quinta-feira, 21 de maio de 2020

Psol, PCdoB, PT e PCB protocolam “pedido amplo” de impeachment



Nesta quinta-feira (21), PTPsolPCdoB PCB  protocolam um pedido de impeachment contra Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados. A ação tem o endosso de mais de 400 entidades civis e movimentos populares. "Até agora este é o pedido de impeachment mais amplo, unitário e significativo da oposição de esquerda brasileira", diz o Psol em comunicado enviado para a imprensa.
“Desde 25 de abril o Psol vinha liderando a construção desse pedido de impeachment. Convidamos todas as legendas de oposição a se somarem, além das organizações e movimentos sociais. Agora temos uma iniciativa ampla e forte, que, de fato, representa uma parcela importante da sociedade”, afirma Juliano Medeiros, presidente nacional do partido.
O pedido elenca uma série de ações praticadas por Bolsonaro e questionadas pela oposição, como "a convocação e comparecimento nos atos contra a democracia e pelo fechamento do Congresso e do STF, a interferência nas investigações da Polícia Federal no Rio de Janeiro, a falsificação da assinatura de Sérgio Moro na exoneração de Maurício Valeixo do comando da PF e as declarações durante a reunião ministerial de 22 de abril", dentre outras.
Também estão na argumentação "os discursos de Bolsonaro atentando contra o STF, a convocação de empresários para a 'guerra' contra governadores no meio da pandemia, o bloqueio da compra de respiradores e outros equipamentos de saúde por estados e municípios, o apoio à milícia paramilitar conhecida como 'Acampamento dos 300', a incitação de uma sublevação das Forças Armadas contra a democracia brasileira, além de seus pronunciamentos e atos durante a pandemia que configuram crimes contra a saúde pública".
“É uma longa lista de crimes contra o livre exercício dos poderes constitucionais; dos direitos políticos, individuais e sociais; contra a segurança interna do país e contra a probidade administrativa. Não há mais como justificar a permanência de Bolsonaro no cargo. Ele precisa sair urgentemente”, conclui Medeiros.
O pedido transparece o racha que está acontecendo na esquerda brasileira. O grupo que aderiu ao pedido conjunto não tem conseguido apoio da Rede, PSB, PDT e PV, que se uniram para formar a frente progressista. Esses partidos já apresentaram pedidos de impeachment e, no dia 24 de abril, divulgaram nota afirmando que vão agir em conjunto pelo afastamento do presidente.
Com informações de congressoemfoco.uol.com.br/
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 20 de maio de 2020

Caso João Pedro: quatro crianças foram mortas em operações policiais no Rio no último ano


Crianças brincam diante de muro cravejado de balasDireito de imagemREUTERS
Image captionAlém de João Pedro, no último ano Ágatha Félix, de 8 anos, Kauê Ribeiro dos Santos, de 12, e Kauan Rosário, de 11 anos, foram mortos num contexto de operação policial
Um menino de 14 anos foi morto a tiros dentro de casa em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, durante uma operação contra tráfico de drogas das polícias Civil e Federal na última segunda-feira (18).
João Pedro Matos Pinto se tornou pelo menos a quarta pessoa com menos de 14 anos a morrer num contexto de operação policial no último ano, desde maio de 2019.
Além dele também morreram nesse período Ágatha Félix, de 8 anos, Kauê Ribeiro dos Santos, de 12 anos, Kauan Rosário, de 11 anos, segundo levantamento da ONG Rio de Paz com base em casos relatados na imprensa.
Esses são apenas os casos no último ano. No total, a ONG contabiliza 69 casos de crianças vitimadas por arma de fogo em contexto de violência no Rio de Janeiro desde 2007 — muitos deles ocorridos durante operações policiais.
Apenas um desses casos resultou numa denúncia do Ministério Público, o de Ágatha Félix. A BBC News Brasil relata abaixo as circunstâncias dessas mortes de crianças e adolescentes e o que aconteceu depois em cada caso.
A Polícia Militar, que atuava em grande parte dessas situações, não respondeu sobre os casos individualmente.
Disse, em nota, que "lamenta a morte de vítimas inocentes ocorridas no Estado como resultado de ações criminosas". Afirmou ainda que muitas vezes policiais são recebidos a tiros e apenas revidam — essa costuma ser a versão da corporação quando há mortes em operações. "O comando da Corporação repudia qualquer tentativa de prejulgamentos contra policiais militares que atuam, dia após dia, em defesa da sociedade, muitas vezes perdendo a própria vida", conclui.
Jão Pedro Matos PintoDireito de imagemREPRODUÇÃO/FACEBOOK
Image captionFamília só localizou o corpo de João Pedro no dia seguinte à sua morte

