ataque virtual a um grupo de mulheres formado no Facebook em 2018 contra a eleição de Bolsonaro — após uma invasão por hackers o grupo foi alterado para parecer que apoiava o então candidato do PSL, hoje sem partido.

O ministro relator dessas duas ações, Og Fernandes, votou em novembro contra a cassação da chapa em decorrência dessa alteração do grupo. O ministro Edson Fachin, no entanto, pediu vista (mais tempo para analisar o caso), o que levou ao adiamento do julgamento para esta terça.

Para que uma chapa eleita seja cassada, não basta que se comprove que houve ilegalidade na campanha. É preciso também que os ministros considerem eventual irregularidade cometida na eleição grave a ponto de comprometer a integridade do pleito, explica Lara Ferreira, professora de direito eleitoral na Faculdade Dom Helder Câmara. É isso que os sete ministros do TSE devem analisar nessas ações.

Uma eventual cassação da chapa presidencial ainda este ano provocaria a convocação de uma eleição direta extraordinária para escolher novos presidente e vice-presidente que governariam até 2022. Se Bolsonaro e Mourão vierem a ser cassados a partir de 2021, haveria eleição indireta pelo Congresso para definir o novo mandatário do país.

Entenda melhor a seguir as oito ações que tramitam no TSE e qual o risco que representam para Bolsonaro e Mourão.

O que será julgado nesta terça-feira?

As duas Ações de Investigação Judicial Eleitoral (Aijes) que serão julgadas nesta noite foram apresentadas, respectivamente, pela coligação Unidos para Transformar o Brasil (Rede/PV), da candidata derrotada Marina da Silva, e pela coligação Vamos Sem Medo de Mudar o Brasil (PSOL/PCB), do candidato derrotado Guilherme Boulos.

Ambas argumentam que o ataque ao grupo do Facebook constitui abuso eleitoral e pedem a cassação dos mandatos de Bolsonaro e Mourão, além da declaração de inelegibilidade dos dois por oito anos.

A invasão e alteração do grupo "Mulheres Unidas contra Bolsonaro", que reunia mais de 2,7 milhões de pessoas, segundo os autores das ações, ocorreu em setembro de 2018. Após esse ataque, o grupo ganhou o nome de "Mulheres COM Bolsonaro #17" e passou a compartilhar mensagens de apoio ao então candidato, além de excluir manifestações de participantes contrárias à chapa do PSL.

No dia 15 daquele mês, Bolsonaro postou em suas redes sociais uma imagem do grupo modificado com a mensagem "Obrigado pela consideração, Mulheres de todo o Brasil!". Para as coligações de Boulos e Marina Silva, esse agradecimento publicado pelo então candidato seria forte indício de que Bolsonaro teria participado ou teria ciência do ataque.

Postagem de 15 de setembro de 2018 na página de Facebook de Bolsonaro mostra foto dele e texto: 'Obrigada pela consideração, mulheres de todo o Brasil!'Direito de imagemREPRODUÇÃO
Image captionPara coligações derrotadas e autoras de ações na Justiça Eleitoral, agradecimento publicado pelo então candidato seria forte indício de que Bolsonaro teria participado ou teria conhecimento de ataque a grupo no Facebook

A argumentação não foi aceita pelo relator das duas ações, o corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Og Fernandes. Único a votar até agora, ele considerou que as provas levantadas no processo confirmam que o grupo sofreu invasão, mas ressaltou que não foi possível confirmar a autoria do ataque.

Além disso, Fernandes avaliou que a invasão do grupo por menos de 24 horas não teve gravidade capaz de comprometer a normalidade e a legitimidade do pleito. Para o relator, a cassação da chapa eleita só deve ser adotada em situações excepcionais, quando houver provas robustas e contundentes de autoria e participação no ato ilegal.

Embora os demais ministros possam divergir do ministro relator, o voto de Fernandes é um indicativo de que estas duas ações representam baixo risco para Bolsonaro e Mourão.

O TSE é formado por três ministros do STF, dois do STJ (Superior Tribunal de Justiça) e dois oriundos da advocacia, nomeados pelo Presidente da República a partir de uma lista eleita pelo Supremo.

