segunda-feira, 25 de junho de 2018

Brasil:Pesquisadores fabricam fogão solar para substituir botijão de gás


Fogão
Image captionProduzidos com sucata, o fogão transforma radiação solar em casa, criando efeito etufa para esquentar os alimentos
Num dos corredores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), um equipamento cheio de espelhos reflete a luz do sol. O objeto, que lembra uma antena parabólica, é um fogão solar.
Além dele, existem outras peças semelhantes espalhadas no ambiente. São protótipos de fornos, fogões e secadores desenvolvidos no laboratório de máquinas hidráulicas do curso de Engenharia Mecânica, coordenado pelo professor Luiz Guilherme Meira de Souza, que pesquisa a energia solar há 40 anos - 37 deles, na UFRN.
Os equipamentos, construídos com sucata, espelhos e outros materiais de baixo custo, podem ser alternativas viáveis para substituir o botijão de gás, assegura o pesquisador. Nos últimos 12 meses, o preço do botijão de gás aumentou muito acima da inflação e já consome até 40% das rendas das famílias mais pobres.
A ideia do fogão é simples: transformar a radiação solar em calor, criar um efeito estufa e usar esse calor para aquecer água, cozinhar, secar ou assar os alimentos.
Um dos experimentos, por exemplo, é um forno que teve um custo total de R$ 150 reais - valor equivalente a cerca de duas recargas de botijões de gás. O equipamento assou nove bolos ao mesmo tempo em uma hora e meia, somente com a energia captada da luz solar. Um forno convencional seria vinte minutos mais rápido, mas não teria capacidade para tantas assadeiras.
Idealizado pelo engenheiro Mário César de Oliveira Spinelli, 31 anos, o forno foi feito com MDF - uma chapa com fibras de madeira - espelhos e uma placa de metal, combinação de resina sintética com malha de ferro.
"A grande questão era: com essa área tão grande será que a gente vai conseguir assar todos os alimentos? Porque a carga também era muito grande. E a gente colocou e foi perfeito. Vimos que era viável", pontuou Spinelli, que fez da experiência seu objeto de mestrado na UFRN em 2016.

Sustentabilidade

Há cinco anos, o engenheiro Pedro Henrique de Almeida Varela também defendeu o tema "Viabilidade térmica de um forno solar fabricado com sucatas de pneus" em sua dissertação de mestrado na universidade potiguar. Além dos pneus, Varela também utilizou latinhas vazias de cerveja e uma urupema, espécie de peneira indígena, para fazer o protótipo solar.
Durante os testes, foram assados vários alimentos: pizza, bolo, lasanha e até empanados. O resultado foi satisfatório.
Fogão de energia solar, desenvolvido por pesquisadores da UFRN
Image captionPesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte conseguiram cozinhar uma série de alimentos no fogão com energia solar
"Quando eu fiz o primeiro bolo, eu comi e fiquei realizado. Porém, é uma decepção ser mais um projeto que ficou na prateleira da universidade. Mas só em saber que dá certo, deixa a pessoa com a sensação de que é uma alternativa viável feita com produtos que estavam sendo descartados."
Varela destacou na pesquisa que em países da África e da Ásia o governo tem incentivado o uso de fogões solares pela população para diminuir o consumo de lenha e os impactos ambientais.

Viabilidade

De acordo com o professor Luiz Guilherme, no Brasil, a Universidade Federal de Sergipe (UFS) conseguiu levar essa ideia para algumas comunidades pobres.
Afinal de contas, se há viabilidade econômica, técnica e ambiental, se o país possui condições climáticas favoráveis, por que os experimentos feitos na UFRN não saem das salas acadêmicas e ganham visibilidade e uso doméstico?
"A energia solar é uma energia social porque está disponível para todos, mas é a que menos tem investimentos porque o modelo de sociedade que nós temos sempre busca concentrar a energia e produzir pra vender e nosso trabalho não está na geração de energia pra vender", justifica o professor Luiz Guilherme.
Para o pesquisador, o produto poderia ser fabricado em escala se o Brasil investisse em pesquisas de tecnologia social. Mas os estudos que são realizados esbarram, na opinião dele, no desinteresse político, industrial e até acadêmico.
Fogão de energia solar, desenvolvido por pesquisadores da UFRN
Image captionPesquisadores enfrentam dificuldade financeira para manter estudos em energia solar

