terça-feira, 18 de dezembro de 2018

A violência é histórica e expande-se


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Muitos mitos retratam violências fundantes. Nem sempre, significam uma renovação para derrubar preconceitos ou refazer práticas sociais generosas. A sociedade sonha com paraísos, mas convive com artimanhas imperiosas. Há fomes frequentes, desde os tempos mais remotos. Grupos disputam espaços como quadrilhas. Não há inocências angelicais predominando a história. Muitas religiões defendem vinganças, acumulam patrimônios, afirmam um amor que não praticam. Portanto, os instrumentos da violência não são os mesmos, se transformam e se sofisticam. Não estamos na época de Mussolini, nem da Inquisição medieval.
Não adianta querer esconder as lutas sociais ou mesmo o lado obscuro de nós mesmos. Há revolução que busca derrubar desigualdades e que, depois, optam pela censura e pela opressão. Os sentidos se multiplicam e dependem das ações humanas. Platão ressaltava uma inteligência que difere das reflexões de Adorno ou dos egocentrismos de Pinochet. A violência também forma valores, institui verdades ameaçadoras. Ela fere com seu autoritarismo. A história segue interpretações que não se consolidam. Há quem julgue visando perpetuar privilégios e outros busquem desmembrar injustiças.
A tecnologia atiçou estratégias de dominação. Trouxe animações nas ciências, mas ajudou a construir bombas, reproduzir lugares sombrios, testemunhar poderes mesquinhos. Observe o que você pode fazer usando um simples celular. Quantos boatos estão contidos nas armações políticas ensaiadas? A violência tem sutilezas, se expande articulando-se com ilusões. Não esqueça os disfarces, as falas de generais do serviço secretos, os pregadores do messianismo marcado pelas travessuras das ambições. Quem não se lembrar das guerras mais recentes e das ameaças da energia nuclear? O discurso do inevitável é feroz e intimida.
Com tanta solidão, a história caminha para os excessos depressivos e ansiedades agressivas. O mundo da droga sintética amplia lucros, promete remediar desencontros. Porém, as notícias se espalham denunciando assassinatos e os refugiando procuram auxílio. Há perplexidades imensas e sentimentos destroçados. Os significados se esvaziam, a competição se acelera o afetos se coisificam. Nota-se uma perturbação profunda. Não se trata apenas de disputas por cargos e ou mansões. Há desesperos atormentadores. A violência acende a destruição de corpos, alucinações, pulsões de  morte. Cria-se uma insegurança que se mistura com a apatia. Tudo tem um preço e uma manipulação.
A astucia de Ulisses
Professor Edgar Bom Jardim - PE

As festas : inquietações, dúvidas, desfazeres


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A sociedade não dispensa rituais. Alguns expressam tradições e provocam nostalgias. A vida precisa de novidades, não pode cair em armadilhas sombrias e definitivas, No tempo das tecnologias sofisticados, as festas também se apresentam e firmam rituais. O consumo comanda as alegrias mesmo que sejam passageiras. Há confraternizações que lembram momentos de afetos. Os restaurantes se enchem, as fábricas de chocolates se expandem, porém continuam os mendigos nas ruas, lembrando que estão marginalizados. O Natal impulsiona o movimento, diverte, anuncia jogos secretos, desenha risos ensaiados.
Nunca houve uma sociedade sem rituais. Fazem parte da cultura. Como deixar de periodizar a vida? Como negar o heterogêneo? As divindades gregas curtiam brincadeiras e aventuras. Hoje, se celebram missas, os perdões se exaltam e as lojas buscam lucros. Portanto, tudo seria maravilhoso para animar os amores e quebrar as melancolias. Porém, há desconfianças, ressacas, manipulações. Não sejamos absolutos. A sociedade é histórica, possui limites e cansaços. A questão maior é que alguns não aceitam os limites e se joga em eternidades.
Vivemos cercados de ilusões. Já diziam os nazistas que uma mentira muitas vezes repetida se torna uma verdade. Os totalitarismos usaram propagandas para manter suas forças. Isso não se foi. O esquema de imagens sedutoras ganha espaço na imprensa e agita saudades, ambições, delírios. Não fugimos do reino das ambiguidades. As drogas não são meros instrumentos de fuga. Elas compõem os rituais. Observe como o consumo se multiplica e faz a grana se alargar pelo mundo. As elites não se ausentam e se comportam como senhores do mundo. Cria-se uma ecologia especial.
Muitos se queixam das reflexões pessimistas. Não se trata disso. Não custa lembrar que o azul não é azul como se imagina. A desconfiança se veste de muitas cores e o afeto nem sempre é notado quando se fala nas explorações. A sociedade se balança, não é estática. Convive com permanências, sem deixar de lado sua vontade de cantar e celebrar as formas mais astuciosas de festejos. A história segue. O carnaval inquieta, o dia dos namorados toma conta das fossas e das casas comerciais, a criança recebe presentes descartáveis Lá se vai o desejo de inventar o mundo e salvar pecados assustadores. Quem se engana no meios de tantas assombrações festivas?
Por Paulo Rezende. A astúcia de Ulisses.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Inscrições abertas para o VI Encontro de Burrinhas, Caboclinhos, Catirinas e Maracatus de Pernambuco