João Pedro Matos Pinto, 14 anos, 18/5/2020

João Pedro foi morto dentro de casa, no complexo de favelas do Salgueiro, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio.
As polícias Civil e Federal faziam uma operação no local para cumprir dois mandados de prisão. Parentes e amigos de João Pedro que estavam presentes no momento de sua morte dizem que agentes entraram na casa atirando e balearam o menino. A versão da polícia é de que houve confronto e o menino foi atingido. Depois, ele foi levado até um helicóptero para ser socorrido, e a família, sem mais notícias, procurou por ele nos hospitais da região.
Seu corpo só foi localizado na manhã desta terça-feira (19) — estava no Instituto Médico Legal (IML) de São Gonçalo.
Em nota, a Polícia Civil disse que, "durante a ação, seguranças dos traficantes tentaram fugir pulando o muro de uma casa. Eles dispararam contra os policiais e arremessaram granadas na direção dos agentes. No local foram apreendidas granadas e uma pistola".
E acrescentou que a Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI) instaurou inquérito para apurar a morte.
A Polícia Federal disse que reitera o que afirmou a Polícia Civil.
Já a Polícia Militar declarou ter dado apoio aéreo à operação e não ter sido solicitada para realizar o socorro de pessoas feridas durante a ação.

Ágatha Félix, 8 anos, 20/09/2019

A menina de oito anos foi atingida por tiros nas costas enquanto estava dentro de uma kombi, no Complexo do Alemão, conjunto de favelas na zona norte do Rio.
De acordo com denúncia do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, o policial militar Rodrigo José de Matos Soares estava em serviço quando atirou de fuzil contra duas pessoas que estavam em uma moto por achar que se tratavam de integrantes do tráfico de drogas local.
O PM errou a mira. Um dos projéteis, segundo a denúncia, ricocheteou num poste de concreto, "sendo certo que um desses fragmentos teve sua trajetória alterada, vindo a atingir a criança Ágatha Vitória Sales Felix", diz o documento.
O MPRJ denunciou Rodrigo José de Matos Soares por homicídio qualificado. Se for condenado, o policial poderá pegar pena de 12 a 30 anos de prisão.
Manifestação da ONG Rio de Paz traz cartazes com nomes e histórias de crianças mortas por balas perdidas no RioDireito de imagemREPRODUÇÃO/FACEBOOK RIO DE PAZ
Image captionManifestação da ONG Rio de Paz traz cartazes com nomes e histórias de crianças mortas por balas perdidas no Rio

Kauê Ribeiro, 12 anos, 8/09/2019

O menino morreu na favela da Chica, no Complexo do Chapadão, na zona norte do Rio de Janeiro.
Moradores disseram na época que ele estava subindo a favela com um amigo quando foi baleado na cabeça por policiais.
A polícia não respondeu ao questionamento da reportagem sobre o caso. No entanto, quando aconteceu a morte de Kauê, afirmou a veículos de comunicação que havia ido ao Chapadão para verificar uma denúncia de roubo de carga e foi recebida a tiros.
Em novembro de 2019, a Polícia Civil disse à BBC News Brasil que o caso havia sido registrado na 27ª DP (Vicente de Carvalho) e remetido a 31ª DP (Ricardo de Albuquerque). Agora afirma que ele foi enviado à Justiça. Ainda não houve denúncia.