Faltam votar nessas duas ações os ministros Tarcisio Vieira e Sérgio Banhos (oriundos da advocacia), o ministro Luiz Felipe Salomão (do STJ, assim como Og Fernandes) e os ministros do STF Edson Fachin, Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, este último, atual presidente do TSE.

Como andam as 4 ações que acusam campanha de fake news?

Há quatro Aijes pedindo a cassação da chapa Bolsonaro-Mourão pelo suposto uso de notícias falsas (fake news) na campanha presidencial para atacar adversários. Essas ações investigam, por exemplo, possíveis irregularidades na contratação do serviço de disparos em massa de mensagens pelo aplicativo WhatsApp durante a campanha eleitoral.

Duas dessas ações foram apresentadas pela coligação O Povo Feliz de Novo (PT/PCdoB/PROS), do candidato derrotado Fernando Haddad, e duas pela coligação Brasil Soberano (PDT/AVANTE), do candidato derrotado Ciro Gomes.

Elas foram iniciadas após reportagem do jornal Folha de S.Paulo publicada em outubro de 2018, antes do segundo turno da eleição presidencial, apontar que empresas de apoiadores de Bolsonaro teriam contratado pacotes de disparo em massa de mensagem para atacar o candidato petista, Fernando Haddad. A prática seria ilegal porque empresas estão proibidas de contribuir com campanhas desde 2015.

As acusações iniciais descritas nessas Aijes são vistas como frágeis dentro da Procuradoria-Geral Eleitoral devido à falta de provas consistentes, apurou a BBC News Brasil. Essas ações, porém, causam preocupação dentro do Palácio do Planalto devido à possibilidade de serem abastecidas por provas levantadas no Inquérito das Fake News (investigação aberta no STF para apurar ataques a seus ministros) ou na CPI das Fake News (comissão parlamentar que tem como um dos focos de investigação a utilização de perfis falsos para influenciar os resultados das eleições 2018).

No caso do Inquérito das Fake News, por exemplo, o ministro Alexandre de Moraes, que preside as investigações, determinou no final de maio que fossem quebrados os sigilos bancário e fiscal de quatro empresários bolsonaristas para apurar se eles teriam financiado uma rede de disparo de notícias falsas e ataques contra ministros do STF.

Sua decisão determinou a quebra de sigilo desde julho de 2018, o que poderia revelar eventuais ações desses empresários durante a campanha eleitoral. Entre os alvos dessa decisão está Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan.

A coligação de Haddad já pediu ao ministro Og Fernandes, relator das ações no TSE, que autorize o compartilhamento de eventuais provas colhidas no inquérito aberto no STF e na CPI, enquanto a defesa de Bolsonaro se posicionou contra essa possibilidade. Falta a Procuradoria-Geral Eleitoral se manifestar para o TSE decidir se autoriza ou não esse compartilhamento.

À BBC News Brasil, a defesa da coligação de Haddad disse acreditar que a conclusão do julgamento dessas ações ainda deve demorar, devido ao desafio que o TSE enfrenta neste ano com a realização das eleições municipais em meio à pandemia de coronavírus.

"Por um questão prática, é muito difícil que o TSE consiga analisar essas ações ainda este ano", afirma o advogado Marcelo Schmidt, do escritório Aragão e Ferraro.

O que vai influenciar no compartilhamento ou não das provas?

STFDireito de imagemSTF
Image captionParte dos juristas considera o inquérito das fake news ilegal, já que foi instaurado pelo presidente do STF (foto) sem participação do MPF

O compartilhamento de provas entre diferentes processos é algo comum, ressalta a professora de direito eleitoral Lara Ferreira. O inquérito das Fake News, porém, é considerado ilegal por parte dos juristas, já que foi instaurado pelo presidente do STF, Dias Toffoli, sem participação do Ministério Público Federal.

Nesta quarta-feira (10/06), o STF vai julgar um pedido do partido Rede para encerrar a investigação, que é conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, por escolha de Toffoli. O resultado desse julgamento deve ser determinante para que o TSE decida se é possível importar provas do inquérito das Fake News para as ações que acusam a campanha de Bolsonaro de divulgação de notícias falas.

Como alguns ministros do STF já se manifestaram publicamente a favor do inquérito, a expectativa é que a maioria do Supremo mantenha a investigação, mas adote algumas medidas para garantir sua legalidade, como determinar a participação do Ministério Público e estabelecer que Moraes não poderá julgar eventuais processos abertos a partir dela.

