quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Qual o significado da vitória de Temer na Câmara?


Michel TemerDireito de imagemBETO BARATA/PR
Image captionEmbora tenha vencido com alguma folga, Temer viu sua base de apoio encolher a 51% da Câmara

O presidente Michel Temer demonstrou que ainda conta com a maioria dos votos na Câmara dos Deputados ao barrar nesta quarta-feira o pedido da Procuradoria Geral da República (PGR) para que fosse processado por corrupção.
Mas a perspectiva de novas denúncias da PGR, o esvaziamento dos cofres públicos e defecções na base aliada tornam incertas a conclusão do mandato de Temer e a retomada de sua agenda de reformas, segundo analistas ouvidos pela BBC Brasil.
Na votação de quarta-feira, 227 deputados se posicionaram a favor do prosseguimento da denúncia contra Temer, e 263 foram contra - bem além dos 172 votos de que o presidente precisava para arquivar a iniciativa. Dezenove deputados se ausentaram, e dois se abstiveram.
Embora tenha vencido com alguma folga, Temer viu sua base de apoio encolher a 51% da Câmara - o que pode pôr em risco sua agenda de reformas e forçá-lo a reorganizar a composição do governo, cedendo a partidos que pedem mais espaço em troca da fidelidade.

'Tirando o Brasil da UTI'

Em nota, o vice-líder do governo na Câmara, Darcísio Perondi (PMDB-RS), disse que o resultado "dá força para que o presidente continue trabalhando para tirar o Brasil da maior crise política e econômica de sua história e avançando nas reformas necessárias".
"Venceu a energia positiva que está tirando o Brasil da UTI", afirmou.
Já o líder da minoria na Câmara, José Guimarães (PT-CE), disse que o "governo ganha, mas não leva". "Sai enfraquecido e perde na governabilidade, que era a única coisa que o sustentava."
Em outubro, quando Temer aprovou a proposta que limitou os gastos públicos, primeiro grande teste do governo no Congresso, ele obteve o apoio de 63% dos deputados. Na aprovação da reforma trabalhista, em abril, o número de votos caiu para 58%.
Em maio, a delação da JBS - base da denúncia da PGR contra Temer, acusado de receber ilegalmente R$ 500 mil por intermédio de um aliado - fez com que mais parlamentares deixassem a base.

Silvio Costa (PTdoB-PE),Direito de imagemAGÊNCIA BRASIL
Image captionDeputado Silvio Costa (PTdoB-PE) diz que 'daqui para a frente é esperar nova denúncia' contra Temer

Para o vice-líder da minoria, deputado Silvio Costa (PTdoB-PE), a expectativa da oposição é que, caso a PGR apresente uma nova denúncia contra Temer, a população pressione os deputados que apoiaram o governo a mudarem de lado.
"Daqui para a frente é esperar uma nova denúncia, começar um novo debate e ver se as ruas agem."
A professora de ciência política da Universidade de Brasília (UnB) Flávia Biroli diz que, vencida a votação, aliados de Temer no Congresso e os empresários que apoiam o governo pressionarão o Planalto para terem suas demandas atendidas.
"Ele terá de mostrar algum serviço para conseguir se manter."
No caso dos parlamentares, Biroli cita a bancada ruralista, um dos principais pilares do governo no Congresso. Desde que assumiu, Temer fez vários agrados ao grupo - como a aprovação de uma Medida Provisória que facilita a regularização de terras, a paralisação de demarcações de áreas indígenas e quilombolas e o alívio a dívidas de agricultores.
"Imagine então o que virá adiante, com base em que foram feitos os acordos para essa votação?", questiona.

Manifestação contra reformas do governoDireito de imagemAGÊNCIA BRASIL
Image captionNa aprovação da reforma trabalhista, em abril, o número de votos dos deputados caiu para 58%.

No caso do apoio dos empresários, ela diz que o grupo cobrará o presidente a aprovar as reformas da Previdência e tributária.
Mas há dúvidas sobre a força do presidente para assumir essas missões.
Para alterar trechos da Constituição, o que a reforma da Previdência prevê, Temer precisa de 308 votos na Câmara - mais que os 263 que obteve ao arquivar a denúncia da PGR.
O governo diz que parte dos deputados que votou contra Temer concorda com a reforma e endossará a iniciativa - caso do deputado Ricardo Tripoli (SP), líder do PSDB, que votou a favor do andamento da denúncia na quarta.
"Essa votação representa a preocupação de investigar esse fato especificamente. As reformas são mais importantes do que tudo", afirmou o tucano.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que se absteve na votação, disse que a reforma da Previdência ainda é uma prioridade, mas que será necessário muito trabalho para angariar os apoios necessários à aprovação.
"O importante é que a Câmara tomou sua decisão. O que a gente não podia era ficar postergando. Agora temos um longo caminho, o Brasil tem uma crise fiscal profunda."