Sem investimentos

"As bolsas e pesquisas financiadas não existem para tecnologia social. No departamento de Engenharia Mecânica, por exemplo, como chefe do laboratório, eu não recebo verba pra sustentar esse trabalho", diz o professor Luiz Guilherme.
O dinheiro para custear os projetos, garante, é tirado do próprio salário e das bolsas de pesquisa dos alunos.
Há outra sobrecarga no setor. Desencantados com a falta de incentivo, muitos pesquisadores de energia solar redirecionaram seus estudos para outras áreas onde havia incentivo financeiro, como o petróleo.
Foi o que aconteceu na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que era a maior referência de energia solar no Brasil. "Lá tem pesquisadores de grande nome, de grande potencial nessa linha. Muitos deles migraram para outras áreas. Fazer pesquisa para pobre não dá dinheiro".
Apesar disso, as pesquisas no setor gerido pelo professor Luiz Guilherme continuam. Uma das últimas criações do laboratório de máquinas hidráulicas é um fogão com quatro focos construído com resíduos industriais e com fibras de juta, fibra têxtil vegetal utilizada nos sacos de estopa.
O pesquisador garante que é o único no mundo. "Esse fogão é inédito. A literatura não mostra outro. É uma criação nossa, de um aluno de pós graduação. Esse fogão permite cozinhar quatro tipos de alimentos ao mesmo tempo", assegura Guilherme.
É importante ressaltar que o fogão ou forno só funcionam satisfatoriamente em boas condições solares, das 09h da manhã às 14h. Alguns cuidados fundamentais também são necessários durante o manuseio, como o uso de óculos escuros para que a luz não reflita nos olhos.
Nenhum dos pesquisadores tem forno ou fogão solar em casa. Mas todos eles afirmam categoricamente que os produtos são efetivos e se predispõem a implantar projetos-pilotos em comunidades socialmente desassistidas.
"Um trabalho, um estudo existe. Está aqui a comprovação da viabilidade. Ela existe, está catalogada. A vontade de repassar estas tecnologias também existe. Eu nunca patenteei nada, nunca produzi pra ganhar nada, não é meu interesse. Eu não sou um empresário. Eu sou um professor", finaliza o pesquisador da UFRN.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 24 de junho de 2018

O machismo no espetáculo global

Resultado de imagem para machismo

Somos exportadores de machismo, atores de agitações inesperadas. É a nova revelação das redes sociais, indignadas com a ação de pessoas nada saudáveis.  Os vídeos circularam de forma provocante e vimos que há divisões. O machismo é um comportamento agressivo, mas cheio de adeptos. Não pense que houve uma grita geral.  Se existiu protesto, também apareceram os que falaram em tempestade em copo d’ água. É um alerta. Fala-se tanto em progresso, porém a ética continua minada. As comunicações balançam ensinamentos e a cultura escorrega quando se trata de exaltar a igualdade.
As permanências das relações entre novo e o velho continua fazendo misturas assustadoras. Estamos no século XXI, no entanto as práticas individualistas e insanas acompanham o ritmo da globalização. Os escândalos querem espetáculos coloridos, transmissões velozes, vitrines insuperáveis. Esperava-se a quebra de racismos, preconceitos, maior paz entre as culturas diferentes e multiplicidade de contatos que refizesse a comunidade internacional, O que se nota é o acirramento das disputas, os mercados desprezando os valores de solidariedade.
O machismo chama atenção, sobretudo, quando a luta das mulheres ganha corpo e espaço. Não é, apenas, produto nacional. Apesar das muitas revoluções políticas, o mundo não consegue superar certas concepções. Vale observar a situação opressiva  das mulheres , em muitos países, a existência de refugiados, as epidemias de fome, o crescente tráfico de drogas, os genocídios frequentes.Tudo isso revela que a história se ressente de ações conscientes e desejos que ampliem a proximidade afetiva. Conta-se a expansão do comércio, criam-se manipulações de dados, as revoluções não cumprem seus programas, sustentam fascismos e torturas.
A mediocridade tem sua cota, não há como impedi-la totalmente. A globalização assusta com sua rapidez, porém, há costumes que fixam hierarquias seculares. Os homens buscam manter privilégios, usam da violência e até mesmo de teorias ditas científicas. É claro que há reações. A mudez não é tão comum, pois o silêncio tem significados. Consagrar comportamentos degradantes desanima e afasta as possibilidades de transformar o cotidiano. Os eventos internacionais facilitam contatos e estimulam confrontos. É o lugar especial para se analisar as escolhas que a saciedade habilita. Moramos, ainda, numa história que gera incertezas que não prometem findar. A poluição é grande, o ar pesa e contamina.
Paulo Rezende. 