A comissão de organização do Projeto VI Encontro de Burrinhas,Caboclinhos, Catirinas e Maracatus de Pernambuco está inscrevendo, por meio do Cadastro de Inscrição, artistas e  grupos culturais para participarem do  VI Encontro de Burrinhas,Caboclinhos, Catirinas e Maracatus de Pernambuco, que será realizado no dia 3 de março de 2019.
A ideia da organização do evento é favorecer o acesso às inscrições, a visibilidade do projeto e garantir a participação de mais grupos culturais e artistas . Durante o período de 17 a 26 de dezembro 2018, você pode se inscrever pelo  site culturapopularpe.com.br/
* Confira o Calendário:
1-  Inscrições: 17 a 26 de dezembro

2- Seminário Regional de Cultura (Previa Carnavalesca) data 27 e 28 de janeiro 2019: Entrega de documentos, combinação de valores da apresentação, forma de pagamento, parceiros,  informação sobre o formato do  VI Encontro de Burrinhas, Caboclinhos, Catirinas e Maracatus de Pernambuco, organização da Carta da Cultura (documento para ser entregue as autoridades, apresentações culturais, contribuições, outros assuntos da Plenária).
3- Divulgação dos participantes selecionados: 26 a 28 de fevereiro de 2019
4- Apresentação no cortejo e palco no dia 05/03/2019. Local: Bom Jardim. Inicio: 08:00 h, Termino: 13:00 h
Contato para informações: (81) 9.9937-7488 / (81) 9.9829-2215

Para obter mais informações e preencher  o CADASTRO Acesse AQUI e participe!
Acesse https://culturapopularpe.com.br/cadastro-de-inscricoes-carnaval/

Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Três novas unidades do Compaz serão construídas no Recife


Assinatura do convênio para construção de três novas unidades do Compaz
Assinatura do convênio para construção de três novas unidades do CompazFoto: Andréa Rego Barros/Divulgação
Um convênio de cerca de R$ 18 milhões para construção de três novas unidades do Centro Comunitário da Paz (Compaz) no Recife foi assinado na manhã desta segunda-feira (17) pelo prefeito Geraldo Julio (PSB) e o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann (PPS) no Palácio Campo das Princesas, com a presença do governador Paulo Câmara. Os novos centros serão construídos nos bairros do Pina, Ibura e Várzea e vão somar aos dois já existentes, o Compaz Eduardo Campos, no Alto Santa Terezinha, e o Compaz Ariano Suassuna, no Cordeiro. 

