domingo, 5 de janeiro de 2020

Guerra disfarçada:o xadrez nos EUA envolvendo a decisão de Trump de atacar general do Irã


Em parlatório, Trump olha e aponta para o ladoDireito de imagemEPA/CRISTOBAL HERRERA
Image captionAtaque aéreo em aeroporto de Bagdá que culminou na morte de general iraniano foi ordenado pessoalmente pelo presidente americano Donald Trump
Há 10 meses de disputar a reeleição para o posto de presidente dos Estados Unidos e diante de um processo de impeachment no Congresso — no qual é acusado de ter usado o aparato diplomático americano para benefício pessoal e político —, Donald Trump tomou pessoalmente a decisão de levar a cabo um ataque aéreo ao Aeroporto Internacional de Bagdá, no Iraque, que levou à morte do general iraniano Qasem Soleimani, chefe da Força de inteligência Quds, na última quinta (2/1).
Com o ato, Trump deu uma guinada na política externa de sua gestão, até então marcada por sanções econômicas e ataques cibernéticos ao país dos aiatolás.
"Acredito que a partir de agora veremos os Estados Unidos agirem de maneira mais e mais agressiva em relação ao Irã. Provavelmente (o assassinato de Soleimani) é um sinal de que as negociações falharam e que os iranianos não estão dispostos a ceder. Os americanos concluíram que terão que aumentar a força e que, no Oriente Médio, para ser levado a sério, você deve usar violência. Trump estava usando apenas a pressão econômica, e com isso apenas não ia ser bem-sucedido. Agora, ele está usando pressão econômica e violência, com pouca, mas alguma chance de sucesso", resume Faris Modad, diretor para o Oriente Médio da consultoria IHS Markit.