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Andrezza Formiga canta no Dia de São João em Campina Grande


Muito forró de qualidade no palco do "Maior São João do Mundo," neste domingo, Dia de São João, em Campina Grande. Andrezza Formiga, uma vozes mais talentosas do Nordeste, fará show mais uma vez nesta grande festa da cultura popular brasileira. Pinto do Acordeon, Novinho da Paraíba e Eliane também serão atrações da noite.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 23 de junho de 2018

Elas querem governar Pernambuco


PSol e PCB formam primeira chapa feminina no estado. Foto: Fran Silva / Divulgação
PSol e PCB formam primeira chapa feminina no estado. Foto: Fran Silva / Divulgação
Enquanto parte das siglas em Pernambuco faz articulações para fechar a composição dos candidatos da disputa majoritária, o PSol e o PCB já completaram a sua chapa, que será formada apenas por mulheres. O grupo, no entanto, tem vários desafios a superar. A começar pela ocupação na política de um espaço eminentemente masculino, conseguir se tornar visível ao eleitor – a sigla terá 15 a 20 segundos de tempo de televisão – e apresentar um programa de governo que vá além de uma pauta puramente feminista.

A chapa é formada pela pré-candidata ao governo do estado, a advogada, historiadora e professora, Dani Portela (PSol), e pela educadora social e cientista social, Gerlane Simões (PCB) que concorrerá como vice. Para o Senado, o PSol enfrentará as urnas com as pré-candidaturas de Albanise Pires, servidora concursada do Ministério Público Federal, e Eugênia Lima, mestre em Desenvolvimento Urbano pela UFPE. O grupo parece disposto a quebrar a lógica de que vencer a eleição no estado precisa de um DNA político. “A maioria das mulheres que está na política é filha de, mulher de, missionárias de determinadas igrejas. Não dá mais para não querer falar de política porque ela já entrou na nossa casa, no orçamento familiar, no hospital e na escola. Não podemos deixar que governem sem a gente”, enfatizou Eugênia Lima.

Segundo Dani Portela, por ser uma chapa feminina e feminista, elas precisam provar a capacidade duas vezes. “Nossa voz foi silenciada por muito tempo e somos invisíveis. Fomos invisibilizada durante séculos. Agora é nosso momento de fazer ecoar a nossa voz”, destacou. De acordo com ela, em todos os espaços de poder, as pessoas acabam reproduzindo a lógica de uma sociedade machista e patriarcal. “Sempre nos foi dito que o espaço público não era nosso, era eminentemente masculino. Nosso desafio é fazer com que a mulher entenda a importância da representatividade, que ela precisa eleger pessoas que atuem com pauta políticas específicas para a vida delas”, destacou.

Intuito é acabar com a hegemonia masculina na politica em Pernambuco. Foto: Fran Silva / Divulgação
Intuito é acabar com a hegemonia masculina na politica em Pernambuco. Foto: Fran Silva / Divulgação
Com a experiência de ter participado de três eleições anteriores, Albanise Pires acredita que a chapa formada apenas por mulheres sensibilizará o eleitorado feminino por meio do diálogo e a partir da realidade e do cotidiano. A pré-candidata do PSol ressalta que a chapa não é só para constar nesta eleição, como acontece em muitos partidos em que as candidaturas femininas são colocadas para cumprir a cota exigida pela Justiça Eleitoral. “Quando se fala em creche, escolas, moradia, hospitais e segurança pública estamos falando da realidade do eleitor. Temos propostas para as mulheres, mas não só para elas”, garantiu.

Na avaliação de Eugênia Lima, é preciso “desmasculinizar” a política e não adianta apenas trocar homens por mulheres se elas mantiverem a cultura de funcionamento masculinizada. “A política é feita de homens para homens. O desafio é enorme porque estamos num estado hiperconservador. Infelizmente nem todas podem se indignar e ir para a luta. Estamos dispostas a brigar por esse espaço”, avisou.