Rodrigo MaiaDireito de imagemAGÊNCIA BRASIL
Image captionMaia disse que a reforma da previdência ainda é prioridade, mas que será necessário muito trabalho para angariar apoio

Já Geraldo Monteiro, professor de ciência política da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), diz que Temer estará mais preocupado em sobreviver até 2018 do que em aprovar uma reforma que é bastante impopular.
Ele lembra que, em maio, uma pesquisa do Datafolha revelou que 71% dos brasileiros são contra as mudanças propostas na Previdência.
Assessores do governo têm indicado que, antes da Previdência, Temer pode tentar aprovar a reforma tributária, tarefa que considera mais fácil.
Para Monteiro, o presidente também será pressionado a reduzir o espaço do PSDB e expulsar o PSB do governo. Dono de quatro ministérios, o PSDB liberou o voto dos seus deputados: 21 foram favoráveis ao prosseguimento da denúncia, 22 foram contra, e quatro se abstiveram.
No PSB, que ocupa um ministério, 20 deputados votaram a favor da denúncia, 11 votaram contra, e dois se abstiveram.
O professor diz que, se reduzir o espaço do PSDB e PSB, Temer deve ampliar o quinhão de partidos que se revelaram mais fiéis ao governo na votação, como PP e PR.
Ainda assim, afirma que a convivência do governo com a base será mais difícil. "Quanto menor a base, maior o custo unitário de cada apoio. O governo vai ficar cada vez mais refém de uma base cada vez mais estreita."
Ele diz que outro desafio à manutenção dos apoios é o esvaziamento dos cofres públicos - exposto pela paralisação nas emissões de passaportes em junho, por exemplo.
No fim daquele mês, o vice-líder do governo na Câmara, Darcísio Perondi (PMDB-RS), disse à BBC Brasil que a liberação de emendas parlamentares era parte da estratégia do governo para garantir apoios. O aperto nas contas, porém, "reduz a margem para fazer bondades", diz o professor.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Câmara salva Temer

Temer e Darcísio Perondi
Temer contou com o apoio de sua tropa de choque, integrada pelo deputado Darcísio Perondi


