terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Bebianno exonerado: o que a saída de ministro indica sobre a influência dos filhos de Bolsonaro e das redes sociais no governo

Gustavo BebianoDireito de imagemAGÊNCIA BRASIL
Image captionSaída de Bebianno é resultado de crise de que o PSL direcionou verbas públicas a candidaturas laranjas
O episódio que levou à saída do ex-ministro da Secretaria-Geral Gustavo Bebianno - a primeira baixa entre a equipe de ministros do presidente Jair Bolsonaro - expõe duas importantes características que devem permear todo o mandato do novo presidente. São elas: a influência dos três filhos políticos de Bolsonaro sobre o governo do presidente e o uso das redes sociais até para expor e elevar a temperatura das crises internas.
A decisão de exonerar Bebianno, que era o único nome do PSL no Palácio do Planalto, foi comunicada oficialmente nesta segunda-feira pelo porta voz da presidência, general Rêgo Barros.
"O presidente da República agradece a sua dedicação à frente da pasta e deseja sucesso na nova caminhada", diz a curta nota lida pelo porta-voz.
Rêgo Barros evitou dar mais informações sobre a decisão e se limitou a dizer que o motivo da exoneração do ministro é de foro íntimo do presidente, embora o próprio Bolsonaro tenha compartilhado elementos da crise na sua rede social.
Em vídeo divulgado nas redes sociais pouco antes do anúncio da exoneração, no entanto, o presidente confirmou a saída, mas teceu elogios ao seu ex-ministro e coordenador de campanha. "Comunico que, desde a semana passada, diferentes pontos de vista sobre questões relevantes trouxeram a necessidade de uma reavaliação. Avalio que pode ter havido incompreensões e questões mal entendidas de parte a parte, não sendo adequado pré-julgamento de qualquer natureza", afirmou, no vídeo
"Tenho que reconhecer a dedicação e comprometimento do senhor Gustavo Bebianno a frente da coordenação da campanha eleitoral em 2018. Seu trabalho foi importante para o nosso êxito. Agradeço ao senhor Gustavo pelo esforço e empenho quando exerceu a direção nacional do PSL e continuo acreditando na sua seriedade e qualidade do seu trabalho. Reconheço também sua dedicação e esforço durante o período que esteve no governo", disse o presidente Bolsonaro.

Mais um general na equipe do governo

Com a saída de Bebianno assume o cargo o general Floriano Peixoto, que ocupava a função de secretário-executivo da Secretaria Geral da Presidência, fortalecendo o grupo militar que integra o governo. Em conversas internas, integrantes da ala militar dizem que o presidente precisa ter mais cuidado para controlar a influência dos filhos no governo federal.
A saída de Bebianno é resultado de uma crise que se arrasta desde a semana passada, após a revelação de que o PSL, partido do presidente, direcionou verbas públicas a candidatas laranjas.
Desde que Bolsonaro retornou a Brasília, na quarta-feira, após 17 dias internado em São Paulo devido à cirurgia para retirada da bolsa de colostomia, o assunto dominou as discussões no governo, no mesmo momento em que a nova equipe prepara o envio da reforma da Previdência ao Congresso.
A evidente influência dos filhos no governo e a forma como o presidente reagiu à situação, ao compartilhar mensagem em que Carlos Bolsonaro dizia que Bebianno mentiu, chamou a atenção de especialistas. Cientistas políticos ouvidos pela BBC News Brasil apontam que o presidente fugiu dos padrões ao expor o desentendimento em rede social, em vez de solucioná-lo de forma interna e reservada.