No entanto, mesmo que o inquérito seja considerado legal e as provas possam ser compartilhadas, isso não significa, necessariamente, que elas serão consideradas no julgamento da chapa presidencial.

No caso do julgamento da chapa eleita na eleição de 2014, composta por Dilma Rousseff e Michel Temer, o TSE autorizou o compartilhamento de provas da Operação Lava Jato que indicavam possíveis ilegalidades na campanha eleitoral. Porém, depois, a Corte decidiu que esses elementos não poderiam ser considerados no julgamento eleitoral porque não tinha relação com os fatos narrados na acusação inicial da ação.

"Esse caso é diferente, na medida em que o próprio ministro Alexandre de Moraes determinou a quebra de sigilo dos empresários desde julho de 2018", argumenta Marcelo Schmidt, um dos advogados da coligação de Haddad.

"Por esse recorte temporal, que abarca o período eleitoral, por se tratar da mesma prática, o uso de recursos de empresários para disseminar notícias falsas, acreditamos que o compartilhamento das provas seria inevitável", disse ainda.

A professora de direito eleitoral Lara Ferreira também considera que o caso atual é diferente da ação contra a chapa Dilma-Temer e diz que, em tese, o uso das provas na ação eleitoral contra Bolsonaro é possível.

"Mas eu digo isso em tese porque será necessário verificar em cada uma das provas que forem trazidas se elas são pertinentes e necessárias nesse processo da Justiça Eleitoral", ressaltou.

A advogada Karina Kufa, que defende Bolsonaro, não atendeu ao pedido de entrevista para essa reportagem. Em manifestação ao TSE ela argumentou queo inquérito das Fake News apura ataques contra o Supremo e, portanto, não tem relação com o objeto inicial das ações eleitorais contra a chapa presidencial.

Ela também argumenta contra o uso de provas da CPI das Fake News por considerar que a comissão parlamentar se desvirtuou de seu foco original, se transformando "em arena de embates ideológicos por opositores do atual governo".

Quais as outras duas ações contra a chapa Bolsonaro-Mourão?

Jair Bolsonaro de perfilDireito de imagemMARCOS CORRÊA/PR
Image captionAções movidas pela coligação de Fernando Haddad questionam cobertura da eleição pela Record e outdoors pró-Bolsonaro

Há ainda mais duas ações movidas pela coligação de Fernando Haddad. A que está mais adiantada e aparenta menor risco para Bolsonaro e Mourão é a Aije que aponta suposto favorecimento da chapa vitoriosa pela TV Record e seu portal de notícias, o R7, durante a cobertura das eleições. Essa ação já foi rejeitada por unanimidade pelo TSE em outubro, mas a Corte ainda vai julgar um último recurso da coligação de Haddad contra essa decisão.

A outra ação acusa a campanha de Bolsonaro de ter cometido abuso econômico no uso de outdoors em 33 municípios, de 13 Estados, instrumento de propaganda que é expressamente proibido pela legislação eleitoral. Segundo a coligação O Povo Feliz de Novo, o uso de outdoors em diferentes cidades indica um uso coordenado desse instrumento em favor da campanha de Bolsonaro.

Já a defesa do presidente diz que esses outdoors foram contratados por diversos apoiadores de forma espontânea, sem prévio conhecimento de Bolsonaro. Ao pedir a rejeição da ação, seus advogados também ressaltam que os outdoors não traziam pedidos de voto, o número de candidato ou o cargo para o qual Bolsonaro concorria.

Em março, a Procuradoria-Geral Eleitoral se manifestou contra a cassação da chapa vitoriosa, por considerar não haver provas de que a ação foi coordenada pelos então candidatos do PSL.

Além disso, a PGE considerou que anúncios em favor de Bolsonaro não seriam suficientes para provocar o desequilíbrio do pleito, já que a investigação do Ministério Público indicou que outdoors utilizados representariam um investimento de R$ 141.332, valor baixo quando comparado ao gasto total da campanha de Bolsonaro (cerca de R$ 2,5 milhões) e ainda menor se comparado ao gasto da campanha de Haddad (quase R$ 40 milhões).