Em uma sessão marcada por votos constrangidos e negociação de emendas à luz do dia no plenário, Michel Temer obteve apoio suficiente para barrar o avanço da denúncia por corrupção passiva apresentada pela Procuradoria-Geral da República.
Até o momento, 172 deputados se ausentaram, se abstiveram ou votaram em favor do relatório da Comissão de Constituição e Justiça que recomendou o arquivamento das acusações contra o atual presidente.
Com o placar parcial que assegura a vitória do Planalto, o Supremo Tribunal Federal não está autorizado a analisar a denúncia, o que impede Temer de se tornar réu e, consequentemente, de ser afastado do cargo por até 180 dias.
Primeiro na linha de sucessão caso o peemedebista fosse afastado, Rodrigo Maia, presidente da Câmara, não demonstrou estar disposto a trair o atual presidente, ao contrário da postura adotada por Temer em relação à Dilma Rousseff. Na sessão, Maia beneficiou o peemedebista ao dar agilidade à votação e barrar requerimentos da oposição pelo adiamento da deliberação.
À parte aqueles que condenaram a "esquerda comunista" no microfone, os deputados que votaram "sim", ou seja, contra o avanço da denúncia, demonstravam constrangimento de barrar as acusações. Em lugar de Deus e da família, pilares dos discursos dos parlamentares que votaram em favor do impeachment de Dilma, os deputados favoráveis a Temer evocaram a estabilidade econômica como principal motivo para suas escolhas.
O PSDB e o PSB, partidos da base governista, orientaram suas bancadas pelo avanço da denúncia contra Temer, embora a primeira legenda, que conta com quatro ministros no governo, tenha deixado seus parlamentares livres para escolherem seu voto. No caso do PSB, ocorreu uma curiosidade: a deputada Tereza Cristina (PSB-MG) orientou a bancada do seu partido a votar contra Temer, mas declarou voto favorável ao peemedebista.
A pressão popular e de movimentos sociais pela saída de Temer foi frustrante. Após o início da votação nominal, alguns manifestantes foram ao Congresso protestar contra o peemedebista, mas a adesão do ato foi baixa. Em São Paulo, houve também concentração de alguns manifestantes em frente ao escritório da Presidência, na Avenida Paulista.
Com a votação favorável, Temer escapa por ora da acusação de corrupção passiva da PGR, que só poderá ser analisada pelo STF após o fim do mandato do peemedebista. Em nome da estabilidade atual, muitos deputados utilizaram este argumento para votar contra o avanço da acusação
O atual presidente foi denunciado por corrupção passiva com base nas delações da JBS. Nas 60 páginas da apresentada ao STF contra TemerJanot busca conectar dois conjuntos de fatos para provar a culpa do presidente.
O primeiro envolve a negociação da propina semanal feita entre representantes do grupo J&F, de Joesley Batista, e Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR). O segundo conjunto compõe o estreito relacionamento entre Loures e Temer. Para Janot, há evidências de que, ao pedir e receber propina, Loures estava atuando em nome de Temer. 
Apesar da vitória na sessão desta quarta-feira 2, Temer continua na mira da PGR. Temer deve ser alvo de um nova denúncia de Rodrigo Janot, procurador-geral da República, por acusação de obstrução da Justiça.
Bate-boca e empurra-empurra
Wladimir Costa
Deputado que tatuou Temer defendeu seu ídolo com pixulecos
Bate-boca e agressões não faltaram na sessão desta quarta 2. Antes da votação nominal, um conflito quase chegou as vias de fato. Enquanto o deputado Paulo Pimenta (PT) discursava, ele foi chamado por aliados de Temer de "babaca". Em seguida, deputado Wladimir Costa (SD-PA), com dois "pixulecos" na mão, começou a provocar colegas da oposição. A confusão foi generalizada e houve empurra-empurra. "Esse desqualificado que representa a escória do golpismo', disse Pimenta a Costa.
Deputados atiram bonecos infláveis uns nos outros enquanto o presidente da Casa, Rodrigo Maia, pedia: "Pode mostrar, mas não podem jogar". Após a confusão generalizada, vários focos de empurra-empurra se seguiram no plenário. O deputado Bohn Gass (PT-RS) chegou a cair em meio ao conflito. 
Negociações e emendas em troca de votos
Desde que foi alvo da denúncia, Temer abriu o cofre para salvar o pescoço. Apenas em emendas parlamentares, o Planalto empenhou 4,1 bilhões de reais neste ano, sendo 2,1 bilhões apenas em julho, segundo um levantamento da ONG Contas Abertas.
Durante a sessão, a negociação de emendas do governo com deputados que podem votar favoravelmente a Temer seguiu a todo vapor. O ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, licenciado do cargo para votar contra a denúncia contra o presidente Michel Temer, negociou emendas em plena votação. O deputado Henrique Fontana, do PT, denunciou a prática em sua fala no plenário.
Às vésperas da sessão, Temer não poupou esforços para garantir votos favoráveis. Na terça-feira 1º, ele encontrou-se com dezenas de parlamentares em um jantar oferecido pelo vice-presidente da Câmara, deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG). Antes do encontro, prometeu refinanciar dívidas públicas de representantes do agronegócio em uma reunião com integrantes da bancada ruralista.
Abertura da sessão
Às 8h47, a Câmara atingiu o quórum necessário para a abertura da análise da denúncia: 52 deputados. Cerca de 20 minutos depois, Rodrigo Maia, presidente da Casa, chegou ao local e declarou aberta a sessão. A oposição entrou junto no plenário gritando "Fora, Temer" e ostentando cartazes com críticas ao "apoio comprado" do atual presidente e à sua impopularidade.
A primeira deliberação do dia foi relacionada à continuidade ou não dos debates. Com mais de 257 parlamentares presentes, a Câmara aprovou um requerimento que encerrou a discussão, o que deu maior celeridade para o início da votação nominal.
Bem-sucedida, a estratégia da base aliada era de dar o máximo de celeridade ao processo, com o objetivo de limitar a cobertura da mídia, em especial da TV Globo. Parlamentares de oposição reconheceram que erraram ao dar quórum para o início da sessão. Antes da reabertura da sessão ás 14h, já havia mais de 342 parlamentares no plenário.
A oposição tentou emplacar requerimentos que adiassem a sessão, mas foi derrotada em votação relâmpago feita por Maia. Os deputados contrários a Temer chegaram a entrar com um pedido no STF pelo anulamento da sessão desta quarta-feira 2, com a justificativa de que não foram ouvidos no plenário, mas não tiveram sucesso.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 1 de agosto de 2017