O PSL e as candidaturas laranjas

A Folha de S.Paulo revelou esquema de candidaturas laranjas no PSL, em Minas Gerais e Pernambuco, que direcionou dinheiro público a empresas ligadas ao ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, e a uma gráfica de fachada. Bebianno foi presidente do partido durante a eleição de 2018 e, segundo o jornal, foi responsável pela distribuição de verbas públicas a candidatos nos Estados.
Bebianno também teria autorizado os repasses de R$ 400 mil para uma suposta candidata laranja apoiada pelo atual presidente nacional do PSL e deputado federal por Pernambuco, Luciano Bivar.
Gustavo Bebiano em entrevista para jornalistasDireito de imagemAGÊNCIA BRASIL
Image captionSaída de Bebinao expõe influencia de filhos do presidente nas redes sociais
Na terça-feira, quando rumores sobre uma suposta demissão já circulavam no governo, Bebianno disse que tinha falado com Bolsonaro por meio do aplicativo WhatsApp. "Não existe crise nenhuma. Só hoje falei três vezes com o presidente", disse ele ao jornal O Globo.
Mas, ao longo da quarta-feira, Bebianno foi desmentido em público duas vezes: primeiro, pelo vereador carioca Carlos Bolsonaro (PSL), filho do presidente; e depois pelo próprio Jair Bolsonaro. No Twitter, Carlos publicou uma gravação de áudio em que o pai rechaça um pedido de Bebianno para conversar; a mensagem foi mais tarde reproduzida no perfil oficial do presidente na rede social.
"Gustavo, está complicado eu conversar ainda. Então, não vou falar com ninguém a não ser estritamente o essencial. E estou em fase final de exames para possível baixa (do hospital) hoje, tá ok? Boa sorte aí", diz Bolsonaro no áudio.
Mais tarde na quarta-feira, durante a entrevista à Record, Bolsonaro tratou novamente do assunto. "Se estiver envolvido, logicamente, e responsabilizado, lamentavelmente o destino não pode ser outro a não ser voltar às suas origens (demissão)", disse Bolsonaro.

Vereador ou governo federal?

A cientista política Vera Lucia Chaia, professora da PUC-SP, diz que os filhos de Bolsonaro têm mostrado que desejam controlar o pai e a política.
"A partir do momento em que Carlos não conseguiu um cargo no governo -- o que seria complicado, porque seria uma proposta nepotista --, houve retaliação nesse sentido, de se vingar do Bebianno. A postura que ele assumiu é para dizer: quem manda no pai sou eu e não é você", disse.
Vera Lucia Chaia destaca que, vereador do Rio, Carlos nem mesmo tem uma posição formal no governo federal.
Carlos Bolsonaro, filho do presidente da RepúblicaDireito de imagemREUTERS
Image captionCientista política diz que filhos de Bolsonaro demonstram que querem controlar o pai e a política
"Ele não é deputado federal, não faz parte do governo, e é um filho que está sempre presente, até no desfile de posse, sentado no carro. Mostra uma dependência dele com relação ao pai e do pai em relação ao filho".
Para o cientista político Carlos Pereira, professor da Fundação Getulio Vargas, o episódio da saída de Bebianno não deve ser superestimado.
"Três filhos deles são políticos, vai haver sempre essa tensão constante. Eu não superestimaria o episódio da saída do Bebianno. Ele não é um ministro super importante e o governo está no início. Esse episódio terá baixa capacidade de influenciar na habilidade do governo de governar", disse.
Pereira aponta que o fato de Bolsonaro ter compartilhado publicamente a crítica do filho a Bebianno pode causar insegurança inclusive em outros integrantes do governo.
"O presidente desautorizar um ministro através do Twitter, isso é inimaginável e gera desgaste, gera instabilidade para outros ministros, que ficam em situação vulnerável. O governo vai ter que perceber que, sem maioria estável no Legislativo, a vida será de tormenta", disse o professor da FGV.
Jair Bolsonaro com o vice Hamilton MourãoDireito de imagemREUTERS
Image captionProfessor afirma que que o fato de Bolsonaro ter compartilhado publicamente a crítica do filho a Bebianno pode causar insegurança inclusive em outros integrantes do governo
O cientista político Leonardo Barreto classificou o episódio como "tumultuado" e apontou que Carlos teve uma reação agressiva, que foi confirmada de forma pública pelo pai.
"Bolsonaro fugiu dos padrões de administração de crise, onde via de regra se busca lavar roupa suja dentro de casa, o que leva à hipótese de que o clã Bolsonaro sabe de coisas que vão vir à tona e talvez tenha decidido se antecipar para fazer um controle de danos", afirmou.
Barreto diz que vê três hipóteses que podem explicar a reação de Carlos e do próprio presidente. "A primeira delas é que, ao reagir a esse caso, eles procuram recuperar o discurso ético da campanha, que eles perderam com a situação de Flávio Bolsonaro. A segunda é que eles sabem de coisas que levam a crer que essa crise pode ser maior e estão se antecipando ao se afastar de Bebianno. A terceira tem a ver com disputa interna de poder", afirmou o cientista político.