Essa ação já está em fase final, faltando o relator, ministro Og Fernandes, liberar seu voto para que seja marcado o julgamento.

A defesa da coligação de Haddad, porém, considera que isso ainda pode demorar, considerando que é um processo grande, que envolve muitas pessoas (os apoiadores de Bolsonaro que custearam os outdoors).

Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 8 de junho de 2020

CNBB se diz indignada com proposta de apoio ao governo

BRASÍLIA - A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) repudiou os pedidos de verbas estatais feitos ao governo Jair Bolsonaro por uma ala da igreja católica, em troca de notícias favoráveis ao governo em canais de rádio e TV, conforme revelou reportagem do Estadão publicada neste sábado, 6.
O secretário-geral da CNBB, bispo d. Joel Portella Amado
O secretário-geral da CNBB, bispo d. Joel Portella Amado
Foto: Marcelo Camargo/Agencia Brasil / Estadão Conteúdo

Por meio de nota, a CNBB demonstrou indignação com a atitude de representantes desses canais, disse que não representam a instituição e que a igreja não atua em troca de favores.

"Recebemos com estranheza e indignação a notícia sobre a oferta de apoio ao governo por parte de emissoras de TV em troca de verbas e solução de problemas afeitos à comunicação. A Igreja Católica não faz barganhas", declarou a CNBB. "Não aprovamos iniciativas como essa, que dificultam a unidade necessária à Igreja, no cumprimento de sua missão evangelizadora, 'que é tornar o Reino de Deus presente no mundo'", diz a nota, ao citar o Papa Francisco.

A nota também é assinada pela Associação Católica Internacional SIGNIS Brasil e a Rede Católica de Rádio (CRC). Como mostrou a reportagem, padres e leigos conservadores que controlam boa parte do sistema de emissoras católicas de rádio e TV, os quais são ligados à ala que diverge politicamente da CNBB, prometeram "mídia positiva" para ações do governo na pandemia do novo coronavírus. Pediram em contrapartida, porém, anúncios estatais e outorgas para expandir sua rede de comunicação.

A proposta foi feita no último dia 21, em reunião pública, por videoconferência, transmitida nas redes sociais com a participação de Bolsonaro, sacerdotes, parlamentares e representantes de alguns dos maiores grupos católicos de comunicação, no Palácio do Planalto.

A CNBB declarou que emissoras intituladas "de inspiração católica" possuem naturezas diferentes, podendo ser geridas por associações e organizações religiosas, como também por grupo empresarial particular, seguindo seus próprios estatutos e princípios editoriais. "Contudo, nenhuma delas e nenhum de seus membros representa a Igreja Católica, nem fala em seu nome e nem da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que tem feito todo o esforço, para que todas as emissoras assumam claramente as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil", informou a instituição maior da igreja católica no País.

Ainda segundo a CNBB "é urgente, que nestes tempos difíceis em que vivemos, agravados seriamente pela pandemia do novo coronavírus, que já retirou a vida de dezenas de milhares de pessoas e ainda tirará muito mais, que trabalhemos verdadeiramente em comunhão, sempre abertos ao diálogo".

Emissoras de TV ligadas a grupos religiosos receberam, no ano passado, R$ 4,6 milhões em pagamentos da Secom por veiculação de comerciais institucionais e de utilidade pública. Os veículos católicos ficaram com R$ 2,1 milhões e os protestantes, com R$ 2,2 milhões. Em 2020, emissoras de TV católicas receberam, até agora, R$ 160 mil, enquanto as evangélicas, R$ 179 mil, de acordo com planilhas da Secom.

Apesar das críticas da CNBB e demais instituições sobre o teor das declarações feitas na reunião, a Frente Parlamentar Católica do Congresso Nacional emitiu nota para declarar que "repúdio pela forma tendenciosa estampada na matéria" e que esta "distorce os temas tratados em reunião com o presidente da

República".

Segundo os parlamentares, "em nenhuma das colocações se condicionou verbas de publicidade a apoio ao governo, nem mesmo apoio político pelos membros da Frente, até mesmo, porque, entre os membros da frente

parlamentar há políticos ligados a diferentes linhas ideológicas e partidárias".