Discurso feminista 
 
Para o cientista político e integrante do Núcleo de Estudos Eleitorais e Partidários da UFPE, Hely Ferreira, a ênfase dada pelas candidatas majoritárias do PSol e PCB ao se apresentarem como uma chapa feminina e feminista dificulta a captação de votos. “Estamos numa sociedade patriarcal. Isso não se muda da noite para o dia. Quando se está no Poder Legislativo você pode representar determinado grupo, mas no Executivo se governa para todos”, advertiu. De acordo com Hely, não se pode pensar num só ideal numa eleição (pauta feminina). “Isso é um ponto positivo, mas, ao mesmo tempo, é preciso pensar que democracia se faz com pluralidade de ideias e não com ideologia única”, alertou. Ferreira avalia como prejudicial o fato do PSol levar o discurso feminista do começo até o final da campanha. “Elas terão que dosar isso. No quesito saúde vai pensar políticas públicas apenas para mulher? E o Homem? E como fica a segurança pública? Não é segmentando o discurso que conquista o eleitor, mas fazendo com que todos sejam partícipes no processo”, destacou.
Com informações de Diario de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Bom Jardim das Rosas Vermelhas e Forró Sem Pantim no Globo Repórter

O São João do Renascimento: natureza, gente sofrida, forte, gente de muita fé, esperança, cultura, trabalho e tecnologia sustentável. Nesta sexta, 22 de junho de 2018, Bom Jardim vai mostrar a luta, a garra, o talento de nossos artistas populares, representantes da identidade cultural do nordeste brasileiro. A cultura resiste com a força do povo.
A sanfona está tocando, o povo está dançando e a fogueira está queimando. A festa de São João está mais animada do que nunca e você vai descobrir o motivo nesta sexta-feira (22), no #GloboRepórter.
https://www.instagram.com/p/BkL_nSMlLnb/  

Professor Edgar Bom Jardim - PE

BRASIL - Professores relatam pânico em escola de aluno baleado no Rio: 'Você está no meio da aula e começa o desespero'



Protesto com camisa de menino atingido por disparoDireito de imagemAG. BRASIL
Image captionProfessor conta que é comum tiroteios interromperem suas aulas

Na manhã em que o menino Marcos Vinícius da Silva, de 14 anos, foi baleado na barriga a caminho da escola no Rio de Janeiro, o professor de História Alexandre Dias estava no meio da aula quando ouviu tiros cada vez mais perto – e correu com todos os seus alunos para buscar refúgio.
Em instantes, estudantes de todas as turmas do Ciep Operário Vicente Mariano estavam sentados ou deitados no corredor enquanto os tiros soavam lá fora, vindos, segundo relatos de professores e moradores, de um helicóptero da Polícia Civil que sobrevoava o Complexo da Maré durante uma operação no conjunto de favelas na zona norte do Rio.
"Os pais começaram a chegar desesperados procurando seus filhos, dizendo que o helicóptero estava atirando, que o asfalto estava com buracos gigantescos. Avós, tias, madrinhas chegaram nervosíssimos perguntando pelas crianças, alguns trêmulos, quase passando mal", conta Dias.
"Isso não é nada novo, acontece sempre. Mas alguns dias são mais desesperadores."
A operação realizada pela Polícia Civil na quarta-feira foi um desses dias. As cerca de 15 mil crianças e jovens matriculados nas 44 escolas da Maré estavam em aulas quando a ação começou, por volta das 9h.
Cenas de pânico se repetiram nos corredores de escolas, com crianças e professores chorando e pais chegando para levar os filhos para casa, arriscando sair apesar dos tiros que perfuravam asfalto, telhados, caixas d'água.

Protesto após morte de meninoDireito de imagemNALDINHO LOURENÇO
Image captionSob forte comoção e revolta de amigos e familiares, aluno foi sepultado no Cemitério São João Batista