Construir relação com o Congresso

Advogado de formação, Bebianno atuou como presidente interino do PSL durante o período da campanha eleitoral de 2018. Naquele período, ele acumulou diversas funções dentro do partido - inclusive a de liberar repasses de recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) para as candidaturas femininas. Ele também era um dos principais interlocutores do Executivo com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). É o presidente da Câmara quem decide quando - e de que forma - o projeto da reforma da Previdência será levado a votação na Casa.
Para Pereira, da FGV, a capacidade de Bolsonaro governar dependerá da forma como estará organizado o apoio dos parlamentares.
"Essas crises vão se suceder enquanto o governo não construir coalizão majoritária, proporcional e homogênea no Congresso que sirva de escudo protetor para o governo. Para um governo ter condições de governabilidade, é fundamental que ele seja amparado e suportado por uma base sólida de apoio no legislativo para que denúncias ou problemas entre grupos do mesmo governo sejam sanados dentro do governo e não com esse grau de exteriorização, de exposição na mídia social", afirmou.
Leia a íntegra do pronunciamento de Bolsonaro sobre Bebianno, divulgado em vídeo:
Comunico que, desde a semana passada, diferentes pontos de vista sobre questões relevantes trouxeram a necessidade de uma reavaliação. Avalio que pode ter havido incompreensões e questões mal entendidas de parte a parte, não sendo adequado pré-julgamento de qualquer natureza.
Tenho que reconhecer a dedicação e comprometimento do senhor Gustavo Bebianno a frente da coordenação da campanha eleitoral em 2018. Seu trabalho foi importante para o nosso êxito. Agradeço ao senhor Gustavo pelo esforço e empenho quando exerceu a direção nacional do PSL e continuo acreditando na sua seriedade e qualidade do seu trabalho. Reconheço também sua dedicação e esforço durante o período que esteve no governo.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 17 de fevereiro de 2019

Carnaval de Bom Jardim vai experimentar mudanças em 2019


Governo Municipal e organizadores de blocos carnavalescos de Bom Jardim estiveram reunidos nesta sexta-feira,16 de fevereiro 2019, no Centro Cultural Marineide Braz, para debater e tomar decisões sobre a programação da folia em 2019. 
Edgar Lira(Filho do prefeito João Lira), atual Secretário de Infraestrutura iniciou o encontro sugerindo trocar trios elétricos por paredões de som. Os blocos Vai quem Quer, Torcida do Sport e Bloco das Virgens terão o incremento de orquestra de frevo, um reforço a mais  para animar o público.

A medida visa conter gastos e ao mesmo tempo colocar mais uma banda na programação da noite, justificou Edgar Lira. Depois de vários debates, ajustes, a proposta foi aprovada. Será uma experiência para 2019. Poderá ser revista no próximo ano. 

Foram acordados as seguintes medidas:contratação de mais músicos do município para tocar na folia, melhora do repertório musical tocado nos paredões de som, executar mais frevo,  pequenos ajustes no trânsito de veículos no centro, posicionamento de banheiros químicos, atuação de seguranças, limpeza, pontualidade e respeito aos horários. O Secretário de Administração Lúcio Mário Cabral, também participou da reunião e lembrou que breve irá acontecer um encontro entre representantes da prefeitura Ministério Público e Polícia Militar.



A Prefeitura Municipal também vai apoiar o VI Encontro de Burrinhas, Caboclinhos, Catirinas e Maracatus de Pernambuco, que será realizado na manhã do dia 05 de março, terça-feira de carnaval. O Bloco do Santa Cruz volta a desfilar na segunda-feira. Os moradores da Vila da Cohab farão seu bloco no sábado. O tradicional Baile Municipal (Máscaras & Fantasias) será realizado no Ginásio de Esportes Dr. Edson Coutinho, no sábado 23 de fevereiro, às 21 horas. Os demais blocos manterão seus desfiles conforme nos anos anteriores. Na próxima semana serão divulgados os nomes dos  homenageados do Carnaval Levino Ferreira 2019.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 16 de fevereiro de 2019

Cartão celestial do BMG. Pode acreditar nas chicotas

“Cartão de crédito Fé” 


André Valadão, cantor gospel e pastor da Lagoinha Church em Orlando – EUA, lançou essa semana um cartão de crédito sem anuidade.
Em parceria com o BMG, o cartão ganhou o nome “Fé”, marca registrada do cantor, que já usa em diversos produtos, como: Camisetas, canetas, bíblias, capacete, livros, cadernos, adesivos e vários outros produtos.
Sem anuidade, o cartão é próprio para aposentados e pensionistas, e para funcionários públicos que queiram tirar um empréstimo consignado.
O caso de André Valadão ter feito propaganda do cartão durante o culto, acabou incomodando alguns evangélicos, que acham inaceitável esse tipo de publicidade dentro do templo, durante um culto.
De:www.gospelgeral.com.br
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Quem se envolve com o avesso do avesso?


Resultado de imagem para boechat e malafaia

As palavras não viajam soltas como pipas. Elas pesam, desenham, ajudam, falecem. Não esqueça dos dizeres da Bíblia. Deus era o soberano do verbo, Fez o mundo, estabeleceu mandamento, condenou pecadores. Quem já não ouviu os evangelhos, os ensinamentos generosos ou o lado avesso, descontrolado e feiticeira? Alguns donos de religiões querem acenar para maldições. Fazem negócios com as palavras, vendem toda malícia para os ingênuos desamparados. Não faltam mensageiros do obscuro. O governo atua com ajuda de muitos que parecem desenganados, mas possuem alvos perigosos, com armas engatilhadas.
Morre Boechat e a tristeza nos vista com força. Não custa lembrar as orações de Malafaias e os crentes que o veneram. Chegamos a certos limites, porém a história vai e volta, não há como negar tantas tragédias e piratarias que assombram o cotidiano. O lugar do sagrado está abalado. Prometem espionar as ações da Igreja Católica. Jair se recupera mandando mensagens, não consegue estender o discurso, a complexidade. Joga,Deveria  acumular um pingo de sensibilidade. A dor não o toca? Tudo é um grande fanatsma? Estamos perdidos ou o destino nos tira da solidariedade? A rebeldia desabitou-se?
As lamentações ocupam conversas e ferem páginas. As máscaras se valorizam com a chegada do carnaval. A sucessão de desastres apagar o fogo da mudança. Será que o reino do mal se apresenta vestido de memórias de genocídios passados? Não há homogeneidades. Nem todos se conformam e entram na dança do mesmo e do vazio. Mas choca que a celebração constante de preconceitos, a violência vestindo as palavras, o capitalismo formando profetas e expulsando seus inimigos de forma feroz. O gatilho não relaxa. Os assassinatos comandam as manobras da milícias e Moro acena com a destruição do crime e a ruína de corrupção.
Quem não entende que o capitalismo sobrevive riscando possibilidade de montar sonhos e acelerando reformas nada generosas? A política não é um tecido branco sem manchas. Os confrontos se alastram, se transformam, porém não se cansam da história. É impossível conviver com utopias , se o mundo está nu, cruel, irado. As intolerâncias crescem, porque o diálogo não se firmar. Muitos exercitam a agressividade como terapia. Estranho. Boechat buscava desmentir, mostrar os desequilíbrios, afirmar a dignidade. No entanto, nem sempre há que os que torcem pelas saídas e gritam  ordens nefastas O peso da palavra não se foi e o balanço está próximo do abismo.
A astúcia de Ulisses
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Fenearte 2019


Os 64 artistas ocuparão a primeira e principal rua do evento, a Alameda dos Mestres
Todo mundo já sabe que Pernambuco tem uma das mais férteis produções de arte popular do Brasil. E essa grande riqueza artesanal pode ser conferida, a cada ano, na Alameda dos Mestres da Fenearte.
Nesta edição, o magistral abre-alas do evento dará as boas vindas aos milhares de visitantes com a participação de 64 mestres artesãos pernambucanos. Esses reconhecidos expoentes, originários das mais diversas regiões do Estado, carregam a sabedoria de transformar matérias-primas em arte, cultura e identidade.
A Fenearte 2019 será realizada de 03 a 14 de julho, no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda.
Confira, abaixo, a lista completa dos mestres artesãos que estarão nesta edição do evento:



Fonte: http://www.artesanatodepernambuco.pe.gov.br
https://culturapopularpe.com.br/conheca-os-mestres-artesaos-da-fenearte-2019/
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Como entender (e se preparar) para o novo Ensino Médio




Estudantes fazem fila para abertura dos portões para a prova do Enem no Rio de Janeiro   Foto: Fernanda Frazão/Agência Brasil

O novo Ensino Médio nem chegou e já virou uma dor de cabeça para professores e gestores. Afinal, diferente da BNCC (Base Nacional Comum Curricular) para Infantil e Fundamental, as orientações para essa etapa são menos detalhadas. Há uma grande indagação sobre estrutura física das escolas, currículos e didática. 
Para piorar, o debate sobre o novo Ensino Médio está cheio de medos e desconfianças. O apoio do MEC (como e o que fará) é tão vital quanto incerto. Pouca gente arrisca uma hipótese sobre os planos do ministério para essa etapa. Também há uma grande desconfiança de educadores e especialistas sobre a viabilidade da reforma. Muitos deles apontam dificuldades em oferecer percursos formativos em cidades pequenas ou pobres. E, com razão, muitos receiam que as mudanças agravem as já enormes desigualdades educacionais no país. 
Na prática, é um debate inexistente. 
Por isso, chega em boa hora o livro “Modelos Curriculares para o Ensino Médio. Desafios e Respostas em 11 Sistemas Educacionais”. Ele é uma ótima introdução ao debate e ajuda a pensar o Brasil.  Se quiser lê-lo, ele está disponível para download. É só clicar aqui.
Primeiro, ele conta uma breve história do Ensino Médio pelo mundo. No passado, em alguns países, ele não era obrigatório. A etapa fora pensada para poucas pessoas, com o objetivo de formar trabalhadores qualificados em cidades desenvolvidas. Num mundo rural, a prioridade era oferecer educação fundamental para todos. Média, só para alguns. 
Porém, especialmente na segunda metade do século 20, as cidades cresceram e a economia ficou mais complexa. A maior parte da população precisava de conhecimento além do Fundamental para navegar por esse planeta. Foi aí que se impuseram questões sobre como organizar o Ensino Médio – um movimento que dura até hoje. 
As autoras do livro, Alejandra Cardini e Belén Sanchez, são pesquisadoras do Cippec (Centro de Implantação de Políticas Públicas para Equidade e Crescimento), da Argentina. Elas deixam bem claro que não há respostas óbvias. Afinal, estamos falando de adolescentes às portas da universidade ou do mercado de trabalho em países, Estados e cidades em rápida transformação econômica e social. 
Por isso, o livro ainda fala sobre tradições educacionais e curriculares de cada lugar, indo das complexidades de cada modelo a pontos bem concretos, como promoções, avaliações e certificações. Não é um manual que ignora história e contexto de cada país. 
Após traçar um grande panorama de 11 países, o livro faz um estudo de caso sobre Ontário, no Canadá. Ele oferece pistas bem interessantes para pensar o Brasil, já que essa província (equivalente a um Estado brasileiro) passou por uma flexibilização curricular. Não é só o Brasil que passa por dilemas nessa etapa. 
Ao terminar a leitura, é fácil chegar a algumas conclusões. Na falta de um projeto para o Ensino Médio, o Brasil congelou a etapa e empilhou disciplinas. Criamos uma escola que obriga o estudante a se adaptar a ela. O que as melhores experiências do mundo mostram, porém, é o contrário. As salas de aula precisam mudar de acordo com os interesses de crianças e adolescentes. 
Tem mais. Em vez de combater a desigualdade a sério, o Brasil combateu a desigualdade educacional no discurso e de forma genérica. Quando você analisa currículo por currículo pelo mundo, vê a quantidade de trabalho que os técnicos e especialistas tiveram para montar padrões. Isso é combater desigualdade de verdade, analisando a vida real e montando trilhas pelos quais as pessoas possam criar seus próprios destinos.
Em defesa do Brasil, porém, há a contingência. O Ensino Médio é novo por aqui. Poucas décadas atrás, a lei previa apenas quatro anos de escolaridade obrigatória. Isso, certamente, adiou uma discussão mais profunda sobre a etapa. 
Por isso, a obra vem em boa hora. Ela não é um manual de implementação nem vai dar muitos detalhes sobre didática específica (toda obra tem limites). Porém, certamente será muito útil para quem quiser enfrentar uma verdade desagradável. Do jeito que está, é muito fácil abandonar o Ensino Médio. E, infelizmente, milhares de adolescentes, todos os anos, deixam de estudar porque nós não fomos capazes de tornar o ensino atraente, interessante e útil para eles e elas - especialmente os mais pobres. 
O Brasil pode e deve aprender com quem já enfrentou esse desafio. Há muito conhecimento aqui, é claro. Mas o que vem de fora, obviamente, também tem um enorme valor. Nova escola. POR:

Leandro Beguoci
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Destruindo aposentadorias do povo

Presidente da República, Jair Bolsonaro na Base Aérea de Brasília
Presidente da República, Jair Bolsonaro na Base Aérea de BrasíliaFoto: Marcos Corrêa/PR
O presidente Jair Bolsonaro decidiu nesta quinta-feira (14) que a nova reforma previdenciária estabelecerá idades mínimas de 62 anos para mulheres e 65 anos para homens.

Em reunião com a equipe econômica, ficou estabelecido que haverá um período de doze anos de transição para se chegar aos pisos para recebimento da aposentadoria. A confirmação foi feita pelo secretário especial de Previdênciado Ministério da Economia, Rogério Marinho. Segundo ele, a equipe econômica defendeu uma única idade mínima para homens e mulheres de 65 anos, o que foi recusado pelo presidente.

A expectativa é de que na próxima quarta-feia (20) o presidente assine o texto e, no mesmo dia, ele seja divulgado publicamente e enviado à Câmara dos Deputados.
reforma da Previdência de Bolsonaro é mais dura do que a versão final do projeto do ex-presidente Michel Temer.

Com informação da Folha de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Laranja, laranja:'Não fui responsável por candidatas em Pernambuco, diz Bebianno

Foto: Agência Brasil
Foto: Agência Brasil
Com a ajuda de aliados, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, elaborou uma nota para expor a sua defesa e ganhar uma sobrevida no cargo. No texto, alega que não foi responsável pelas candidatas de Pernambuco consideradas laranjas e destaca que era responsável apenas pelas contas do então candidato Jair Bolsonaro. 

"Meu trabalho foi executado com total transparência e lisura. As contas da chapa do então candidato Jair Bolsonaro, que estavam sob minha responsabilidade, foram aprovadas e elogiadas pelos Ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral)", escreveu.

O documento possui três páginas, duas com um ponto a ponto da sua defesa e outra com gráficos sobre as regras de distribuição de recurso no partido e as competências da Executiva Nacional, da qual fazia parte, e dos diretórios estaduais e municipais.

Bebianno destaca que assumiu interinamente a presidência do PSL entre fevereiro e outubro de 2018 para cuidar da candidatura de Bolsonaro. "Jair Bolsonaro nunca ocupou nenhum cargo de direção no partido, portanto, não tem qualquer relação com outras candidaturas. Responde apenas pela sua própria, como qualquer outro candidato", alega.

O ministro também escreve que a Executiva Nacional distribui os recursos do Fundo Partidário, garantindo o repasse de 30% para candidatas mulheres, mas que cabe ao diretório estadual formar suas chapas locais, incluindo a indicação das candidatas mulheres e respeitando o porcentual.

"Todos os repasses para os candidatos das eleições proporcionais e aos governos dos estados são realizados pela Executiva Nacional POR CONTA E ORDEM dos diretórios estaduais, que recebem diretamente os recursos em suas contas ou indicam os nomes dos candidatos a serem beneficiados. Compete a cada um dos candidatos a prestação de contas de sua própria campanha, cabendo-lhes também a responsabilidade pelos atos praticados."

"Por todas essas razões, reafirmo que não fui responsável pela definição das candidatas de Pernambuco que foram beneficiadas por recursos oriundos do PSL Nacional. Reitero meu incondicional compromisso com meu país, com a ética, com o combate à corrupção e com a verdade acima de tudo", conclui Bebianno.

Para planejar sua reação e elaborar o documento, o ministro convocou para seu front o empresário Paulo Marinho, amigo de longa data que se tornou suplente de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) no Senado. Marinho estava em São Paulo e voou para capital tão logo foi chamado. Os dois se encontraram já tarde da noite da quarta-feira, 13, e tiveram ao menos duas conversas, segundo relato de uma pessoa próxima. Uma das reuniões foi com um integrante do Judiciário e a outra com um parlamentar. 

Reportagem da Folha de S.Paulo revelou que o PSL teria financiado duas candidaturas de laranjas em Pernambuco nas últimas eleições, quando Bebianno era o presidente do partido.

Na terça-feira, 12, em entrevista ao jornal O Globo, o ministro negou ser motivo de instabilidade no governo após essa revelação e, para afastar rumores de mal-estar, afirmou que teria falado três vezes com o presidente Bolsonaro naquele dia.

A crise se intensificou quando um dos filhos do presidente, o vereador no Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PSC), disse que Bebianno mentiu ao afirmar que conversou com o presidente. Mais tarde, o próprio presidente retuitou o post do filho e repetiu, em entrevista à RecordTV, que o seu ministro mentiu.
Com informações de Diario de Pernambuco

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Pesquisa mostra como alunos e professores enxergam valores como solidariedade e justiça

Foto: Getty Images
A recém aprovada Base Nacional Curricular Comum (BNCC) recomenda que a Educação Básica brasileira propicie a formação e o desenvolvimento humano global dos estudantes, de modo que possam ser capazes de construir uma sociedade mais justa, ética, democrática, responsável, inclusiva, sustentável e solidária. São amplas dimensões que compreendem a formação integral de um cidadão, contemplando aspectos cognitivos, afetivos, sociais e valorativos. Nesse sentido, a educação em valores sociomorais, tais como solidariedade, respeito, generosidade e justiça, faz parte do desenvolvimento de habilidades e competências necessárias aos alunos. Assim, hoje, quero apresentar uma avaliação educacional que teve como propósito mensurar justamente os valores sociomorais em alunos e professores da Educação Básica.
Em 2015, a Fundação Carlos Chagas (FCC) reuniu um grupo de pesquisadores de diferentes universidades do Brasil e iniciou uma pesquisa com o objetivo de construir, testar e validar uma escala para avaliar a adesão de alunos e professores aos valores sociomorais de justiça, respeito, solidariedade e convivência democrática. (TAVARES. et al., 2016)
O objetivo foi identificar como os estudantes e docentes têm se posicionado frente a situações que envolvem valores morais. Isso ajuda na avaliação dos efeitos do emprego de materiais didáticos, programas e intervenções que visam favorecer a construção de valores sociomorais no âmbito escolar, apontando se são ou não efetivos, e em que medida.
Para o desenvolvimento da pesquisa, construiu-se uma matriz conceitual dos valores foco de análise, a partir dos seguintes referenciais teóricos: os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998) – em seus cadernos sobre Ética – e conceitos da Psicologia da moralidade de Jean Piaget (1977 [1932]) e de Lawrence Kohlberg (1992).
Para mensurar a construção de valores morais, Piaget analisou o julgamento moral e a tomada de consciência do respeito às regras a partir de jogos e histórias fictícias envolvendo as ações de crianças. Ele estudou como elas raciocinam, explicam e resolvem situações que abrangem o uso de valores como igualdade, justiça, reciprocidade, cooperação e solidariedade, entre outros. A partir dos resultados de suas investigações, Piaget formulou a chamada “teoria psicogenética interacionista do desenvolvimento moral”, qualificadas pelos estágios pré-moral (ausência de moralidade e de regras); de moralidade heterônoma (obediência à autoridade); e de moralidade autônoma (autonomia).
Já Kohlberg (1992), dando continuidade aos estudos de Piaget, usou dilemas morais para investigar os níveis de raciocínio moral. Ele utilizou histórias hipotéticas, nas quais dois ou mais valores morais se contrapunham, exigindo uma decisão da criança. Com isso, revelava-se a perspectiva social a partir da qual os argumentos eram construídos. Segundo o autor, a perspectiva social ou percepção social refere-se a “como as pessoas veem as outras, interpretam seus pensamentos e sentimentos e consideram o papel e o lugar que ocupam em sociedade” Kohlberg (1992, p. 186). A partir da perspectiva social, Kohlberg descreveu três níveis de julgamento moral: 1. o pré-convencional, em que o indivíduo age levando em conta seus próprios interesses (egocêntrico); 2. o convencional, onde seus atos estão centrados nas normas sociais, familiares ou do grupo ao qual pertence (sociocêntrico); 3. o pós-convencional, em que há uma perspectiva mais avançada e as ações do sujeito são justas, levando em consideração o que é bom para ele e para qualquer outra pessoa do mundo (moral).
Na pesquisa da Fundação Carlos Chagas (FCC) foram elaborados questionários de 35 questões para cada um dos quatro valores (justiça, respeito, solidariedade e convivência democrática) a serem avaliados. Eles foram apresentados na forma de situações-problema, baseando-se em cenas do cotidiano de alunos ou professores e que poderiam ocorrer em diferentes espaços (na escola, na internet, com a família, etc.). Para cada questão foram apresentadas três alternativas favoráveis ao valor avaliado e duas contrárias a ele. Além disso, as alternativas se constituíam em níveis, que evidenciam, a partir da perspectiva social, o modo de adesão ao respectivo valor (perspectivas egocêntricasociocêntrica moral).
Os questionários foram aplicados em crianças (alunos do 5º ao 8º ano do Ensino Fundamental), adolescentes (9º ano do ensino fundamental e 1º ao 3º ano do ensino médio) e professores da educação básica, de escolas públicas e privadas. Os resultados apontaram algumas tendências: uma delas foi que os professores apresentaram níveis mais avançados de adesão aos valores do que os adolescentes e estes, por sua vez, mais do que as crianças. No valor de solidariedade, as crianças e adolescentes alcançaram, mais frequentemente, níveis mais avançados (mais sociocêntrico do que egocêntrico). Já os professores se concentraram numa perspectiva ainda mais avançada (a propriamente moral), o que não aconteceu nos outros valores.
O valor mais difícil de ser alcançado pelos estudantes foi o de convivência democrática, inclusive com respostas que assumiam posições não democráticas. Os professores, por sua vez, aderiram a este valor de modo sociocêntrico. Para os professores, o valor mais difícil, especialmente com relação às perspectivas mais avançadas foi o da justiça. De modo geral, o nível de adesão aos valores numa perspectiva propriamente moral foi muito difícil nos três grupos de participantes da pesquisa, sendo alcançado somente por professores no valor solidariedade.
Tais resultados reforçam a ideia de que a construção de relações mais justas e respeitosas é, sem dúvida, uma meta importante para a Educação. A escola, dependendo da qualidade das interações estabelecidas em seu interior, constitui-se um local propício para que esse desenvolvimento ocorra. Não estamos desconsiderando o papel formativo da família, porém, sabemos que é no ambiente escolar que o(a) aluno(a) irá conviver com o âmbito público (referindo-se ao coletivo) e a diversidade, e estabelecer relações de igualdade. É preciso, portanto, um olhar mais aprofundado para as questões da convivência e da formação de valores éticos. Entendemos que a construção, manutenção e convivência dos atores escolares em um ambiente cujo clima seja positivo podem promover uma experiência de formação valorativa ampliada. Isto é, uma formação para além das instruções e conhecimentos técnicos, com sentido ético e moral, onde o respeito, a solidariedade e a justiça sejam vividos e apreendidos por todos, fazendo da educação um valor. Um valor moral.  Nova Escola.

*Adriano Moro é doutor em Educação pela Unicamp e mestre em Psicologia da Educação pela PUC-SP. Ele integra o Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Moral (Gepem), da Unicamp/Unesp e atua no departamento de pesquisas da Fundação Carlos Chagas (FCC).

Professor Edgar Bom Jardim - PE