terça-feira, 3 de setembro de 2019

A política econômica autodestrutiva do Brasil











O governo comemorou o crescimento do PIB de pífios 0,4% no segundo trimestre e ameaça jogar o País no sexto ano de estagnação ao definir um orçamento para 2020 que aprofunda o arrocho iniciado com o ajuste fiscal. Isso acontece porque o Brasil não está sendo administrado como um país, mas como um banco de negócios e reconhecer isso é importante para entender porque o governo mostra-se sem condições de resolver o problema principal da economia, que é recuperá-la da recessão de 2015 e 2016, analisa o economista Antônio Correa de Lacerda, professor da PUC de São Paulo.
Segundo Lacerda, “há quem diga que ‘o governo Bolsonaro é ruim, mas a equipe econômica é de primeira qualidade’. Eles são competentes? Mas como? Vamos considerar o caso do ministro da Economia Paulo Guedes. É um ‘chicagueano’ que aprendeu lá nos anos 1970, mas hoje nem a Universidade de Chicago defende mais aquilo. Como não evoluiu academicamente, ele fica repetindo o que aprendeu naquela época.  Há muito tempo Guedes deixou de ser economista, virou um banqueiro de negócios. Tanto que a visão dele no governo é de banco de negócios, de fazer transações e vender estatais.”
Em um cenário em que a classe média está com seus orçamentos muito apertados, o que explica parte da crise dos grandes centros com fechamento de grande número de de restaurantes, bares, lojas, pequenas empresas por falta de movimento, é crucial acompanhar de perto ao menos dois indicadores, o desemprego e o crédito. “O desemprego é muito importante, pela questão social e econômica. Um desempregado a mais é um consumidor a menos. E a questão do crédito também. Emprego e crédito são demanda. Em relação ao crédito, o governo está tirando os bancos públicos do mercado e não coloca nada no lugar. Isso é dramático”, sublinha Lacerda.
O governo diz que o dinheiro acabou e ameaça ampliar a paralisia de serviços e atividades. ”Desde o final do primeiro governo de Dilma Rousseff o investimento público vem diminuindo e hoje encontra-se num nível reduzidíssimo, insuficiente para cobrir a depreciação dos ativos fixos, por exemplo de infraestrutura física. Contribuiu para isso a mudança na orientação de política, que passou a ser mais restritiva na área fiscal. Primeiro com o ministro da Fazenda Joaquim Levy no  segundo governo de Dilma Rousseff, depois com Henrique Meirelles e Temer e atualmente com Paulo Guedes e Bolsonaro. Portanto, desde o final do primeiro governo Dilma o investimento público caiu muito. Depois, com a emenda constitucional do teto dos gastos, o governo encontra-se numa camisa de força”, analisa o economista Paulo Morceiro, pesquisador do Núcleo de Economia Regional e Urbana da USP e da Fipe, da mesma universidade.
A partir de 2015, ressalta, a economia que desde a década de 1980 crescia pouco e de modo descontínuo, como um voo de galinha, passou a apresentar “voos de pintinho”. “Acredito que a queda do investimento público é o componente principal para explicar nosso “voo de pintinho”. No Brasil, tradicionalmente, o investimento público puxou o privado. Por isso, é importante que ele seja retomado para tirar o País do fundo do poço em que se encontra”, chama atenção o economista.
TEMER E MEIRELLES
A política de aumento da demanda e do investimento público recomendada pelos economistas heterodoxos ao governo “é algo conhecido na literatura mundial e praticado em grandes crises como a de 1929 e a de 2009”, destaca Morceiro. O governo, diz, não tem mais a margem de manobra que tinha antes do teto de  gastos, mas ainda conta com espaço. “O País é imenso, tem vários instrumentos de política, empresas nacionais, bancos de desenvolvimento regional e nacional. O ideal é flexibilizar a lei do teto dos gastos para aumentar os investimentos públicos. Economia não é como orçamento familiar, o governo pode se endividar, emitir dívida. E dívidas emitidas em períodos de crise como essa são muito mais compensadoras porque se deixar a situação se agravar o desemprego vai aumentar, mais pais de famílias vão perder seus empregos, deixarão de pagar dívidas e mais adiante, se isso se aprofundar, será necessário assumir dívidas muito maiores. Com algumas medidas pontuais, ainda é possível fazer a economia ao menos respirar”, propõe Morceiro.
O economista compilou propostas suas e de colegas de profissão para desbloquear a economia, com foco em infraestrutura, construção e saneamento: 1) permitir a compra do segundo imóvel com recursos do FGTS ; 2) usar recursos não recorrentes de leilões e privatizações para retomar as obras paradas; 3) utilizar 15% das reservas internacionais em infraestrutura; 4) negociar com o Congresso recursos para investimento em infraestrutura; 5) zerar o IPI de material de construção; 6) juro real zero para financiamento imobiliário; 7) fortalecer o BNDES e focalizá-lo ainda mais em infraestrutura; 8) acelerar autorizações ambientais; 9) renegociar as dívidas das famílias no atacado; 10) clareza no marco regulatório e hedge cambial de longo prazo; 11) flexibilizar o teto de gastos para investimento público.
LEVY E DILMA
Entre as propostas para atacar a paralisia econômica destacam-se o Plano Emergencial de Emprego e Renda elaborado neste ano por economistas do Partido dos Trabalhadores e a Agenda de Propostas para a Infraestrutura 2018 da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib
 O plano do PT inclui nove diretrizes com o objetivo de criar 7 milhões de empregos em curto e médio prazo: 1) contratar, através do Programa Empregos Já, 3 milhões de pessoas para trabalhos temporários de zeladoria e recuperação urbana como limpeza, poda de árvores, manutenção de ruas e calçadas; 2) retomar as 7,4 mil obras paradas no País; 3) reativar o programa Minha Casa, Minha Vida, reduzido em 75% pelo governo e voltar a construir 500 mil unidades em média por ano; 4) voltar a aumentar o salário mínimo anualmente, acima da inflação, em benefício de mais de 48 milhões de trabalhadores; 5) expandir o Bolsa Família; 6) renegociar, com ajuda dos bancos públicos, as dívidas das famílias a juros baixos e limpar o nome dos devedores na praça.; 7) usar o petróleo do pré-sal em benefício do povo brasileiro tornando o preço dos combustíveis mais barato e estável. “Sua exportação, refino e comercialização vão estimular a indústria, gerando mais emprego e renda.”; 8) destravar o BNDES para que ele volte a investir na indústria local aumentando a produção, gerando ainda mais empregos e fazendo a economia girar de novo; 9) voltar a corrigir a tabela do Imposto de Renda pela inflação beneficiando milhões de famílias que vão reverter esse ganho em consumo e movimentação da economia.
A agenda da Abdib inclui propostas “que impactam e causam efeitos em praticamente todos os setores de infraestrutura” abrangendo segurança jurídica, planejamento de longo prazo, governança de agências reguladoras, modelo de financiamento e garantias, gestão socioambiental na infraestrutura, regras de contratação pública, procedimentos para desapropriações por utilidade pública, arcabouço legal para elaboração de estudos e projetos de infraestrutura e modelo de concessões. Um segundo grupo de propostas volta-se para os sub-setores da infraestrutura, cada um deles com regulação e desafios específicos.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

A depressão no cotidiano

Há muitas impressões que circulam como se fossem verdades irrefutáveis; O Brasil foi muito exaltado pela sua alegria, suas festas, sua cordialidade. Tornou-se comum até se negar a violência e acusar outras culturas. O Brasil parecia uma exceção num mundo carregado de conflitos. Mas a exploração continua, o descontrole social se afirma e as cidades vivem tensões constantes. No Carnaval, os ruídos surgem com máscaras e ritmos animados. Os interesses sacodem patrocínios e a grana corre solta. Quem se esquece das ações das milicias, dos moradores de rua, da precariedade da saúde? Será que ninguém se toca com os desgovernos ou com a concentração de privilégios? Portanto, tudo se inventa para forjar identidades e esconder desatenções.
Numa pesquisa divulgada, recentemente, dúvidas se firmaram. Será que o riso é fácil ou se manipula de foma assustadora? O índice de depressão, no Brasil, assusta e supera o de outros países. Inquietam-se os fabricadores de de sociologias fantasiosas. Não me surpreendo. Trabalho faz tempo com educação e observo comportamentos fugidios, medos, falta de expectativa profissional, afetividade desconfiada. Não é incomum enfrentar agressividades ou apatias permanentes. Fico perplexo. O desencantamento se amplia no meios de promessas de consumo nada saudáveis. Não é fácil assistir ao desmonte de valores, ao crescimento do desemprego, aos discursos com deboches e a escassez de solidariedade.O sossego não existe.
A depressão se estende e as dificuldade de contê-la é um desafio. Não adianta isolar a questão. O sistema exige desempenho, trabalho nos feriados, paga salários curtos, pune qualquer rebeldia elogia à servidão. Estimula-se o culto a bens materiais, as religiões ganham espaço par cobrar seus dízimos. A generosidade se apaga. Se a cultura da competição, da vitrine, da ambição se multiplica, a depressão não se vai. Há remédios, terapias, farmácias espalhadas pelas ruas, felicidades escondidas nas propagandas. Mas as perguntas mostram que os impasses são grandes. Como se desviar de solidões? Como encontrar outras travessias na construção de diálogos e aconchegos? Quem imagina para além da mesmice?
O Brasil passa por intrigas políticas perigosas. As polarizações criam fantasmas medonhos. a desconstrução é inegável, porém ela preserva interesses e consolida riquezas. A politica tergiversa, desmancha éticas, transforma-se num grande negócio. Abre-se o espaço para desesperança, para uma vida programada para mediocridade. Nota-se que as ações perversas são justificadas por ideais de progresso. A alegria é passageira e a hipocrisia traz intimidações e desprezos. Continuar apostando nos segredos de reformas autoritárias não é garantia de mudanças. As epidemias mudam e atacam com uma radicalidade cruel. A mente e o coração necessitam respirar e anular as descontroles. Por Paulo Rezende.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 1 de setembro de 2019

O tempo em que o Rio de Janeiro secou após destruir floresta por café


Alto da Boa Vista no século 19Direito de imagemBN DIGITAL
Image captionAs árvores da mata da Tijuca eram cortadas e usadas para a produção de carvão. Depois davam lugar às plantações. Também havia pastos e plantações de legumes e frutas.
A densa floresta que hoje serve de moldura para as paisagens paradisíacas do Rio de Janeiro já foi quase careca em algumas partes. No século 19, suas árvores foram derrubadas para dar lugar principalmente a plantações de café, produto cada vez mais lucrativo naquela época. Até hoje quem caminha pela Floresta da Tijuca e Paineiras esbarra em ruínas de construções desse período.
Viajantes estrangeiros que estiveram no Rio naqueles anos escreveram que não raro a fuligem das queimadas na Floresta da Tijuca e matas adjacentes chegava a encobrir o sol do meio dia, dizem pesquisadores.
O desmatamento, somado ao aumento da população, ao clima seco em alguns anos e à falta de infraestrutura no Rio, acabou, por vezes, deixando a capital imperial sem abastecimento de água.
A consequência foi o surgimento de um mercado paralelo de venda de água, a disseminação de doenças e, alguns anos depois, o replantio de mais de 100 mil árvores, no que foi o maior esforço de reflorestamento em floresta tropical do mundo até então.
A iniciativa se deveu também, dizem pesquisadores, a uma cultura intelectual de valorização da preservação da natureza que ganhava força naquela época
A BBC conversou com historiadores e geógrafos para reconstituir essa ocupação, o desmatamento, o impacto na população da época e o reflorestamento da mata que hoje faz parte do Parque Nacional da Floresta da Tijuca.
Parque Nacional da TijucaDireito de imagemDIVULGAÇÃO
Image captionA mata desmatada era parte do que hoje constitui o Parque Nacional da Tijuca

Como era o plantio de café na mata carioca

O plantio do café no Brasil começou no Pará e logo migrou para o Rio de Janeiro, no final do século 18. Mas foi no século 19 que o produto brasileiro realmente começou a decolar no mercado externo e com isso sua produção para a exportação aumentou.
Em 1808, a Família Real portuguesa desembarcou no Brasil, trazendo consigo um número de pessoas para o qual a cidade não estava preparada. Nas palavras de Pedro Menezes da Cunha, diplomata, pesquisador da história das matas cariocas e ativista em defesa delas, "a Floresta da Tijuca nunca mais foi a mesma".
Segundo conta Menezes da Cunha, Dom João 6º permitiu que estrangeiros fixassem residência no Brasil e convidou para o país nobres e fazendeiros franceses que haviam deixado seu país durante a Revolução Francesa e o período napoleônico.
Esses estrangeiros – não só franceses, mas também holandeses e de outras nações europeias – compraram terras nas partes altas da Floresta da Tijuca, onde o clima mais ameno. A região virou o ambiente da alta sociedade do Rio de Janeiro, onde as famílias ricas se refugiavam do calor no verão.
Mas além disso, aquele ambiente era mais adequado ao plantio de café, avesso a temperaturas altas. "O padrão era comprar, desmatar, vender a madeira como carvão vegetal e plantar café no terreno 'limpo', descreve Menezes da Cunha em seu livro Parque Nacional Da Tijuca : 140 Anos Da Reconstrução De Uma Floresta, escrito em co-autoria com Marcos Sá Corrêa e Ricardo Azoury.
Escravos levando caféDireito de imagemBN DIGITAL
Image captionGravura de Jean-Baptiste Debret mostra escravos transportando café
Ilustrações da época mostram bem como era a paisagem: encostas recortadas por grandes faixas de plantação de café; nas partes planas, grandes casas.
Como conta o professor Rogério Ribeiro de Oliveira, do Departamento de Geografia da PUC-Rio, também havia carvoarias na Floresta de Tijuca. Sua equipe de pesquisa já localizou cerca de 200 delas. As árvores cortadas da floresta eram usadas para a produção de carvão vegetal e depois davam lugar às plantações. Também há registros históricos que mostram que nas montanhas havia pastos e plantações de legumes e frutas.
Houve até uma tentativa de cultivo de chá, feita com trabalhadores vindos de Macau, na China, que à época era colônia portuguesa. É daí que vem o nome de um ponto turístico atual da Floresta da Tijuca, a Vista Chinesa. As plantações, no entanto, não vingaram.

Como o desmatamento afetou o abastecimento

Historiadores e geógrafos dizem que o Rio de Janeiro tem problemas de abastecimento de água desde sua fundação, em 1565, no alto de um morro, perto de onde hoje fica o bairro da Urca. Segundo informações da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), a principal fonte à época era uma lagoa, que era chamada de "lagoa de água ruim". O primeiro aqueduto só foi concluído em 1723. Nireu Cavalcanti diz que já havia desde o século 17 legislação para proteger as nascentes, mostrando que o assunto já era uma preocupação antes mesmo do aumento de plantação de café.
"A cidade sempre sofreu com estiagens e tinha poucas alternativas de fontes de água", diz o geógrafo Rogério de Oliveira. "As plantações de café do século 19 foram instaladas nas partes altas, mais frescas, onde as condições climáticas eram melhores para o seu plantio, e essas são justamente as áreas de nascente dos rios", diz ele.
Gravura de Jonathan Needham mostra o Aqueduto da CariocaDireito de imagemBN DIGITAL
Image captionGravura de Jonathan Needham mostra o Aqueduto da Carioca, mais tarde conhecido como Arcos da Lapa. A construção, do século 18, trazia a água das nascentes do rio da Carioca, ao longo das encostas da serra de Santa Teresa, até o Largo da Carioca
O professor explica como o desmatamento afeta o volume de águas nos rios. A floresta, diz, é um ambiente de infiltração. Com a floresta funcionando normalmente, a água da chuva vai batendo nas copas das árvores, dissipando energia, por isso, quando chega no solo, chega com menos força. Não encontra a terra, mas a serrapilheira (camada de folhas), que é uma espécie de esponja, que acumula três vezes seu peso em água. Sem a mata, a água cai com muito força e desce morro abaixo, sem infiltrar a terra, o que seca as nascentes.
"O café tinha outro problema, ligado ao fato de que ele era plantado em linhas morro abaixo. Isso fazia com que se abrissem pequenos canais, onde a água corria direto."
Isso se somou ao aumento populacional na cidade, que fez crescer a demanda por água, e o histórico problema de falta de infraestrutura de abastecimento.

Como o desabastecimento afetava a população

Em anos de menos chuva, o problema do desabastecimento se agravava. Historiadores citam alguns anos como especialmente críticos: 1824, 1829, 1833, 1834, 1844 e 1856.
"Era o que você imagina – mau cheiro, doenças", diz Menezes da Cunha.
Claudia Heynemann, pesquisadora do Arquivo Nacional e autora de Floresta da Tijuca: natureza e civilização, publicado em 1994, diz que "o Rio de Janeiro era uma cidade assolada – por seca, pela dificuldade de canalização da água, por doenças e epidemias, muito calor. Os relatos dos estrangeiros davam conta disso, mas havia também um tom de preconceito da parte deles", diz ela.
Desenho mostra escravo carregando água em 1825Direito de imagemBN DIGITAL
Image captionDesenho mostra escravo carregando água em 1825
O historiador Nireu Cavalcanti conta que a coroa teve que colocar policiais para proteger os chafarizes. "Foram estabelecidas cotas e quem tinha fonte de água dentro de sua propriedade foi convocado a liberar o acesso para que a população pudesse usufruir também", diz ele.
Cavalcanti lembra que nessa época se fortaleceu a profissão de aguadeiros, vendedores de água, mas os preços cobrados eram altos.
"A solução clássica é buscar água mais longe. Quem tinha escravo, mandava buscar. Houve até casos de pessoas pegando caravelas e viajando para buscar água em outros lugares porque os mananciais secaram", conta o geógrafo Rogério de Oliveira.

Reflorestamento e soluções para o abastecimento

Com o agravamento do problema, dizem os pesquisadores, o desmatamento começou a ser apontado como causa.
"A Tijuca, cujos mananciais vinham cada vez mais sendo aproveitados para abastecimento da cidade, fez com que em 1857 a atenção do governo se voltasse para as suas florestas", contou o escritor Gastão Cruls no livro Aparência do Rio de Janeiro, publicado em 1949.
"As fazendas aí abertas uns trinta anos antes e queimadas subsequentes tinham-lhe quase completamente acabado com a pujante vegetação. Urgia reflorestá-la", escreve Cruls.
Claudia Heynemann lembra que havia uma tradição intelectual na Europa e nos Estados Unidos que também ressoava aqui e que preparou o terreno para a aceitação da ideia de reflorestamento.
"José Bonifácio (naturalista e estadista brasileiro) já falava disso no século 18. E havia também uma crítica a um tipo de agricultura, que era o modelo agrário exportador, que era a cultura do próprio café, à exploração do trabalho escravo, como um tipo de agricultura atrasado. Os próprios ministros de Dom Pedro 2º diziam isso", diz ela.
"Isso aconteceu numa época em que começava a surgir uma consciência ambiental. No mundo ocidental, estavam discutindo os efeitos negativos da Revolução Industrial, e nessa esteira foram criados diversos parques nacionais nos Estados Unidos", diz Menezes da Cunha.
Heynemann cita como exemplos do desenvolvimento dessa ideia de preservação a criação do Imperial Instituto Fluminense de Agricultura, que administrou o Jardim Botânico, a as aulas de Engenharia Florestal que passaram a ser lecionadas na Escola Politécnica.
"Apesar de ser algo extraordinário (o reflorestamento), não era excepcional que se preocupasse com isso", diz a pesquisadora.
Fonte em homenagem a Dom Pedro IIDireito de imagemBN DIGITAL
Image captionFonte em homenagem a Dom Pedro 2º
O processo começou em 1861, quando o Visconde do Bom Retiro deu ao Major Manoel Gomes Archer a missão de replantar as árvores da floresta.
A coroa então desapropriou as terras e pagou indenizações aos fazendeiros. Segundo Cavalcanti, eles não tiveram muito espaço para manobra – o máximo que podiam fazer era contestar o valor que receberiam.
A Floresta da Tijuca foi então fundada, e o processo de reflorestamento durou décadas. Enquanto isso, foram sendo criadas soluções de curto prazo, por exemplo, a construção de caixas d'água na mata da Gávea Pequena.
"A essa altura", diz o livro de Menezes da Cunha e colegas, "já se tinha como ponto pacífico, contudo, que as águas da Tijuca não seriam suficientes para o abastecimento do Rio de Janeiro. Nesse sentido, ainda no fim do século XIX e primeira metade do século XX, grandes projetos de captação na Pedra Branca e de transposição do Tinguá e do Guandu reduziram significativamente a dependência da Cidade com relação aos mananciais da Tijuca."
"Mas não foi antes dos anos 1940 do século 20 que a cidade melhorou mesmo sua situação de abastecimento, com o início da captação do rio Guandu", diz o geógrafo Rogério de Oliveiro.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 31 de agosto de 2019

O Historiador: calar, consentir, dominar


As relações sociais exigem manipulações que surpreendem e ajudam a fixar privilégios. Criam-se saberes que conversam com poderes e conformam o jogo político da sociedade. Não há regras definitivas, A história é atravessada por surpresas, não existe um destino programado para encerrar as especulações e nos transformar em seres mecânicas. Os desafios se multiplicam com seus lugares e tempos com cores e sons diferentes. Portanto, a construção histórica movimenta possibilidades, requer ousadias, mas também convive com naufrágios e suicídios.
Não há como aprisionar os atos humanos numa continuidade silenciosa. Os ruídos fazem contrapontos, as arquiteturas possuem geometrias que mudam e ameaçam funcionar como labirintos. O historiador ler o mundo, sem determinar uma linguagem exata. Idas e vindas se compõem. Dissonâncias não se vão, os ritmos desenham-se buscando fugir da mesmice. Não há, porém, uma história que esgote ou o tempo com ponto final. Há a permanência de dúvidas, mesmo que os apocalipses sejam imaginados e as angústia nos empurre para a beira do abismo.
Quem domina não se afasta das seduções. Usar a violência para se tornar senhor da história é algo perigoso. Silenciar quem exalta o diferente é uma prática de quem se instala no poder. Há coerções, porém também promessas de salvação que aliviam as tensões. Disciplinam-se os rebeldes com sutilezas. Não se trata apenas de calar para evitar desordens. Exercer o poder pede contacto com os controles da linguagem , capacidade para inventar palavras e não deixar que o conhecimento tenha um único caminho. Nem todos consentem ou se acostumam com as hierarquizações sugeridas por quem vigia e trama para consolidar suas leis.
O contador de história habita um território de moradias desiguais. Com seu olhar tenta descontinuar consensos. Insistir na homogeneidade é mostrar narrativas no que elas mais escondem das relações humanas. Os consensos mascaram conflitos ou diálogos para neutralizar a queda das sociabilidades. A história dá voltas, o corpo se encontra com outros corpos, mudam seus perfumes. O ofício do historiador trapezista está longe da monotonia. É ágil, não teme o acaso. Quando ele se distrai e consagra a linearidades, apaga as magias. Escraviza-se na repetição de metodologias. Não deve consentir, contudo, que a história eleja a coisificação proclamada pela força do reino da mercadoria.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

'A Letra e a Voz' leva recitais e feira de livros ao Marco Zero



Neste fim de semana o Marco Zero está recebendo a 17° edição de “A Letra e a Voz”. O evento tem a intenção de promover a arte e a literatura da região nordestina. Na tarde deste sábado (31), o público podia assistir um recital de poesias, além de comprar livros e cordéis em dezenas de quiosques. A edição começou neste sábado (30) em homenagem ao escritor e poeta Chico Pedrosa.

No local, também há espaço para trocas de livros, em que o público pode doar um livro, escrever dedicatória para quem for recebê-lo e levar outro para casa.

A programação do último dia do evento, neste domingo (1°), conta com a apresentação da Quadrilha Raio de Sol, às 14h; Cordel Animado com Mariane e Milla Bigio, às 15h; Fabiane Ribeiro e Oliveira de Panelas, às 16h apresentam Gêneros e gerações numa cantoria de repente; e para fechar o evento, às 17h, o homenageado participa do ‘Oferendar'. A entrada é franca
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Paradeiro de Fabrício Queiroz é revelado por revista

Reprodução/ Internet
Reprodução/ Internet
Reportagem da revista Veja publicada nesta sexta-feira (30), revelou o paradeiro de Fabrício Queiroz. O ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, foi encontrado na recepção do Centro de Oncologia e Hematologia do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Na únidade de saúde, são realizados os serviços de quimioterapia e radioterapia, além de consultas. Queiroz estava desacompanhado e deixou o local uma hora depois. 

O ex-assessor mora atualmente no mesmo bairro da Zona Sul de São Paulo onde o Hospital Albert Einstein está localizado, o Morumbi. A curta distância auxilia nos deslocamentos de casa até o hospital, feitos de táxi ou uber na maioria das vezes. Queiroz ainda enfrenta a luta contra um câncer de instestino, condição que o fez realizar uma cirurgia no fim de 2018. Sua última aparição pública ocorreu no Einstein no dia 12 de janeiro, quando postou um vídeo dançando após a recuperação de uma cirurgia. Atualmente, as saídas de casa se tornaram raras. 

Queiroz ficou conhecido depois que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), detectou um valor suspeito em sua conta. A tese apresentada pelo Ministério Público é de que o montante teria conexão a um sistema de coleta e repasse de dinheiro de funcionários do gabinete do senador Flávio Bolsonaro quando o mesmo ainda era deputado estadual do Rio de Janeiro. 

Inicialmente, a quantia foi justificada como um lucro de vendas de carros usadaos. Algum tempo depois, o ex-assessor mudou sua versão, afirmando que recolhia parte dos salários dos funcionários do gabinete com o objetivo de contratar mais pessoas para a equipe do chefe, sem conhecimento do próprio. 

O MP identificou uma emissão de cheques de Queiroz no valor de R$ 24.000 para a conta da atual primeira-dama Michelle Bolsonaro. A justificativa foi de que os depósitos foram realizados seriam para quitar um empréstimo pessoal concedido pelo atual presidente Jair Bolsonaro. 

Não existe ordem de prisão ou determinação para depoimento emitida para Fabrício Queiroz. Em julho, o presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli, suspendeu as investigações criminais que utilizam, sem autorização judicial, dados de órgãos como o Coaf, Banco Central e Receita Federal. O ministro afirmou que levaria sua decisão para o plenário do STF até novembro

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Faleceu Dona Naninha, uma grande Mulher do Sítio Freitas de Bom Jardim


Faleceu no Hospital Pelópidas Silveira , na cidade de Recife, no início da manhã deste sexta-feira, 30 de agosto de 2019, a Senhora Ana Maria de Abreu, 85 anos de idade, mãe, vó, bisavó, viúva, agricultora, aposentada, católica fervorosa, moradora da comunidades do Sítio Freitas. 
O corpo de Dona Naninha está sendo velado em sua residência no Sítio Freitas, próximo da PE- 90. O sepultamento irá acontecer às 9 horas, neste sábado(31). Dona Naninha era uma mulher muito querida na comunidade. Desde já, a família agradece a solidariedade e o comparecimento de todos. 


Professor Edgar Bom Jardim - PE