Os Centro Comunitários da Paz (Compaz) foram concebidos sob a ideia de difundir a Cultura de Paz, garantir inclusão social e o fortalecimento comunitário. Baseado na experiência colombiana das Bibliotecas Parques e também de outras fontes de espaços de cidadania. Conhecidos como "Fábricas de Cidadania", os equipamentos se destacam tanto pela qualidade da estrutura, quanto pela quantidade dos serviços e atendimentos oferecidos. Os Compaz fazem parte da Secretaria de Segurança Urbana da Prefeitura do Recife. Hoje, os dois Compaz abertos no Recife tem cerca de 30 mil pessoas cadastradas e fazem cerca de 80 mil atendimentos por mês.
Folha de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Cultura:Livraria Jaqueira abrirá loja no espaço da antiga Cultura


Livraria Cultura encerrou as atividades em julho de 2018. Foto: Nando Chiappetta/DP
Livraria Cultura encerrou as atividades em julho de 2018. Foto: Nando Chiappetta/DP

A marca Livraria Jaqueira, que atualmente comanda duas lojas na Zona Norte do Recife, vai inaugurar um novo empreendimento no espaço que costumava abrigar a Livraria Cultura do Paço Alfândega, Bairro do Recife. O anúncio foi feito na manhã desta segunda-feira (17) pelos futuros gestores do local: Antônio Fernandes Neto e Maria Peixoto - diretor financeiro e diretora comercial da Livraria Jaqueira, respectivamente. A previsão de inauguração é para março de 2019. 

A nova loja vai comportar o mesmo espaço da Cultura (térreo e primeiro andar), com estoque expressivo de livros, cafeteria, auditório, espaço infantil e um departamento para gráfica rápida. A intenção é tornar o local um verdadeiro “ponto de encontro” na capital pernambucana, com realização de eventos para aumentar o fluxo de pessoas, atraindo novos clientes e mais turistas.

O empreedimento ainda terá algumas novidades inéditas na cidade, a exemplo do Espaço Disney, com produtos oficiais (adultos e infantis) da empresa norte-americana. Outra observação é que o local não irá vender CDs e DVDs - produtos que perderam espaço para os serviços de streaming, prejudicando megastores em todo o mundo. 

Como é habitual da marca, a decoração do ambiente vai simular um jardim, com direito a uma jaqueira gigante. O investimento é de R$ 5 milhões, com financiamento pelo Banco do Nordeste.
Confira as imagens da livraria no projeto em 3D:





Fonte:Diário de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 15 de dezembro de 2018

João Alfredo:Forró do Bucho Chei


Para comemorar o nascimento de Luiz Gonzaga e o Dia Nacional do Forró, artistas de João Alfredo e Bom Jardim, participaram de uma roda de sanfona nesta sexta (14), no centro da “cidade feliz”.
O Forró do Bucho Chei, contou com a participação de Nelson do Acordeon, Itamar da Costa (Forró Sem Pantim), Antonio Carneiro, Nelson Araújo (Nelson da Sanfona), Mário Claudino (Cultura Nordestina), Willian Neto, Fonseca Júnior, Boi Vei (Zabumbeiro), Juninho, Rodrigo (Zabumbeiro). A festa foi organizado pela Casa de Taipa Produções e o Ponto Chic Bar. O público participante fez doação de alimentos em prol de famílias sertanejas.
Resumo: Público animado, forró reverenciando, artistas homenageados, um mói de sanfoneiro arretado e um zabumbeiro espetaquento.
 Matéria: Edgar Santos
Fotografia: Cultura Popular PE/ Rodrigo Sedicias
ttps://culturapopularpe.com.br/forro-do-bucho-chei/?fbclid=IwAR0ekx70qaS8ynTEivxjEtufZQjJL-C_s2X8mqUennTjmmX83CHz2DR2wTQ
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Coaf:Funcionários de Flávio Bolsonaro repassaram até 99% dos salários




Uma análise na movimentação financeira de Fabrício José Carlos de Queiroz, ex-assessor do deputado estadual Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio, mostra indícios de que pelo menos uma funcionária pode ter depositado em sua conta o equivalente a quase tudo que recebeu na Casa no período agora sob investigação. Foi esse o caso de Nathalia Melo de Queiroz, filha do ex-servidor que, no período investigado, repassou a ele R$ 97.641,20, hipotético crédito mensal médio de R$ 7.510,86.

A quantia equivale a 99% do pagamento líquido da Alerj a Nathalia em janeiro de 2016, segundo a folha salarial do Legislativo fluminense. Como não há dados sobre a movimentação financeira total de Nathalia, não é possível dizer com certeza que o dinheiro teve como origem exclusivamente os pagamentos da Alerj.