O descanso de Deus e a corrupção disparada

O assunto se repete com muitos escândalos. Todos jornais se armam de notícias de delação. Os procuradores buscam novidades, colocam intrigas, mexem com as leis. Nada novo com a corrupção e seu percurso na história. Não sei se existe uma natureza humana. Isso é discutível. Mas não há períodos sem desacertos. Hoje, vivemos um mundo de multidões. Pessoas se espalham por territórios imensos, querem qualidade de vida. A luta é grande e os ensinamentos de Maquiavel ressuscitam. A política traz pactos e sinistros. A perplexidade não tem sossego e nós esperamos o pior ou as mudanças ocorreram depois das inquietações?
Nem todos são corruptos, porém o crescimento da capitalismo facilitou manipulações e desigualdades. Há hierarquias bem articuladas e especialistas em promover emboscadas. No Brasil, as explosões de vingança metem medo. Fala-se num modo petista de governar que destravou tudo. O sistema se azeitou e disparou a fuga de milhões. Não vejo um único culpado. O sistema funciona com alianças. Está também nas grandes potências. Observe os Estados Unidos, nem todos são ingênuos. A concentração de riqueza derruba maiorias, cria tempestades e misérias. Intelectuais nublados não sabem que ônibus pegar.
Há uma guerra no campo das informações. Elas são rápidas, vestem-se de urgências. Mentiras bem elaboradas assnham debates. A sociedade dividida parte para intolerância. A agressividade ganha espaço, os enganos ferem, muitos se sentem excluídos. Quem são os culpados? Moro é mesmo o símbolo da justiça? Como Lula se organizou no meio de tantas tramas? O que quer Temer com sua turma? Muitas perguntas surgem e as alternativas não deixam de formular inquietudes. Os demônios e os cínicos se expandem como figuras comuns. Há os apavorados com o rompimento de direitos e deveres.
Quem cogita o fim do mundo talvez desconheça a memória. Esquece do fascismo , das guerras mundiais, da época de Vargas, dos governos militares, da máfias políticas. Os exemplos não se esgotam. A corrupção animava grupos, não era propriedade de um único senhor. Houve uma sofisticação. Golpes se renovam e estratégias tecnológicas ultrapassam hábitos tradicionais. Estamos num mundo confuso, com referências esfarrapadas. As acusações não cessam, pois a insegurança e o desamparo oprimem. Os pesadelos aumentam, porém os lugares do sonho lutam contra a escassez. Há fôlego, não custa combater a apatia. A complexidade exige olhar atento. Até Deus descansou no sétimo dia.
Por Antônio Rezende
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Náutico volta a vencer na Série B. Santa Cruz perde mais uma

Náutico
O Náutico trouxe Roberto Fernandes para tentar escapar do rebaixamento à Série C. Mas antes de o técnico estrear oficialmente no cargo, o clube conseguiu um resultado que reacende a esperança de uma sequência positiva na Série B 2017. No Recife, acompanhado da diretoria do clube, o novo comandante viu o Timbu vencer o Vila Nova (3º) por 1x0, no Serra Dourada. Os pernambucanos voltam com três pontos na bagagem, somando 11 ao todo, além do sentimento de que ganharam mais uma oportunidade de sonhar com uma recuperação histórica.
Santa Cruz

As vaias ecoadas das arquibancadas da Arena de Pernambuco resumiram o resultado frustrante do Santa Cruz. Com uma atuação apática, perdeu de virada para o Paysandu/PA pelo placar de 2x1, na noite desta terça-feira, pela 18ª rodada do Campeonato Brasileiro da Série B. Com a derrota como mandante e há três jogos sem vencer, os corais caíram três posições e agora ocupam a 15ª colocação, com 23 pontos. A próxima batalha será contra o Juventude/RS, no sábado (5), no estádio Alfredo Jaconi.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Governabilidade está em estado avançado de decomposição, afirma Marina


