sexta-feira, 6 de abril de 2018

Lava Jato tem 17 réus soltos mesmo após condenação na 2ª instância

FELIPE BÄCHTOLD
DE SÃO PAULO
Ao menos 17 réus da Lava Jato já tiveram suas condenações confirmadas no Tribunal Regional Federal, como pode acontecer com o ex-presidente Lula no próximo dia 24, mas ainda não foram presos devido a recursos na própria corte.
Desde o início da operação, há quase quatro anos, apenas três acusados que estavam soltos tiveram a prisão decretada devido à conclusão de seus processos na segunda instância, situação que pode ocorrer com o petista, se os juízes da corte entenderem que ele é culpado.
Essa "antessala" da cadeia tem alvos conhecidos da Lava Jato, sendo o principal deles o ex-ministro José Dirceu, que conseguiu no Supremo Tribunal Federal no ano passado o direito de responder o processo em liberdade.
Dirceu foi condenado por Moro em 2016, teve a pena confirmada pelo Tribunal Regional em setembro e agora aguarda a conclusão de pendências de seu julgamento.

Esses embargos são encaminhados pelas defesas para questionar a decisão principal da corte, mas não costumam reverter o teor do que foi determinado. Ou seja: é improvável uma reviravolta no atual estágio, e o ex-ministro deve acabar voltando à prisão, mas não há um prazo.
Além de Dirceu, estão nessa situação o ex-sócio da empreiteira Engevix Gerson Almada, executivos da Mendes Júnior e Galvão Engenharia que chegaram a ser presos (mas agora recorrerem em liberdade) e o ex-assessor do Partido Progressista João Cláudio Genu, conhecido por ter sido condenado também no escândalo do mensalão.
Alguns deles respondem em liberdade graças a habeas corpus obtidos no Supremo –casos de Genu e Dirceu.
O número de casos só não é maior porque parte dos condenados recebeu penas pequenas, na qual não há obrigação de cumprimento de prisão em regime fechado, e porque dezenas de condenados são delatores que firmaram acordo com a Justiça. Eles estão em regimes alternativos de cumprimento de pena, como o domiciliar ou até o aberto.
Uma minoria já foi condenada em segunda instância, mas já estava presa preventivamente por ordem de Moro –caso do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, que é réu na mesma ação de Lula e em outros processos.
Além deles, há cerca de outras 25 pessoas em prisão preventiva (sem prazo determinado) sob ordem de Moro.
Desde 2014, o juiz já condenou 110 pessoas na operação –três delas foram absolvidas pela corte com sede em Porto Alegre.
Para Lula, o impacto maior do julgamento no Rio Grande do Sul neste mês deve ser sobre seus direitos políticos. Especialistas entendem que a confirmação da condenação pela segunda instância já é suficiente para enquadrar um candidato na Lei da Ficha Limpa, ainda que possa haver julgamento de embargos.
VAIVÉM
Conforme o entendimento do Supremo Tribunal Federal, é possível determinar o cumprimento da pena de prisão se o réu for condenado em segunda instância, mesmo que ele possa recorrer a instâncias superiores.
Nos casos da Lava Jato no Paraná, porém, isso só aconteceu pela primeira vez em agosto passado, após três anos e meio do início da operação. Márcio Bonilho e Waldomiro de Oliveira, ambos acusados de lavar dinheiro com o doleiro Alberto Youssef, foram detidos para que começassem a cumprir penas, respectivamente, de 14 anos e de 13 anos e 2 meses de prisão.
A ação penal tinha sido aberta em 2014, foi julgada na segunda instância no fim de 2016, mas os recursos se estenderam pelo ano seguinte.
Também em 2017, ocorreu a prisão do ex-executivo da OAS Agenor Franklin Medeiros após ter sua apelação rejeitada pelos juízes da segunda instância. Entre o julgamento do caso no TRF e a ordem para a prisão, passaram-se dez meses.
O trâmite tende a se alongar caso haja divergência entre os três juízes da oitava turma da corte, que analisam os casos da Lava Jato. Se o placar pela condenação for de 2 a 1, por exemplo, o réu tem o direito de pedir embargos infringentes, que serão julgados por um grupo de juízes da oitava e da sétima turmas.
O CAMINHO ATÉ A PRISÃO
Primeira fase
Se o réu não tiver prisão preventiva decretada, ele pode recorrer em liberdade, como acontece com o ex-presidente Lula, já sentenciado por Moro. No entanto, conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal, é possível decretar o cumprimento da pena de prisão já a partir da decisão da 2ª instância
Segunda fase
Na Lava Jato, os recursos vão para o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, com sede em Porto Alegre, que funciona como segunda instância da Justiça Federal do Paraná. Lá, os casos são julgados por três juízes da oitava turma da corte, o que ocorrerá com o ex-presidente petista no dia 24 de janeiro
Terceira fase
Ainda que o réu tenha a sentença confirmada nessa turma, ele pode entrar com recursos nesse próprio tribunal. Se o placar da turma tiver sido de 2 votos a 1 pela condenação, aumenta a possibilidade de recurso. Nesse caso, o réu pode encaminhar embargos infringentes, que serão julgados por um grupo de juízes da oitava e da sétima turmas da corte
Quarta fase
Somente após todos esses recursos serem julgados, a Justiça pode vir a determinar a prisão dos condenados
Na Lava Jato no Paraná, isso ocorreu até agora em dois processos, com três pessoas: Márcio Bonilho e Waldomiro de Oliveira, acusados de lavar dinheiro com o doleiro Alberto Youssef, e o ex-executivo da OAS Agenor Franklin Medeiros
folha.uol
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 5 de abril de 2018

Avião sai da pista no Aeroporto do Recife; voos são interrompidos



No início da tarde desta quinta-feira (05), uma aeronave agrícola de pequeno porte saiu da pista ao tentar realizar um pouso no Aeroporto Internacional do Recife/Guararapes - Gilberto Freyre. O acidente aconteceu por volta das 13h47. Apesar do susto, não há registros de feridos no caso.

Segundo a assessoria do Aeroporto, no momento da aterrissagem, o pneu do avião teria estourado, deixando a aeronave desequilibrada. O piloto realizou uma manobra de segurança e levou o avião para a parte de grama, que fica ao lado da pista de decolagem.

Com o acidente, a pista ficou impraticável para pousos e decolagens. Todas as operações que estavam programadas para a tarde desta quinta permanecem no aguardo de liberação.

A assessoria da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) informou que ainda investiga as circunstâncias do acidente e não emitiu mais informações sobre o ocorrido.

Fonte: Diário de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Lula foi capturado pela corrupção.Moro decreta prisão de Lula



LulaDireito de imagemREUTERS
Image captionSegundo despacho de Moro, Lula terá que se entregar à PF voluntariamente até 17h de sexta-feira

Menos de 24 horas depois de ter seu pedido de habeas corpus negado pelo Supremo Tribunal Federal, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve o pedido de prisão expedido pelo juiz federal Sergio Moro, responsável pela execução penal de réus no caso Lava-Jato.
O despacho de Moro foi divulgado quase simultaneamente a uma coletiva de imprensa da defesa do petista em que o advogado Cristiano Zanin Martins chegou a dizer que"não vemos risco nenhum de prisão (...). Já está definido pelo TRF-4 que não será expedido nenhum mandado (de prisão) enquanto não houver o término da jurisdição de Porto Alegre. E isso não ocorreu, então não há nenhum risco". "Nós não trabalhamos com essa hipótese (de prisão)". Após o despacho, Zanin ainda não se manifestou.
Em seu despacho, o juiz Moro afirma que " em atenção à dignidade do cargo que ocupou", dará a Lula a possibilidade de se apresentar espontânea e voluntariamente à sede da Polícia Federal em Curitiba. Se se entregar até às 17 horas desta sexta-feira, Lula não será buscado por agentes da PF.
A prisão ficará a cargo do delegado da Polícia Federal Maurício Valeixo, também Superintendente da Polícia Federal no Paraná. De acordo com Moro, um espaço reservado - a exemplo de salas do Estado Maior de quartéis para autoridades - foi especialmente montada para Lula na PF. Será ali que o presidente começará a cumprir a pena de 12 anos e 1 mês por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso tríplex. "O ex-presidente ficará separado dos demais presos, sem qualquer risco para a integridade moral ou física", assegura o juiz Moro no despacho.