Os cálculos são por aproximação. Para fazê-los, o jornal O Estado de S. Paulo usou o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) da Operação Furna da Onça e consultou a folha salarial da Casa. 

O órgão federal mostrou que no período investigado Nathalia transferiu os R$ 97.641,20 para a conta do assessor de Flávio. A cifra foi dividida pelos treze meses investigados para obter a média mensal, que foi comparada com três valores. Um foi o pagamento líquido recebido em janeiro de 2016 por Nathalia na Alerj: R$ 7.586,31. No confronto com o bruto, R$ 9.835,45, chegou-se a um repasse de 77,14%. Cotejada com a renda usada pelo Coaf, R$ 10.502,00, o percentual foi de 72,23%.

A renda considerada pelo Coaf, possivelmente, incorpora valores que não constam da folha de janeiro da Alerj ou rendimentos obtidos por Nathalia de outras fontes. Todos as cifras, porém, mostram percentuais altos de repasse.

Nathalia trabalhou na Alerj de setembro de 2007 a dezembro de 2016. Depois foi trabalhar como assessora no gabinete parlamentar do hoje presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), na Câmara dos Deputados. Foi exonerada em 15 de outubro, mesmo dia em que seu pai foi desligado do gabinete de Flávio. Oficialmente o motivo foi a aposentadoria de Queiroz como PM. Reportagem publicada ontem pela Folha de S. Paulo mostrou que Nathalia, enquanto era funcionária, trabalhava como personal trainer no Rio.

O deputado tem se defendido, afirmando não ter cometido nenhuma irregularidade. O presidente eleito já disse que caberá a Queiroz explicar sua movimentação financeira - de mais de R$ 1,2 milhão no período.

Outros

Outra servidora que repassou a Queiroz grande parte do que recebeu foi Márcia Oliveira de Aguiar, mulher do ex-assessor. Os valores somam R$ 52.124,00 - uma média (total dividido por treze meses) de R$ 4.009,23. Isso não quer dizer que tenham sido feitos rigorosamente repasses mensais - o documento do Coaf não traz esse detalhe -, mas permite afirmar que Márcia transferiu porcentuais que equivalem de 31% a 46% do que recebeu por mês no período. 

Outra servidora, Luiza Souza Paes, fez transferências equivalentes a percentuais que variam de 24,8% a 33,5% do salário no período. Sua renda, segundo o Coaf, era de R$ 3.479 mensais e a transferência média era de R$ 863,53. Já Jorge Luís de Souza, que tinha salário bruto de R$ 5.486,76, fez depósito mensal médio de R$ 1.573,46 - percentuais respectivos de 7,69%, 28,67% e 32,46%. 

O jornal O Estado de S. Paulo mostrou que 57% dos depósitos feitos na conta de Fabrício Queiroz investigada pelo Coaf ocorreram no dia do pagamento dos salários na Alerj no período, ou até três dias úteis depois. 

A reportagem não conseguiu falar com Queiroz nem com os demais servidores para que comentassem as cifras. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo./ DP

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Reconhecimento:Alceu Valença, um dos nossos maiores patrimônios culturais


Milhões de discos vendidos, prêmios importantes, um filme no currículo, inúmeras músicas de sucesso e público que atravessa gerações. Foto: Shilton Araújo / Esp. DP (Shilton Araújo / Esp. DP)
Milhões de discos vendidos, prêmios importantes, um filme no currículo, inúmeras músicas de sucesso e público que atravessa gerações. Foto: Shilton Araújo / Esp. DP






















