quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Saúde:Por que dormir deveria ser a prioridade de todo estudante


Jovem dormindo com livroDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionEstudantes que não dormem o suficiente devem ter mais dificuldade de lembrar informações
Jakke Tamminen tem alunos que costumam ficar acordados na noite anterior a uma prova, na esperança de assimilar a maior quantidade de conhecimento possível. Mas essa é "a pior coisa que eles podem fazer", alerta o professor de psicologia da Universidade Royal Holloway, do Reino Unido.
E eles deveriam saber disso. Tamminen é especialista em como o sono afeta a memória, especialmente a linguagem. O aprendizado durante o sono - outra ideia que atrai estudantes, ansiosos por, digamos, um áudio de ensino de língua que fosse tocado durante o sono e acordássemos falando latim - é um mito.
Mas dormir é essencial para o cérebro absorver conhecimento, e as pesquisas de Tamminen e de outros pesquisadores mostram o motivo disso.
No atual projeto de pesquisa de Tamminen, os participantes aprendem um novo vocabulário, e então ficam acordados por toda a noite. Tamminen compara o quanto eles lembram das palavras depois de algumas noites, e depois de uma semana.
Mesmo depois de várias noites de recuperação do sono, há diferenças importantes no quão rapidamente eles lembram daquelas palavras se comparado ao grupo de controle, que não foi privado de sono.
"Dormir é realmente uma parte central do aprendizado", explica. "Mesmo que você não esteja estudando quando está dormindo, seu cérebro está estudando. É quase como se ele estivesse trabalhando por você. Por isso você não terá o retorno esperado do tempo que aplicou aos estudos se não dormir bem."

Por dentro do cérebro adormecido

Estamos de pé no Quarto 1 do laboratório de Tamminen, um cômodo decorado apenas com cama, tapete colorido e borboletas de papel emolduradas. Acima da cama está uma pequena máquina de eletroencefalografia (EEG) e um monitor para detectar a atividade cerebral de cada participante do estudo, por meio de eletrodos instalados em suas cabeças.
Eles medem não apenas a atividade em diferentes regiões do cérebro (frontal, temporal e parietal), mas também a movimentação muscular (através de um eletrodo no queixo) e o movimento dos olhos.
Ondas cerebraisDireito de imagemCHRISTINE RO
Image captionEnquanto um participante está dormindo, pesquisadores podem registrar a atividade de diferentes regiões de seu cérebro
No final do corredor está a sala de controle, onde os pesquisadores podem ver em tempo real quais são as partes do cérebro de cada voluntário sendo ativadas, por quanto tempo e em que medida. É fácil dizer quando um voluntário está na fase do Movimento Rápido dos Olhos (ou REM, na sigla em inglês) com base na atividade dos eletrodos fixados em seus olhos.
No entanto, o ponto mais crítico para a atual pesquisa de Tamminen - e ao papel do sono no desenvolvimento da linguagem de maneira geral - é a fase de sono profundo conhecida como Sono de Ondas Lentas (non-REM).
Esse estágio é importante para formar e reter memórias, seja de vocabulário, gramática ou outro conhecimento. A interação de diferentes partes do cérebro é essencial nesse caso. Durante o sono non-REM, o hipocampo, que contribui para o aprendizado rápido, está em constante comunicação com o neocórtex, que consolida a memória de longo prazo.
Por isso, o hipocampo codifica uma nova palavra aprendida durante o dia, mas para realmente consolidar aquele conhecimento - reconhecendo padrões e encontrando conexões com outras ideias que permitem a resolução criativa de problemas -, o sistema neocortical precisa estar envolvido.
Imagem cerebralDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionDurante o sono de ondas lentas, o hipocampo e o neocórtex se comunicam para codificar informações na memória de longo prazo
Essa via expressa de informação entre o hipocampo e o neocórtex está repleta de "fusos do sono" - picos de atividade cerebral que não duram mais de três segundos.
"Os 'fusos do sono' estão de alguma forma associados com a ligação da nova informação às já existentes", diz Tamminen. E os dados dessa pesquisa sugerem que as pessoas com mais fusos consolidam mais palavras aprendidas.
Embora Tamminen foque na fase do Sono de Ondas Lentas, há a teoria de que o sono REM também tenha um papel no desenvolvimento da linguagem, através do sonho que ocorre durante essa parte do ciclo do sono.
Uma pesquisa do laboratório de sono e sonhos da Universidade de Ottawa, no Canadá, descobriu que o cérebro de estudantes sonhando em francês era capaz de fazer novas conexões com a língua que eles estavam aprendendo.
Pessoas caminhandoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionSonhar pode ajudar estudantes a fazer conexões com a língua que eles estão aprendendo
Os sonhos, afinal, são mais do que uma simples repetição do que aconteceu durante o dia. O estudo sugere que as regiões do cérebro que gerenciam a lógica (o lóbulo frontal) e a emoção (a amígdala) interagem de formas diferentes durante os sonhos, permitindo essas novas conexões imaginativas ao aprendiz da língua.
Estudantes aprendendo uma segunda língua tinham mais sono REM. Isso lhes deu mais tempo para integrar o que eles tinham aprendido enquanto dormiam - e levou a resultados melhores durante o dia.

Ritmos noturnos

Há um componente genético para o número de fusos do sono que temos. Há ainda uma base genética para o nosso relógio biológico, que nos indica quando é hora de dormir e acordar. E aderir a esses ciclos naturais é uma condição necessária para se atingir o pico de performance cognitiva.
Poucas pessoas conhecem mais esse assunto do que Michael W. Young, que em 2017 ganhou, junto a outros dois pesquisadores, o Prêmio Nobel de Medicina por seu trabalho sobre relógios genéticos. Young explica que para um funcionamento ótimo - seja na escola, no trabalho, ou em outras áreas da vida - "o que se quer fazer é tentar recriar um ambiente rítmico".
Quando o estilo de vida, o ambiente ou distúrbios hereditários provocam padrões distorcidos de sono, "uma resposta simples" poderia ser usar cortinas do tipo blackout à noite e luzes claras durante o dia para imitar os ciclos de luz e escuridão o tanto quanto possível.
Homem dormindoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionBloquear a luz pode ajudá-lo a dormir - e a funcionar - melhor

Cochilos

Já o papel do ciclo circadiano no aprendizado do adulto é inquestionável, mas sua importância é ainda maior na infância.
Crianças têm mais Sono de Ondas Lentas que adultos - o que pode ser um fator para explicar o quão rápido as crianças aprendem, tanto na linguagem quanto em outras áreas.
O Laboratório do Sono da Criança, da Universidade de Tuebingen, na Alemanha, investiga o papel do sono na consolidação da memória dos pequenos. Ao monitorar o que acontece no cérebro da criança durante o sono e o quanto de informação elas retêm antes e depois de dormir, fica claro que o sono ajuda a acessar o conhecimento implícito (memória procedural) e torná-lo explícito (memória declarativa).
Crianças asiáticas na escolaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionA habilidade das crianças de aprender tão rapidamente pode ocorrer pelo fato de elas terem mais tempo de Sono de Ondas Lentas
Adultos podem acessar esse tipo de informação aprendida durante o dia. Mas como explica a pesquisadora Katharina Zinke, "o sono realiza essa tarefa de forma mais eficiente em crianças".
"Os efeitos são mais fortes no início da infância porque o cérebro está se desenvolvendo", diz Dominique Petit, coordenador da Rede Circadiana e do Sono do Canadá, que também explorou o ritmo circadiano em crianças. Em termos práticos, isso significa que "as crianças precisam dormir durante o dia para lembrar o que elas aprenderam".
"O cochilo do dia em crianças novas é muito importante para o aumento do vocabulário, a generalização do significado das palavras e a abstração no aprendizado da linguagem", diz Petit. "Mas o sono continua a ser importante para a memória e o aprendizado ao longo da vida."
Menina dormindoDireito de imagemSOLSTOCK
Image captionO cochilo durante o dia em crianças é essencial para reforçar sua habilidade de aprender novas palavras, entre outras habilidades da língua
O sono não apenas ajuda a acessar essa informação como também modifica a forma como ela é acessada. Isso torna o cérebro mais flexível para reter informações (ou em sua capacidade de acessá-las de outras formas). Mas também o torna melhor em extrair as partes mais importantes delas.
"É na realidade um processo ativo de fortalecimento e de mudança do traçado da memória", afirma Zinke. "A memória é transferida de uma forma que a informação mais importante (a essência) é lembrada".
Claramente, tanto para crianças quanto para adultos, o sono prolongado não é sinal de preguiça. É essencial para as conexões cerebrais e para os ritmos corporais. Então, após uma sessão de aula de uma segunda língua, seja num aplicativo ou pessoalmente, é uma boa ideia ir dormir. Você se surpreenderá na manhã seguinte com o quanto absorveu.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 9 de outubro de 2018

O fim da incerteza nunca se anuncia na política



Resultado de imagem para eleições 2018

A luta está feroz. Um momento de grande singularidade com a volta de um conservadorismo avassalador. O mundo globalizado se encontra em guarda contra as novidades políticas. Querem permanências e atiçam comportamentos agressivos. Difícil definir o que passa. Muitas incertezas e medos. Depois de tanta ousadia, a ameaça da censura se veste e a segurança  se torna tema. Não pense que o Brasil está sozinho. Dê uma olhada na Europa. A questão dos refugiados inquieta e traz legislações inesperadas.
A sociedade se encontra com ambiguidades crescentes. A eleição foi tensa, mas houve uma ausência grande de pessoas. O voto nem sempre dizia um escolha consciente. Ressentimentos soltos e um admiração por Jair. Imaginam que ele modificará os costumes, fabricará uma ordem. Ganhou o inexplicável. Parece um novo mito. Nem todos sabem o que é isso, porém o rio corre apressado para o mar. Uma espécie de vingança contra o PT, a desesperança pendurada, a desistência das utopias?
Não faltam análises. Algumas se constroem de forma vazia. Assistam aos comentário da Globo News. È incrível a enganação, a vontade de triturar o adversário. Nada a acrescentar a um jornalismo idiotizado. Jair está comprometido com as verdade ditas inibidoras da democracia. Gosta de armas, fala mal de tanta gente e ainda possui assessores que simpatizam com o fascismo. Viram os camisas pretas? E a seleção de futebol desfilando nas ruas? A arrogância e o deboche andam juntos e invadem espaços sociais.
Não brinquem com o simbolismo. As cores representam escolhas e preconceitos. O jeito de sentir poderoso atravessa prática dos admiradores do Jair. Estamos cercados de perplexidades. Há reações. Surge a lucidez de quem conhece a história. A política não tem ponto final. Faz parte da história. Temos incompletudes e sonhos. A travessia é longa cheia de labirintos. Mas a continuidades não se desfez. Jair enfrenta também uma luta. Há muitos desencontros e surpresas numa atmosfera nublada. Testam cuidados e coragens.
Por Paulo Rezende
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Eleições 2018: Segundo turno será 'disputa da rejeição'


Homem em dúvidaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionEleitores no segundo turno terão quem decidir 'quem odeiam mais', de acordo com analistas políticos
Tradicionalmente, desde a redemocratização do Brasil, o vencedor do primeiro turno é o vencedor do segundo. Foi assim em 1989, 2002, 2006, 2010 e 2014. Mas, em muitos desses casos, não é o apreço por um candidato que fala mais alto, mas, sim, a rejeição ao outro.
É por isso que, embora destaquem que estas eleições são atípicas e que o resultado da disputa ainda é imprevisível, cientistas políticos ouvidos pela BBC News Brasil dizem que o maior desafio dos candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) será superar a imagem negativa que os eleitores têm deles.
"O segundo turno é uma eleição em que a rejeição aos candidatos tem um papel essencial. Quem deve ganhar é o candidato que tem a menor rejeição", disse o cientista político Antonio Lavareda.
De acordo com a pesquisa Ibope do dia 06 de outubro, um dia antes da votação, 43% dos eleitores disseram que não votariam de jeito algum em Bolsonaro, enquanto 36% rejeitaram Haddad.
Para o pesquisador, no entanto, isso pode não ser empecilho para uma vitória do candidato do PSL, que liderou o primeiro turno com 46% dos votos contra 29% do petista.
"Historicamente, no primeiro turno é possível que o candidato tenha mais votos sendo o mais rejeitado. No segundo turno, isso é impossível", avalia.
"Bolsonaro terá que diminuir sua rejeição. Mas as urnas já indicaram que o eleitorado à direita é nitidamente maior do que o eleitorado à esquerda."

Como variou a rejeição aos candidatos nas eleições anteriores?

Em 1989, Fernando Collor foi eleito no primeiro turno com 30% dos votos e 30% da rejeição, segundo o Datafolha da época. Lula teve 29% de rejeição e 17% dos votos nas urnas. No segundo turno, a rejeição a Collor caiu e a de Lula aumentou. O candidato do PRN ganhou com 53% dos votos válidos. Lula recebeu 47%.
Em 2002, Lula também foi eleito no primeiro turno com uma rejeição maior do que a de José Serra - 31% a 23%. Mas, no segundo turno, ele reverteu os índices. Dias antes do segundo turno, ele era rejeitado por 27,8% dos eleitores e Serra, por 50,6%.
Em 2006, aconteceu o mesmo. Ele chegou ao primeiro turno com cerca de 30% de rejeição e Geraldo Alckmin, com 24%. No segundo turno, a rejeição a Lula diminuiu, e o percentual que rejeitava Alckmin aumentou. Lula venceu novamente.
Em 2010, Dilma Rousseff tinha quase o mesmo índice de rejeição que José Serra no primeiro turno - ambos por volta dos 30%. Ela venceu e chegou ao fim do segundo turno com 32% de rejeição, enquanto Serra tinha 42%. Acabou se tornando presidente.
Já em 2014, entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), o cenário parecia que seria diferente.
"As outras eleições nos dizem que o candidato que ganhou a eleição no primeiro turno sempre ganha no segundo. A única exceção a isso, de certa forma, foi 2014, quando Dilma começou o segundo turno perdendo nas pesquisas", relembra Lavareda
Naquele ano, Dilma venceu o primeiro turno contra Aécio, mas sua rejeição aumentou. A pesquisa Datafolha do dia 10 de outubro de 2014, poucos dias após a votação, mostrava que 43% dos eleitores rejeitavam a petista e 34% não votariam no tucano.
Ele também aparecia empatado com Dilma ou levemente à frente nas pesquisas de intenções de voto.
Duas semanas depois, no dia 25 de outubro, os índices tinham praticamente se invertido. Aécio tinha 41% de rejeição do eleitorado e Dilma tinha 38%.
"Aécio surpreendeu crescendo sete pontos na véspera da eleição. Isso criou um momento e deu uma dianteira a ele nos primeiros 10 dias do segundo turno. Aí Dilma começou a fazer a campanha negativa e reverteu."
Aécio Nevez e Dilma Rousseff em debate em 2014
Image captionAécio Neves chegou diante de Dilma Rousseff ao segundo turno em 2014, mas terminou com uma rejeição maior
Para o sociólogo Thiago de Aragão, especialista em análise de risco político e diretor da consultoria Arko Advice, a escolha do eleitor será, de fato, "muito baseada no que ele não quer".
"Os eleitores, principalmente os que estão na dúvida ou que votaram em outros candidatos no primeiro turno, se colocam numa situação de escolher quem eles odeiam mais."
O caminho do PT, diz ele, também parece ser bem mais difícil, mesmo que Haddad tenha um índice de rejeição cerca de sete pontos percentuais menor.
"A rejeição ao PT é em cima do passado recente (a crise que começou no governo Dilma), então, acaba sendo mais forte do que a rejeição da narrativa passada do Bolsonaro (sua simpatia pela ditadura)", diz Aragão.
Estratégias utilizadas em segundos turnos passados também podem não funcionar no cenário atual, segundo o analista. Ele cita justamente o caso de Dilma em 2014, que se posicionou mais à esquerda na campanha.
"Naquela época, a lógica ainda era de bater na proposta alheia", diz Aragão. "Enquanto essa campanha é altamente emotiva e não está baseada em propostas."

Por que o segundo turno é mais difícil para Haddad

Bolsonaro, na opinião dos analistas, se beneficia da curva ascendente que teve no primeiro turno e do fato de que precisa se esforçar menos para conquistar votos.
"Seu caminho é mais tranquilo no segundo turno porque em tese ele já conquistou os votos que precisa pra vencer. Ele só precisa ficar quieto", explica Aragão.
Segundo o analista, a estratégia do candidato do PSL tem de variar entre ser o mais básico possível na narrativa - não entrar em polêmicas, manter discurso simplista e direito ao ponto - e fazer um aceno conciliatório com os grupos nos quais ele tem maior rejeição: as mulheres e os eleitores do Nordeste.
Haddad, por sua vez, precisa criar uma nova narrativa para conquistar votos e, segundo Aragão, depende de um erro do adversário para vencer.
"Os principais pontos negativos que ameaçaram Bolsonaro no primeiro turno estão ligados a coisas que foram ditas por sua equipe", afirma. "Ou seja, o que mais o prejudica é seu próprio pessoal, seus erros são em casa. Não é o Haddad."
Haddad teria, nesse cenário, dois caminhos possíveis - fazer um aceno conciliatório ao centro ou se radicalizar à esquerda.
Segundo os analistas, as duas estratégias são arriscadas e é difícil projetar quais seriam os resultados com base em eleições anteriores pelo fato dessa eleição ser muito atípica.
Um discurso à esquerda consolidaria os votos que o PT já tem, mas correria o risco de alienar os indecisos e eleitores de outros candidatos no primeiro turno.
No entanto, um aceno ao centro também poderia ser um risco nesse ano.
"Todos os candidatos que optaram por esse discurso centrista perderam (no primeiro turno)."
"Além disso, um discurso centrista conciliatório do PT envolve uma mea culpa sobre o que aconteceu nos últimos anos, e eles nunca vão fazer isso", opina Aragão.
Jair Bolsonaro e Fernando HaddadDireito de imagemAFP
Image captionPara reverter vantagem de Bolsonaro, candidato do PT terá caminho mais difícil, que pode envolver descolar-se de imagem de Lula
A cientista política da USP Maria Hermínia Tavares relembra que a virada de Dilma nas pesquisas antes do segundo turno em 2014 também foi possível porque ela "tinha a máquina do governo a seu favor", algo que Haddad não tem.
Para Tavares, o caminho mais prudente para o ex-prefeito de São Paulo seria se descolar da imagem de Lula, mas não há garantias de que isso acontecerá.
"Seria prudente que ele fizesse isso, porque não é possível eleger um presidente que vai perguntar a um ex-presidente presidiário o que ele tem que fazer. Isso não existe."
"Lula também deveria ter o bom-senso de não aparecer mais ali. Fernando Haddad é uma pessoa leal. Seria muito difícil para ele fazer esse movimento. Quem tem que fazer é Lula", avalia.

Resultado do segundo turno ainda pode surpreender?

Mesmo concordando que Haddad precisaria de um erro de Bolsonaro - ou de um acontecimento extraordinário - para conseguir virar o cenário do primeiro turno, alguns dos especialistas ainda dizem que isso seria possível.
Um desses erros poderia vir, por exemplo, da própria base de apoio de Bolsonaro.
Diversos comentários em redes sociais criticando os eleitores do Nordeste por terem impedido a vitória de Bolsonaro no primeiro turno começaram a surgir na internet logo após o anúncio dos resultados.
"Isso poderia acabar gerando uma antipatia tão grande entre os eleitores do Nordeste que faça com que eles não tenham o menor interesse em votar nele", diz Aragão.
O fato do propaganda a favor de Bolsonaro ter sido distribuída de maneira capilarizada - o que impulsionou seu crescimento no primeiro turno - pode tornar mais difícil para sua campanha controlar esse movimento de ataque ao nordeste.
"O controle dessa manifestação dos eleitores é difícil porque a lógica do crescimento (de Bolsonaro) é orgânica. Isso faz com que cada eleitor seja um estrategista em seu núcleo."
Segundo o cientista político Rafael Cortez, da Tendências Consultoria, a eleição ainda está em aberto - e tanto Haddad quanto Bolsonaro precisarão "caminhar para o centro" na tentativa de vencer.
"Essa eleição foi muito marcada por violência política - um atentado contra um candidato - e notícias falsas. Mas ela ainda não está encerrada", disse à BBC News Brasil.
Palanque com bandeira do Brasil ao fundoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionCampanha desse ano é 'altamente emotiva e não está baseada em propostas', diz Thiago de Aragão
De acordo com um levantamento da Agência Lupa, as 10 notícias falsas mais populares no Facebook durante a campanha do primeiro turno tiveram 865 mil compartilhamentos.
No WhatsApp, a equipe da BBC News Brasil também monitorou mais de 270 grupos políticos e encontrou dezenas de casos de imagens fora de contexto, áudios com teorias conspiratórias, fotos manipuladas e pesquisas falsas sendo compartilhadas entre os usuários do serviço.
Maria Hermínia Tavares também acredita que uma vitória de Bolsonaro não está totalmente confirmada, apesar de o cenário ser mais favorável ao candidato do PSL.
"Acho que justamente por ser uma eleição crítica, as experiências anteriores nos dizem pouco. Obviamente, a diferença entre os dois candidatos é grande, difícil de ser vencida, mas nada do que sabemos sobre as eleições anteriores nos ajuda a entender o que está acontecendo agora."
O crescimento do PSL para uma bancada de mais de 50 deputados federais - o partido elegeu somente um em 2014 - e as reduções das bancadas do PT e do PSDB são algumas das razões pelas quais a cientista política justifica a incerteza.
"Nos Estados também está havendo muitas surpresas. Aquele sistema que se organizava entre uma competição de centro-esquerda e de centro-direita desmoronou."
"Dessa vez, é provável que a decisão dos eleitores seja muito em cima da hora. Só teremos como saber no dia 28 à noite."
BBC
Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Cresce o número de mulheres no parlamento brasileiro




Dos 513 deputados federais eleitos e reeleitos, 72 são mulheres, o que representa 14% do total da Câmara dos Deputados. Apesar de o número ainda ser baixo é maior em comparação às eleições de 2014, quando 51 mulheres chegaram ao Legislativo federal.

O maior número de mulheres eleitas é de São Paulo, com 11. A mais bem votada foi a cientista política Tábata Amaral (PDT), integrante do movimento político suprapartidário Acredito, eleita com 264.450.

Proporcionalmente, no entanto, o Distrito Federal está na frente. Das oito vagas na Câmara, cinco serão ocupadas por deputadas. As três primeiras colocadas na votação são mulheres: Flavia Arruda (PR), Erika Kokay (PT) e Bia Kicis (PRP). A única reeleita foi a petista. O DF também mandou para a Câmara: Paula Belmonte (PPS) e Celina Leão (PP).
 
Das 54 cadeiras do Senado em disputa nestas eleições, sete serão ocupadas por mulheres – 12,9% do total. Foram eleitas para o Senado: Leila do Vôlei (PSB-DF), Eliziane Gama (PPS-MA), Juíza Selma Arruda (PSL-MT), Soraya Thronicke (PSL-MS), Dra. Zenaide Maia (PHS-RN), Mara Gabrili (PSDB-SP) e Daniella Ribeiro (PP-PB).

Na lista dos mais jovens eleitos para a Câmara há uma mulher, a estudante de Direito Luiza Canziani (PTB-PR), 22 anos, filha do também deputado federal Alex Canziani (PTB-PR), que perdeu a disputa para o Senado. Reeleita deputada federal, Luiza Erundina (PSol-SP), 84 anos, no sexto mandato, é a parlamentar mais idosa do novo Parlamento.

Pela legislação eleitoral, os partidos deveriam lançar no mínimo 30% de candidatas mulheres nas eleições proporcionais – para a Câmara e as assembleias legislativas. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu que 30% dos recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), formado por dinheiro público, deveria ir para a propaganda das candidatas, bem como 30% do tempo no horário eleitoral gratuito. 
Fonte:DP

Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 7 de outubro de 2018

Inovação política:Juntas: cinco mulheres têm o primeiro mandato compartilhado no estado



A jornalista Carol Vergolino,a ambulante Jô Cavalcanti, a professora Kátia Cunha, a advogada trans Robeyoncé Lima e a militante Joelma Carla podem comemorar juntas. As cinco formam  o primeiro mandato compartilhado no estado. Elas conquistaram neste domingo, com mais de 38 mil votos, o cargo de deputada estadual pelo PSOL.

Com uma candidatura inovadora,  "Juntas" tinha cinco candidatas que compartilhavam apenas um número, deu certo. Segundo elas, a falta de representação motivou a candidatura conjunta delas. Elas fazem parte da coligação "A Esperança Não Tem Medo". 

A candidatura agrega diferentes bandeiras, mas tem como principal a participação das mulheres na política nacional e local.
Diario de Pernambuco

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Túlio Gadêlha eleito. Fátima Bernardes é só alegria

Fátima deu mesmo sorte ao amado, o novo deputado federal Túlio Gadêljha
Fátima deu mesmo sorte ao amado, o novo deputado federal Túlio GadêljhaFoto: Reprodução Instagram
A campanha intensa nas redes sociais surtiu efeito para Túlio Gadêlha, e, vamos combinar, o apoio da namorada famosa, a jornalista Fátima Bernardes, deu um up na imagem do político, até então sem cargos nos currículo. Ele finalmente conseguiu se eleger e é deputado federal por Pernambuco. Basta reparar no salto que ele deu na quantidade de votos de 2014 para cá. Há quatro anos, conseguiu 3495 votos; agora, mais de 70 mil.
Com informação de Folha de Pernambuco

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Paulo Câmara eleito governador de Pernambuco



Professor Edgar Bom Jardim - PE

João Campos é o deputado mais votado de Pernambuco


João Campos(PSB) já caminha para 450 mil votos.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Gleide Ângelo é a deputada estadual mais votada de Pernambuco



deputada Gleide Ângelo (PSB) nem precisou esperar o fim da apuração para comemorar a eleição para a Assembleia Legislativa do Estado (Alepe). Com quase 90% das urnas apuradas, ela já recebeu mais de 394 mil votos e se tornou a deputada estadual mais votada de Pernambuco

Leia também:
Primeiro boletim do TRE mostra Paulo Câmara com 60,48% dos votos


votação de Gleide chegou, durante a apuração, a superar até a de João Campos (PSB) – filho do ex-governador Eduardo Campos, que lidera a disputa a deputado federal no Estado. O número chega a ser quatro vezes maior que o do segundo deputado estadual mais votado neste ano – o pastor Cleiton Collins (PP), que busca a reeleição na Alepe

O bom resultado chamou atenção até de Paulo Câmara (PSB).Segundo a assessoria de Gleide Ângelo, o governador, candidato à reeleição, já telefonou para a futura deputada. Por isso, ela só vai comentar a vitória após a conversa com Câmara

Gleide Ângelo se tornou conhecida pelos pernambucanos por liderar a investigação de casos policiais de grande repercussão, como o da Operação Turbulência e o de Maria Alice Seabra. Na campanha, ela usou esse tema da segurança e reafirmou a intenção de combater a violência contra a mulher.

Folha de Pernambuco

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Votação em Bom Jardim: Paulo Câmara tem 9330 votos Armando 5854 votos



Professor Edgar Bom Jardim - PE