quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Bom Jardim recebe Do Sertão ao Litoral, A brincadeira é do Cavalo Marinho



O projeto DO SERTÃO AO LITORAL A BRINCADEIRA É DO CAVALO MARINHO – ANO I, tem por objetivo dar  continuidade a circulação da tradição do Cavalo Marinho, através da apresentação de 08 (oito) aulas-espetáculos respectivamente nos municípios de Triunfo, Arcoverde, Caruaru, Bom Jardim, Aliança, Lagoa de Itaenga, Recife e Abreu e Lima, através de exposição de  banners, mesa de debates e apresentação cultural do Cavalo Marinho Boi Pintado.
A atividade conta com a exposição de banners sobre a história da tradição do Cavalo Marinho, um bate papo com o Mestre Grimário e a pesquisadora Andala Quituche e apresentação cultural  do Cavalo Marinho Boi Pintado em circulação nas regiões de desenvolvimento do Estado de Pernambuco.
Estudantes das escolas EREM Justulino, EREM Dr. Mota Silveira, Raimundo Honório, Escola Mariana, Escola São Francisco de Assis serão beneficiados com as atividades do projeto.
Local: Centro Cultural Marineide Braz  – Bom Jardim – PE
Início: 14 horas | ENTRADA FRANCA
DIA: 24/08/2018 – INCENTIVO FUNCULTURA, FUNDARPE, Secretaria de Cultura de Pernambuco
Apoio Cultural: www.culturapopularpe.com.br – Prefeitura do Bom Jardim – Rádio Cult FM
Fonte: http://culturapopularpe.com.br/bom-jardim-recebe-do-sertao-ao-litoral-a-brincadeira-e-do-cavalo-marinho/
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Marina defende agricultura familiar



Em visita nesta quarta-feira (22) a uma cooperativa agroecológica no extremo sul da capital paulista, a candidata da REDE Sustentabilidade à Presidência, Marina Silva, defendeu a valorização da agricultura familiar. Marina lembrou que os agricultores familiares produzem mais da metade dos alimentos que vão às mesas dos brasileiros e geram 16 milhões de empregos.
“É fundamental que o poder público os ajude para que possam continuar produzindo, inclusive com os programas de aquisição de alimento e da alimentação de boa qualidade para as escolas. Isso ajuda os agricultores familiares a ter uma renda e vender adequadamente seus produtos”, disse a candidata.
Acompanhada de seu vice, Eduardo Jorge, Marina visitou a Cooperapas (Cooperativa Agroecológica dos Produtores Rurais e de Águas Limpas da região Sul de São Paulo), em Parelheiros, considerada uma das boas experiências desenvolvidas na área. A política de valorização do agricultor familiar é uma das propostas que integram as diretrizes do Programa de Governo da candidata.
Em funcionamento desde 2011, a cooperativa fornece alimentos para a prefeitura de São Paulo, feiras e restaurantes, e aposta no alimento orgânico como forma de transformar a relação de trabalho entre os cooperados. Marina ouviu dos agricultores reclamações sobre a falta de apoio ao setor, como regularização fundiária e escassez de crédito. “A gente quer se comprometer com a agenda da agricultura”, enfatizou a candidata.
Pesquisas
Sobre seu desempenho nas pesquisas eleitorais, Marina destacou que a campanha está dialogando com a sociedade e que cabe a ela fazer a diferença nas eleições de outubro. “A gente precisa dar um basta em tudo isso que está aí: no desemprego, na falta de apoio, principalmente para nossos agricultores”, afirmou.
Marina rechaçou a tese de que seria “herdeira” de votos de outros candidatos na disputa. “Eu não trato o voto das pessoas como se fosse uma herança. O voto do cidadão é livre e ele vai dar para aquele que achar que é melhor para o Brasil, olhando as propostas, vendo os propósitos e, principalmente, as trajetórias dos candidatos”, declarou.
Questionada sobre as oscilações na cotação do dólar, Marina criticou as interferências externas na disputa eleitoral. “O eleitor tem de ficar muito atento para não entrar na onda de qualquer artificialismo, direcionando para essa ou aquela candidatura. Democracia requer olhar para as propostas, olhar para o programa e principalmente, a coerência entre aquilo que se diz e aquilo que se faz”, observou.
Rede Sustentabilidade
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Eleições 2018:TSE aprova registros das candidaturas de Marina, Boulos, Amôedo e Daciolo


Por: AE


Por unanimidade, o plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou na manhã desta quinta-feira, 23, os pedidos de registro de candidatura de Marina Silva (Rede), Guilherme Boulos (PSOL), Cabo Daciolo (Patriota) e João Amoêdo (Novo). Ao todo, dos 13 candidatos à Presidência da República, cinco já tiveram o registro confirmado pelo TSE. 
Na última terça-feira, 21, a Corte Eleitoral aprovou o pedido de registro da chapa encabeçada por Vera Lúcia Pereira da Silva Salgado, candidata do PSTU na corrida ao Palácio do Planalto.