No auge dos seus 72 anos, o múltiplo artista pernambucano Alceu Valença fez mais de 80 shows só neste ano e, ao longo da carreira, vendeu milhões de discos, ganhou prêmios importantes, dirigiu e lançou o filme A luneta do tempo - obra da qual ele se orgulha muito -, acumula inúmeras músicas de sucesso e seu público alcança diferentes gerações. Toda essa honrosa bagagem justifica a escolha do público em nomear Alceu como o vencedor da categoria Música, do Grande Prêmio Orgulho de Pernambuco, promovido pelo Diario de Pernambuco. “É uma honra e um prazer. Pernambuco está na essência da minha arte. Praticamente toda a minha obra gira em torno de temas que aprendi desde menino em Pernambuco. Minha poética e musicalidade estão diretamente ligadas a essas influências. É como sempre digo: me sinto como um espelho do meu povo. Eu me reconheço nele, ele se reconhece em mim”, poetiza.
Na infância, não havia radiola na casa onde ele morava com seus pais Décio e Adelma, em São Bento do Una, no Agreste pernambucano. O motivo era o medo que o pai tinha de que o pequeno Alceu se tornasse boêmio e, por isso, não incentivava a sua veia artística. Essa condição da época fez com que o músico escutasse poucas músicas até os dias de hoje. “A música que conheço, eu aprendi com os vaqueiros, os trios de forró, as duplas de violeiros e emboladores. Uma vez, no início da minha carreira, perguntei ao Hermeto Pascoal o que ele costumava escutar. Sabe o que ele respondeu? Nada. Para não me influenciar”, diz, aos risos. 

Foi apenas em 1969 que Alceu Valença, o então jovem de 23 anos, descobriu que tinha talento para a música, durante um curso de férias para o qual foi selecionado na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Depois das aulas, ele levava seu violão para a praça e cantava xotes, baiões e martelos agalopados. “Os hippies e hare krishnas adoravam e dançavam em torno de mim”, recorda. Essas despretensiosas apresentações despertaram a curiosidade de um jornal de Massachusetts, que perguntou o que ele cantava. “Protest songs”, respondeu. Esse mesmo jornal definiu o pernambucano como o “Bob Dylan brasileiro”, quando ele nunca havia escutado uma música sequer do cantor e compositor norte-americano.

Nos Estados Unidos, onde descobriu seu talento, ele já foi chamado de Bob Dylan brasileiro. Hesíodo Goes / Esp. DP
Nos Estados Unidos, onde descobriu seu talento, ele já foi chamado de Bob Dylan brasileiro. Hesíodo Goes / Esp. DP
De volta ao Brasil, Alceu classificou uma música no Festival Internacional da Canção (FIC), e foi ali que ele começou a se sentir profissional. Dois anos depois, gravou o primeiro disco, Quadrafônico, em dupla com Geraldo Azevedo. “Eram poucas as horas de estúdio e gravávamos de madrugada, escondidos. Foi utilizado o sistema quadrafônico, uma novidade para a época”, relata. No início da carreira, as metáforas usadas em suas letras eram um método para driblar os censores. Em Quadrafônico, por exemplo, havia uma música chamada Talismã, com uma letra que dizia: “Joana, me dê um talismã / viajar”. A princípio, a letra não apresentava uma mensagem explícita, mas a censura alegou que “Joana é marijuana e viajar é uma referência a isso”. Por este motivo, a letra teve de ser modificada para “Diana, a caçadora”. “Troquei Joana por Diana e saí de lá com a música liberada”, relembra. 

EXTERIOR
Os Estados Unidos não foram o único país do exterior em que Alceu fez morada. Ele também residiu durante um ano - e depois voltou diversas vezes - na França, lugar pelo qual nutre um carinho especial. Durante as idas a Paris, o músico compôs aquele que seria o seu primeiro grande sucesso, Coração bobo. “Escrevi em uma noite em que eu tive muita saudade de casa. Eu me sentia em uma espécie de autoexílio. E essa música acabou abrindo o caminho para que eu me tornasse um artista realmente popular”, avalia. Alceu afirma que tem a expertise de compor uma música com facilidade e agilidade. Ele tem canções que falam de amor, de lembranças, de lugares. Outras que falam do Brasil, com mais ou menos esperança, dependendo da fase que o país esteja passando. “Muitas coisas me inspiram. Como diria o filósofo Ortega y Gasset: ‘Eu sou eu e as minhas circunstâncias’. Minha música reflete isso”, diz. 

Advocacia

Embora seu grande talento seja na música, Alceu vem de uma família de advogados. Seu pai foi procurador do estado e o incentivou a ingressar na profissão. “Eu fiz o curso completo na Faculdade de Direito do Recife, cheguei a estagiar em um escritório de advocacia, mas desisti porque achei que o réu tinha razão na primeira causa que apareceu”, diverte-se. “O Direito me ensinou a ver sempre os dois lados, a ter uma noção mais completa do que seja cidadania. E a Filosofia, minha disciplina favorita na faculdade, me ensinou a questionar sempre”, conclui. O artista também trabalhou como jornalista na sucursal do Jornal do Brasil e nas revistas da Editora Bloch. 