Dias imediatamente liberou o uso de telefones celulares para que os alunos pudessem falar com suas famílias. Emprestou seu aparelho para alguns, enquanto buscava assegurar que todos permanecessem à vista – e que nenhum saísse para as áreas abertas da escola, onde estariam mais vulneráveis a tiros.
Marcos Vinícius, de 14 anos, se apressava para a escola vestindo o uniforme da rede municipal de ensino quando foi atingido. Ele era aluno do 7º ano.
"Ele gosta de brincar, conversar, é bem humorado", descreveu Klaus Grunwald, professor de música do Ciep, enquanto todos ainda aguardavam, apreensivos, notícias sobre sua recuperação. "Gosta daquela turma da bagunça, sabe? Aquela galera do fundão (da sala). Quando tem educação física, então, é uma festa. É um moleque, como outro qualquer."
O jovem morreu na noite de quarta-feira, depois de passar por uma cirurgia no Hospital Getúlio Vargas. A prefeitura decretou luto oficial de três dias e decidiu abrir as portas do Palácio da Cidade para o seu velório. Sob forte comoção e revolta de amigos e familiares, ele foi sepultado no Cemitério São João Batista, na tarde de quinta-feira.

35 dias sem aulas em 2017

Quando os tiros começaram, Alexandre Dias tinha acabado de começar uma aula sobre a Revolução Francesa e estava introduzindo os alunos aos pilares da igualdade, fraternidade, liberdade.
"É muito difícil. Você está no meio do dia de aula, está tudo normal e de repente começa o desespero. Acho até que os alunos encararam bem", considera ele, que dá aula para jovens de entre 13 e 15 anos. "Alguns choraram, mas a maioria conseguiu ficar tranquila. Os professores também ficaram no chão, alguns em desespero, outros conseguindo se manter calmos para controlar os alunos."

Alunos após ação da políciaDireito de imagemALEXANDRE DIAS
Image captionDe acordo com levantamento da ONG Redes da Maré, em 2017, os alunos ficaram 35 sem aula por causa da violência

"Nessas horas, nós (professores) seguramos as emoções para mantê-los calmos. Não podemos demonstrar fraqueza para os alunos", diz Grunwald, de 34 anos.
Em março deste ano, o professor de música participou de um curso de capacitação e primeiros socorros com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, voltado para professores que dão aula em áreas conflagradas. Ele integra um grupo de WhatsApp chamado Acesso Mais Seguro, que junta professores para discutir e ajudar a implementar planos de emergência em diferentes escolas.

Defasagem

Aulas interrompidas e canceladas durante tiroteios ou confrontos em operações policiais estão longe de ser uma raridade no Complexo da Maré.
De acordo com levantamento da ONG Redes da Maré, em 2017, os alunos ficaram 35 sem aula por causa da violência, na maioria das vezes durante operações policiais. Em 2016, foram 18 dias.
No longo prazo, as interrupções constantes trazem prejuízos "gigantescos" à educação dos alunos, que sofrem com atrasos nas matérias, evasão de professores e os traumas gerados por estar na linha de tiros – ou ver amigos caírem vítima de bala perdida, como ocorreu com Marcos Vinícius.
"Os impactos sobre o ensino são terríveis", diz Dias. "Os professores não conseguem avançar na matéria, e as aulas perdidas atrasam o calendário. Semana que vem, por exemplo, seria semana de prova. Agora, as avaliações provavelmente vão ser adiadas."
"Essas coisas vão minando os alunos. E minando também quem quer dar aula. Como eu sou da Maré, não fui minado. Gosto de dar aula aqui", afirma o professor de História, que tem 42 anos e é nascido e criado ali.
Ele diz que a evasão no corpo docente é um problema sério nas escolas do complexo.
"Muitos professores pedem transferência para outras escolas porque não conseguem conviver com isso por muito tempo. Ficam um tempo e depois não aguentam. É um rodízio constante de professores", afirma Dias.
Na quarta-feira, uma nova professora tinha acabado de chegar para o seu primeiro dia na escola, interrompido pelo tiroteio. "Sinceramente, não se ela vai voltar", afirma Dias.

'Sou aluno, não suje minha blusa de sangue'

A Polícia Civil afirma que a operação de quarta, realizada com apoio do Exército e da Força Nacional, foi uma força-tarefa para cumprir 23 mandados de prisão e "checar informações obtidas através do setor de inteligência".
Seis homens foram mortos pela polícia na operação. Segundo nota enviada à imprensa, policiais teriam sido recebidos com "intenso disparo de armas de fogo" durante cumprimento de mandados em duas residências.