Promessas de campanha

A política externa americana é uma das áreas de maior prioridade do presidente. Ao longo dos últimos 3 anos, Trump tentou deixar uma marca própria ao se engajar em uma guerra comercial com a China, tentar reestabelecer relações diplomáticas com a Coreia do Norte, refazer o acordo de livre comércio com México e Canadá. Seus movimentos são uma tentativa de demonstrar que ele põe em prática o o lema de sua campanha "America First", americanos primeiro, em contraposição ao que considerou ser um estilo complacente do antecessor democrata Barack Obama.
Isso também é verdade em relação ao Oriente Médio. Ao longo da disputa eleitoral de 2016, Trump fez duras críticas ao que chamou de "guerras sem fim", em relação às ações americanas em países como Afeganistão, Iraque e Síria. Ele defendeu a retirada das tropas americanas dessas áreas. Essa promessa foi cumprida apenas parcialmente ao longo dos últimos três anos: houve redução no contingente militar americano nesses países.
Mas, em vez de satisfazer a audiência interna meramente, a estratégia pode ter sido importante para levar os americanos a novos problemas.
A retirada de soldados americanos de postos no Oriente Médio, de acordo com críticos, acabou levando a vazios de poder nos territórios, mais tarde ocupados por inimigos dos americanos, como a rede de inteligência iraniana de Soleimani.
"Para ser eleito, Barack Obama vai iniciar uma guerra contra o Irã". O comentário foi postado via Twitter por Donald Trump em novembro de 2011, cinco anos antes que o empresário de Nova York se convertesse no 45º presidente dos Estados Unidos, e oito anos antes que ele mesmo se visse diante de uma acusação semelhante.
Soldado americano aparece de perfil, na rua, ao lado de tanqueDireito de imagemU.S. ARMY VIA REUTERS
Image captionSoldado americano em Bagdá; Trump cumpriu apenas parcialmente a promessa de campanha de retirar tropas americanas de 'guerras sem fim'
Outra das promessas de campanha de Trump era a retirada dos Estados Unidos do acordo nuclear firmado entre Barack Obama e o presidente iraniano Hassan Rohani, em que o Irã se comprometia a reduzir o beneficiamento de urânio em troca do alívio de sanções financeiras ao país. Em maio de 2018, Trump cumpriu sua palavra: qualificou o Irã como "Estado patrocinador de terrorismo", deixou o acordo e retomou as medidas restritivas sobre a economia do país. O plano era enfraquecer o Irã com o cerco financeiro de modo que a negociação diplomática avançasse a contento para os americanos. Não foi bem isso o que aconteceu, no entanto.
Em resposta, os iranianos são acusados de orquestrar ataques militares cirúrgicos contra alvos americanos ou aliados. As digitais de Soleimani, considerado o estrategista por trás de tais ações, estavam quase sempre encobertas pela ação em campo de milícias xiitas iraquianas e sírias, rebeldes iemênitas, além do grupo libanês Hezbollah, todos treinados e equipados pela Força Quds.
"Se você olhar para o padrão (da relação do Irã com os EUA) nos últimos meses, o fato de que eles realizaram ou foram acusados de realizar esses diferentes incidentes sem uma resposta enérgica, uma resposta militar e armada, pode ter encorajado os iranianos a ver até onde poderiam ir", afirma Naysan Rafati, especialista em Irã da organização internacional de prevenção de conflito Crisis Group.
Ele se refere, por exemplo, ao ataque de drones, em meados de setembro, que destruíram duas das principais instalações petrolíferas da Arábia Saudita, a maior exportador de petróleo do mundo. O ato foi atribuído pelos americanos e seus aliados ao Irã, o que o o governo do país sempre negou.
Há uma semana, no entanto, um desses ataques acabou matando um civil americano em uma base militar na província iraquiana de Kirkuk — em resposta, os Estados Unidos detonaram ataques aéreos que mataram 25 milicianos iraquianos e feriram mais de 50. No último dia 31, xiitas iraquianos invadiram a embaixada americana no Iraque.
"O Irã será totalmente responsabilizado por vidas perdidas ou danos sofridos em qualquer uma de nossas instalações. Eles vão pagar um preço muito grande! Isso não é um aviso, é uma ameaça. Feliz Ano Novo!", tuitou Trump na tarde do dia 31, cerca de 48 horas antes de ordenar o ataque que matou Soleimani.
"Tem havido uma espécie de fervura constante nos últimos meses. Mas, nos últimos dias, pela primeira vez, um cidadão dos EUA foi morto em um dos ataques. E então tivemos o tumulto na embaixada. A situação assumiu uma nova dinâmica e os EUA decidiram responder não mais apenas com sanções e ataques cibernéticos. Mas indo diretamente atrás de altos oficiais militares iranianos. E, no que diz respeito às altas autoridades iranianas, provavelmente não há ninguém tão significativo quanto Soleimani. Sua morte é para os iranianos um ato de guerra", argumenta Rafati.
Para Modad, o fato de o Irã ter matado um civil americano e ameaçado o corpo diplomático do país permitiu ao presidente Trump ambiente político doméstico para subir alguns graus na relação e adotar uma ação militar contra Soleimani, um velho conhecido das forças militares e de inteligência dos americanos. De acordo com os analistas, os americanos já tiveram próximos a executá-lo em uma série de ataques anteriores, mas sempre desistiam diante do cálculo de que os riscos superavam os benefícios da medida. Não mais.
"Eles mataram um funcionário terceirizado americano e tentaram invadir a embaixada dos EUA. Portanto, tornou-se politicamente aceitável para os cidadãos americanos, que se sentiram atacados, que o governo atacasse para defendê-los", diz Modad.
A Casa Branca sob nuvens carregadasDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionA Casa Branca, em Washington; histórico dos EUA em conflitos externos tem trajetória por vezes relacionada com disputas eleitorais internas