Projetos

Atualmente, o Maluco Beleza se prepara para o show que fará no Recife Antigo, durante o Réveillon Parador, no último dia do ano. Em janeiro, ele viaja de férias para Portugal e, no carnaval, volta à capital pernambucana para se apresentar na festa momesca, como faz quase todos os anos. Em 2019, a casa que o artista possui em Olinda será reformada e aberta ao público com exposição de fotos, discografias e figurinos de Alceu, nos quatros domingos de fevereiro que antecedem a festividade do carnaval. “A casa vai abrigar diversas atividades culturais. Será um lugar dedicado não só a mim, mas à cultura pernambucana e nordestina”, adianta. Já durante os quatros dias de carnaval, o espaço vai se transformar em camarote e casa de apoio para os foliões.
 De Diário de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Mundo:Por que bombardeiros russos estão aterrissando na Venezuela

A Russian Tupolev Tu-160 strategic long-range heavy supersonic bomber aircraft is pictured upon landing at Maiquetia International Airport, just north of Caracas, on December 10, 2018Direito de imagemAFP
Image captionThe strategic bombers landed at Simón Bolívar airport on Monday
A força aérea russa aterrissou nesta semana na Venezuela.
Quatro aeronaves - incluindo dois bombardeiros Tupolev 160 (Tu-160), com capacidade para transportar armas nucleares - pousaram na segunda-feira no Aeroporto Internacional de Maiquetía Simón Bolívar, nos arredores de Caracas - em uma demonstração de apoio da Rússia ao governo do presidente Nicolás Maduro.
O ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino, participou de um evento de boas-vindas às aeronaves e afirmou que elas fazem parte de exercícios de cooperação militar entre os dois países.
"Estamos nos preparando para defender a Venezuela até o último momento caso seja necessário."
"Vamos fazer isso com nossos amigos porque temos amigos no mundo que defendem relações respeitosas e de equilíbrio", completou.
No domingo, Maduro afirmou que havia uma tentativa "coordenada diretamente pela Casa Branca de perturbar a vida democrática na Venezuela e tentar dar um golpe de Estado contra o governo constitucional, democrático e livre do país" em andamento.
Padrino explicou que os aviões russos são "logísticos e bombardeiros" e acrescentou que ninguém deve se preocupar com a presença das aeronaves no país.
"Somos construtores da paz, não da guerra", declarou.
Bombardeiro Tupolev 160Direito de imagemAFP
Image captionOs bombardeiros Tupolev 160 têm capacidade para transportar armas nucleares
O embaixador da Rússia na Venezuela, Vladimir Zaemskiy, disse, por sua vez, que uma das áreas de cooperação entre os dois países é militar-técnica - e, segundo ele, "se desenvolveu de forma muito frutífera nos últimos anos".

Aliança Maduro-Putin

Um exercício militar conjunto foi anunciado poucos dias depois do encontro de Maduro com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, em Moscou. A reunião resultou na assinatura de contratos da ordem de US$ 6 bilhões em investimentos russos nas áreas de mineração e petróleo na Venezuela.
Os dois países são aliados próximos de longa data. E o governo de Maduro, pressionado pelas sanções impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia contra o que consideram violações de direitos humanos na Venezuela, quer reforçar esses laços - incluída, aí, a frente militar.
O embaixador da Rússia lembrou que a cooperação na área de defesa começou em 2005, quando Hugo Chávez era presidente.
Mas o plano de ambos os governos agora é aprofundar essa relação.
Maduro e PutinDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionEncontro de Maduro e Putin resultou na assinatura de contratos da ordem de US$ 6 bilhões em investimentos russos nas áreas de mineração e petróleo
O ministro Padrino contou que Caracas aguarda a chegada de uma delegação russa com a qual devem discutir formas de fortalecer o arsenal das Forças Armadas venezuelanas - embora a difícil situação dos cofres públicos do país sul-americano, que vive a maior recessão de sua história, seja um obstáculo para a aquisição de armamentos mais sofisticados.
Em meio à grave crise econômica, política e social que a Venezuela atravessa, especialistas ouvidos pela BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC, acreditam que a presença militar russa pode ter o objetivo de "desencorajar" terceiros a realizar "algum tipo de intervenção militar" no país.
Mas, além de beneficiar a Venezuela, essa aliança também é considerada vital para o governo Putin, de acordo com os analistas.
A anexação russa da Crimeia em 2014 foi duramente condenada por países ocidentais, gerando uma onda de sanções econômicas contra o país que continuam sendo renovadas.
A partir daquele momento, as relações entre a Rússia e os EUA e a União Europeia se deterioraram drasticamente. E é nesse contexto que a Venezuela ganha uma importância especial.
"(Moscou) está procurando países que ainda querem se relacionar com eles, e isso inclui a Venezuela", destaca Steven Pifer, ex-embaixador dos EUA na Ucrânia e pesquisador do centro de análises Brookings Institution.
"O que o Kremlin quer é passar a imagem de uma Rússia que não está isolada, quando na verdade está."
Ajudar econômica e militarmente a Venezuela - um dos poucos países que apoiaram a ação russa na Crimeia - serve para sustentar que "a Rússia tem conexões ao redor do mundo".
O editor do serviço russo da BBC, Famil Ismailov, concorda e destaca outra vantagem para Putin ao apoiar Caracas: a imagem que pode vender dentro do país.
"É muito importante mostrar ao público interno que, apesar das sanções, a Rússia cumpre seu papel de superpotência e tem países amigos. Vale a pena pagar por isso", explica Ismailov, fazendo referência a Putin.

Uma 'provocação' aos EUA

O envio das aeronaves para a Venezuela também serviria como um recado aos EUA, de acordo com especialistas.
O governo russo criticou em diversas ocasiões a "interferência" dos EUA na Ucrânia e o envio de tropas americanas para o Mar Negro e o Báltico, como parte das operações da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
E mandar os bombardeiros para a Venezuela pode ser uma resposta, uma maneira de "colocar o dedo na ferida" dos EUA.
"Parte da razão (para o envio dos bombardeiros) é treinar pilotos russos em voos de longa distância, outra parte é destinada simplesmente a irritar os Estados Unidos", afirma o ex-embaixador na Ucrânia.
As autoridades americanas fizeram, por sua vez, críticas duras ao envio dos aviões.
"A Rússia envia bombardeiros para a Venezuela e nós, um navio-hospital", afirmou o coronel Robert Manning, porta-voz do Departamento de Defesa dos EUA.
Em entrevista coletiva no Pentágono, Manning se referiu ao USNS Comfort, que partiu em meados de outubro rumo à América Central e à América do Sul com a missão de oferecer ajuda humanitária aos refugiados venezuelanos.
"O mais importante é que estamos ao lado do povo da Venezuela em um momento de necessidade", acrescentou.
O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, afirmou que se trata de "dois governos corruptos esbanjando recursos públicos".
O governo russo classificou a declaração como "completamente inapropriada" e "pouco diplomática".
Mas a Rússia não é a única a enviar jatos militares para outros países. Os EUA também mandaram aviões para seus aliados, incluindo a Ucrânia, cujas relações com Moscou permanecem tensas após a anexação da Crimeia.
Presentational white space

Tu-160

Confira abaixo as principais características dos bombardeiros Tupolev 160:
Bombardeiro Tu-160 na VenezuelaDireito de imagemAFP/GETTY IMAGES
Image captionOs bombardeiros Tupolev 160 são conhecidos como 'cisnes brancos' na Rússia
Conhecidos como Cisnes Brancos na Rússia, são aviões do tipo "swing-wing (de geometria variável)", com velocidade máxima duas vezes maior que a do som. A frota foi lançada em 1981, e modernizada em 2000. O alcance de voo é de cerca de 12 mil quilômetros e os aviões têm capacidade para transportar armamentos nucleares.
Fonte: BBC
Professor Edgar Bom Jardim - PE