Na reunião com Bolsonaro, o padre Welinton Silva, da TV Pai Eterno, ligada ao Santuário Basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO), disse que a emissora, há um ano no ar, passa por dificuldades e espera uma aproximação com a Secom para oferecer uma "pauta positiva das ações do governo" na pandemia da covid-19. A Secretaria de Comunicação (Secom) é responsável por distribuir a verba de publicidade.

"A nossa realidade é muito difícil e desafiante, porque trabalhamos com pequenas doações, com baixa comercialização. Dentro dessa dificuldade, estamos precisando mesmo de um apoio maior por parte do governo para que possamos continuar comunicando a boa notícia, levando ao conhecimento da população católica, ampla maioria desse país, aquilo de bom que o governo pode estar realizando e fazendo pelo nosso povo", disse o padre. "Precisamos ter mais atenção para que esses microfones não sejam desligados, para que essas câmeras não se fechem."

Os parlamentares afirmaram que não há "qualquer clima de animosidade entre a Frente Parlamentar Católica e a CNBB", com quem dizem manter uma relação de diálogo e respeito". Os parlamentares que assinam a carta são o deputado Francisco Júnior (PSD/GO), Eros Biondini (PROS/MG), Diego Garcia (PODE/PR), Joaquim Passarinho (PSD/BA), Hugo Leal (PSD/RJ), Miguel Lombardi (PR/SP) e Jesus Sérgio (PDT/AC).

Leia a íntegra da nota da CNBB

"NOTA DE ESCLARECIMENTO

Sobre a reportagem "Por verbas, TVs católicas oferecem a Bolsonaro apoio ao governo", com a manchete na primeira página "Ala da Igreja Católica oferece a Bolsonaro apoio em troca de verba", do jornal O ESTADO DE SÃO PAULO em 06.06.20, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação, juntamente com a SIGNIS Brasil e a Rede Católica de Rádio (RCR), associações que reúnem as TVs de inspiração católica e as rádios católicas no Brasil, esclarecem que não organizaram e não tiveram qualquer envolvimento com a reunião entre o presidente da República, Jair Bolsonaro, representantes de algumas emissoras de TV de inspiração católica e alguns parlamentares, e nem ao menos foram informadas sobre tal encontro.

Informamos que as emissoras intituladas "de inspiração católica" possuem naturezas diferentes. Algumas são geridas por associações e organizações religiosas, outra por grupo empresarial particular, enquanto outras estão juridicamente vinculadas a dioceses no Brasil. Elas seguem seus próprios estatutos e princípios editoriais. Contudo, nenhuma delas e nenhum de seus membros representa a Igreja Católica, nem fala em seu nome e nem da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que tem feito todo o esforço, para que todas as emissoras assumam claramente as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil.

Recebemos com estranheza e indignação a notícia sobre a oferta de apoio ao governo por parte de emissoras de TV em troca de verbas e solução de problemas afeitos à comunicação. A Igreja Católica não faz barganhas. Ela estabelece relações institucionais com agentes públicos e os poderes constituídos pautada pelos valores do Evangelho e nos valores democráticos, republicanos, éticos e morais.

Não aprovamos iniciativas como essa, que dificultam a unidade necessária à Igreja, no cumprimento de sua missão evangelizadora, "que é tornar o Reino de Deus presente no mundo" (Papa Francisco, EG, 176), considerando todas as dimensões da vida humana e da Casa Comum. É urgente, sim, nestes tempos difíceis em que vivemos, agravados seriamente pela pandemia do novo coronavírus, que já retirou a vida de dezenas de milhares de pessoas e ainda tirará muito mais, que trabalhemos verdadeiramente em comunhão, sempre abertos ao diálogo."

Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 7 de junho de 2020

Protestos por George Floyd: os vídeos de violência policial contra manifestantes que chocam os EUA





O homem se aproximou de policiais em Buffalo antes de ser empurrado

Vários vídeos novos de violência policial surgiram durante os protestos pela morte do americano negro George Floyd.

Em Buffalo, no Estado de Nova York, dois policiais foram suspensos depois de serem flagrados derrubando um idoso no chão.

E na região da cidade de Nova York policiais foram filmados atingindo manifestantes enquanto eles fugiam.

Os registros ocorrem horas após uma homenagem a Floyd em Minneapolis, a cidade onde ele morreu nas mãos da polícia.