Unir os americanos em torno do conflito

"Uma ação defensiva decisiva", definiu o Pentágono. "O mundo é um lugar muito mais seguro hoje, após o desaparecimento de Qasem Soleimani", defendeu o secretário de Estado Mike Pompeo.
As declarações são parte da narrativa de Trump para justificar e convencer a opinião pública americana do acerto de sua decisão, motivada, segundo ele, pela proteção inegociável das vidas e dos interesses americanos. E, uma oportunidade para que ele marque diferenças claras em relação a si mesmo e a última gestão democrata em situações de ameaça a americanos no exterior.
"Ainda bem que o presidente é você e não a Hillary Clinton, senão teríamos um novo Bengazi", escreveu uma apoiadora de Trump em resposta à mensagem do líder em que criticava o ataque às instalações diplomáticas americanas no Iraque.
A eleitora americana se refere ao assassinato do embaixador americano Christopher Stevens na Líbia, em 2012, após um ataque a bomba ao consulado. O episódio gerou uma crise no governo Obama, acusado de se omitir na proteção aos funcionários do país no exterior, e terminou com a então secretária de Estado Hillary Clinton admitindo a culpa pelas falhas de segurança no local. O assunto retornou na campanha em que Hillary acabou derrotada por Trump.
"Acho que o presidente não está procurando brigas no exterior para o consumo político doméstico. O que vimos foi uma ameaça legítima para nós, a embaixada foi atacada. E Bengazi ainda está nas mentes dos eleitores, Trump foi um grande crítico (de Hillary Clinton na campanha) e não poderia agora dar uma resposta insuficiente", afirmou à BBC News Brasil o analista político Michael Johns, um dos autores de discursos presidenciais durante a gestão republicana de Bush.
Aliados do presidente criticaram as ações que levaram à morte de Soleimani, dizendo que elas escapavam ao discurso de Trump de não intervenção dos americanos em assuntos regionais que não lhes dissessem respeito. "Quem está realmente se beneficiando disso?", questionou o comentarista da Fox News Tucker Carlson, um dos mais contundentes apoiadores de Trump.
O questionamento remonta a acusação que o próprio Trump fez a Obama sobre se engajar em uma guerra em busca de votos (o que, de fato, não aconteceu). A relação entre guerras e votos mobiliza o imaginário político do país. Observadores de política americana argumentam que a reeleição do republicano George H.W. Bush em 2004 se deveu menos a seus feitos administrativos e mais a sua imagem de líder no esforço de "guerra contra o Terror", com as invasões no Afeganistão e no Iraque pós ataques de 11 de setembro de 2001.
Antes dele, em meio ao processo de impeachment pelo escândalo sexual na Casa Branca, o democrata Bill Clinton ordenou o bombardeio de Belgrado, na Sérvia, como uma ação humanitária em favor da etnia albanesa, sob ataque do governo sérvio. A operação matou centenas de civis. Críticos dizem que a ação visava melhorar a imagem pública do democrata.
Num passado mais distante, em 1864, a condução da guerra civil americana foi primordial para que Abraham Lincoln se tornasse o primeiro presidente dos EUA a ser reeleito. Já Franklin Roosevelt obteve quatro mandatos presidenciais por conseguir conduzir os Estados Unidos a uma onda de prosperidade concomitante à Segunda Guerra Mundial.
Qasem SoleimaniDireito de imagemAFP/GETTY
Image captionSolemani era uma das figuras mais importantes do regime iraniano
Mas há também exemplos em que o envolvimento em conflitos levou ao fracasso político do presidente. É o caso de Richard Nixon com a Guerra do Vietnã, considerada uma derrota histórica para as tropas americanas, com quase 60 mil soldados mortos.
"Uma aventura militar, se a observarmos historicamente, tem a mesma probabilidade de arruinar sua vida política ou de promovê-la. Se você se lança e fracassa, está acabado", diz Modad, para quem esse tipo de raciocínio sobre a atual decisão de Trump é "especulação boba de esquerda".
Para o correligionário de Trump, Michael Johns, o presidente terá apoio dos eleitores em sua medida militar, mas não terá ganho político com a ação.
"A relação entre conflitos e eleição tem sido mista. A Guerra do Vietnã obviamente não foi útil para Richard Nixon porque foi percebida como mal conduzida. Não fomos vistos como vencedores. Mesmo a Guerra do Iraque com Bush deixou os americanos impacientes. Culturalmente, não são do agrado dos eleitores essas ocupações prolongadas. Por outro lado, o antiterrorismo é prioridade e deve ser tratado assim pelo comandante do país. Então, acho que o presidente fez será apoiado. Mas a medida é sempre controversa, porque nunca é a última de uma série de jogadas de xadrez", diz Johns.