Kauã Vítor Nunes Rozário, 11 anos, 10/05/2019

Kauã foi baleado por um tiro durante confronto entre policiais militares e suspeitos no bairro de Bangu, zona oeste Rio.
O menino chegou a passar uma semana internado no Hospital Albert Schweitzer, em Realengo, também na zona oeste, mas não resistiu.
A polícia não respondeu ao questionamento da BBC News Brasil sobre o caso.
Segundo relatos da imprensa da época, a corporação afirmou que agentes faziam um patrulhamento de rotina quando foram atacados e revidaram.
Em novembro de 2019, a Polícia Civil disse que o caso havia sido registrado na 34°DP (Bangu) e que a investigação estava em andamento. Não informou, até a publicação deste texto, se houve algum avanço desde então.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Qual a verdade? Especialistas alertam sobre sintomas menos comuns da Covid-19


Teste para coronavírus
Teste para coronavírusFoto: Marijan Murat / AFP
Com a evolução da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), autoridades de saúde chamam atenção para os sintomas da doença, especialmente os mais comuns. Mas outras manifestações também podem ser um indicativo da doença e devem ser motivo de alerta.

Em sua página especial com informações sobre o novo coronavírus, o Ministério da Saúde lista os sintomas da doença gerada pelo vírus: tosse, febre, coriza, dor de garganta e dificuldades respiratórias.

Mas pesquisas revelaram outros sinais. Entre eles a perda de olfato e de paladar. Segundo o presidente do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF), Farid Buitrago, essas manifestações ocorrem em entre 20% e 30% dos casos que apresentam sintomas.

“Este sintomas não são muito comuns, mas quando acontece a pessoa deve ficar atenta porque pode ser uma das manifestações do coronavírus. Associado a isso, se tiver febre, tosse e dor de garganta já fecha o diagnóstico”, alerta o médico.
Ele conta que a atenção a esses sintomas é um indicativo importante para o novo coronavírus porque são raras as condições que provocam essas alterações. "Eventualmente alguma doença pode causar isso, como tumores. Gripes comuns podem causar estes sintomas, mas é menos comum”, comenta o presidente do CRM-DF.

Caso a pessoa verifique estes sintomas, a orientação é a mesma para os demais: procurar uma unidade de saúde na atenção básica, os chamados postos de saúde. Nestes locais os profissionais encaminham a testagem e, em situações mais graves, para um atendimento em unidades de pronto atendimento ou hospitais.

Outros sintomas
O médico Farid Buitrago destaca que há outros sintomas, ainda menos comuns. Entre eles conjuntivite, náuseas e alterações gastro-intestinais, como dor de estômago e diarreia. Para conjuntivite, estudos mostraram a ocorrência em cerca de 10% dos casos.

“Tem outro que também se fala muito pouco que são alterações da pele. A Sociedade Espanhola de Dermatologia elaborou atlas para mostrar lesões na pele para pacientes de coronavírus. Desde manchas vermelhas até que parecem como queimaduras de fogo ou de gelo. Essas marcas estão presentes nos pés e mãos, em pessoas jovens”, relata o presidente do CRM-DF.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Regina Duarte deixa a secretaria da Cultura: a curta trajetória da atriz no cargo


Regina Duarte e presidente Jair BolsonaroDireito de imagemCAROLINA NUNES/PR
Image captionAnúncio da saída foi feito em vídeo em que a atriz aparece ao lado do presidente e divulgado nas redes sociais
Regina Duarte anunciou a saída do cargo de secretária especial de Cultura no governo Bolsonaro nesta quarta-feira (20/05).
Em vídeo publicado nas redes sociais do presidente, em que aparece ao lado da atriz, ela afirma que vai assumir a Cinemateca, em São Paulo.
"A família está querendo minha proximidade, eu estou sentindo muita falta dos meus netos, dos meus filhos", justificou.
"Ir pra Cinemateca, do lado do teu apartamento, ali em São Paulo, se você vai ser feliz e produzir muito mais, eu fico feliz com isso. Chateado porque você se afasta um pouco do convívio nosso em Brasília", afirmou o presidente.
Os rumores de que Regina poderia sair do ministério se arrastavam desde o início do mês.
O anúncio vem depois de uma série de desencontros: a atriz fez nomeações consideradas inadequadas ao perfil ideológico do governo e foi criticada pelo presidente pelos períodos que passou longe de Brasília.
Sua ausência no discurso em que Bolsonaro se defendeu das acusações de Moro — e que teve a presença de quase todo o primeiro escalão do governo — foi muito notada.
A BBC News Brasil relembra a curta trajetória da atriz na secretaria de Cultura.