Atualmente, segundo o TSE, o pedido de registro de candidato a presidente da República com o maior número de contestações é o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso e condenado no âmbito da Operação Lava Jato.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Marina declama poema e defende escola integral no DF



A candidata da Rede à Presidência, Marina Silva, assinou nesta quinta-feira (23) uma carta de compromisso com a primeira infância, declamou um poema de autoria própria aos alunos e defendeu a escola integral.

O texto da carta, assinado em evento em uma escola pública de tempo integral do Gama (região administrativa do Distrito Federal), traz o compromisso de criação de um "Pacto Interfederativo pela Primeira Infância". A candidata já havia assinado o termo de compromisso eletrônico no dia 13 de agosto. "Nós sabemos que o que faz a diferença na vida de uma pessoa é a educação", afirmou a candidata.

A candidata defendeu a educação em tempo integral. "Se todas as crianças tivessem acesso a uma estrutura como essa isso se refletiria, se refletirá, no desenvolvimento dessas crianças", afirmou. Marina depois ouviu apresentação musical dos alunos, que tocaram a música tema do filme "Titanic", "My Heart Will Go On", de Celine Dion, e "Aquarela do Brasil". Ela foi acompanhada dos coordenadores de campanha e de candidatos da Rede no Distrito Federal.

Poema

Marina aproveitou a visita à escola para declamar um poema de sua autoria, prática que tornou comum nas duas primeiras tentativas de chegar à Presidência."A arte mesmo sem voz é profética, mesmo sem rima é poética", diziam os primeiros versos, que a ex-senadora explicou ter inspiração do quadro "O Grito", do norueguês Edvard Munch.

Para uma plateia de alunos de ensino fundamental, discorreu sobre a pintura: "Dizem que ele teve uma irmã que morreu de tuberculose e dizem que ele pintou o horror por que a natureza era mais forte que os seres humanos."

Ela relembrou a sua trajetória. "Até os 16 anos, eu nunca tinha ido numa escola", afirmou Marina, que só foi alfabetizada na adolescência. "A escola fez uma diferença enorme na minha vida e me levou até onde estou agora", disse.
Folha de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

As novas evidências 'definitivas' da Nasa para a existência de água na Lua

terra vista da LuaDireito de imagemGETTY
Image captionCientistas acreditam que gelo encontrado na Lua poderia ser transformado em água potável para ocupantes de uma base lunar, ou até ser usado como combustível de foguete
Uma nova descoberta confirma o que cientistas já haviam anunciado, mas ninguém nunca havia observado de maneira direta: há água em forma sólida na Lua.
Dados coletados pela missão indiana Chandrayaan-1, que explorou a Lua entre 2008 e 2009, estão sendo classificados por pesquisadores como "evidência definitiva" de que existe água em forma de gelo na superfície lunar.
Esses depósitos de gelo estão nos polos Norte e Sul do nosso satélite natural e, segundo cientistas, estão distribuídos de maneira fragmentada.
foto da Nasa mostra lua com pontos verdes, onde estaria o geloDireito de imagemNASA
Image captionImagem considerada a comprovação de que gelo foi encontrado nos polos norte e sul da Lua
Detalhes da descoberta foram divulgados na publicação acadêmica PNAS.
Um aparelho chamado Mapa da Mineralogia Lunar (M3) identificou reflexos de luz próprios do gelo. O M3 também foi capaz de medir como as moléculas de gelo absorvem luz infravermelha.