Menina com cartaz em atoDireito de imagemNALDINHO LOURENÇO
Image caption'Sou aluno, não suje minha blusa de sangue', disseram estudantes durante protesto

"No confronto, seis criminosos foram feridos e socorridos, mas acabaram morrendo", diz a nota, acrescentando que a operação resultou na apreensão de oito fuzis e granadas e de uma "farta quantidade" de munição e de drogas.
No dia seguinte, o Ciep se manteve de luto. O dia letivo dos alunos foi substituído por protestos e pelo enterro de um colega.
De manhã, os estudantes marcharam do Ciep à Linha Amarela. Vestiam o uniforme escolar com manchas vermelhas pintadas na barriga, e a palavra "paz" pintada no peito. Faixas diziam: "Sou aluno, não suje minha blusa de sangue."
"O clima é de revolta", conta Dias, que acompanhou o protesto na Maré de manhã. "O ato foi muito forte, com alunos e professores chorando. Os alunos estão revoltadíssimos com a situação. Não sei como serão os próximos dias."
Na Linha Amarela, os estudantes tentaram interromper o trânsito para estender faixas, mas foram repreendidos por policiais militares. Segundo relatos e vídeos do local, PMs foram truculentos e intimidaram alunos e professores.
Um vídeo recebido pela BBC News Brasil mostra um PM dando uma paulada na perna de uma aluna no protesto, aumentando a revolta dos alunos.

'Qualquer um pode ser alvo'

Embora confrontos ocorram reiteradamente no complexo, a diretora da Redes da Maré Eliana Sousa e Silva diz que a "novidade" desta vez foi o uso de um helicóptero, conhecido como "Caveirão aéreo", como plataforma de tiro – o que já havia sido feito em outra operação na segunda-feira da semana passada.
A ONG contou 100 disparos feitos do helicóptero, numerados e circulados com tinta colorida por colaboradores na comunidade.
Para Silva, dar tiros do alto em uma área com 140 mil moradores significa aceitar que qualquer um pode ser alvo, em uma prática ilegal e "completamente inaceitável".

Estudantes com cartazes durante protestoDireito de imagemWL/CLUBE DO JORNAL DO OPERÁRIO VICENTE MARIANO
Image captionONG contou 100 disparos feitos do helicóptero, numerados e circulados com tinta colorida por colaboradores na comunidade

"Isso mostra um entendimento de que estamos em situação de guerra. Não conseguimos entender como o Estado se coloca de maneira tão violadora de direitos", condena. "Será que fariam isso no Leblon ou Ipanema?"
O Rio está sob intervenção na área de segurança pública desde fevereiro. O Gabinete da Intervenção Federal (GIF), procurado pela BBC News Brasil, não quis se pronunciar.
A Polícia Civil não comentou as denúncias de violações de direitos humanos, nem respondeu às críticas sobre os tiros dados do helicóptero.
A Delegacia de Homicídios da Capital abriu inquérito para apurar as circunstâncias de morte do rapaz. Questionada, a Secretaria de Segurança afirmou que não comentaria as críticas.
O professor Klaus Grunwald diz que os últimos três meses haviam sido mais calmos na comunidade. "Estávamos até surpresos."
Ele lamenta que as operações policiais acabem sendo a face mais visível do Estado na Maré, quando a comunidade e as escolas têm tantas carências.
"Faltam recursos humanos, faltam materiais, falta verba. O Estado não faz nada aqui dentro. Entrar para atacar a violência com mais violência não vai resolver os problemas", considera.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 21 de junho de 2018

Crianças traumatizadas:EUA detêm pelo menos 49 crianças brasileiras em abrigos


Brendan Smialowski / AFP
Brendan Smialowski / AFP
Pelo menos 49 crianças brasileiras foram separadas dos pais depois de entrarem nos Estados Unidos de maneira ilegal a partir do México. Enviadas a abrigos, elas estão detidas em diferentes Estados norte-americanos. O maior número, 29, está concentrado em Chicago, cidade que está a quase 2,5 mil km da divisa com o México. A criança brasileira mais nova é um menino de 5 anos, que está no Texas.

Segundo informações do Consulado do Brasil em Houston, um garoto de 8 anos tentou fugir ontem de um abrigo em Nova York, mas não teve sucesso. "Nós sabemos que as crianças estão traumatizadas", disse o cônsul adjunto na cidade texana, Felipe Santarosa. "Elas foram separadas dos pais e colocadas em um lugar no qual não conhecem a língua. Por mais que sejam bem tratadas, é uma situação muito difícil."