Proximidade e 'namoro'

Conhecida por sua carreira na televisão, Regina Duarte também começou a chamar atenção nas últimas décadas por seu posicionamento político de direita.
Sua propaganda contra Lula na campanha de 2002 em que dizia "tenho medo" é lembrada até hoje. Ela também apoiou o impeachment de Dilma Rousseff em 2016.
Casada durante anos com o pecuarista Eduardo Lippincott, com quem tem uma fazenda de criação de gado da raça Brahman no interior de São Paulo, a atriz também sempre foi próxima ao setor ruralista, um dos que apoiaram Bolsonaro durante a campanha de 2018.
Ela inclusive já foi convidada para falar na ExpoAgro, um dos grandes eventos do setor, e demonstrou posições parecidas com as de Bolsonaro quanto à questão indígena, por exemplo, dizendo ser contrária à demarcação de terras.
Nas eleições de 2018, a atriz começou a demonstrar simpatia à figura de Bolsonaro, citando-o diretamente.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo em 2018, ela disse que Bolsonaro era um "cara doce".
"Quando conheci o Bolsonaro pessoalmente, encontrei um cara doce, um homem dos anos 1950, como meu pai, e que faz brincadeiras homofóbicas, mas é da boca pra fora, um jeito masculino que vem desde Monteiro Lobato, que chamava o brasileiro de preguiçoso e que dizia que lugar de negro é na cozinha", disse.
Na mesma entrevista, ela afirmou que a imagem de Bolsonaro como uma pessoa "truculenta" foi construída por seus opositores.
"São imagens montadas, pois mostram a reação dele, mas não a de quem provocou a reação. É unilateral. Quando souberam que ele ia se candidatar, começaram a editar todas as gravações e também a provocá-lo para que reagisse a seu estilo, que é brincalhão, machão."
A atriz também demonstrava afinidade ideológica com o governo.
Postagem no Instagram em que Regina Duarte aparece sorrindo em manifestação, repleta das cores verde e amareloDireito de imagemREPRODUÇÃO/INSTAGRAM
Image captionRedes sociais da atriz têm várias publicações favoráveis ao governo, como convocações para manifestações
Em uma entrevista ao programa Conversa com Bial, da Rede Globo, por exemplo, ela afirmou nunca ter se declarado feminista, mesmo que entre suas interpretações mais famosas esteja a protagonista de Malu Mulher.
A série da TV Globo, de 1980, contava a história de Malu, uma mulher essencialmente feminista e que se posicionava contra os valores morais da época.
"Eu nunca me declarei feminista, mesmo fazendo a Malu. Eu não acho que as coisas são por aí. Acredito que há caminhos intermediários. Eu fui e continuo conservadora", disse.
Em 2019, primeiro ano de governo do presidente, a atriz postou várias imagens no Instagram mostrando não só Bolsonaro, mas também o então ministro da Justiça Sergio Moro; e o ministro da Economia, Paulo Guedes; frases defendendo a Operação Lava Jato e ações do governo na segurança, economia e combate à corrupção; além de convocações para manifestações pró-governo.

'Noivado' e 'casamento'

Regina Duarte foi nomeada para a secretaria de Cultura em março, após a queda do ex-secretário, Roberto Alvim, que havia feito diversas referências ao nazismo em um discurso — repetindo, inclusive, frases de Joseph Goebbels, o ministro da Propaganda na Alemanha nazista.
Embora se dissesse conservadora e de direita muito tempo antes de entrar para o governo, a atriz foi acusada por alguns bolsonaristas nas redes sociais de ser uma "espiã comunista" — eles não aprovavam seus laços com a Rede Globo (com a qual teve contrato por anos) e sua proximidade com a classe artística.
Seu início não foi imediato — antes de assumir oficialmente como secretária especial de Cultura, passou por um período de "testes" que o presidente chamou de "noivado" com o governo.
Durante o "noivado", Regina esteve acompanhada em Brasília do filho mais velho, André Duarte Franco, que se declarava bolsonarista convicto nas redes sociais e inclusive acompanhou a mãe em reuniões no Planalto.
Jair Bolsonaro e Regina Duarte posando para fotoDireito de imagemREPRODUÇÃO
Image captionConvite para participar do governo foi feito depois de queda de Roberto Alvim
Na posse, Regina fez um discurso que falou em "carta branca" do governo para escolher equipe e diálogo.
"Meu propósito aqui é de pacificação, diálogo permanente com o setor cultural, Estados e municípios, Parlamento e com os órgãos de controle", afirmou.
A parte que mais repercutiu de seu discurso de 15 minutos foi o momento em que ela comparou a cultura ao "pum do palhaço".
"[Cultura é] chimarrão, culto, missa das dez, desafio repentista, forró...E aquele pum produzido com talco espirrando do traseiro do palhaço... Fazendo a risadaria feliz da criançada? Cultura é assim, é feita de palhaçada!", disse ela.