Água na escuridão

As temperaturas na Lua podem atingir 100ºC durante o dia, o que não oferece as melhores condições para conservar o gelo na superfície lunar. Mas, por causa da inclinação de cerca de 1,5 grau no eixo de rotação da Lua, há lugares em seus polos que não nunca veem a luz solar.
Os pesquisadores estimam que as temperaturas nas crateras que ficam permanentemente na escuridão não superam os 157ºC negativos. Isso criaria um ambiente favorável à existência de depósitos estáveis - por longo período - de gelo de água.
Essa descoberta apoia os resultados de algumas observações indiretas que previamente já haviam sugerido a presença de gelo no polo sul da Lua.
a luaDireito de imagemGETTY
Image captionO gelo é conservado onde não há luz
Segundo os autores desse novo estudo, se há gelo suficiente nos primeiros milímetros da superfície lunar, esta água poderia ser usada como recurso para futuras missões tripuladas à Lua.
Acredita-se, inclusive, que o gelo poderia ser transformado em água potável para os ocupantes de uma base lunar, ou "dividido" em hidrogênio e oxigênio para ser usado como combustível de foguete. O oxigênio dividido também poderia, tecnicamente, ser usado pelos astronautas para respirar.
Gelo de superfície já foi encontrado em outros corpos celestes do Sistema Solar, como o polo Norte do planeta Mercúrio e no planeta anão Ceres.
Fonte:BBC

Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Brasileiros que 'adotaram' venezuelanos doando passagem, comida, emprego e até aluguel


Neste ano, Joyce Simões 'adotou' os venezuelanos Hector Antuare (à esq.), Teoscar Ramon Mata e Luis Nelson BaenaDireito de imagemGUI CHRIST
Image captionNeste ano, Joyce Simões 'adotou' os venezuelanos Hector Antuare (à esq.), Teoscar Ramon Mata e Luis Nelson Baena.
Para Hector Antuare, venezuelano de 45 anos, o município paulista de Indaiatuba não era sequer um ponto no mapa. "Nunca tinha ouvido falar", diz. Ele saiu de sua cidade, Anaco, no Estado de Anzoátegui, no final do ano passado. Com ajuda de uma brasileira, foi parar no interior paulista, hoje sua casa e sua esperança de tentar mudar o destino da família que deixou para trás.
Longe de ser um sonho, o Brasil era, para Antuare, uma aposta às escuras. A fome sentou em sua mesa na Venezuela e de repente ele se viu desesperado. "Eu tinha duas opções: Colômbia e Brasil. Mas li umas notícias ruins sobre a Colômbia". Pegou um ônibus para Pacaraima, Roraima, onde no fim de semana um grupo de brasileiros atacou um acampamento de imigrantes e refugiados venezuelanos, destruindo seus pertences e os expulsando da cidade.
Antuare teve mais sorte com os brasileiros do que os compatriotas alvos do ataque: conheceu Joyce, que acabou virando uma espécie de madrinha mais nova. Ela o levou para Indaiatuba, paga o aluguel da casinha onde ele vive e até lhe arrumou um emprego. Mecânico de perfuração de petróleo na Venezuela, hoje Antuare trabalha lavando pratos em um restaurante. Para ele, diante do que viveu recentemente, está ótimo.
E não foi apenas ele que Joyce ajudou. Antuare vive com outros três venezuelanos em uma casa de quatro cômodos. Todos são auxiliados por um grupo de moradoras de Indaiatuba - cidade de 235 mil habitantes a uma hora de São Paulo -, que se autointitula "Amigas do Bem" e se organiza por meio do aplicativo WhatsApp. Elas se sentiram sensibilizadas pelas histórias de venezuelanos que, desesperados com a crise econômica e política por qual passa o país, largaram tudo e viajaram ao Brasil.
"Nós queríamos ajudar, mas não sabíamos como. Tivemos uma oportunidade e falamos: 'vamos? Vamos", conta Joyce, sentada em meio a centenas de cabides de roupas do brechó que administra na cidade. Em parte, o dinheiro que banca os quatro venezuelanos de Indaiatuba sai do que é vendido nesta loja. Outra parcela vem de doações de amigos e membros do grupo de WhatsApp. "Conversamos com as pessoas da cidade, que nos ajudaram de várias formas. Um doou uma coisa, outra achou uma casa, outra arrumou um emprego. E assim vai", conta.
O venezuelano Hector Antuare, em um brechó em IndaiatubaDireito de imagemGUI CHRIST
Image captionO venezuelano Hector Antuare, que chegou ao Brasil no ano passado, em um brechó em Indaiatuba, interior de São Paulo
Quem a aproximou dos venezuelanos foi a ONG Fraternidade Sem Fronteiras, que administra um centro de acolhimento para 300 refugiados e imigrantes em Boa Vista, cidade brasileira mais afetada pela onda migratória causada pela crise na Venezuela. Em média, o Brasil recebe 500 venezuelanos por dia - no domingo, foram 800.
O caminho brasileiro começa em Pacaraima, na fronteira com a Venezuela. Depois, chega a Boa Vista. Milhares de venezuelanos estão vivendo em abrigos ou acampamentos em ruas, praças e rodoviárias.
Em Boa Vista, com o número de imigrantes chegando a 10% da população, os serviços públicos estão sobrecarregados. Os postos de saúde acumulam filas enormes e as escolas estão lotadas. Há quase 2 mil venezuelanos morando na rua. A situação vem gerando estresse e conflitos violentos.
Em entrevista à BBC News Brasil, a prefeita de Boa Vista, Teresa Surita (MDB), afirmou que, se o governo federal não ajudar, a prefeitura "vai perder o controle da cidade."
Na segunda-feira, o governo de Roraima pediu ao Supremo Tribunal Federal o fechamento da fronteira com a Venezuela, o que acabou não acontecendo.

Venezuelanos fugindo da crise

Na mesma casa em Indaiatuba, vive Luis Nelson Baena, de 42 anos. Natural de El Tigre, também no Estado de Anzoátegui, ele viajou ao Brasil em setembro do ano passado. Deixou em casa a mulher e quatro filhos. "O salário que eu ganhava não dava mais para comprar um saco de arroz. Começamos a passar fome", diz.
Vizinho de quarto de Baena, Antuare conta história parecida. De repente, seu salário no setor petrolífero, que bancava saúde e educação de seus três filhos, passou a não comprar nem a comida da semana. "A situação econômica ficou desesperadora. A gente não sabia o que fazer. O jeito de fortalecer a família foi sair", diz.
Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a inflação na Venezuela pode chegar a 1.000.000% (um milhão por cento) em 2018. A alta constante e acelerada dos preços asfixia diariamente a população e dificulta a retomada do crescimento do país, que está submerso em uma profunda crise.
O venezuelano Luis Nelson Baena, em Indaiatuba (SP)Direito de imagemGUI CHRIST
Image captionO venezuelano Luis Nelson Baena deixou a família em El Tigre para tentar ganhar dinheiro no Brasil
No Brasil, Baena viveu nas ruas de Roraima por um mês. "Em Boa Vista, eu esperava dar 23h para pegar os restos de comida que uma padaria jogava fora. Vivi assim, amigo", conta, sentado na cozinha de sua casa em Indaiatuba. Depois, conseguiu um bico de carregador de caminhões e, no abrigo da Fraternidade Sem Fronteiras, arrumou uma passagem para São Paulo. Viveu alguns dias em um albergue em São Mateus, na zona leste paulistana.
Foi quando conheceu Joyce, que o levou para o interior, pagou seu aluguel e lhe arrumou um emprego noturno em um estacionamento. Hoje, Baena ganha R$ 1.500 por mês, a maior parte enviada à família na Venezuela. Ele não vê a mulher e seus quatro filhos há quase um ano.
A família se corresponde por meio de mensagens enviadas por Baena a uma vizinha da esposa. "Até comprei um celular para minha mulher. Ela usou por 20 dias, mas foi roubada. Nos falamos muito pouco", diz. "Meu sonho é trazê-los para o Brasil."
O mesmo sonho tem Teoscar Ramon Mata, de 29 anos, que deixou a mulher e três filhos pequenos em El Tigre. No dia da partida, ele pediu à esposa para não acompanhá-lo até a rodoviária. "Eu não queria viver aquela despedida. É um momento muito triste quando você deixa suas raízes para trás. Minha família estava passando fome e eu, de mãos atadas. Tive de fazer alguma coisa", diz.
Mata hoje mora em Indaiatuba. Atua como auxiliar de cozinha em um restaurante, trabalho arrumado por Joyce, a quem ele chama de mãe.

'Ajudar é uma questão de cidadania'

O médico venezuelano German (à esq.) foi ajudado financeiramente pelo engenheiro agrônomo Pedro Onofre, de BrasíliaDireito de imagemARQUIVO PESSOAL
Image captionO médico venezuelano German (à esq.) foi ajudado financeiramente pelo engenheiro agrônomo Pedro Onofre, de Brasília
O engenheiro agrônomo Pedro Onofre, de 46 anos, é outro brasileiro que resolveu ajudar imigrantes venezuelanos. Em maio, ele conheceu German, médico e ex-capitão do Exército do país. O ex-militar contou ter sofrido perseguição por participar da oposição ao governo de Nicolás Maduro.
Viveu por quase um ano em abrigos de Boa Vista e foi indicado ao engenheiro por um amigo.
Onofre emprestou uma casa para German viver por alguns meses, em Brasília. Depois, arrumou um emprego de auxiliar de logística para o imigrante em sua própria empresa. "Os imigrantes e refugiados chegam muito abalados por esse processo que é quase de expulsão do próprio país. Com o tempo, eles vão recuperando a autoestima", diz Simões.
O engenheiro ajudou o venezuelano a levar sete pessoas de sua família para Brasília - sua sogra também trabalha na empresa. "Ele tem ainda um filho pequeno que ficou na Venezuela, mas estamos tentando trazê-lo para o Brasil também", conta o engenheiro. "Eu o ajudo porque é uma questão de cidadania, um compromisso de humanidade."

'Você não pode generalizar'

Teoscar Ramon Mata, imigrante venezuelano em Indaiatuba (SP)Direito de imagemGUI CHRIST
Image captionTeoscar Ramon Mata hoje trabalha em um restaurante em Indaiatuba, cidade do interior paulista
Os três venezuelanos que conversaram com a BBC News Brasil em Indaiatuba disseram que sempre tiveram boas relações com brasileiros. Os conflitos foram poucos.
Mata conta que há alguns meses, em Boa Vista, foi acusado de roubo quando comprava comida em uma mercearia. "A funcionária disse que eu estava roubando. Chamei o gerente e pedi para eles verem as câmeras de segurança. Depois eles viram que eu não tinha feito nada", diz.
O ataque de brasileiros a venezuelanos em Pacaraima, no último sábado, ocorreu depois que um comerciante local foi assaltado e ferido por imigrantes. "Se um venezuelano faz algo errado, você não pode generalizar e achar que todos os venezuelanos são ruins. É a mesma coisa com brasileiros: se um te trata mal ou te agride, eu não posso acreditar que todos são más pessoas", diz Mata.
Baena faz reflexão parecida. "É claro que há venezuelanos que chegaram no Brasil e fizeram coisas ruins. Mas não é por isso que todos vão ser agredidos. As pessoas vieram para o Brasil porque estavam desesperadas, passando necessidades", diz.
Sua "madrinha", Joyce critica a ação dos brasileiros em Pacaraima. "Olha, quando conheci os quatro que vieram para cá, eles estavam desesperados para conseguir um emprego. Eles precisam ajudar as famílias que ficaram lá. Se cada brasileiro, ao invés de só criticar, fizesse alguma coisa para ajudá-los, talvez a situação melhorasse bastante", diz.
O engenheiro Pedro Simões, que ajuda imigrantes em Brasília, critica o que chama de "sentimento de intolerância" de parte dos brasileiros. "Estive em Boa Vista na semana passada e percebi que a intolerância vem crescendo muito. Presenciei situações de agressão e xingamentos em lugares com situação precária. Tudo o que acontece de errado na região, as pessoas culpam os venezuelanos", diz.

'Caminhar com as próprias pernas'

A farmacêutica Ana Lúcia Guimarães (à esq.) o casal de venezuelanos Yovantza e Luis, e sua filhaDireito de imagemARQUIVO PESSOAL
Image captionA farmacêutica Ana Lúcia Guimarães (à esq.) pagou a passagem aérea para o casal de venezuelanos Yovantza e Luis, e sua filha; também cedeu área para a família viver
A farmacêutica Ana Lúcia Guimarães, de 49 anos, também bancou financeiramente uma família de venezuelanos fugidos da crise.
Ela conta que se sensibilizou pela situação ao ver reportagens sobre refugiados na Europa. "Eu fui tocada, sabe? Senti uma dor muito grande e me coloquei no lugar deles. Ter de abandonar sua casa, sua família, é algo muito difícil. Resolvi ajudar", diz.
Voluntária na Fraternidade Sem Fronteiras, Guimarães tinha um galpão vazio em Goiânia, cidade onde mora. Com ajuda de amigos, mobiliou o espaço para receber uma família de venezuelanos.
Ela conheceu Yovantza, de 26 anos, e Luis, 27, em uma visita aos abrigos de Boa Vista. O casal tem três filhos, mas apenas uma garota viajou com eles ao Brasil. A farmacêutica pagou a passagem aérea da família de Roraima para Goiás.
Depois, matriculou a menina em uma escola e conseguiu empregos para o casal. Yovantza trabalha de doméstica, e Luiz, de auxiliar de padeiro. "Eles estavam há dois anos desempregados, passando necessidades mesmo", conta Guimarães. O sonho do venezuelanos é trazer os dois filhos que ficaram com a avó materna.
A farmacêutica brasileira diz que vai ajudar outras famílias de imigrantes. "Só estou esperando Yovantza e Luis se estabilizarem em Goiânia e caminharem com as próprias pernas. Eles vão conseguir", diz.
Professor Edgar Bom Jardim - PE