Além dos que estão em abrigos, há outros 25 menores brasileiros em um centro de detenção em San Antonio, no Texas, que estão acompanhados de suas mães - 21 no total. Santarosa disse que diplomatas brasileiros visitarão o local na próxima semana.

A informação sobre as 49 crianças que foram separadas dos pais foi enviada ao Consulado do Brasil em Houston na sexta-feira pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos do governo dos EUA. A separação familiar é fruto da política de "tolerância zero" adotada em abril pelo governo do presidente Donald Trump, pela qual todos os que tentavam cruzar a fronteira de maneira ilegal são processados criminalmente. Com isso, os pais passaram a ser enviados a prisões federais, que não têm acomodações para menores. Na quarta-feira, (20) o presidente norte-americano assinou um decreto que acaba com a política. 

Reação

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil divulgou uma nota na qual afirmou que a separação familiar é uma "prática cruel e em clara dissonância com instrumentos internacionais de proteção aos direitos da criança". O governo brasileiro disse esperar que o decreto de Trump leve à "efetiva revogação" da separação familiar.

Depois de Chicago, o maior número de crianças brasileiras detidas está em Phoenix, no Arizona. No abrigo Estrella del Norte há sete menores. Três são irmãos, de 8, 10 e 16 anos, cuja mãe está presa em uma cidade a 90 km de distância. 

Também há quatro adolescentes, um de 14 anos e três de 17 anos. O mais velho deles completará 18 anos no dia 24 e será transferido para um centro de detenção de adultos. 

O Consulado do Brasil em Miami, na Flórida, informou que há pelo menos um menor separado da família em um abrigo na cidade. 

A maioria dos pais está presa no Texas, um dos Estados preferidos pelos imigrantes que cruzam a fronteira de maneira ilegal. Santarosa disse que o consulado está tentando identificar todas as crianças e determinar o paradeiro de seus pais. O segundo passo é estabelecer contato entre eles.

A diretora do Departamento Consular de Brasileiros no Exterior do Itamaraty, Luiza Lopes, disse que uma das garantias que o governo brasileiro tem é o livre acesso às crianças que estão nos abrigos. 

"Nossa cônsul em Chicago visitou os menores várias vezes e fez a ponte deles com seus pais", afirmou. "Mas, por mais que se tente amenizar a situação, ela trará consequências psicológicas para as crianças, principalmente as que são mais novas", disse Lopes.
Com informações do Diario de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Roubo:Assaltantes explodem posto do Bradesco de Buenos Aires




Ladrões explodiram na madrugada dessa quinta-feira (21) mais uma agência bancária no Agreste. Desta vez, o posto de atendimento do Banco Bradesco, na cidade de Buenos Aires, a 79 quilômetros do Recife. Eles usaram dinamite para ter acesso ao dinheiro que estava no único caixa eletrônico instalado no posto. O impacto da explosão foi tão intenso que pedaços do equipamento e do teto da sala se espalharam por todo lado. A polícia não confirmou se os assaltantes conseguiram levar o dinheiro.
A Polícia está atrás dos quatro suspeitos de terem participado do crime. Os assaltantes teriam fugido em direção à cidade de Vicência. Uma equipe do Batalhão de Operações Especiais do Interior (Bopi) está fazendo rondas na região para tentar prender os suspeitos. Segundo a PM, um morador da cidade que trabalha numa padaria e estava indo para o serviço, na hora do assalto, chegou a ser feito como refém pelos bandidos. O homem foi obrigado a ficar sentado na calçada da rua em frente à agência bancária, enquanto os outros ladrões agiam dentro do posto de serviço do Bradesco. 
Peritos do Instituto de Criminalística já estão no local recolhendo amostras do que restou para análise. Os peritos também apreenderam dois puxadores das portas de entrada da agência, uma vez que havia vários fragmentos de impressões digitais. O objetivo é tentar identificar impressões dos suspeitos de terem cometido o crime.

O Sindicato dos Bancários de Pernambuco informa que com a explosão do posto do Bradesco de Buenos Aires já são 84 investidas contra bancos no estado este ano. Ao todo, são 34 explosões, 23 arrombamentos, oito estelionatos, dois sequestros e uma invasão. A maioria dos crimes ocorreu na área do Agreste (35), seguido do Sertão (21), Região Metropolitana (20) e Zona da Mata, com oito casos.
Com informações do Diario de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE