sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Traficante, 'primeira-dama' e ex-guarda-costas em guerra por poder na Rocinha: a visão de biógrafo de Nem


Danúbia Rangel
Image captionDanúbia é mulher e 'herdeira' de Nem | Foto: Reprodução/ Facebook

De um lado, o antigo guarda-costas e atual desafeto, que assumiu o poder do morro depois da prisão do mentor. De outro, a mulher do ex-chefe, condenada por tráfico, foragida, mas que, nas redes sociais, ostenta os cabelos pintados bem louros, o corpo bronzeado com biquínis e decotes, óculos escuros de grife e colares de ouro com pingente de coroa.
Ainda é cedo para concluir que a disputa de poder na Rocinha, zona sul do Rio, e a violência detonada na área, que culminou em novo tiroteio na manhã desta sexta-feira e com a decisão de intervenção do Exército, tenham sido ordenadas pelo traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, vulgo Nem, de dentro de uma prisão de segurança máxima, considera o jornalista britânico especializado em crime organizado Misha Glenny.
Mas o racha interno e a crescente tensão entre a mulher e "herdeira" de Nem, Danúbia Rangel, e seu ex-aliado e sucessor, Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, precedem o conflito, em uma disputa de protagonismo que pode ajudar a explicar o embate - que gerou fortes tiroteios e imagens de guerra de domingo para cá na maior favela do Rio.
Glenny conta a história de Nem no livro O Dono do Morro: um homem e a batalha pelo Rio (Companhia das Letras), lançado no ano passado.
Em entrevista à BBC Brasil, ele considera que ainda há lacunas a se preencher sobre o papel que o ex-chefe do morro, preso em 2011 e atualmente em um presídio de segurança máxima em Porto Velho, Rondônia, teve no episódio.
Mas diz que Nem continua sendo "extremamente influente" na Rocinha e que Danúbia vinha buscando maior protagonismo na comunidade, com uma divisão de forças entre ela e Rogério 157.
"Claramente havia muita tensão entre o Rogério e a Danúbia. A única coisa que eu ainda não entendi é se a Danúbia estava agindo motivada por sua própria ambição, ou se estava representando, de fato, o Nem", considera Glenny. "Eu suspeito que se trate mais da primeira opção, mas essa é só uma interpretação minha."

O jornalista Misha Glenny
Image captionGlenny aponta para tensão entre Danúbia e Rogério 157, ex-aliado de Nem | Foto: Divulgação/ Ivan Gouveia

Danúbia teria sido expulsa da Rocinha a mando de Rogério, e ambos estão foragidos. Ela, porém, parece se manter ativa nas redes sociais, onde, na segunda-feira, em uma conta que acredita-se ser dela, gabou-se de um perfil publicado no jornal O Globo. Postou o link da matéria destacando um trecho que a compara com a Bibi Perigosa vivida por Juliana Paes na novela A Força do Querer. "Viu só como estou poderzão ainda?", escreveu com um emoji de sorriso escancarado.
Na semana anterior, essa conta postou um panfleto do disque-denúncia com sua foto e de outras mulheres procuradas pela polícia, fazendo troça: "Eu e minha coleguinhas bombando por aí", diz, ao lado de carinhas chorando de tanto rir.
Glenny diz que Danúbia não é muito popular na Rocinha, sendo uma "forasteira" que veio da Maré, complexo de favelas na zona norte do Rio. Teria autoridade na favela não por sua personalidade, mas por ser mulher de Nem, tornando-se uma rara liderança feminina no mundo do tráfico - que lhe rendeu a alcunha de "Xerife da Rocinha". Ela é a quarta esposa de Nem - que, segundo Glenny, sempre se mostrou "muito apaixonado" por ela. Antes, foi mulher de dois traficantes na Maré, ambos mortos pela polícia. Daí também o apelido de "viúva negra".
No domingo, a Rocinha foi invadida por dezenas de traficantes de morros como o São Carlos e o Vila Vintém, favelas controladas, assim como a Rocinha, pela facção criminosa conhecida como Amigos dos Amigos (ADA). O bando estaria, a pedido de Nem - segundo os jornais -, tentando tomar o controle das mãos de Rogério 157, em uma disputa interna da favela por integrantes da mesma organização.
Glenny, que se encontra em Londres, diz que segue acompanhando de perto a escalada de violência no Rio e considera que os governos estadual e federal tem sido "incapazes" de lidar com a guerra de facções no Rio, que as Unidades de Polícia Pacificadora só continuam existindo "no papel" e que o envio do Exército para o Rio "não teve qualquer impacto na redução da criminalidade".
Leia abaixo os principais trechos da entrevista.
BBC Brasil - O seu livro narra desde a ascensão de Nem a "dono do morro" à sua prisão em 2011. Ele agora está em um presídio de segurança máxima em Rondônia - que papel você acha que ele desempenhou nessa disputa?
Misha Glenny - Citando fontes da polícia e do sistema prisional, os jornais dos últimos dias têm dado como certo que Nem comandou a invasão da Rocinha através da Danúbia (Rangel, sua mulher). Para mim, isso ainda é uma questão em aberto. Não digo que não aconteceu, mas não está comprovado.
O Nem continua sendo uma figura incrivelmente influente e popular na Rocinha, e as pessoas o ouvem muito, mas não sabemos ainda até que ponto ele está envolvido.
Se a ordem partiu dele, para quem teria dado a mensagem? Desde o início do mês ele não teve visitas da família, e só na terça desta semana foi visitado por seu advogado.

Postagem de conta atribuída a Danúbia no Facebook
Image captionDanúbia, que aparece em conta no Facebook que seria sua, é a quarta esposa de Nem | Foto: Reprodução/Facebook

BBC Brasil - Sempre vemos disputas entre facções rivais no Rio, mas o que parece notável neste caso é que a disputa é entre integrantes da mesma facção (a ADA). O que precipitou esse conflito interno?
Glenny - Na última vez que estive no Rio, em dezembro, já tinha havido um racha entre a Danúbia e o Rogério (Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, sucessor de Nem no comando do tráfico da Rocinha). A Danúbia havia criado seu próprio bonde e tinha seus próprios seguranças. E havia um terceiro protagonista nessa história, o Perninha (Ítalo Jesus Campos), que era braço direito do Nem e foi assassinado no dia 13 de agosto (investigações apontam que Perninha planejava tomar a favela a mando de Nem). Há indícios de que ele estava se aproximando da Danúbia, queria abrir suas próprias bocas de fumo, e por isso foi assassinado.
Então antes de se falar em uma ofensiva comandada pelo Nem a partir da prisão, é preciso considerar que já havia essa disputa interna dentro da Rocinha. Havia divisões internas, com a Danúbia aparentemente querendo ter mais protagonismo, e a comunidade se dividindo sobretudo entre ela e o Rogério.
BBC Brasil - A Danúbia agora está foragida e teria sido expulsa da comunidade pelo Rogério. Qual é a importância e o papel desempenhado por ela na Rocinha? Você a conheceu?
Glenny - Eu conheci a Danúbia. O Antônio (Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem) sempre me deu a entender que é muito apaixonado por ela. Ela é sua quarta esposa e se tornou uma figura muito poderosa na Rocinha, embora não seja muito popular na comunidade.
Sua autoridade vem do fato de ser casada com o Nem, não de sua personalidade. Ela vem do Complexo da Maré, é uma forasteira. E, sobretudo, é uma mulher. Do ponto de vista sociológico, sua história é muito interessante. A tradição no tráfico de drogas no Rio não é particularmente amigável a mulheres. E certamente não em posições de liderança. Então é uma situação incomum.
Claramente havia muita tensão entre o Rogério e a Danúbia. A única coisa que eu ainda não entendi é se a Danúbia estava agindo motivada por sua própria ambição ou se estava representando de fato o Nem. Eu suspeito que se trate mais da primeira opção, mas essa é só uma interpretação minha.
BBC Brasil - Como a operação da ADA se distingue das outras? Há muito foco na personalidade dos líderes, como vemos até hoje na influência da figura do Nem, mesmo preso desde 2011?
Glenny - A ADA nasceu com muito sangue, a partir de uma ruptura no Comando Vermelho (CV) nos anos 1990, que se deu com muitas mortes. É a mais jovem facção das três (cariocas). Quando o Nem assumiu o controle da Rocinha, ele adotou o estilo de um de seus antecessores, o Lulu (Luciano Barbosa da Silva, que chefiou a comunidade antes dele e foi morto pelo Bope em 2004).
A sua marca foi usar menos violência e se concentrar mais em corromper a polícia e construir uma rede de serviços sociais para assegurar o apoio da comunidade. Essa é uma das marcas da ADA, mas em outras favelas a facção é mais violenta, por causa das ameaças do CV e do Terceiro Comando Puro (TCP).
A desvantagem é que a Rocinha é uma das maiores, se não a maior, distribuidora de cocaína do Rio. É muito valorizada e disputada. Por outro lado, é uma comunidade difícil de invadir se você não tem apoio interno e um contingente grande o suficiente.

A favela da RocinhaDireito de imagemREUTERS
Image captionSegundo jornalista, Rocinha é uma das maiores, se não a maior, distribuidora de cocaína do Rio

BBC Brasil - Nos últimos dias, moradores da Rocinha disseram que o Rogério vinha impondo a cobrança de taxas por serviços como distribuição de gás, métodos associados a milícias. Você acha que o Nem poderia querer tirá-lo por isso?
Glenny - Como eu disse, não estou certo de que o Nem estivesse ativamente tentando se livrar dele. Não temos provas disso ainda. Mas certamente o Nem não aprovaria a troca do modelo que ele implementou por outro mais adotado pelas milícias, contrariando o que foi tradição na Rocinha nos últimos 18 ou 19 anos.
Depois de um período muito violento entre os anos 1990 e o começo dos anos 2000, a Rocinha teve o que os moradores consideram seus anos de ouro, com o sistema introduzido por Lulu e seguido e ampliado por Nem.
O Rogério não se fez nenhum favor ao impor novas taxas de pagamento aos moradores, cobrando taxas para mototaxistas operarem, pela distribuição de gás, esse tipo de serviço. Há muita insatisfação dentro da Rocinha com o Rogério e com a maneira como ele vinha chefiando a favela.
BBC Brasil - Você teve uma série de conversas com o Nem nas entrevistas que deram origem ao seu livro. Como o descreve?
Glenny - Eu passei um total de 31 horas com ele. O Nem é uma pessoa que não age espontaneamente. Ele pensa muito antes de tomar qualquer decisão e gosta de discutir as opções com outras pessoas. Fica ansioso no processo, mas quando chega a uma decisão tende a levá-la adiante. Ele é calmo.
Se tivesse tido uma educação melhor, acho que seria uma empresário bem-sucedido, porque tem carisma e sabe tomar decisões. Mas a tese do meu livro é que ele se permitiu ser preso porque achou excessiva a tensão de ser dono do morro.
BBC Brasil - Você diz que tem estado em contato constante com moradores da Rocinha. Que sensação que eles têm te passado?
Glenny - O sentimento é de preocupação generalizada. As pessoas estão extremamente assustadas e apreensivas. Não sabem como a situação vai se desenrolar, mas sabem que ainda não terminou.
Está na natureza dos conflitos em favelas que, quando eles acontecem, explodem sem aviso prévio. Podem ocorrer a qualquer hora. Os períodos de disputas podem ser longos ou curtos, mas eles geralmente são sangrentos. Isso está na memória coletiva da Rocinha. E quando você tem tiroteios dentro de uma favela, as chances de danos colaterais são enormes.
E o pano de fundo é que, como todo mundo sabe, o Estado não está funcionando direito. Isso cria muita tensão para a polícia. Nas imagens de domingo, vimos que os policiais da UPP estavam se escondendo e evitando confronto.

Postagem de Danúbia no Facebook
Image captionEsposa de Nem aparentemente se mantém ativa nas redes sociais e faz piada com sua situação criminal | Foto: Reprodução/ Facebook

BBC Brasil - Que tipo de mensagem isso transmite para os criminosos?
Glenny - Significa que o Estado está cedendo o monopólio da violência para os traficantes na favela. É difícil não sentir raiva da administração Sérgio Cabral (ex-governador do Rio, preso em Bangu e condenado nesta semana a 45 anos de prisão por um esquema que teria movimentado R$ 220 milhões em propina entre 2007 e 2014).
Quando Cabral era governador, o Beltrame (o ex-secretário de Segurança Pública José Mariano Beltrame) fez um bom trabalho em estabelecer a UPP policial. E o governo do Rio falhou consistentemente em investir em uma UPP social. Esse era o combinado, com as UPPs você teria a polícia nas favelas e a partir daí incrementaria o investimento social nas comunidades.
Mas esse investimento social nunca aconteceu, e isso levou o Estado a perder ainda mais credibilidade nas favelas. Atualmente o governo do Estado, do (governador Luiz Fernando) Pezão, do (secretário de Segurança) Roberto Sá não tem qualquer credibilidade dentro das favelas, porque as UPPs já não existem mais, a não ser no nome.
BBC Brasil - Essa crise é o pano de fundo para o confronto que estamos vendo na Rocinha?
Glenny - Há dois panos de fundo que precisam ser considerados. O primeiro é a instabilidade nas relações entre o Comando Vermelho (CV), o Terceiro Comando Puro (TCP) e a Amigos dos Amigos (as três maiores facções criminosas do Rio), e o papel que o Primeiro Comando da Capital (o PCC, fundado em São Paulo) vem desempenhando no Estado.
O PCC está envolvido nessa luta entre as facções, fornecendo armamentos à ADA e ao TCP. Você deve lembrar as rebeliões que explodiram nas prisões neste ano, incluindo decapitações. Foram fruto de uma disputa entre o PCC e o Comando Vermelho. E uma das formas de o PCC atingir o CV é fortalecendo seus inimigos, fornecendo armas para suas facções rivais no Rio.
O outro contexto importante é o colapso absoluto das UPPs. É aqui que vemos o verdadeiro impacto da falência efetiva do Estado do Rio. Não há recursos para segurança, e a ajuda federal, com o envio do Exército para o Rio, não teve qualquer impacto na redução da criminalidade. A comunicação entre as lideranças militares e as polícias do Rio é atroz. Não há uma estratégia de segurança integrada.
O Rio enfrenta uma crise econômica e política severa, há enorme tensão em Brasília com a Lava Jato, há o escândalo da JBS, há tudo isso ao mesmo tempo. Estamos vendo uma guerra de facções irromper, que considero ainda pequena - mas as instâncias estaduais e federais são incapazes de lidar com ela.

Danúbia Rangel posa para foto
Image captionSegundo britânico, na Rocinha Danúbia é vista como forasteira | Foto: Reprodução/Facebook

Tradicionalmente, e particularmente desde que o Nem passou a chefiar a favela em 2005, a Rocinha tem níveis de criminalidade e homicídio muito mais baixos que outras favelas. Se as coisas estão ruins na Rocinha, você sabe que a situação é grave.
BBC Brasil - No ano passado, quando você esteve na Flip, você considerou que o Rio não teria problemas de segurança até as Olimpíadas, mas depois disso a coisa tendia a piorar.
Glenny - A Olimpíada foi um buraco negro de atividades corruptas. Quando a Copa e a Olimpíada passaram, ficou evidente que o Brasil tinha navegado nos preços altos das commodities sem fazer melhorias estruturais à economia e ao sistema político. Então a Olimpíada pôde ser vista pelo que foi: uma brincadeira muito danosa à cidade do Rio de Janeiro.
A UPP foi introduzida em parte para mostrar para o mundo lá fora que o Rio seria uma sede segura para os jogos. E muitos diziam que quando a atenção internacional se desviasse, a situação se deterioraria rapidamente. E é isso que estamos vendo.
BBC Brasil - Você vê alguma saída para o problema?
Glenny - No momento, temos a atuação do Exército no Rio, mas isso não resolve o problema. A solução é colocar as finanças do Rio nos trilhos e adotar políticas sérias - na verdade, acho que o Brasil precisa considerar seriamente a descriminalização e legalização da posse de drogas por uso pessoal, seguindo o exemplo de outros países do continente americano.
Isso não vai resolver o problema do varejo de drogas, mas vai tirar uma quantidade enorme de pressão de cima da polícia, em um momento em que a polícia precisa de apoio, dada a instabilidade da situação.
BBC Brasil - Depois de passar tanto tempo fazendo pesquisa na Rocinha, como você se sentiu ao ver as imagens dos conflitos nos últimos dias?
Glenny - Não fiquei surpreso. Mas fiquei muito entristecido. E apreensivo por estar longe. Gostaria de estar lá para acompanhar melhor o que está acontecendo e tentar comunicá-lo para o resto do mundo, porque não tem a atenção que merece.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Rocinha em pânico

Operação na Rocinha RJ (Foto:  Fábio Guimarães / Extra / Agencia O Globo)
A favela da Rocinha vive dias de pânico desde o domingo passado (17), quando mais de 50 bandidos armados com fuzis invadiram a comunidade para tomar o poder de traficantes rivais. Localizada na Zona Sul do Rio de Janeiro, a Rocinha é uma das maiores favelas do Brasil, com 70 mil habitantes, e abriga alguns dos pontos mais rentáveis de venda de drogas. O tiroteio de cinco horas deixou muros, casas e carros crivados de bala. Em número inferior, os policiais da Unidade Polícia Pacificadora (UPP) se esconderam. A polícia só iniciou a caçada aos bandidos no dia seguinte. Prendeu R., de 19 anos, que estava com duas granadas e roupas camufladas em sua casa na parte alta da favela. Ele resolveu colaborar e, numa espécie de delação, deu os nomes de boa parte dos invasores. Com base no relato e nas informações da UPP, a Polícia Civil apontou que a ordem para o ataque partiu do traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, conhecido como Nem, preso desde 2011, atualmente no presídio federal de segurança máxima em Rondônia, a 3.500 quilômetros de distância da Rocinha.
O relato de R. levou a Justiça a decretar a prisão de 11 acusados de integrar o bando. A medida também alcança Nem, já enclausurado, que passará a responder a mais um processo, além das condenações a 96 anos de prisão que já tem. A polícia segue atrás de outros envolvidos com a ajuda de R. “Seu relato trouxe um substancial norte à investigação”, diz documento da Justiça.

Como os invasores ainda não foram presos, os tiroteios continuam a aterrorizar a comunidade. Na manhã desta sexta-feira (22), uma intensa troca de tiros fechou as principais vias que ligam a Zona Sul à Zona Oeste da cidade. Moradores se jogaram no chão para se proteger de balas perdidas. Os bandidos lançaram uma granada contra os policiais, mas a bomba não explodiu. As ruas da região ficaram desertas. Escolas, postos de saúde e creches fecharam as portas. O governador Luiz Fernando Pezão pediu socorro às Forças Armadas, que enviou 950 militares para fazer um cerco à comunidade.
Pivô da guerra na Rocinha, Nem comandou o tráfico na favela de 2007 até novembro de 2011, quando a PM o capturou no porta-malas de um Corolla preto no qual tentava fugir. A comunidade estava prestes a ser retomada dos bandidos com ajuda dos tanques da Marinha. Foi a mais importante prisão no processo de pacificação das favelas cariocas. Agora, o violento traficante impõe uma derrota à pacificação ao levar terror à maior comunidade com UPP.
Documento da Justiça Federal de Rondônia mostra que, pelo menos desde maio de 2015, a Secretaria de Segurança Pública sabia que Nem transmitia ordens de dentro do presídio para bandidos ainda em liberdade na Rocinha. O serviço de inteligência tinha conhecimento que o traficante mandara seu ex-segurança Rogério Avelino da Silva, conhecido por Rogério 157, entregar o comando do tráfico para Ítalo de Jesus Campos, chamado de Perninha. Rogério 157 desobedeceu. Em agosto passado, a polícia encontrou o corpo de Perninha crivado de balas no porta-malas de um carro. Depois disso, Rogério 157 expulsou a mulher de Nem da comunidade. Os mais de 50 homens com fuzis enviados por Nem para retomar o poder saíram do complexo de favelas de São Carlos e percorreram 13 quilômetros sem que a polícia os parasse.
Criados a partir de 2006, os cinco presídios federais foram destinados a chefes de organizações criminosas que deveriam ficar isolados, mas isso não acontece na prática. Entre julho de 2015 e setembro de 2016, Nem recebeu 171 visitas no presídio de Porto Velho, em Rondônia. Pagou passagens aéreas, alimentação e hospedagem dos parentes que vieram do Rio. Não se sabe a origem do dinheiro que bancou as despesas. O juiz federal Walisson Gonçalves Cunha afirma que vários presos recebem visitas ao mesmo tempo no pátio do presídio, o que dificulta a fiscalização. Os criminosos podem transmitir recados dentro dos banheiros, onde não há qualquer monitoramento.
Professor Edgar Bom Jardim - PE
Com ÉPOCA.

Estudantes de Limoeiro se destacam por criar microscópio acessível


Alunos do terceiro ano da Escola Técnica Estadual José Humberto de Moura Cavalcanti, localizada no município de Limoeiro, no Agreste, desenvolveram um microscópio com materiais recicláveis e capacidade de ampliação de até mil vezes ao custo de apenas R$ 5. Tudo começou em uma aula de biologia, em 2015, quando os estudantes se sentiram prejudicados pela ausência de equipamentos no laboratório e procuraram a professora Elen Costa para tentar resolver o problema. 

“Eles reclamaram que no laboratório só tinham dois microscópios para 45 alunos e me perguntaram se seria caro comprar um. Eu disse que sim, mas que juntos poderíamos buscar material reciclado e fazermos juntos”, disse a professora.

Os alunos se dedicaram então a pesquisar um modelo viável. Passaram semanas apurando, sob a orientação da professora. Ainda em 2015 desenvolveram um de madeira, mas ele era pesado e caro. Os estudantes chegaram então a um protótipo que tem como material base o papelão. Composto também por vidros, parafusos, lâmpadas de LED, pilhas e lente de drive, o equipamento foi orçado em R$5.

“Ficou realmente muito barato. E caso o aluno ainda queira personalizar, enfeitar sua caixinha, fica tudo por R$ 7”, disse a professora. Acoplado ao flash de uma câmera de celular para fornecer luz, é possível uma perfeita observação de cortes histológicos (lâminas de vidro com fatias extremamente finas de tecidos e órgãos). O microscópio consegue ampliar cerca de mil vezes a imagem, mas de forma fixa. A incapacidade de aumentar e reduzir a resolução é o principal diferencial em relação às funções de um dispositivo industrializado. 

Com o intuito de levar o microscópio acessível ao maior número de alunos possível, a turma está organizando oficinas dentro da própria escola para ensinar os colegas como produzir o equipamento alternativo. “Com o microscópio, eu pude embarcar em novas áreas do conhecimento nunca antes exploradas por mim, como os diversos conhecimentos sobre biologia e a parte elétrica até a sua montagem”, diz Hélio Alves, um dos alunos responsáveis pelo projeto.

Hélio e seu colega Davyd Medeiros, ambos do curso técnico de informática, apresentaram o projeto na 22ª edição estadual da Feira de Ciência Jovem e alcançaram o quarto lugar na categoria de desenvolvimento tecnológico. Isso os credenciou a participar da Mostratec, a etapa nacional da feira, que acontecerá em Novo Hamburgo (RS), de 23 a 27 de outubro. 
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Lourdinha Andrade com ele

Sílvio Santos
 /  / /  ... lá, lá. Silvio Santos vem aí
#SílvioSantos🎤 o ícone da TV brasileira... A emoção foi enorme quando a Mara me apresentou este homem... Assistir ao programa de auditório foi uma realização para mim. Estou muito feliz e agradecida pelos dias que pude estar nesta emissora... Obrigada por tudo, meu Deus. 
Do Face de Lourdinha
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Finais dos Jogos internos de Xadrez e Dama na EREM Mota Silveira



Sexta-feira de jogos internos na primavera da EREM Dr. Mota Silveira. Xadrez e Dama mobilizam a atenção e diversão dos jovem.
Fotos: Mota Silveira.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

O TEATRO da Coreia do Norte X Estados Unidos

Kim criticou o comportamento do presidente americano,a quem atribuiu um
Kim criticou o comportamento do presidente americano,a quem atribuiu um "transtorno mental".
Foto: STR / KCNA VIA KNS / AFP
AFP

O líder norte-coreano, Kim Jong-Un, disse nesta sexta-feira que o presidente americano, Donald Trump, tem um "transtorno mental", e advertiu que "pagará caro" pelas ameaças feitas contra seu país na ONU.
"Vou fazer com que o homem que tem as prerrogativas do comando supremo dos Estados Unidos pague caro por seu discurso no qual pediu a destruição total da DPRK (Coreia do Norte)", prometeu Kim, citado pela agência oficial de notícias KCNA. 
Em seu primeiro discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, Trump disse que se os Estados Unidos "forem forçados a se defender ou a seus aliados, não haverá outro remédio que destruir totalmente a Coreia do Norte". 
Kim, chamado por Trump de "homem foguete", também criticou o "comportamento mentalmente transtornado do presidente americano, expressando abertamente no terreno da ONU a vontade antiética de "destruir totalmente" um estado soberano. 
Washington adotou nesta quinta-feira novas sanções econômicas contra a Coreia do Norte, que se somam a um arsenal de medidas unilaterais já dirigidas contra o programa militar de Pyongyang.
Trump assinou um decreto, à margem da Assembleia Geral da ONU, que abre o caminho para mais sanções contra "as pessoas e as empresas que financiam e facilitam o comércio com a Coreia do Norte".
Também informou que o Banco Central da China ordenou a suas filiais que limitem o comércio com a Coreia do Norte, uma decisão que descreveu como "audaz" e "inesperada".
A medida não foi confirmada imediatamente por Pequim, mas pode ser uma fonte vital para estrangular o regime de Pyongyang.
Além disso, os 28 estados-membros da União Europeia (UE) deram sua aprovação à adoção de sanções extras contra Pyongyang em resposta a seus testes nucleares, segundo várias fontes diplomáticas.
Estas sanções serão acrescidas às adotadas pela ONU na semana passada e supõem uma proibição total para as empresas europeias de exportação petroleira ou investimentos na Coreia do Norte.
O presidente americano se reuniu com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, e com o líder sul-coreano, Moon Jae-In, para avaliar as opções de que dispõem.
"Não desejamos o colapso da Coreia do Norte", afirmou Moon. "A questão nuclear norte-coreana deve ser administrada de forma estável para que as tensões não se intensifiquem ou que confrontos militares acidentais destruam a paz".

Em seu discurso na quarta-feira (20), Abe apoiou a posição dos Estados Unidos de que "todas as opções estão sobre a mesa" para dissuadir Kim.
Já o ministro japonês das Relações Exteriores, Taro Kono, convocou nesta quinta-feira os países membros da ONU a "cortar relações diplomáticas e econômicas com a Coreia do Norte", avaliando que Pyongyang perderia 90% de sua renda com exportações se todos adotassem as resoluções do Conselho de Segurança.
Nunca antes a ameaça norte-corana pesou tanto no encontro anual de líderes mundiais, divididos sobre a melhor maneira de enfrentar o isolado regime de Kim Jong-un, apesar de, em agosto e setembro, terem conseguido adotar por unanimidade novas sanções contra a Coreia do Norte.
O ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, e seu colega russo, Sergei Lavrov, fizeram um apelo ao diálogo e alertaram que uma opção militar seria catastrófica.
Lavrov declarou que "não há outra alternativa que negociações políticas e diplomáticas para resolver a situação nuclear" na Península Coreana. 

Ameaça militares como tática

No Conselho de Segurança, que se reuniu nesta quinta-feira, o secretário de Estado americano, Rex Tillerson, defendeu a implementação completa das sanções internacionais adotadas contra Pyongyang.
Uma oitava bateria de sanções foi aprovada em 12 de setembro, proibindo as exportações de têxteis e reduzindo o fornecimento de petróleo para a Coreia do Norte.
Washington e seus aliados esperam que essas sanções obriguem Pyongyang a negociar o fim de seus programa militares, mas seu impacto dependerá da China, aliado da Coreia do Norte e principal sócio econômico desse país.Ao inaugurar a Assembleia Geral, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, alertou que "a retórica agressiva pode conduzir a mal-entendidos fatais e iniciar uma guerra nuclear".
No sábado (23), Guterres deve se reunir com o chanceler norte-coreano, Ri Yong-Ho, à margem da Assembleia, em busca da adesão ao diálogo.
O ministro Ri, que falará ao plenário nesta sexta, chamou as ameaças de Trump de "latido de cachorro" e disse que não terão qualquer impacto.
Com Informações do JC.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Separativismo: Espanha X Catalunha. Adeus, Espanha?

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O movimento catalão é intrigante. Não tanto pelo fato de grande parte da população de uma região aspirar com veemência a se separar de um país europeu ao qual está unida há mais de 300 anos, mas pela inépcia com que o governo de Madri enfrenta a situação. Mais difícil ainda é entender a disposição do líder do PSOE, Pedro Sánchez, e do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, de aderirem sem ressalvas a um legalismo pouco persuasivo.
Desde 2012, cada uma das celebrações da Dia da Nacional de Catalunya, aniversário do 11 de setembro de 1714 no qual as forças castelhanas dos Bourbon tomaram Barcelona e suprimiram sua soberania, mobiliza centenas de milhares em um espetáculo de dimensões e organização impressionantes.
Na Europa do Pós-Guerra, apenas Roma, em 2002 contra as reformas trabalhistas de Berlusconi e em 2003 contra a invasão anglo-americana do Iraque, teve manifestações políticas maiores. Mas estas não se repetem todo ano nem representam uma região de apenas 7,5 milhões de habitantes com a capital de 1,6 milhão.
O entusiasmo sustentado dessa parcela importante da população não significa o apoio de uma maioria esmagadora dos catalães à independência total. As pesquisas de opinião dão à proposta um apoio ora um pouco acima, ora algo abaixo de 50%.
Meio país
Desde 2012, as manifestações pela soberania da Catalunha são impressionantes. (Foto: Roser Vilallonga)
Mas o simples fato de a ideia criar tamanha mobilização, conquistar a maioria do Parlamento regional e empolgar políticos e partidos de forma nenhuma fanáticos ou extremistas – o maior, Convergência Democrática da Catalunha, é de resto um comezinho partido liberal – deveria bastar para inspirar tanto.
Some-se a isso que a grande maioria da população da Catalunha – mais de 80%, em pesquisas recentes – quer a soberania, entendida como o direito de decidir, mesmo se for para deixar como está. Uma boa parte está aberta a um meio-termo. Talvez a Catalunha como estado de uma Espanha federal e plurinacional, como sugere o partido Podemos.
Pode ser significativo que as manifestações de 2013, 2014 e 2015, quando a independência não estava na ordem do dia, tenham reunido até 1,8 milhão e a deste ano, a três semanas da data marcada para o referendo, tenha ficado em 800 mil.
Carles
Puigdemont seria mais um político liberal se a questão mal resolvida pela Espanha não lhe desse uma estatura épica (Foto: Luis Gene/AFP)
A palavra de ordem desta feita foi Adéu Espanya e muitos daqueles dispostos a reafirmar seus direitos como nacionalidade podem não querer se comprometer irrevogavelmente com a solução mais radical.
Entretanto, em vez de reconhecer a importância política da questão e negociá-la, o governo de Madri e o Judiciário espanhol optaram por tratá-la como mera questão legal. Juízes e procuradores invocam a Constituição para anular leis votadas pelo Parlamento de Barcelona, abrir processo criminal contra o chefe do governo catalão, Carles Puigdemont, ordenam à polícia catalã confiscar cédulas e urnas e ameaçam prender mais de 700 prefeitos que ofereceram instalações municipais para o plebiscito marcado para 1º de outubro.

Funcionaria, talvez, se fosse frivolidade ou onda passageira, mas não é o caso. É inútil esperar que metade da população de uma região e a maioria de suas lideranças esqueçam suas aspirações apenas por estas serem ilegais para um Estado cuja legitimidade deixaram de reconhecer. Prisões não constrangerão as lideranças – pelo contrário, lhes darão uma aura heroica.
É possível recorrer à força, inclusive militar, para impedir o referendo, dissolver o Parlamento e o governo de Barcelona, e impor interventores, mas o resultado provável seria ampliar o apoio à independência e pôr todo o país no caminho do autoritarismo. Pode ser uma forma de adiar o desfecho, mas torná-lo ainda mais desagradável, inclusive para Madri.
Pode-se compreender que Mariano Rajoy e o rei Filipe VI sejam incapazes de enxergar alternativas. Estão amarrados demais ao ranço totalitário do franquismo e às consequências de uma transição democrática que, como a brasileira, deixou de apurar, julgar e punir os crimes da longa ditadura da qual são herdeiros.
Somado às denúncias de corrupção que os acossam, o patriotismo, como diria Samuel Johnson, é o último refúgio, mas, se esta já pode ser uma manobra arriscada quando o foco é um inimigo externo, mais perigosa é quando se volta contra uma região e uma gente que supostamente se quer manter unidas ao país.
A história pode ajudar a entender. Talvez surpreenda a muitos, inclusive àqueles com algum estudo, saber que “a Espanha” só veio a existir em 1716. Na época de ouro de Cristóvão Colombo, Hernán Cortés, Francisco Pizarro, Miguel de Cervantes, Lope de Vega e Calderón de la Barca havia “as Espanhas”, um grandioso conglomerado de Estados governados por um mesmo soberano sem unidade jurídica, caráter nacional ou nome oficial.
O monarca em Madri intitulava-se “rei de Castela, de Leão, de Aragão, das Duas Sicílias...” e seguia uma lista de mais de 30 reinos, principados, ducados e senhorios com um “etc.” ao final para cobrir qualquer esquecimento.
Não era apenas uma questão de terminologia. Cada reino tinha suas próprias leis, costumes e língua ou dialeto. Enquanto nos mais de dez reinos que constituíam a “coroa de Castela” o Legislativo fora esvaziado e o rei governava por decreto, no reino basco de Navarra e nos reinos ibéricos da “coroa de Aragão” – Aragão propriamente dito, Catalunha, Valência e Maiorca – os respectivos parlamentos ou “cortes” mantinham plenos poderes, inclusive sobre guerra e paz.
A coroa de Castela carregou sozinha os frutos e os ônus da conquista das Américas e das Filipinas. A coroa de Aragão nem sempre acompanhou suas aventuras navais e militares e cuidou das próprias batalhas, negócios e domínios na Itália e no Mediterrâneo, assim como Portugal geriu suas colônias e marinha em separado quando lá reinaram os Filipes.
Isso mudou após Carlos II de Habsburgo morrer sem filhos, em 1700, e legar seus domínios decadentes à dinastia Bourbon. O testamento foi contestado pelos Habsburgo austríacos, resultando nos 13 anos da Guerra da Sucessão Espanhola.
Castela aderiu aos Bourbon, mas Aragão preferiu os Habsburgo, em parte por se ressentir de uma invasão francesa em 1697. Foi só após aquele fatídico dia de 1714 que os domínios remanescentes foram unidos no “Reino da Espanha” e a soberania da Catalunha, suprimida.
Não foi apenas um castigo à sua insubmissão, mas consequência lógica da mentalidade centralizadora e absolutista dos Bourbon, forjada na submissão dos senhores feudais da França e que logo se voltaria também contra a autonomia dos Países Bascos e de Navarra, que os tinham apoiado.

Escócia perdera a soberania para o Reino Unido poucos anos antes, mas de forma não violenta. Uma aventura colonial fracassada falira seu Estado e sua própria elite abriu mão da soberania em troca do perdão da dívida com a Inglaterra. Alemanha e Itália se unificaram bem mais tarde, mas com amplo apoio popular em todas as suas regiões.
A unificação espanhola foi mal resolvida também porque, ao contrário dessas nações, o Estado resultante nunca enfrentou uma grande guerra que o unisse contra um inimigo externo. Pelo contrário, sua história foi marcada por conflitos internos, nos quais se enfrentaram espanhóis de diferentes regiões e ideologias com diferentes aliados internacionais, como na Guerra Civil Espanhola de 1936-1939.
A República Espanhola proclamada em 1931 concedera à Catalunha e ao País Basco uma autonomia que as condições da guerra transformaram em quase independência, incluindo o controle de alfândegas, portos, ferrovias e milícias, mas, com a vitória de Francisco Franco e seus 36 anos de ditadura, o centralismo impôs-se de forma ainda mais intransigente que na monarquia, inclusive com a proibição da publicação de livros em catalão e do uso da língua em público.
Na Catalunha, como no País Basco, a defesa da identidade cultural confundiu-se com a resistência democrática, liberal ou de esquerda. E mais ainda entre os catalães e bascos de raiz incomodados com a migração de espanhóis de outras regiões, alguns dos quais se arrogavam superiores por só falarem castelhano.
Apesar de a redemocratização conceder autonomia limitada a todas as regiões, a óbvia identificação do Partido Popular com a herança franquista e a pouca atenção dos socialistas para suas questões específicas fizeram os grandes partidos nacionais criarem poucas raízes na Catalunha e no País Basco fora dos migrantes e descendentes, fortaleceram os partidos locais e possibilitaram a suas lideranças acentuarem o particularismo para ampliar seu controle da região e evitar a diluição de sua influência no contexto espanhol, apesar da oposição de grandes empresas catalãs com negócios em toda a Espanha.
O fato de não ter havido na Catalunha luta armada comparável à da ETA no País Basco aparentemente só facilitou à classe média se assumir separatista sem o receio de ser considerada “terrorista”.
O conflito ficou mais ou menos restrito a questões culturais e educacionais durante os anos de razoável prosperidade da redemocratização e da formação da União Europeia, mas tornou-se muito mais sério após a crise de 2008, cujos efeitos na Espanha foram particularmente devastadores.
A Catalunha e o País Basco são regiões mais prósperas que a média e à questão da nacionalidade somou-se a crença de que se sairiam melhor se independentes. Os escândalos no resgate de grandes bancos (não catalães), no Partido Popular e nos negócios da família real também não favoreceram a causa da unidade.
Se décadas de negação franquista não fizeram desaparecer o problema, não bastará voltar a proclamar sua inexistência por lei.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Operação Mata Norte investiga processos licitatórios de merenda escolar em Lagoa do Carro

De Folha de Pernambuco.
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira (21), a Operação Mata Norte, que investiga processos licitatórios de merenda escolar envolvendo políticos, secretários, empresários e fornecedoras em Lagoa do Carro, na Zona da Mata Norte. A PF prendeu o ex-prefeito Jaílson do Armazém (PSB) após buscas em sua residência e na sede da prefeitura municipal. O prejuízo aos cofres públicos é estimado em R$ 512 mil.

Estão sendo cumpridos nove mandados de prisão temporária, cinco mandados de condução coercitiva e 18 mandados de busca e apreensão em cidades da Zona da Mata e em bairros do Recife.

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As investigações da operação tiveram início em julho de 2017 a partir de um Relatório de Auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU), que mostrou uma suposta prática de contratação fraudulenta da merenda através de empresas durante a gestão de Jaílson do Armazém. Ele esteve à frente do Executivo da cidade entre 2013 e 2016 e não conseguiu se reeleger no último pleito.

O esquema incluía sobrepreço e superfaturamento nos valores das licitações. Donos de empresas de alimentação, secretário, advogado e outras pessoas eram utilizados como laranja. As empresas investigadas atuam em outros municípios pernambucanos, fornecendo outros órgãos estaduais.

A operação conta com um efetivo de 85 policiais federais e dez servidores da CGU. Os presos serão encaminhados à sede da Polícia Federal, onde serão responsabilizados e indiciados pelos crimes mediante seu grau de envolvimento e participação. 


Tome Conta
O montante de recursos públicos empenhados por entes municipais e estaduais investigadas entre 2012 e 2017, onde também pode ter ocorrido fraude, representa mais de 87 milhões de reais, de acordo com dados do sistema Tome Conta, do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE/PE).

Um vídeo da operação foi divulgado pela Polícia Federal. Confira as imagens (sem áudio):

Professor Edgar Bom Jardim - PE

3 mil novos policiais estarão nas ruas até março de 2018.


O secretário de Defesa Social de Pernambuco (SDS), Antônio de Pádua, informou, nesta quarta-feira (20), que 3 mil novos policiais estarão nas ruas até março de 2018. A declaração ocorreu após a visita de seis deputados da bancada de oposição da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). Os parlamentares protocolaram um pedido para que o Estado solicitasse o apoio da Força Nacional para combater a criminalidade no município.


No entanto, o secretário garantiu o reforço da Força Nacional no Estado é desnecessário, já que o efetivo vai reforçar a segurança de Pernambuco. “Nós agradecemos a oferta das Forças Armadas, mas, realmente, nós não necessitamos aqui, em Pernambuco, utilizar as Forças Armadas para nossa segurança pública”. Segundo Pádua, ao todo, 1,5 mil novos policiais vão se formar nesta quinta-feira (21). Outros 1,3 mil até janeiro do próximo ano. 

O secretário ainda informou que, até janeiro de 2018, o efetivo da Polícia Civil também receberá um reforço no efetivo de mais 1,1 mil novos policiais. No encontro desta quarta. a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra, apresentou ao Governo do Estado a “Carta de Caruaru”, que elenca ações de apoio ao plano municipal "Juntos pela Segurança", lançado na última terça-feira (19), na cidade do Agreste.  



“Não há nenhuma consideração sobre isso. Serão mais de 3000 policiais até março de 2018. É um número bastante expressivo, e ,com esse contingente, nós teremos condições de atender às nossas demandas. E o governador já anunciou e autorizou que mais 500 policiais, pelo menos, sejam contratados todo ano”

“Nos últimos três meses já sentimos uma diminuição na violência. Já estamos fazendo ações próprias de policiamento integrado das polícia.”

“Caruaru já está sendo objeto de reforço. Hoje nós temos uma operação integrada, chamada força no foco, que objetiva fazer prisões de homicidas, de traficantes”

“Estamos com a operação Monte Seguro acontecendo lá em Caruaru justamente para prender também traficantes e homicidas. Só hoje já foram presos um homicida e um traficante de drogas em Caruaru. Temos a operação chamada Honi. Temos GATE, te

“Nós contratamos já 15 engenheiros que já estão circulando por Pernambuco, identificando as situações das delegacias, dos batalhões, fazendo relatórios, para que a gente possa retomar as licitações e melhorar essas localidades para que o policiamento possa exercer seu trabalho ainda melhor do que já está fazendo”
Professor Edgar Bom Jardim - PE