Divórcio

Apesar da promessa de carta branca, a secretária teve desgastes com o governo por nomeações que fez, com nomes que foram vistos com desconfiança por não se alinharem ideologicamente ao governo.
A dificuldade em exonerar certos nomes também gerou atritos. Um deles foi o do maestro Flávio Mantovani, que presidia a Funarte, e que havia feito declarações ligando o rock ao aborto e ao satanismo.
Ele foi exonerado no mesmo dia em que Regina tomou posse, mas foi reconduzido ao cargo no último dia 5 de maio, por decreto publicado do Diário Oficial. Sua renomeação, no entanto, não durou 24 horas: no mesmo dia, em edição extra do DO, ele foi novamente demitido.
Outro nome foi do presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, cujos posicionamentos como o de que "não existe racismo no Brasil" revoltaram o movimento negro. A Fundação Palmares tem como objetivo promover a cultura negra no país.
Regina havia defendido, na posse, a demissão de Camargo. No entanto, ele continuou à frente da fundação, inclusive fazendo críticas públicas à Regina, a quem é subordinado, nas redes sociais.
Chamou atenção a ausência da secretária em reunião onde Bolsonaro rebateu acusações feitas pelo ex-ministro Sergio Moro (e onde estava todo o primeiro escalão do governo).
Regina Duarte fez vários elogios públicos a Moro desde o ápice da operação Lava Jato e era declaradamente apoiadora do ministro.
Após sua demissão, no entanto, ela manteve silêncio por alguns dias, e depois disse discretamente que continuava mantendo apoio a Bolsonaro.
"Juntos pelo Brasil", escreveu ela, em uma postagem que depois foi escondida de seus seguidores.
Logo após o "iô-iô" com Mantovani gerar rumores de saída da secretária do governo, Bolsonaro convidou Regina para um encontro.
A reunião, que deu certa sobrevida à permanência da atriz na secretaria, teve também a presença do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, ao qual a secretaria de cultura é subordinada — a pasta perdeu o status de ministério no governo Bolsonaro.
No encontro também esteve presente Sergio Camargo, que depois disse à revista Veja que "se sentiu prestigiado". "Todo mundo sabe que a situação dela é delicada, mas nada disso passa por mim", afirmou ele à revista.
Sua presença na reunião aumentou a percepção de que Camargo poderia ser um dos nomes cotados para substituir Regina na secretaria de Cultura, no entanto pouco tempo depois surgiu um novo candidato: o ator Mario Frias. Ex-galã da novela Malhação, Frias é atualmente o mais cotado para a vaga.
Pouco tempo após o episódio, Regina deu uma entrevista para o canal CNN em que falou sobre a ditadura militar, minimizando os assassinatos e mortes que aconteceram durante o período e chegando a dar risada o falar sobre o assunto.
"Cara, desculpa, eu vou falar uma coisa assim: na humanidade, não para de morrer. Você fala vida, do lado tem morte", disse ela. Quando o apresentou lembrou que houve tortura no período, ela respondeu: "tá bom, mas sempre houve tortura".
Regina ainda cantou a marchinha "Pra Frente Brasil", símbolo do período, e disse "não era bom quando a gente cantava isso".
Depois a secretária saiu no meio da entrevista, que era ao vivo. O episódio gerou uma enorme repercussão negativa, com artistas se posicionando contra ela nas redes sociais e uma assessora de imprensa da secretaria pedindo demissão.
Menos de dez dias depois a atriz pediu demissão do cargo, dizendo que estava com saudade da família.

Professor Edgar Bom Jardim - PE