Efeito Iêmen

A maior preocupação de aliados de Trump é que a tensão e os ataques esporádicos possam se converter em um longo e arrastado conflito entre os dois países, com ocupação territorial, aos moldes do que se viu no Afeganistão. Isso poderia causar dano na imagem de Trump junto aos eleitores. E, de acordo com os especialistas em Irã, é exatamente esse tipo de tática em que os iranianos são experts.
"Em caso de guerra, não há garantia de que os Estados Unidos vençam. Claramente, o Irã não pode derrotar os Estados Unidos de uma maneira convencional, no sentido militar. Mas pode fazer uma guerra tão longa e tão cara, que os americanos não poderão vencê-la politicamente", afirma Modad.
Para ele, o melhor exemplo desse tipo de situação é o Iemên. Sofrendo com uma guerra civil alimentada pela Arábia Saudita e pelo Irã há quase 5 anos, o país segue sendo uma frente de confronto aberto que tem desgastado sobretudo aos sauditas. "Os iranianos têm muita paciência e estratégia para alongar um conflito desses", diz Modad.
Os analistas consideram certo que haverá uma retaliação iraniana: aos aliados ou aos americanos diretamente, de seu próprio exército ou de algum dos grupos milicianos que eles patrocinam. E do ponto de vista político e militar, o Irã é visto como um país mais estruturado e perigoso do que o Afeganistão ou a Coreia do Norte.
"Os iranianos já têm dito que estão sitiados por causa de sanções. As autoridades iranianas vêm mencionando há meses uma guerra econômica. Para eles, essas provocações e escaladas são partes de não se render às demandas dos EUA na campanha de pressão máxima de Trump. Eles têm recursos bélicos e pouco a perder, o que torna a situação potencialmente explosiva", diz Rafati.Mariana Sanches - @mariana_sanches
Professor Edgar Bom Jardim - PE

O mundo se olha e se espanta

Tantas são as expectativas que os espelhos se tornam escassos. Os olhares se multiplicam de forma acelerada. Cada dia é um dia e não dá para confirmar calendários. As incertezas nos visitam. Os discursos buscam misturar complexidades e mudam de tom com aspereza ou sensibilidade inesperadas. O passado aparece e lembra que houve hecatombes, pestes, guerras, rebeliões, durezas, fugas, mesquinharias. Nem por isso as utopias se foram, mas sofreram abalos radicais. O que fazer com as competições e as intrigas? Como acuar os pesadelos e sair dos labirintos mais escuros?
Os saberes se consagram como novidades.É um perigo. Não custa dialogar com Benjamin e observar a força da experiência. A tecnologia traz curas, mas também desfaz possibilidades de punir as competições. O peso do valor de troca enaltece mercadorias. Não esqueça do que Benjamin afirmou nos seus escritos. É preciso desconfiar do efêmero, desenhar relações sociais afetivas, sentir os outros, carregar cores que iluminem os instantes. Seduza-se pelos poemas de Neruda e analise quem foge da mesmice. Camus mostrou as idas e vindas do absurdo, as revoltas, os abandonos, merece sempre espaço nas nossas mentes.
O espanto é um deslocamento. Chama para o desafio e flutua acima do homogêneo. As singularidades garantem que os espelhos se renovem e movam imagens de encantamentos. Assim, a história segue não adivinhando o futuro, porém questionando as cartografias que podem ser refeitas. Os mitos primordiais não abandonam o mundo, as tragédias balançam nossos desejos e moram nas nossas incompletudes. Quem despreza Prometeu? Quem nega o sofrimento de Édipo? Quem se alerta com a solidão de Narciso?
É o olhar de cada um que arquiteta a escrita da história e compreende que a palavra ajuda a desfiar mistérios. Não há como fechar as cortinas do mundo, desmontar cenários que nunca envelhecem. As lições existem, as permanências anunciam aberturas para repensar o que incomodava e tirava o sono. É o diálogo que atiça a história, é o imaginário coletivo que sacode as poeiras do mundo e ferve o prazer do texto da lucidez. Respirar faz transformar a atmosfera, despoluir as amarguras e ressuscita as saudades que que batem no paraíso e consolidam os entrelaçamentos dos tempos. Nada está agarrado radicalmente pelo exato, tudo passa pelas coragens das incertezas do acaso. Há voos e asas poderosas, resta contemplá-las e firmar o desejo de não cair no mesquinho. O espelho é o outro?
Por Paulo Rezende
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 4 de janeiro de 2020

Lembrança do Brasil atual:Carne de urubu é vendida como galinha caipira em feira





 | Reprodução

Começaram a circular nas redes sociais, neste final de semana, fotos de urubus mortos que estariam sendo vendidos como galinha caipira em uma feira. Algumas pessoas chegaram a falar que o caso era em Belém, porém, de acordo com o Portal Na Hora, o registro foi feito em Manaus.  
Nas imagens, é possível ver as aves sendo depenadas e as cabeças ao lado. A carne do urubu estaria sendo vendida ao preço “promocional” de R$ 5 o quilo.
Ainda de acordo com a publicação no portal, os urubus são capturados com linha de pesca e anzóis com isca.
O portal ouviu ainda um médico para falar sobre o consumo de urubu, que afirmou que a carne do animal não é recomendável, pois ave é necrófaga – se alimenta de animais mortos – e possuem bactérias de putrefação que podem provocar infecção alimentar e outros danos à saúde humana.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Realidade:Número de brasileiros vivendo de ‘bico’ é o maior da história


Do G1:
O ano de 2019 foi marcado por um desemprego ainda resistente, mas com a quantidade de pessoas que trabalham por conta própria e sem carteira assinada, os chamados informais, batendo sucessivos recordes históricos. A taxa de informalidade no mercado de trabalho superou o patamar de 41%, a maior proporção desde 2016, quando o IBGE passou a investigar esse índice. Ou seja, de cada 10 trabalhadores ou empregadores, 4 estão atuando na informalidade
O G1 entrevistou pessoas que encontraram no trabalho informal uma fonte de renda que ajuda na sobrevivência ou até no pé de meia. No entanto, a estudante do ensino médio, a universitária e o bacharel são o retrato de um mercado de trabalho que absorve mão de obra, mas nem sempre possibilita que os profissionais ocupem o espaço de acordo com sua formação ou seu propósito de vida.
Além disso, eles acabam ganhando menos por não ter carteira assinada, que assegura os direitos previstos na CLT. “O trabalhador desempregado passa a fazer bicos, trabalhar em novas atividades, abaixo do nível de qualificação e tempo disponível, mas ele aceita isso porque precisa gerar alguma renda para a família”, afirma o Carlos Honorato, consultor econômico e professor da FIA e Saint Paul.
diariodocentrodomundo.com.br/
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Lembrança do Brasil: crianças que só têm alimentação na escola passam fome nas férias



No Brasil, 2,5% da população passou fome em 2017. Isso corresponde a 5,2 milhões de pessoas. O dado é do relatório ‘O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo 2018?, da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
Além disso, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), um em cada quatro brasileiros vivia em situação de pobreza em 2017, o equivalente a 54,8 milhões de pessoas.
Muitas dessas crianças em situação de pobreza dependem das escolas que frequentam para se alimentarem. E o período de férias, que parece tão bom para outras crianças, pode ser aterrorizante para elas.
No Paranoá Parque, conjunto habitacional do Minha Casa Minha Vida que fica a 25 minutos de distância do Palácio do Planalto, em Brasília, as crianças passam os dias livres empinando pipa, de estômago vazio. “No final da tarde, elas me pedem, ‘tia, tem um pãozinho aí para mim?’ Se chega pão de doação, acaba tudo em um minuto”, contou Maria Aparecida de Souza, líder comunitária no bairro, em entrevista para a BBC News Brasil.
Em 2017, um menino, na época com oito anos, desmaiou de fome durante as aulas e virou notícia nacional. Ele estudava em um colégio a 30 km de distância de sua casa, onde recebia como refeição apenas bolacha e suco. De lá para cá, a situação dos quase 30 mil moradores da área não parece ter melhorado.
A fome parece atingir todos os cantos do Brasil. Até mesmo sua cidade mais rica: São Paulo. Um professor da rede pública paulistana contou à BBC o caso de uma aluna do período noturno que, sem comida em casa, levava o filho menor para também se servir da merenda.
Outra entrevistada pela reportagem da BBC falou sobre a dificuldade de alimentar os filhos nas férias. “Me corta o coração eles quererem um pão e eu não ter. Já coloquei os meninos na escola pra isso mesmo, por causa da merenda. Um pouquinho de arroz sempre alguém me dá, mas nas férias complica”, afirma Alessandra, que, desempregada, coleta latinhas na comunidade de Paraisópolis, em São Paulo, onde mora.
Diferentes pesquisas acadêmicas indicam que o acúmulo de deficiências nutricionais, seja causado pela fome, seja pelo consumo de alimentos de baixa qualidade, pode causar impacto na habilidade de aprendizado infantil.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Sinal de perigo para o PSB no Agreste de Pernambuco


O PSB decepciona e poderá sofrer derrotas políticas nas eleições deste ano em Limoeiro e Surubim, ambas cidades do Agreste Setentrional. A atual conjuntura administrativa é desanimadora para a população. Ambas cidades ocupam papel de destaque na economia regional.  As administrações têm sido mal avaliadas pela população. João Luís filho, ex-vereador atuante, esforçado conseguiu chegar a tão sonhada chefia do governo municipal, no entanto, não consegue acertar o passo. Será que foi macumba ou enfrenta inimigos disfarçados de amigos dentro do governo.

                                           Prefeita Ana Célia

A mesma situação se repete em Surubim. A prefeita Ana Célia, aliada histórica dos socialistas também não faz a administração desejada. Faltam ações, projetos, cumprimento de metas.  Sobram problemas com o funcionalismo público, com o bom andamento nas áreas de saúde, educação, infraestrutura, agricultura e cultura. O PSB poderá perder o comando político nestes importantes municípios administrado por aliados de primeira do governador Paulo Câmara. O que era para ser exemplo de boa gestão tem se transformado em dor de cabeça. Essa situação tem fortalecido os opositores tradicionais, como também, a turma aliada ao presidente Bolsonaro. Sobram críticas, comentários negativos aos gestores e suas equipes de assessores (secretários). Acompanhe abaixo a matéria de Blog do Agreste sobre possíveis mudanças em Limoeiro.
Foto | Edvaldo Carvalho
O secretariado da prefeitura de Limoeiro começa 2020 com mudanças planejadas. O prefeito de Limoeiro, João Luís (PSB), informou que não ocorrerão exonerações, apenas remanejamentos. Ele não anunciou quais serão as mudanças, porém, garantiu que acontecerão nos primeiros dias de janeiro. A nossa reportagem observou mais de 30 mudanças no primeiro e segundo escalões nos três primeiros anos da gestão. Indagado sobre as muitas entradas e saídas, João Luís disse que mudará quantas vezes avaliar necessário.

Uma fonte ligada ao prefeito adiantou que o professor Luiz Gonzaga estaria deixando a Secretaria de Educação e Esportes para assumir a pasta de Planejamento, mas a informação ainda não foi confirmada pelo chefe do executivo. Nos bastidores também circula a notícia de que alguns secretários municipais planejam deixar os cargos para disputar vagas de vereador nas Eleições 2020, com isso, saídas poderão ocorrer nos próximos meses, obedecendo à data limite estabelecida pela Legislação Eleitoral.

Com Blog do Agreste/ Visão Surubim.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Como a crise entre Irã e EUA pode afetar os preços dos combustíveis no Brasil



Bomba de gasolinaDireito de imagemPA
Image captionPolítica de preços para a gasolina e o diesel no Brasil é de acompanhar a cotação internacional do barril de petróleo
A escalada de tensão entre Irã e EUA nesta sexta-feira (03/01) levou o preço do petróleo ao maior valor desde o ataque a uma refinaria na Arábia Saudita, no mês de setembro.
Com a notícia da morte do general iraniano Qasem Soleimani, alvo de um ataque aéreo americano na quinta-feira, a cotação do barril do tipo Brent chegou a subir 4% na manhã desta sexta, elevando o preço a US$ 70.
O Irã é o décimo maior produtor de petróleo do mundo, de acordo com a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Mais que isso, é um dos países que controlam o Estreito de Ormuz, a passagem que liga o Golfo Pérsico ao oceano, por onde é escoado cerca de um quinto da produção global da commodity.
É por isso que qualquer possibilidade de conflito na região pressiona para cima os preços. Um eventual bloqueio do Estreito de Ormuz reduziria drasticamente a oferta global de óleo cru, já que a produção de países como Iraque, Arábia Saudita e Emirados Árabes, além do próprio Irã, teria dificuldade para ser exportada.
Por que o estreito de Ormuz é importante e tem impacto na gasolina que você compra
Para todos os países que tomam como parâmetro as cotações internacionais para definir os preços de combustíveis, uma mudança no patamar de preço do petróleo significa reajuste da gasolina e do diesel.
Esse é o caso de Brasil. Aqui, os preços já vêm subindo desde outubro, afirma o economista-chefe da Macrosector consultores, Fabio Silveira, devido à valorização do dólar, outro componente importante na formação do preço, e pelo próprio comportamento da cotação do petróleo.
A morte do general iraniano intensifica uma tendência de alta que se desenhava desde o segundo semestre de 2019, destaca em relatório a economista da consultoria Oxford Economics Maya Senussi.
Além do ataque em setembro à refinaria da Saudi Aramco, a estatal de petróleo saudita, o cenário de melhora da demanda para 2020, com possível arrefecimento da guerra comercial entre China e EUA, e um controle da oferta por parte dos países da Opep (restringindo a venda de parte da produção) vinham elevando os preços nos últimos meses.
"Uma potencial interrupção no fornecimento causado por novas escaladas (de tensão) representam risco de aumento para os preços de petróleo no curto prazo, a despeito dos estoques hoje disponíveis e resultantes da restrição de oferta da Opep", ela avalia.
Gráfico
Soleimani era chefe de uma unidade da Guarda Revolucionária iraniana, a Força Quds, e um dos homens mais poderosos do Irã, apontado como um dos responsáveis pela estratégia militar e geopolítica do país.
Ele foi morto no Iraque, pouco depois de desembarcar com uma comitiva no aeroporto de Bagdá, em um bombardeio ordenado pelo presidente americano, Donald Trump.
A justificativa foi de que Soleimani teria provocado mortes de americanos no Oriente Médio e de que era um dos estrategistas por trás dos planos iranianos de novos ataques.
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, e o presidente Hassan Rouhani prometeram retaliação.
"Dependendo da reação, a escalada de preços pode ser ainda pior", avalia Silveira. "De qualquer forma, não devemos voltar ao patamar de US$ 60 (do barril do tipo Brent) tão cedo", completa.
Ali Khamenei (à esquerda) e Qasem Soleimani (à direita)Direito de imagemEPA
Image captionSoleimani (dir.) era considerado próximo do líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei

'Se subir muito, complica'

Ao comentar a alta súbita do preço do petróleo nesta sexta, o presidente Jair Bolsonaro admitiu que os preços de combustíveis no Brasil devem sentir o impacto.
"Que vai afetar, vai", afirmou a jornalistas na saída do Palácio da Alvorada. "Agora vamos ver o nosso limite aqui", completou.
Nesse sentido, existe um temor de que o presidente possa intervir na política de preços da Petrobras para conter a alta de preços.
Isso porque, em abril do ano passado, a estatal chegou a suspender, por determinação de Bolsonaro, um reajuste no preço do diesel.
Diante da repercussão negativa — as ações da Petrobras chegaram a cair 8% em um dia —, o ministro da Economia, Paulo Guedes, tentou apaziguar o mercado e declarou, depois de uma reunião com o presidente, que ele "havia entendido como funcionava a formação de preços da estatal" e que não interferiria mais.
O receio por parte dos investidores tem um precedente recente — a intervenção na Petrobras marcou a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff.
Entre 2014 e 2015, em um período em que o preço do barril de petróleo estava em alta e que a inflação estava pressionada no Brasil, o governo determinou que a petroleira vendesse combustíveis mais baratos do que a cotação internacional do petróleo exigiria.
Como a Petrobras, além de produzir, também importa combustível, essa política acabou impondo prejuízos bilionários à companhia, que afetaram seu desempenho até 2017.
Nesta sexta, quando questionado sobre sua posição em relação a um possível reajuste de preços após a alta do petróleo, Bolsonaro respondeu que "não pode tabelar nada", apesar de ter dito antes que, "se subir muito, complica".

Ruim para o consumidor, bom para a Petrobras

PetrobrasDireito de imagemUESLEI MARCELINO/REUTERS
Image captionPreços mais altos podem aumentar faturamento da Petrobras com exportações
Se uma alta deve pesar no bolso dos consumidores, que pagarão mais caro pela gasolina e pelo diesel, pode ser boa para o caixa da Petrobras.
A estatal tem produzido e exportado mais, destaca Silveira, especialmente com a exploração do Pré-Sal.
Em novembro, a produção atingiu 3,09 milhões de barris de petróleo por dia. Desse total, 2,065 milhões vieram da reserva, aumento de 42,5% em relação a novembro de 2018, conforme os números mais recentes da Associação Nacional do Petróleo (ANP).
"Um aumento nos preços de exportação pode ter impacto positivo inclusive na balança comercial brasileira", acrescenta o economista.

O que está acontecendo com EUA e Irã?

As tensões entre Estados Unidos e Irã são antigas, mas ganharam novo fôlego em 2018, quando o presidente Donald Trump decidiu reimpor as sanções que haviam sido suspensas em 2016 por seu antecessor.
Obama tomara a decisão depois de a Agência Internacional de Energia Atômica anunciar, em janeiro daquele ano, que o Irã havia cumprido os termos do acordo nuclear que havia firmado com os Estados Unidos e outros países em 2015.
Em maio de 2018, entretanto, Trump retirou os EUA do acordo e, meses depois, reintroduziu as sanções aos iranianos.
À medida que o embargo foi endurecendo, as tensões entre os dois países aumentaram. Os EUA chegaram a acusar o Irã de estar por trás do bombardeio à refinaria da Saudi Aramco em setembro — o que foi negado por Teerã.
A morte de Qassem Soleimani acontece após uma troca de ofensivas entre os dois países que começou no dia 27 de dezembro, quando uma base militar de aliados americanos foi atacada no Iraque.
Os americanos retaliaram no dia 29 e, na véspera de Ano Novo, milícias iraquianas — segundo Trump, cumprindo ordens do Irã — invadiram o perímetro da Embaixada dos EUA em Bagdá, que ficou sitiada por 24 horas.

Professor Edgar Bom Jardim - PE