Sua morte, que também foi filmada, provocou revolta e uma série de protestos contra a discriminação racial e o tratamento policial a americanos negros em cidades dos EUA e pelo mundo.

A maioria dos protestos foi pacífica, mas alguns terminaram em cenas de rebelião, o que levou à imposição de toques de recolher em várias cidades.

Em um protesto, agentes de segurança na capital Washington usaram spray de pimenta e bombas de efeito moral para dispersar manifestantes do lado de fora da Casa Branca para permitir que o presidente Donald Trump pudesse ser fotografado em uma caminhada até uma igreja próxima.

Em resposta, a America Civil Liberties Union (ACLU), um grupo de ativista pró-direitos civis, entrou com uma ação acusando o presidente e outros integrantes do governo de violar o direito constitucional dos manifestantes.

Homenagem a George Floyd em pinturaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionMorte de George Floyd culminou em protestos em diversas regiões dos Estados Unidos

"Quando o principal responsável por fazer valer a lei se torna cúmplice das táticas de um autocrata, isso restringe a livre expressão para todos nós", disse Scott Michelman, da ACLU, à agência Reuters.

Em outro evento, a polícia no Estado do Arizona divulgou detalhes da morte de outro homem negro, Dion Johnson, em Phoenix, em 25 de maio - mesmo dia de Floyd.

Johnson foi alvejado por forças estaduais após ser visto "desmaiado no banco do motorista" de um carro que estava atrapalhando o trânsito, segundo um comunicado da polícia.

"Durante a abordagem do suspeito, houve uma luta, e o agente atirou sua arma de serviço, atingindo o suspeito", disse a polícia.

O comunicado só foi divulgado após a família de Johnson receber o áudio e vídeo do incidente.

O que mostram os vídeos?

O vídeo de Buffalo mostra um homem de 75 anos se aproximando de policiais que estavam impondo o toque de recolher. Eles avançam para frente, empurrando-o e fazendo com que caia e bata a cabeça.

Conforme ele cai no chão, começa a escorrer sangue de seu ouvido.

O homem foi levado em uma ambulância e sobreviveu a uma grave fratura no crânio.

Um comunicado inicial do Departamento de Polícia de Buffalo disse que o homem havia "tropeçado" e caído durante uma "bagunça envolvendo manifestantes", o que ampliou a revolta gerada pelo incidente.

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O porta-voz da polícia Jeff Rinaldo depois atribuiu o comunicado a agentes que não estiveram envolvidos diretamente no episódio. Ele acrescentou que, quando o vídeo veio à tona, os dois policiais que empurraram o manifestante foram suspensos sem pagamentos.

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Na mesma noite, um entregador em Nova York foi preso 27 minutos após o toque de recolher começar a vigorar, embora sua atividade estivesse livre da restrição.

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E na região de Williamsburg, a polícia foi filmada atacando manifestantes, atirando ao menos uma pessoa contra o chão.

Outros vídeos mostraram um homem caído no chão e com sangue na cabeça sendo preso.

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Como as autoridades reagiram?

Na quinta-feira, o governador de Nova York, Andrew Cuomo, defendeu a polícia, dizendo que ela não estava batendo em cidadãos "sem motivo" e que, se o fizesse, "seria errado".

O prefeito da cidade, Bill de Blasio, disse que as autoridades estavam "fazendo tudo sob uma perspectiva de contenção".

Mas, desde então, o governador e o prefeito condenaram ações que vieram à tona à noite.

No Twitter, Cuomo descreveu o incidente em Buffalo como "totalmente injustificado e vergonhoso".

"Os policiais precisam aplicar a lei, não abusar dela", disse ele.

Já Blasio disse ter reclamado ao departamento de polícia da cidade após ver o vídeo da prisão do entregador.

Qual o contexto?

Esses episódios ocorreram enquanto a polícia impunha toques de recolher em dezenas de cidades nos EUA após uma onda de protestos gerada pela morte de George Floyd.

Floyd, de 46 anos, foi abordado pela polícia, que investigava a compra de cigarros com dinheiro falso em 25 de maio, em Minneapolis.

Pessoas protestando nas ruas dos Estados UnidosDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionApesar das medidas de distanciamento social impostas por causa da pandemia de covid-19, os protestos reuniram multidões

Um vídeo o mostrou sendo arrastado e um policial branco pressionando o joelho em seu pescoço por vários minutos, mesmo após ele dizer que não conseguia respirar.

Tem havido protestos desde então em várias cidades dos EUA e outros países, como Austrália, França, Países Baixos e no Reino Unido, onde milhares se reuniram no centro de Londres.

Em Sydney, na Austrália, a Justiça negou permissão para um protesto em meio a temores quanto à propagação do novo coronavírus.

A morte de Floyd ocorre após uma série de episódios parecidos, como o de Michael Brown em Ferguson, Missouri; Eric Garner em New York; e outros que impulsionaram o movimento Black Lives Matter nos últimos anos.

Para muitos, a revolta com a morte de Floyd também reflete a frustração com a discriminação e a desigualdade econômica.

Protestos por causa da morte continuaram a ocorrer em dezenas de cidades na quinta-feira apesar dos toques de recolher.

Eles ocorreram após uma vigília assistida por centenas de pessoas, que permaneceram em silêncio por oito minutos e 46 segundos - o tempo em que Floyd ficou no chão nas mãos da polícia de Minneapolis.

Um advogado de Floyd disse que uma "pandemia de racismo" provocou sua morte.

O reverendo Al Sharpton, que discursou no evento, disse que é hora de se levantar e dizer "tire seu joelho dos nossos pescoços".

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Prefeito de Bom Jardim deve evitar que população acenda fogueiras e a queima e comercialização de fogos de artifício

Medida abarca todo estado

 O Ministério Público do Estado de Pernambuco (MPPE), por meio do Gabinete de Acompanhamento da Pandemia do novo coronavírus, publicou na tarde de hoje, 4, a Recomendação PGJ n.º 29/2020, que versa sobre a proibição do acendimento de fogueiras, a queima e a comercialização de fogos de artifício, enquanto perdurar a situação de calamidade pública, decorrente da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
 
“A tradição junina de acender fogueiras e queimar fogos de artifício, naturalmente, provoca três problemas que irá dificultar o combate à Covid-19, quais sejam: a) aglomerações, comprometendo a eficácia do isolamento social como medida de contenção da pandemia; b) produção de muita fumaça que irá elevar os riscos de problemas respiratórios e agravar os pacientes que estão contaminados; c) Acidentes como queimaduras que pode agravar a superlotação da rede hospitalar. A medida, provavelmente, não será bem recepcionada, mas tenho consciência que em tempos de defesa da vida e saúde dos Pernambucanos, precisamos ter coragem para tomar atitudes extremamente impopulares, mas essenciais para conter o avanço da Covid-19 nas terras pernambucanas”, disse o procurador-geral de Justiça de Pernambuco, Francisco Dirceu Barros, no texto da Recomendação.
 
Fica recomendado aos prefeitos municipais de todo o Estado, enquanto perdurar a situação de calamidade pública em decorrência da pandemia do novo Coronavírus, a edição de ato normativo para proibir o acendimento de fogueiras e a queima de fogos de artifício, em locais públicos ou privados, em todo o território municipal.
 
Ainda assim, os normativos municipais devem indicar o exercício do poder-dever de polícia para fazer cumprir o ato do Poder Executivo, com as medidas administrativas necessárias para coibir o seu descumprimento, a exemplo de: suspensão da concessão e renovação de autorizações para estabelecimentos de venda de fogos de artifício; cassação das autorizações porventura já concedidas antes da proibição em questão; fiscalização de campo para impedir o acendimento de fogueiras e a queima de fogos, com aplicação de sanção pelo descumprimento de multa e apreensão, por exemplo.
 
“A superlotação das instituições hospitalares, públicas e privadas, poderá inviabilizar o atendimento de todos os que necessitarem de atendimento médico, inclusive os intoxicados pela fumaça das fogueiras e os queimados pelo manejo de fogos de artifício, para além das complicações decorrentes da Covid-19. Ainda assim, as tradições juninas têm caráter cultural, mas não podem prevalecer sobre o direito à saúde e o direito à vida, aos quais deve ser atribuído maior peso em ponderação, à luz dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, bem como da precaução e da prevenção”, disse ele no texto da recomendação.
 
Com informação de  www.mppe.mp.br/mppe/
Professor Edgar Bom Jardim - PE