O ex-presidente LulaDireito de imagemREUTERS
Image captionLula foi condenado em primeira e segunda instância

Lula foi condenado em segunda instância pelo Tribunal Regional Federal da 4ª. Região em um processo penal que afirma que o petista foi beneficiário de um apartamento tríplex no Guarujá (SP) como forma de propina paga pela empreiteira OAS. O TRF-4 ratificou a condenação do próprio Moro.
A prisão não era esperada até meados da próxima semana, quando, em tese seriam avaliados os últimos recursos da defesa do petista em Porto Alegre. No despacho, no entanto, Moro diz não ver necessidade de aguardar pela resolução de tais apelações. "Hipotéticos embargos de declaração de embargos de declaração constituem apenas uma patologia protelatória e que deveria ser eliminada do mundo jurídico".
O ex-presidente estava no Instituto Lula quando foi informado sobre o despacho, por volta das 18 horas desta quinta-feira, e se dirigiu para sua casa, em São Bernardo do Campo.

Repercussão

Líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), Guilherme Boulos convocou militantes para "resistirem democraticamente" na frente Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo. "Essa prisão é arbitrária, absurda, uma prisão política. Esse é um momento de todos e todas irem para São Bernardo para assegurar uma resistência democrática. Não dá para aceitar passivamente esse acinte. Mais uma vez o juiz Sérgio Moro age como chefe de partido político. Não vamos assistir passivamente esse absurdo".
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) também convocou sindicalistas para fazerem parte da vigília em frente ao sindicato dos metalúrgicos. "É necessário continuarmos resistindo, defendendo o maior líder político que este país já teve. Defender Lula é defender a democracia", escreveu a entidade, em nota.
Pegos de surpresa, lideranças petistas também se dirigiram para São Bernado do Campo para se reunir com Lula e decidir o que fazer amanhã. "Não esperávamos uma decisão tão rápida. Isso mostra como querem humilhar Lula", disse à BBC Brasil o senador Humberto Costa, um dos que participará do encontro.
Em sua conta no Twitter, o senador petista Lindbergh Farias também fez críticas ao juiz Sergio Moro. "Moro, alçado ao estrelato pra cumprir o papel de verdugo de Lula, conseguiu o que queria. Menos de 24 horas depois da sessão do STF, sai a ordem de prisão", escreveu. Com informações da BBC.

Como Lula passou as mais de 10 horas do julgamento de seu habeas corpus no STF


Militantes pró-Lula no Sindicato dos MetalúrgicosDireito de imagemAFP
Image captionMilitância aguardou Lula desde as 10h da manhã no Sindicato dos Metalúrgicos

O dia 4 de abril ganhou ares de excepcionalidade depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que nesta data seria julgada a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula nos próximos meses. Provocados pela defesa do petista, caberia aos 11 ministros decidir se ele deveria começar a cumprir em breve a pena de 12 anos e 1 mês estabelecida em segunda instância no processo do tríplex do Guarujá (SP) ou se poderia esgotar recursos judiciários longe da cadeia.
Em jogo, não estava apenas a definição sobre se Lula passaria a dormir e acordar em uma cela de algum presídio do país. Primeiro colocado nas pesquisas de intenção de voto para eleição presidencial de 2018, Lula pretendia ser o principal cabo eleitoral de si mesmo ou do candidato do PT ao pleito, correndo o Brasil para propagandear sua agenda e tentar retomar controle do Palácio do Planalto em 2018.
A importância da decisão para o futuro político movimentou milhares de pessoas às ruas de diversas cidades para se manifestar contra ou a favor do petista. Enquanto isso, Lula optou por voltar para o ponto de onde se projetou nacionalmente. No Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, ao lado de velhos e novos amigos, ele viveu cada uma das mais de 10 horas do julgamento do Brasília.
A BBC Brasil conta como ele passou por elas:
11h25 - Cercado por seguranças, Lula chega ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo - de onde decidiu, na última terça, acompanhar a sessão do Supremo Tribunal Federal. Sobe discretamente para o segundo andar, sem cumprimentar a militância de cerca de 400 pessoas, que aguardava desde as 10h da manhã no salão principal da entidade, bandeiras vermelhas em punho. O salão foi especialmente decorado com fotos históricas de Lula para a ocasião. As janelas dos corredores do segundo andar do sindicato, onde Lula vai assistir ao julgamento, foram forrados com tecidos, para esconder os movimentos do petista. Durante a manhã, Lula recebeu antigos líderes sindicais, como Djalma Bom e Expedito Soares, que entregam uma carta de apoio ao ex-presidente. Ele relembrou as greves que participou durante a ditadura militar.
12h20 - Enquanto Lula conversa a portas fechadas com Luiz Marinho, pré-candidato do PT ao governo paulista, uma banda embala a militância: "Eeeee, ooo, vida de gado, povo marcado, povo feliz." A ex-presidente Dilma Rousseff chega ao sindicato acompanhada do ex-ministro Miguel Rossetto e se junta ao padrinho.

O ex-presidente LulaDireito de imagemREUTERS
Image captionLula escolheu acompanhar julgamento em sindicato no ABC Paulista

Lideranças do partido insistem no discurso de que o PT não trabalharia com a hipótese de prisão de Lula. "Temos a confiança de que o Supremo vai ser o guardião da Constituição", diz Marinho, que saiu da sala para cumprimentar militantes no salão. "Eles cometeram um erro em 2016 (quando autorizaram a prisão após segunda instância). Agora é a chance de corrigir", diz, enquanto se prepara para tirar uma foto com duas crianças.
"Temos plena convicção de que o habeas corpus será acatado. Se não for, seguimos com a caravana", diz o ex-ministro Carlos Gabas.
13h - Um almoço - arroz, feijão e bife - é servido ao ex-presidente Lula e sua comitiva - Dilma, Marinho, os governadores Tião Viana e Wellington Dias, além de Gabas e Miguel Rossetto. Parte dos militantes almoça no restaurante do sindicato, no último andar, enquanto outra parte - composta, sobretudo, por pequenos agricultores - entoa um batuque sentada no salão.
13h40 - Pouco antes da sessão começar aliados do ex-presidente dizem que ele está tão tranquilo que encontra tempo para comentar o gol de Cristiano Ronaldo no jogo da Liga dos Campeões, na noite de terça. Sem revelar tensão com o julgamento, Lula teria demonstrado preocupação apenas com o comentário do comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, que na noite de terça-feira postou mensagens em que dizia ser contrário "à impunidade", em ato que foi interpretado por políticos e analistas como um constrangimento ao STF.
14h07- O STF atrasa sete minutos o início da sessão. A presidente Carmén Lúcia inicia o julgamento com um comentário de menos de dois minutos e às 14:10h, o relator Edson Facchin já falava.
Enquanto isso, o grupo de aliados e o próprio Lula ainda almoçavam. O ex-prefeito Fernando Haddad e o governador de Minas Gerais Fernando Pimentel tinham se juntado ao grupo um pouco antes. A mulher do presidenciável do PSOL Guilherme Boulos, Natália, também veio acompanhar o julgamento com Lula. Boulos, em viagem, não pode comparecer. Da família, está presente o irmão Genival Inácio da Silva, o Vavá.

Militantes pró-Lula no Sindicato dos MetalúrgicosDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionVoto de Gilmar Mendes foi festajado por militantes, que passaram a cantar: 'Lula, presente, eterno presidente'

14h30 - A banda que toca músicas nordestinas para de cantar para a transmissão do julgamento.
"Vim para assistir. Dói de ver, mas é melhor, né? A gente espera que tenha um bom resultado favorável", diz Antonio Lucivaldo Avelino de Lima, 50, metalúrgico da região do ABC. "Vai ser uma injustiça", diz, pessimista. Militantes soltam o coro: "Lula guerreiro, do povo brasileiro". "Assim não dá pra ouvir nada", reclama um ex-metalúrgico que tentava acompanhar o que diziam os ministros.
"A Rosa Weber vai votar a nosso favor", avaliava outro ex-operário, Francisco de Assis do Santos, 69, filiado ao PT desde a fundação. "Se o habeas corpus for negado a gente vai ficar meio desbaratado. Mas não vamos baixar a cabeça".
15h13 - A lenta leitura dos votos pelos ministros deixa a plateia mais entendiada do que apreensiva. Alguns bocejam. A única reação na primeira hora do julgamento é um muxoxo desaprovador que percorre o salão onde estão os militantes quando Gilmar Mendes critica o PT e o ex-ministro José Dirceu, dizendo que o partido gestou a "violência que está aí." Na última semana, ônibus da caravana do ex-presidente foi atingido por tiros, no Paraná. "Golpista", grita um militante mais exaltado na plateia, apenas para que o grupo volte a mergulhar num torpor na sequência.
Nem mesmo Lula se mantém vidrado na tela. "Ele está acompanhando alguns trechos mais importantes. Afinal quem tem paciência?", comenta um aliado.
15h57 - Em questão de minutos Gilmar Mendes vai de 'golpista' a ovacionado, quando antecipa voto em favor do habeas corpus a Lula. Os militantes pulam e a bateria começa a tocar. "Lula, presente, eterno presidente" gritam os manifestantes, agitando bandeiras de diversos grupos sociais - do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), do Levante Popular da Juventude e do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
Quando o julgamento entra em intervalo, o grupo abre uma roda no meio do salão pra declamar poesias. "Quando os opressores tiverem falado, hão de falar os oprimidos", diz um, antes de o grupo começar uma encenação de um cabo de guerra do "povo" contra o "poder do capital".
Na sala onde os líderes petistas assistiam a votação, a posição de Gilmar Mendes contribuiu para avaliação de que o julgamento estava indo bem."Lula continuou sereno. Ele disse: não vamos comemorar antes do final. Vamos esperar o final", disse Luiz Marinho, ao circular pelo salão minutos depois.

Militantes pró-Lula no Sindicato dos Metalúrgicos assistem a julgamento no STF no telãoDireito de imagemAFP
Image captionLula desistiu de assistir ao julgamento após voto de Barroso

16h37 - O julgamento recomeça, com o voto do ministro Alexandre de Moraes.
No primeiro andar, filiados do PCO (Partido da Causa Operária) distribuem folhetos em que se lê: "Sair às ruas contra a prisão de Lula".
O já esperado voto de Alexandre de Moraes contra o habeas corpus termina sem nenhuma reação dos militantes.
17h30 - Quando o ministro Luis Roberto Barroso sinaliza que votará contra Lula, a maior parte da plateia de militantes está conversando e prestando pouca atenção ao que se passa no Supremo.
Duas amigas discutiam um término de namoro. "É uma pena, porque você é uma pessoa legal, ele é uma pessoa legal. Pena que não deu certo."
Depois do voto de Barroso, Lula desiste de assistir ao julgamento. Vai para uma sala onde não há TV e conversa tranquilamente com Dilma, Haddad e outros amigos.
"Ele não parece estar muito interessado nos votos individuais. Quer saber do resultado final", diz um interlocutor do presidente.
Os dois votos - de Barroso e Alexandre de Moraes-, no entanto, não são surpresa para os petistas . "Já esperávamos. Esses aí não estavam na conta", diz uma liderança do partido.
A esperança entre eles está no voto de Rosa Weber, cuja postura ainda era uma incógnita nesse momento.
18h40 - Quando começa o voto de Rosa Weber - decisivo - Lula segue sem mirar a TV. É o quinto voto - de onze - e o ex-presidente está preparado para ficar até tarde no sindicato esperando o final da votação.
No salão, o voto da ministra não está sendo exibido. A militância é reunida no salão e Wagner Santana, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, orienta para que ninguém vá embora e garante que já estão providenciando o jantar para os apoiadores.
"Ao final, vamos precisar de todos vocês aqui. Quer o resultado seja bom ou ruim pra gente", diz ele, antes de ligarem novamente o telão.

Militantes pró-Lula no Sindicato dos MetalúrgicosDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionAo longo do julgamento, parte dos militantes foi embora

19h10 - Durante fala da ministra Rosa Weber, no entanto, parte dos militantes já vai embora.
19h27 - O voto de Rosa Weber é contrário ao habeas corpus de Lula. A militância ouve em silêncio. Há um clima de confusão. As vaias só vêm, esparsas, quando ela diz claramente que acompanha o voto do relator, Fachin. O clima no salão é de desânimo, não de revolta. Mais militantes vão embora.
Lula continua conversando com amigos em uma salinha sem TV. É avisado por vários petistas - que assistiam na sala ao lado - que o voto de Rosa Weber foi contrário a ele.
Diante do cenário, chances do ex-presidente agora são mínimas: entre os ministros que ainda devem votar, pelo menos dois - Luiz Fux e Carmén Lúcia - ja deram indícios de que sua posição é a favor da prisão em segunda instância.
20h20 - Durante a fala do ministro Luiz Fux, contrária ao habeas corpus, uma pizza e uma Coca-Cola são levadas pra o local onde Lula está. O salão onde se concentrava a militância vai se esvaziando - resta menos da metade das pessoas. Um pequeno grupo batuca e gritava alto para atrapalhar os repórteres de TV que tentavam entrar ao vivo.
21h - Amigos próximos de Lula começam a ir embora - entre eles o ex-presidente do PT Rui Falcão e o dirigente do Instituto Lula Paulo Okamotto. Lula continua no sindicato, mas seus assessores anunciaram que ele não iria se pronunciar - nem dar um oi à já escassa militância, nem falar com jornalistas.
22h36 - Diante da derrota de sua posição favorável ao habeas corpus do petista, o ministro Marco Aurélio, nono a votar no plenário do STF, acusa a presidente da Corte, Carmén Lúcia, de ter manobrado a pauta na semana passada, o que acabou resultando na negativa ao pedido de Lula.
Enquanto isso, em São Bernardo do Campo, ninguém entra ou sai da sala onde está Lula. No salão do sindicato, cerca de 50 militantes aguardam em silêncio o fim do julgamento.
23h30 - Faltando apenas dois votos para o fim do julgamento, fogos comemorando a aparente derrota do HC de Lula são soltos em um prédio de apartamentos próximo ao sindicato. Uma motociclista com capacete passa na rua do sindicato gritando "Lula na cadeia".
Lula se dirige à garagem e deixa o sindicato de carro, sem falar com ninguém. Um aliado resumiu: "Ele estava tranquilo. É obvio que no foro íntimo é possível que ele tenha ficado abalado, mas não demonstrou".
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 4 de abril de 2018

Do TRF 4 ao STF


Professor Edgar Bom Jardim - PE

I have a dream - Eu tenho um sonho - Quem foi Martin Luther King Jr?



"Eu tenho um sonho." Martin Luther King será sempre lembrado por seu famoso discurso e por seu grande sonho: negros e brancos vivendo em paz uns com os outros, liberdade e justiça sendo desfrutadas por todos os americanos, e seus quatro filhos vivendo em um país onde não são julgados pela cor da pele, mas por seu caráter.
Com tal ideal, King entrou para a história. Mais de 250 mil norte-americanos, incluindo brancos, acompanharam seu discurso durante a Marcha sobre Washington, em 23 de agosto de 1963. O objetivo de King era fortalecer os direitos dos negros e chamar atenção para os problemas cotidianos por eles enfrentados.
Com seu discurso e suas ideias, King inspirou os cidadãos, estimulando-os a imaginar uma coexistência mais justa entre negros e brancos. Ele próprio vivenciou a segregação racial desde cedo. Nascido em 15 de janeiro de 1929, em Atlanta, na Geórgia, sob o nome de Michael King Jr., filho de um pastor e de uma professora, ele passou grande parte da infância brincando com dois vizinhos brancos – até que um dia seus pais o proibiram de ver os amigos.
Mas King não se deixou abalar. Tanto na escola quanto nos estudos de Sociologia e na Teologia, ele brilhou, mesmo que, após sua morte, tenha vindo à tona que ele plagiou partes de sua tese de doutorado. Aos 17 anos, ele se tornou pastor assistente do pai em Atlanta. Tanto pai quanto filho tinham uma profunda fé em Deus, o que acabou manifesto em seus nomes.
Em 1934, King Pai viajou para Berlim para participar do Congresso Mundial Batista. Durante a viagem, ele aprendeu muito sobre o reformador Martinho Lutero e ficou fascinado. Ao voltar para casa, King Pai mudou seu nome e o nome do filho para Martin Luther King.
O filho não se interessava apenas por religião. Ele também lia Aristóteles, Platão e Marx e gostava particularmente dos escritos de Mahatma Gandhi. "Através do foco de Gandhi no amor e na não violência, descobri o método de reforma social que eu buscava", disse King. Em 1953, ele se casou com Coretta Scott Williams, com quem teve quatro filhos.
King se engajou de fato pela primeira vez depois que a ativista negra dos direitos civisRosa Parks foi presa em 1955 por se recusar a dar lugar para um homem branco em um ônibus público em Montgomery, no Alabama.
Por mais de um ano, King e outros ativistas boicotaram ônibus públicos. A resistência foi bem-sucedida: em 1956, a Suprema Corte proibiu a segregação racial no transporte público de Montgomery. No ano seguinte, King fez dezenas de discursos e escreveu um livro sobre suas experiências na cidade.
King também apoiou os integrantes das chamadas Freedom Rides (Viagens da Liberdade) na Geórgia, nas quais os negros se manifestavam em pequenos grupos e de maneira pacífica contra a segregação no espaço público.
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King na Marcha pelos Direitos Civis em Washington (Foto: Wikimedia)
Por fim, os protestos da população negra em todo o país acabaram por surtir efeito. Em junho de 1963, o então presidente, John F. Kennedy, apresentou a Lei dos Direitos Civis, que previa igualdade ampla e nacional. Um ano depois, após o assassinato de Kennedy, o novo presidente, Lyndon B. Johnson, ratificou a lei.
Apesar dos desdobramentos políticos, King e outros líderes de vários movimentos de direitos civis não desistiram de sua manifestação em Washington, programada para 28 de agosto de 1963. Caso contrário, o famoso discurso "Eu tenho um sonho" (I have e dream) de Martin Luther King em frente ao Lincoln Memorial provavelmente nunca teria acontecido.
Um ano depois, King recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Mas sua luta pela igualdade de direitos não parou por aí. A igualdade racial existia apenas no papel, razão pela qual ele organizou em 1965 as Marchas de Selma a Montgomery, no Alabama, a fim de chamar a atenção para a desigualdade entre brancos e negros quanto ao direito ao voto.
As marchas foram reprimidas pela polícia diversas vezes, mas acabaram alcançando a cidade vizinha. Na sequência, o presidente Lyndon Johnson mudou de ideia e se disse favorável a uma nova lei eleitoral. A Lei dos Direitos de Voto foi aprovada pelo Congresso no verão de 1965.
Enquanto isso, grupos violentos se organizavam sobretudo em cidades na Califórnia e nos estados do norte. Para eles, o progresso era muito lento. Desilusão e decepção se alastraram até que finalmente Malcolm X e o Partido dos Panteras Negras colocaram em xeque as ideias não violentas de Martin Luther King.
Mas King não desistiu. Seguindo o exemplo de Lutero, ele pregou, após um discurso em 1966, 48 teses na porta da Prefeitura de Chicago. Inicialmente, lá também houve resistência a King, que não deveria interferir nos interesses dos negros em Chicago. Mas King permaneceu firme. Do mesmo modo, suas mais de 30 detenções não o desviaram de sua convicção.
King não encontrou rejeição apenas entre a população. Durante anos, ele teve um relacionamento difícil com o FBI, o principal órgão investigativo do Departamento de Justiça. O FBI o interrogou, considerou-o comunista.
Além disso, os investigadores ameaçaram publicar informações privadas do ativista, incluindo suas infidelidades, se ele não parasse de fazer campanha pelos direitos civis dos negros. King acusou o FBI de não fazer nada diante da violência contra os negros.
Mas novamente King não se intimidou. O FBI não conseguiu interromper seu trabalho, somente James Earl Ray conseguiria tal feito. O racista diversas vezes condenado atirou em King no dia 4 de abril de 1968 na varanda de um hotel em Memphis, Tennessee. King tinha 39 anos de idade.
O assassinato provocou revoltas significativas em muitas cidades dos EUA. Um total de 39 manifestantes foram mortos, e cerca de 10 mil, presos.
Até hoje, King é considerado um herói da história norte-americana, e seus sonhos acompanham muitos negros nos Estados Unidos, incluindo sua neta Yolanda Renee King, que só recentemente apareceu em público.
No último dia 24 de março, durante a marcha pelas nossas vidas, em Washington, ela expressou seus desejos: "Meu avô sonhou que seus quatro netos não seriam julgados pela cor da pele, mas pelo caráter deles. Eu tenho um sonho de que já basta. De que este deveria ser um mundo livre de armas e ponto", disse a menina de nove anos, não muito longe do lugar onde o avô realizou seu famoso discurso.
Fonte:https://www.youtube.com/watch?v=fz_7luovxPc
Carta Capital
Professor Edgar Bom Jardim - PE