quarta-feira, 3 de abril de 2019

O país onde gays agora podem ser apedrejados até a morte


Homens de mãos dadas e pulseira do arco-írisDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionA homossexualidade já era considerada ilegal em Brunei, com pena prevista de até 10 anos de prisão
O Brunei introduziu novas leis islâmicas, transformando o sexo gay em crime punível com o apedrejamento até a morte
nova legislação, que entra em vigor nesta quarta-feira, também abrange uma série de outros crimes e punições, incluindo amputação em caso de roubo.A iniciativa do pequeno país do sudeste asiático foi amplamente condenada pela comunidade internacional.
Em discurso público nesta quarta-feira, o sultão Hassanal Bolkiah apelou para o "fortalecimento" dos ensinamentos islâmicos.
"Eu quero ver os ensinamentos islâmicos neste país se fortalecerem", afirmou Bolkiah, segundo a agência de notícias AFP, sem mencionar as novas leis
A homossexualidade, no entanto, já era considerada ilegal em Brunei, mas a punição prevista era de até 10 anos de prisão.
A pena de morte também estava prevista na legislação, embora nenhuma execução tenha sido realizada desde 1957.
Os muçulmanos representam cerca de dois terços da população de 420 mil habitantes.
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É a primeira vez que a lei islâmica é adotada?

O país introduziu pela primeira vez a sharia (lei islâmica) em 2014, apesar de protestos da comunidade internacional, o que criou dois sistemas jurídicos: um civil e outro islâmico. O sultão havia dito que o novo código penal entraria em vigor gradualmente ao longo de vários anos
A primeira fase, que contemplava crimes puníveis com penas de prisão e multas, foi implementada em 2014. Mas a introdução das últimas duas etapas, relativas a ofensas que preveem amputação e apedrejamento, foi adiada.
Sultan Hassanal, em 2013Direito de imagemGETTY IMAGES
Image captionO sultão Hassanal Bolkiah, que também é o primeiro-ministro de Brunei, está entre as pessoas mais ricas do mundo
No último sábado, no entanto, o governo divulgou uma declaração em seu site dizendo que o código penal da sharia seria totalmente implementado nesta quarta-feira.

Reação internacional

O anúncio gerou indignação internacional e diversos pedidos para o país voltar atrás.
"Essas cláusulas abusivas foram amplamente condenadas quando os planos foram discutidos pela primeira vez há cinco anos", disse Rachel Chhoa-Howard, pesquisadora da Anistia Internacional no Brunei.
"O código penal de Brunei é uma legislação profundamente falha que contém uma série de normas que violam os direitos humanos", acrescentou.
A Organização das Nações Unidas (ONU) também repudiou a medida, chamando a legislação de "cruel, desumana e degradante" - o que significa um "sério revés" para a proteção dos direitos humanos.
O ator George Clooney e outras celebridades pediram um boicote aos hotéis de luxo que pertencem à Agência de Investimento de Brunei, presidida pelo sultão Bolkiah, que é dona de diversos empreendimentos, incluindo o Beverly Hills Hotel, em Los Angeles, e o The Dorchester, em Londres.
A apresentadora Ellen DeGeneres também pediu que as pessoas "se manifestem".
"Precisamos fazer alguma coisa agora", afirmou.
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Alunos da Escola de Estudos Orientais e Africanos da Universidade de Londres pediram, por sua vez, a mudança de nome de um prédio da instituição chamado Brunei Gallery.

O que prevê as mudanças no código penal?

A nova legislação se aplica principalmente aos muçulmanos, incluindo jovens que estão na puberdade, embora não-muçulmanos estejam sujeitos a alguns aspectos.
Sob as novas leis, indivíduos acusados de certos atos só serão condenados se confessarem ou se houver testemunhas presentes.
- A pena de morte se aplica a crimes como estupro, adultério, sodomia, roubo e insulto ou difamação do profeta Maomé.
- O sexo lésbico recebe uma punição diferente: 40 chibatadas e/ou pena máxima de 10 anos de prisão.
- A pena para roubo é amputação.
- Quem "persuadir, encorajar ou pedir" a jovens muçulmanos menores de 18 anos "que aceitem os ensinamentos de outras religiões que não seja o islamismo" é passível de multa ou prisão.
Indivíduos que não chegaram à puberdade, mas forem condenados por certas ofensas, podem estar sujeitos a chibatadas.

Por que está sendo implementada agora?

Há várias teorias, mas Matthew Woolfe, fundador do grupo de direitos humanos The Brunei Project, acredita que pode estar ligado ao enfraquecimento da economia de Brunei.
"Uma teoria é que é uma maneira de o governo fortalecer seu poder diante de uma economia em declínio que poderia potencialmente levar a alguns distúrbios no futuro", afirmou Woolfe à BBC.
"Associado a isso está o interesse de (Brunei) em atrair mais investimentos do mundo muçulmano, junto com mais turistas islâmicos... isso pode ser visto como uma maneira de atrair esse mercado", completa.
Woolfe também sinaliza que o governo poderia estar esperando a poeira baixar para implementar a nova etapa da legislação.
"Acho que o governo queria garantir que o alvoroço internacional provocado pela implementação da primeira fase em 2014 tivesse acabado (antes da nova implementação), na esperança de que isso acontecesse sem ninguém perceber, " avalia.
As alterações do código penal foram publicadas no site da procuradoria-geral em dezembro, mas só vieram a público no fim de março. Não houve anúncio oficial.

Reação local

A comunidade gay do país expressou choque e medo diante do que classificou como "punições medievais".
"Você acorda e percebe que seus vizinhos, sua família ou até mesmo aquela velhinha simpática que vende fritada de camarão na estrada não pensa que você é humano, ou que está de acordo com o apedrejamento", disse à BBC um homem gay de Brunei, que prefere não ser identificado.
Shahiran S Shahrani Md, de 40 anos, que está atualmente em busca de asilo no Canadá, afirmou que o impacto do novo código penal já podia ser sentido em Brunei.
O ex-funcionário público, que deixou o país no ano passado após ser acusado de insurreição por uma postagem no Facebook que criticava o governo, contou que as pessoas estavam "com medo".
"A comunidade gay em Brunei nunca foi aberta, mas quando o Grindr (aplicativo de relacionamento homossexual) surgiu, ajudou as pessoas a se encontrarem escondidas. Agora, o que eu ouvi é que quase ninguém está usando o Grindr", relatou à BBC Shahiran.
"Eles temem acabar conversando com algum policial fingindo ser gay. Ainda não aconteceu, mas por causa das novas leis, as pessoas estão com medo."
Outro cidadão, que não é gay, mas renunciou ao Islã, disse que se sentiu "apreensivo e entorpecido" diante da nova legislação.
"Nós cidadãos comuns não conseguimos impedir que a sharia seja implementada", diz o jovem de 23 anos que não quis ser identificado.
"Sob a sharia, eu enfrentaria a pena de morte por apostasia (renúncia à religião)."
Já um outro entrevistado nutre esperança de que as leis não sejam aplicadas de forma generalizada.
"Honestamente, eu não estou com muito medo, porque o governo aqui frequentemente blefa com as punições severas. Mas isso pode e vai acabar acontecendo, mesmo sendo raro."

Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 1 de abril de 2019

Falência de gráfica que imprime Enem coloca exame em risco



RR Donnelley imprime as provas do Enem desde 2009
RR Donnelley imprime as provas do Enem desde 2009Foto: RR Donnelley/Divulgação
O anúncio de falência da gráfica RR Donnelley, que desde 2009 imprime as provas do Enem, coloca em risco a realização do exame neste ano. O Enem ocorre em novembro e, para cumprir o cronograma, a impressão das provas deve ocorrer até maio, no máximo. O trabalho realizado para o Enem não é feito por qualquer gráfica, uma vez que a operação demanda reforçado sistema de segurança e tem entraves logísticos.

Colabora para a insegurança a falta de liderançaatual dentro do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), responsável pelo exame. Na semana passada, o presidente do instituto, Marcus Vinicius Rodriguesfoi demitido pelo ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez. 

Já o chefe da da diretoria de avaliação da Educação Básica dentro do Inep, Paulo Teixeira, pediu demissão em solidariedade ao demitido. Essa é a diretoria que cuida do Enem. Questionado, o Inep não se manifestou até as 17h sobre a falência da gráfica, revelada pelo jornal "O Estado de S. Paulo".
Com informação de Folha de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Educação:Os 5 pilares de mudança na formação de professores que revolucionou a educação da Finlândia

O sucesso do sistema educacional da Finlândia tem sido objeto de estudo em todo o mundo desde que o país, que já foi um dos mais pobres da Europa, passou a despontar em rankings internacionais de educação, virou referência por conseguir promover ensino de qualidade de forma igualitária em toda a sua rede e, em consequência, viu seu Produto Iinterno Bruto (PIB) per capita se tornar um dos mais altos do mundo. Na semana passada, a Finlândia foi apontada como o país com o maior índice de felicidade do mundo, pelo World Happiness Report.
Por trás dessa revolução educacional está uma reforma iniciada nos anos 1970 que teve entre seus pontos centrais a qualificação e a valorização da carreira dos professores, explica Minna Mäkihonko, conselheira-sênior para educação docente e para educação inclusiva da Universidade da Finlândia.
Mäkihonko esteve neste mês em São Paulo para uma palestra na Fundação FHC (do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso) e em busca de parcerias para estabelecer projetos com o modelo educacional finlandês no Brasil em escolas e universidades brasileiras.
"O que aprendemos é que apenas aumentar a certificação dos professores não necessariamente impactava a qualidade do aprendizado dos alunos", explicou ela. "Tivemos de olhar para a qualidade dessa educação, para o que oferecemos aos professores."

1 - Preparar docentes para um mundo em mutação

Para Mäkihonko, o ponto principal do treinamento de professores passa por "preparar os futuros professores para um mundo em mutação".
Minna Makihonko em debate em SPDireito de imagemVINICIUS DOTI/FUNDAÇÃO FHC
Image captionMinna Makihonko em debate em SP; especialista finlandesa busca parcerias para trazer modelo educacional do país ao Brasil
"Não sabemos para que tipo de mundo estamos treinando os professores. Por isso, é importante treiná-los para não apenas dar informações, mas ter a capacidade de encontrar, selecionar e analisar conhecimento."
A Finlândia é conhecida por ter adaptado suas salas de aula para o chamado "ensino baseado em projetos", em que os alunos - em vez de terem o conhecimento dividido por áreas estáticas, como matemática, línguas e geografia - aprendem com base em grandes projetos multidisciplinares, com grande autonomia.
Para Mäkihonko, isso exige professores que aprendam, em sua formação, a serem flexíveis e capazes de implementar "atividades inteligentes em situações novas".
Isso reflete uma questão importante da reforma educacional finlandesa: colocar os alunos como agentes ativos de seu próprio aprendizado.
Um relatório de 2010 da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) sobre a educação finlandesa aponta que "as salas de aula são centradas no aluno".
"O objetivo é aumentar a curiosidade dos estudantes e sua motivação para aprender, além de promover sua proatividade, autodirecionamento e criatividade, oferecendo-lhes problemas e desafios interessantes", diz o texto.

2 - Fundamento científico

Colocar em prática esse ensino centrado no aluno não é fácil e exige professores que entendam o processo de aprendizado. Por isso, nas universidades de Educação finlandesas, futuros docentes aprendem "tanto métodos baseados em pesquisas quanto pacotes de ferramentas que possam ser usadas quando eles forem ensinar", explicou Mäkihonko.
E também aprendem a usá-las com autonomia. "No treinamento, podemos dizer a um professor qual livro ou método pode ajudar uma criança com dificuldade em matemática. Mas é ele, com seu expertise e profissionalismo, que vai decidir o que usar. Os professores é que terão de saber quais métodos serão úteis para cada tipo de situação."
Vista de Helsinque, capital da FinlândiaDireito de imagemREUTERS
Image captionVista de Helsinque, capital da Finlândia; país tem um dos mais altos PIBs per capita e é o 'mais feliz do mundo'

3 - Conhecimento aprofundado

Mäkihonko explicou que é exigido dos professores finlandeses "um profundo entendimento do conteúdo" que ensinam e da pedagogia adequada para cada faixa etária, de forma a "apoiar os alunos (na busca) por diferentes pontos de vista e para construir conexões entre (diferentes) conceitos".
Desde a reforma educacional dos anos 1970, a formação dos professores passou a ser centralizada em universidades (todas públicas), em cursos de cinco anos, com alto nível de exigência sobre os futuros professores. Todos são obrigados a fazer uma tese de mestrado para concluir sua formação. Nesse processo, disse Mäkihonko, "eles aprendem a ler artigos científicos e a estar a par das descobertas mais recentes em aprendizado, para se desenvolverem profissionalmente".
A OCDE explica que, tradicionalmente no mundo, "programas de treinamento de professores muitas vezes tratam a boa pedagogia como algo genérico, presumindo que habilidades (...) são igualmente aplicáveis a todas as disciplinas. Na Finlândia, como a educação é uma responsabilidade compartilhada entre a Faculdade de Educação e as faculdades de cada disciplina, há uma grande atenção à pedagogia específica para professores primários e professores das séries superiores".
Segundo o relatório da OCDE, outros fatores que parecem estar por trás do sucesso educacional da Finlândia são um "consenso político para educar todas as crianças juntas, em um sistema escolar conjunto; a expectativa de que todas as crianças conseguem atingir altos níveis (de aprendizado), a despeito de seu histórico familiar ou circunstâncias regionais; uma busca obstinada pela excelência de professores; responsabilidade compartilhada da escola pelos alunos com dificuldades; uso dos modestos recursos financeiros com foco na sala de aula e clima de confiança entre educadores e a comunidade".

4 - O professor não está sozinho

As exigências sobre os professores são altas, mas eles recebem bastante apoio - educacional e comunitário - e "não estão sozinhos" no desempenho de seu papel, afirmou a especialista finlandesa.
Sala de aula na Finlândia
Image captionProfessores finlandeses contam com programa de mentoria que os ajuda em sala de aula
As universidades, disse ela, mantêm uma conexão próxima com os professores em sala de aula, para ajudá-los a praticar o que aprenderam durante seu treinamento e a garantir uma mentoria dos que estão estagiando ou aplicando novas metodologias.
"É importante escutar os professores para entender suas necessidades e desafios. Por exemplo, quando eles começam a colocar em prática o ensino baseado em projetos, passam a ter dúvidas e precisam de ajuda, de mentoria", disse.
"Esses professores-mentores têm uma dupla responsabilidade - de ensinar e ao mesmo tempo de acompanhar os professores. Estamos buscando parcerias para implementar isso também no Brasil", afirmou Mäkihonko à BBC News Brasil.

5 - Ética e papel social

Segundo Mäkihonko, a carreira de professor na Finlândia equivale, em prestígio, às de médico e advogado.
"São profissionais respeitados pela comunidade. Por isso é importante cuidar das questões éticas quando estamos treinando os professores. Eles aprendem não apenas técnicas (de ensino) mas também a apoiar o desenvolvimento pessoal do estudante e a serem modelos de comportamento. Eles têm muita responsabilidade: a de moldar diamantes brutos. E são cobrados pela sociedade."
A educadora Beatriz Cardoso, filha de FHC e que participou do debate com Minna Mäkihonko, opinou que a Finlândia é o país com quem o Brasil mais tem a aprender em educação, por ter criado um modelo baseado não na competitividade individual, mas sim na igualdade de acesso. Mas também destacou que o Brasil tem desafios ainda maiores que a Finlândia teve nos anos 1970, por sua dimensão continental, problemas históricos de iletramento e analfabetismo e dificuldades na capacitação de qualidade aos professores.
Mäkihonko destacou que a Finlândia também "teve muitos desafios e cometeu erros" durante sua reforma educacional e sugeriu que profissionais brasileiros da educação que queiram promover mudanças busquem formar um ambiente propício, engajem um grupo de professores e apenas "comecem com algo menor e busquem formas de multiplicá-lo".
"Quando eu escrevia minha tese de PhD, meu professor me dizia para não pensar no problema inteiro logo no começo. Mas sim pensar em pequenas partes. Mordida por mordida é possível comer o elefante.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 31 de março de 2019

A ditadura não foi fácil. Acusou, destruiu famílias, criou ondas de perseguições.


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A memória é construção. Todos sabem? Alguns não. Surge um espaço para as invenções que contaminam a história. Há quem proponha rever os acontecimentos,apagar os erros e salvar ordens opressivas. Querem celebrar 1964? Parece que sim ou Jair deixou de lado sua audaciosa ideia? O golpe trouxe prejuízos políticos imensos, desorganizou instituições, empurrou o país para a indignidade da tortura.Existem muitas provas, depoimentos, vítimas. De repente, valem o oportunismo, as fabricações de mentiras, o sensacionalismo de quem vende notícias e desmonta a credibilidade. A confusão inquieta, desqualifica, desvaloriza rebeldias.
A ditadura não foi fácil. Acusou, destruiu famílias, criou ondas de perseguições. Cantou o desenvolvimentismo apoiando um nacionalismo militarista. Empurrou intelectuais para  o sombrio, desfez partidos, fechou sindicatos, impediu diálogos, beneficiou bajuladores. Não precisa muito esforço  para buscar as histórias de tantas agressividades. Quem desconhece as repressões da época de Médici? Nunca ouviram falar das mortes de lideranças políticas, dos exílios? Basta ler os jornais da época para observar a sucessão de arbitrariedades. Será  que tudo isso foi um nazismo de esquerda? As tolices desfilam na embriaguez do vazio  político.
O governo de Jair que refundar conceitos, destroçando recordações dolorosas, elogiando os Estados Unidos que tramaram para que o golpe ocorresse. Nega que houve reações e respostas violentas. Não se viveu o sossego, nem uma aventura de sonhos. A  ditadura se firmou por muitos anos, trazendo medos e fantasmas. Os fatos existiram,mas teimam em máscara-los. O jogo é de quem lança um silêncio desmobilizador, justifica revisões, inibe críticas, comete desmandos se utilizando da velocidade das redes sociais. Novas formas de dominação,nada saudáveis, com tecnologias espertas e abraçadas com um mercado cheio de disputas e traições. Impõe-se uma maneira predatória de dirigir o social.
A história tem idas e vindas. Quem consegue firmar interpretações se mostra vitorioso. As manipulações convencem, ajudam a se pensar no conservadorismo de uma sociedade pouco acostumada com a abertura para invenção. Há colonizados permanentes, entusiasmados com os bens materiais, sempre atentos às vantagens e aos  lucros. Quem se importa com a desigualdade? Muitos apossam-se também dos saberes, consagram impunidades. O que mais estarrece é que as mentiras não andam sozinhas. Elas se fecham numa articulação para promover os enganos e possuem aliados e fanáticos pelo autoritarismo. São inocentes ou expulsaram a consciência para os pântanos? Não é sem razão que  alguns exaltam a censura permanente.
A astúcia de Ulisses.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

As dores e as manipulações: Moçambique e outros desgovernos


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Discute-se. Muitos se acham injustiçados com as aposentadorias. Outros querem reajustes, condenam luxos alheios, se alimentam das desgraças de quem está sufocado. Não faltam controvérsias. A vizinhança se aborrece  com as buzinas dos carros, as padarias se enchem de fregueses pouco educados. O cotidiano corre,  as aflições não se esgotam, pois há tempestades violentas. A sociedade  se abastece com as competições e as farsas são constantes. Quase não se fala, nas secas, nos desequilíbrios ecológicos, nos exílios  dos refugiados. Há escapes, seduções, magazines incentivando o desperdício.
Acontecem desastres,  verdadeiros genocídios. Lembram-se das barragens da Vale? A falta de compromisso com a saúde e a educação é visível. Não se trata de acaso.São estratégias políticas montadas para desfazer resistências  ou fabricar impossibilidades. Não se domina sem uma concepção de mundo, sem buscar convencimentos. A modernização promete paraísos e atiça a especulação imobiliária. Consegue adeptos, fanatiza grupos, contrata especialistas em manipulação. A  profissionalização atinge a sociedade e traz também perversões. As solidariedades se apagam, cortam-se as ameças de rebeldia, querem uma ordem congelada.
As discriminações continuam ativando argumentos. Israel bombardeia a Palestina, Moçambique agoniza. Mourão opina sobre o salário mínimo. Há protestos, mas se selecionam as notícias. Minimizam certos absurdos, pois o desmoronamento de qualquer igualdade parece ser comum. Guedes tripudia da miséria e Moro é contraditório com sutilezas. Uma grande rede de comunicação alimenta os disfarces e constrói máscaras. Fala-se do supérfluo, as dívidas das empresas não são questionadas. Manipula-se com insistentes novelas e manchetes articuladas para enganar.Há quem vibre com as lembranças de 1964, Uma parte expressiva da população busca salvar ídolos, curte o passado, mergulhada numa aguda falta de lucidez.
Para aonde vai  uma sociedade que se não se toca  com as agressões , nem olha para sofrimentos do outros, apenas contempla o núcleo do seu individualismo. Não é discurso de lamentação, porém é precioso ter cuidado. Tudo não foge do caos por acaso. Demolir o passado traz angústias que podem demorar a aparecer. Muitos nomeiam culpados, não se observam como sujeitos. Querem vitrine e lutam para não deixá-la. O preço da contradição é alto, a mais-valia dos cargos é sedutora. Quando surgem as eleições as hipocrisias se denunciam e muitos lamentam o vazio  que a vaidade alimentou para garantir seus poderes. O oportunismo não descansa. engana.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

A fragmentação sedimenta ruínas


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Quando todas as instituições gritam e noticiam desesperos; é a preparação para o vulcão explodir. Busca-se uma razão soberana que  massacre  qualquer diálogo. Morrem as possibilidade de pensar a cultura como conversas, reflexões, apostar nos sonhos, no convívio afetivo. Ouve-se o deboche. Há  uma sucessão de ruídos assustadores.As palavras se chocam porque mergulham no vazio. São respostas a perguntas estranhas feitas para acumular confusões. O Brasil parece  estar com pontes distraídas ou destruídas. Queriam soluções, mas não previram os fracassos. Querem superar desastres brincando com a comunicação. O apodrecimento cria consternações e sustos constantes. Nada supera o que já foi posto.
Nega-se que o capitalismo passa por um sufoco imenso. As reformas visam, no entanto, livrá-lo do pior. Custam fortunas as instabilidades do mercado. Não é à toa que as acusações se espalham. Esquecem vestígios obscuros do passado. Há corrupções na lata do lixo, porém  o oportunismo comanda as ações. A briga de poder atinge o judiciário de togas desgastadas.Governa seus próprios erros? Teme os militares ou se apaixona pelas imagens da Tv? Moro detesta Gilmar, que detesta Raquel, que detesta Lula….E assim vai, com fantasias e máscaras desbotadas, com raivas cheias de cosméticos saturados, especulações…
Somos animais que cultivam a sociabilidade. Ela não  garante o sossego, pois muda com a história. Se antes o discurso da razão prometia liberdades, hoje a tecnologia das rede sociais mostra a perplexidade dos ataques pessoais e a força do individualismo. A sociabilidade não firma o afeto, nem a solidariedade. A sua estrada possui curvas e não estimula éticas. Há emboscadas, lágrimas fabricadas, horizontes nublados. O futuro  existirá não se sabe como. Talvez, uma sociedade cercada de controles, com minorias ditando normas, derrubando  rebeldias. As instituições  sacodem fumaças tóxicas.  Nem a imaginação respira com paciência.
A história tem muitas definições. Não é,apenas, o olhar do passado, nem o estudo dos arquivos repletos de poeiras. Ela constrói possibilidades, sorte e azares. É também lugar de desesperos e de profecias que nos condenam. Portanto, as incertezas se agitam, para que as instituições se renovem ou evitem a celebração de ruínas. O ritmo da história não se liberta de agonias, convive com suspeitas, se envolve com desejos de paz. Não subestime a força da incompletude, nem as artimanhas das arrogâncias. As possibilidades inquietam uns, para apaziguar outros. São ambiguidades, parceiras de tantos pesadelos, que testemunham ruir das utopias.
A astucia de Ulisses
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Vexame:Planalto distribui vídeo em defesa do golpe militar de 1964


Foto: Reprodução/Vídeo
Foto: Reprodução/Vídeo
O Palácio do Planalto distribuiu neste domingo um vídeo que faz uma defesa do golpe militar de 1964. O material descreve os acontecimentos do dia 31 de março de maneira semelhante à forma como o presidente Jair Bolsonaro e alguns ministros tratam do assunto. Para eles, a derrubada de João Goulart do poder, que marcou o início do período de 21 anos de ditadura militar no Brasil, foi um movimento para conter o avanço do comunismo no País. 

"O Exército nos salvou. O Exército nos salvou. Não há como negar. E tudo isso aconteceu num dia comum de hoje, um 31 de março. Não dá para mudar a história", diz o apresentador do vídeo. Hoje, o golpe completa 55 anos. 

A peça, que tem pouco menos de dois minutos e não traz a indicação de quem seria seu autor, foi distribuída por um número oficial de WhatsApp do Planalto, usado pela Secretaria de Comunicação da Presidência para o envio de mensagens de utilidade pública, notícias e serviços do governo federal. Para receber os conteúdos, os jornalistas precisam ser cadastrados no sistema. 

A assessoria de imprensa do Planalto foi procurada e, como resposta, disse que o Planalto não irá se pronunciar. A equipe também confirmou que o canal usado para disparar o vídeo é mesmo oficial. "Sobre o vídeo a respeito do dia 31 de março, ele foi divulgado por meio de nosso canal oficial do governo federal no WhatsApp. O Palácio do Planalto não irá se pronunciar". 

O mesmo vídeo foi compartilhado hoje mais cedo no Twitter pelo deputado federal e filho do presidente, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). "Num dia como o de hoje o Brasil foi liberto. Obrigado militares de 64! Duvida? Pergunte aos seus pais ou avós que viveram aquela época como foi?", diz Eduardo no post que anuncia o vídeo. 

Um dos trechos do material afirma que "era, sim, um tempo de medo e ameaças, ameaças daquilo que os comunistas faziam onde era imposto sem exceção, prendiam e matavam seus próprios compatriotas" e "que havia, sim, muito medo no ar, greve nas fábricas, insegurança em todos os lugares". 

Diante disso, conta o apresentador, o Exército foi "conclamado" pelo povo e precisou agir. "Foi aí que, conclamado por jornais, rádios, TVs e, principalmente, pelo povo na rua, povo de verdade, pais, mães, igreja que o Brasil lembrou que possuía um Exército Nacional e apelou a ele. Foi só aí que a escuridão, graças a Deus, foi passando, passando, e fez-se a luz". 

O apresentador convida as pessoas a conhecer essa verdade buscando mais detalhes e depoimentos nos jornais, revistas e filmes da época. Na parte final, o vídeo é concluído sob o Hino Nacional, e um outro narrador, agora apenas com voz e sem imagem, diz: "O Exército não quer palmas nem homenagens. O Exército apenas cumpriu o seu papel". 

Celebrações

No sábado, a Justiça Federal cassou liminar que proibia o governo de promover os eventos alusivos ao golpe de 1964. A decisão foi da desembargadora de plantão no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, Maria do Carmo Cardoso. Apesar de "reconhecer a sensibilidade do tema em análise", ela decidiu que a recomendação do presidente Bolsonaro para comemorar a data se insere no âmbito do poder administrador.

"Não visualizo, de outra parte, violação ao princípio da legalidade, tampouco violação a direitos humanos, mormente se considerado o fato de que houve manifestações similares nas unidades militares nos anos anteriores, sem nenhum reflexo negativo na coletividade", escreveu a magistrada.

A liminar havia sido concedida na noite de sexta-feira, 29, pela juíza Ivani Silva da Luz, da 6ª Vara da Justiça Federal em Brasília, atendendo a um pedido da Defensoria Pública da União. A Advocacia-Geral da União (AGU) recorreu ainda na sexta e, na manhã de sábado, saiu a sentença da desembargadora.

Antecipando-se à data, o Exército realizou na semana passada no Comando Militar do Planalto, em Brasília, cerimônia para relembrar o 31 de março. Na solenidade, em que esteve presente o comandante da Força, general Edson Leal Pujol, o episódio foi tratado como "movimento cívico-militar". Os oito comandos do Exército também já realizaram semana passada cerimônias alusivas ao 31 de março.

Conforme revelou o Estadão, Bolsonaro orientou os quartéis a celebrarem a data histórica, que havia sido retirada do calendário de comemorações das Forças Armadas desde 2011, no governo de Dilma Rousseff. A determinação de Bolsonaro foi para que na data as unidades militares fizessem "as comemorações devidas".
Com informações de AE/DP
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 27 de março de 2019

Afogados elimina o Santa Cruz e faz história no Campeonato Pernambucano


<i>(Foto: Léo Santana/ O DIA)</i>
O Santa Cruz sofreu o primeiro baque na temporada. Vivo até então nas três competições, o Tricolor não conseguiu impor a superioridade técnica perante o time do Afogados jogando no Arruda. Mesmo tendo buscado o empate no segundo tempo, a equipe saiu derrotada nas penalidades máximas e, pela segunda vez na década, novamente estará fora dos quatro melhores do Campeonato Pernambucano - a outra foi no ano passado, após ser eliminado pelo Sport.

Atuando dentro de suas limitações, o Afogados fez história e pela primeira vez conseguiu a classificação às semifinais. Por ter tido pior campanha, jogará a partida única contra o Náutico, nos Aflitos. O jogo ainda não tem data para acontecer.

O JOGO
Para a partida, o técnico Leston Júnior contou com os retornos de Pipico e do lateral direito Marcos Martins. O Afogados, por sua vez, não tinha problemas de lesão ou suspensão e jogou com força máxima. O jogo começou com o time do Santa Cruz tentando pressionar a saída de bola do Afogados. E, logo aos 20 segundos, deu certo: após a Coruja dar o pontapé inicial, o Tricolor roubou a posse no campo ofensivo e conseguiu a primeira descida, em cruzamento da linha de fundo pelo lado direito, mas sem perigo.

A tônica jogo seguiu assim até os 5 minutos de partida, com a equipe coral forçando os ataques pelo lado esquerdo, com Augusto. Porém, em uma tentativa de entrar na área, o atacante trombou com Oséas e ambos caíram sangrando, parando a partida por alguns minutos - os atletas corais pediram pênalti, mas a árbitra nada marcou. Por conta do choque, o jogo foi interrompido por alguns minutos e Augusto precisou ser substituído, dando vaga a Elias, aos 14 minutos do primeiro tempo. 

A pasalisação diminuiu o ímpeto coral e o jogo esfriou. O Afogados adotou a postura de fazer a marcação apenas no seu campo de defesa, deixando os defensores corais saírem jogando. Na tentativa de encontrar espaço, a equipe coral abusou dos erros de passe. Com isso, a partida ficou morna, muito disputada na faixa central. 

O jogo melhorou a partir dos 30 minutos. A Coruja, quando com a posse concentrava as ações em Candinho. E assim o time começou a incomodar: aos trinta minutos, o camisa 10 e capitão do time bateu falta frontal com perigo, que passou por cima da barra. Cinco minutos depois, Diego Ceará recebeu bom lançamento e fez o pivô para Léo Cotia, que chutou forte de fora da área exigindo boa defesa de Anderson.

Mas não demorou para o Santa Cruz responder e exigir a primeira intervenção do goleiro Wallef. Após boa escapada partindo da esquerda para o meio do campo, Elias foi parado com falta na intermediária. Na cobrança, Diego Lorenzi cruzou na área mas a bola passou por todo mundo e ia em direção ao gol, até ser espalmada para escanteio. Na cobrança do tiro de canto, Marcos Martins lançou no primeiro pau e encontrou João Victor, que desviou, mas a bola passou raspando.

Depois dessa melhora no jogo, a partida voltou a esfriar. Até que, aos 44 minutos, o Afogados conseguiu um escanteio após um chute de longe desviado pela defesa coral. Na cobrança, o atacante Rodrigo subiu mais que todo mundo e testou forte, sem chances para o goleiro Anderson, fazendo a Coruja ir para o intervalo em vantagem.
Com informações do DP
Professor Edgar Bom Jardim - PE