Ainda não é possível ter uma visão completa, mas já podemos colocar a operação Lava-Jato como uma das maiores contribuições à evolução política do Brasil. Podemos considerá-la uma continuidade do processo de redemocratização, que quase foi interrompido quando, com o fim do regime militar e as eleições diretas dos governos, estabeleceu-se uma democracia incipiente e de baixa intensidade. O trabalho da Justiça, do Ministério Público e da Polícia Federal mostrou que o Estado havia sido dominado por um sistema perverso, tanto mais forte quanto menos aparente. Esse esquema, um polvo que estendeu seus tentáculos em toda a vida institucional do país, nasceu nas brechas do regime presidencialista “de coalizão”, que emergiu nos anos de reconstrução democrática como uma forma de mediação entre os poderes Executivo e Legislativo e que acabou se degenerando na sua pior expressão: alianças voltadas não para o ato de governar, mas para perpetuar grupos no poder.
Esse esquema hoje é constrangedoramente visível. As “negociações” com o Congresso, usadas pelo presidente Michel Temer para defender-se da denúncia da Procuradoria Geral da República, expõe os limites e o estado avançado de degeneração do modelo de “governabilidade”. Para obter a maioria de votos favoráveis de parlamentares, Temer promove concessões sem limites: legaliza terras públicas invadidas por grileiros, distribui bilhões em emendas parlamentares, anistia dívidas milionárias de empresas e de produtores ao Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural). E o chamado ajuste das contas públicas, afinal, transforma-se em um perverso mecanismo de engordar as contas de sua base de apoio.
Com uma ampla bancada ruralista no Congresso, o presidente defende a dispensa da necessidade de licença ambiental antes do início de empreendimentos na agricultura e na pecuária extensivas (Lei Geral de Licenciamento Ambiental) e restringe o futuro da demarcação de mais de 740 terras indígenas, estabelecendo que apenas terras ocupadas antes da promulgação da Constituição de 1988 possam ser consideradas para a demarcação (parecer da AGU). O esfacelamento da agenda ambiental, ferindo quase de morte a esperança de um Brasil sustentável, é parte da estratégia de sobrevivência do governo.
É isso que justifica o vergonhoso recuo de Temer ao veto das Medidas Provisórias 756 e 758, que iriam diminuir as áreas preservadas da Amazônia. O tempo do veto durou menos de um mês, e ficou claro que foi apenas uma jogada para “norueguês ver”. Mesmo assim, não deu certo. O governo da Noruega decidiu cortar o repasse dos valores do Fundo Amazônia, proporcionais à queda do desmatamento. Após a viagem ao país nórdico, na véspera do recesso parlamentar, o presidente enviou ao Congresso um projeto de lei que retoma o conteúdo das MPs e reduz o nível de proteção de 350 mil hectares da área da Floresta Nacional do Jamanxim, no Pará.
O projeto transfere terras públicas de uma das regiões mais ameaçadas pelo desmatamento e grilagem da Amazônia para pessoas que resolveram afrontar a lei e as instituições. Se aprovado, o projeto vai regularizar áreas desmatadas e ocupadas irregularmente com base na Medida Provisória 759, a MP da grilagem, que possibilita a legalização massiva de áreas públicas invadidas, abrindo espaço para o aumento do desmatamento e o acirramento dos conflitos fundiários. Somente na Amazônia, a medida deverá presentear grileiros com 40 milhões de hectares de terras públicas.
Regularizando a impunidade dos criminosos ambientais em troca de apoio parlamentar, Temer inaugura outra espécie de mensalão, o mensalão verde. Os interesses imediatos de alguns setores no Congresso ampliam o retrocesso socioambiental iniciado no governo de Dilma Rousseff e aprofundado no governo de seu ex-aliado e vice, como mostra o aumento de quase 60% do desmatamento entre 2014 e 2016. O retrocesso prejudica ainda mais a imagem internacional do Brasil e as perspectivas de recuperação da credibilidade e dos investimentos para uma nova economia.
As lições trazidas pela Operação Lava-Jato apontam para a importância de se resgatar o debate de programas estratégicos para projetar o Brasil do futuro. Os grandes partidos que se revezaram no poder nos últimos anos (PT, PSDB e PMDB) não foram capazes de travar essas discussões para o bem do país. A crise de representação também se aprofundou pela ausência de proposição. A falência do presidencialismo de coalizão, termo cunhado pelo cientista político Sérgio Abranches, pressuposto a partir da constatação de que a Presidência depende de acordos políticos e de alianças partidárias para sustentação do governo, nos coloca diante do desafio de fundar um outro tipo de governabilidade.
Temos que pensar como institucionalizar aquilo que conquistamos a duras penas e passamos a perder: estabilidade econômica, redução da pobreza, credibilidade internacional, fortalecimento das instituições. E já sabemos que isso só será possível quando o Estado não for mais fatiado e distribuído aos grupos que impõem sua própria agenda, em detrimento daquilo que é estratégico para o país. O Brasil precisa voltar a enxergar seu futuro.
Essa é uma tarefa da sociedade, apoiando e apoiando-se no trabalho de desmonte do sistema de corrupção que algumas instituições têm realizado, com destaque para a Operação Lava-Jato. Devemos avançar na construção de um novo ambiente institucional em que a política volte a ser representativa e – especialmente – propositiva. Temos que ser capazes de aproveitar as melhores competências disponíveis no setor público, privado e plural (universidades, ONGs, sindicatos, associações e movimentos sociais, como tão bem conceitua o professor Henry Mintzberg no livro “Renovação Radical”). Somente assim, o futuro do Brasil não será constrangido a ser um mero retorno ao passado.
A tarefa do Brasil pós-Temer será dar surgimento a um presidencialismo de proposição, que pode, enfim, iniciar a transição para um novo momento da evolução política do país, que devolva aos brasileiros sua soberania, re-signifique a ação política, fortaleça a República e democratize a democracia.
Artigo publicado no jornal Valor Econômico em 31/07/2017
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Convite IV Conferência Municipal de Saúde


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Professor Edgar Bom Jardim - PE

Prefeitura de Limoeiro deve fazer seleção para substituir contratados de PSF


A Prefeitura Municipal de Limoeiro (PML) firmou Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) perante o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) se comprometendo a deflagrar processo seletivo simplificado, com o objetivo de preencher 72 vagas para as equipes de Programa de Saúde da Família (PSF), nos cargos de enfermeiro, cirurgião-dentista, técnico de enfermagem e auxiliar de saúde bucal. Conforme o TAC, o prefeito João Luís (PSB) tem até o dia 31 de agosto para contratar a empresa responsável pela realização do processo seletivo, respeitando as regras previstas na Lei de Licitações e Contratos. Até o fim do mês de outubro, o município deverá realizar as provas do processo seletivo, com a homologação do certame até a data limite de 30 de novembro. Por fim, os aprovados deverão assumir os cargos a partir de 1º de janeiro de 2018, em substituição aos servidores contratados que desempenham atualmente essas funções.

O promotor de Justiça Muni Azevedo Catão explicou que o MPPE recebeu denúncias de antigos servidores do PSF, informando que a atual gestão municipal não realizou processo seletivo simplificado, tendo optado por realizar a contratação direta dos novos funcionários. O último processo seletivo ocorreu em 2011 e as contratações dele decorrentes já expiraram. “A Constituição Federal de 1988 assegura, no artigo 37, II, que a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração”, ressaltou o promotor de Justiça, no texto do TAC.

No caso do PSF, o promotor explicita que, por se tratar de programa temporário e custeado mediante convênio com a União, pode haver exceção à exigência de concurso público, o que não retira a necessidade de uma seleção com base na impessoalidade, moralidade e legalidade. “A Lei Complementar Municipal nº47/2011 estabelece que, em casos de necessidade temporária de excepcional interesse público, a contratação será precedida de processo seletivo simplificado”, complementou Muni Azevedo Catão. O município também se comprometeu a não realizar qualquer contratação temporária, a partir de 1º de janeiro de 2018, para os cargos que integram o PSF, de pessoas que não tenham sido aprovadas no processo seletivo mencionado.

Multa - O não cumprimento das obrigações do termo acarretará em multa de R$ 10 mil  nos termos da Lei 7.347/85, que serão revertidos ao Fundo Municipal da Criança e do Adolescente. O descumprimento de quaisquer das obrigações assumidas facultará ao Ministério Público de Pernambuco a eventual Ação Civil Pública, objetivando as medidas cabíveis para o cumprimento do TAC. O Termo de Ajustamento de Conduta foi publicado no Diário Oficial do dia 20 de julho de 2017. (Com informações do MPPE | Imagem: Sérgio Falcetti)
Alfredo Neto
Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 31 de julho de 2017

Duas mortes em incêndio no bairro da Boa Vista, no Recife


O Corpo de Bombeiros encontrou, nesta segunda-feira (31), dois corpos no sobrado que pegou fogo na madrugada do domingo (30), na Rua da Glória, no bairro da Boa Vista, área central do Recife. O casal de desempregados José de Arimatéia Bezerra Luiz, 43 anos, e Verônica Marta Lídio da Silva, 53 anos, foram localizados carbonizados, no primeiro andar do edifício, que funciona como uma pensão.

Em nota, o Corpo de Bombeiros informou que foi acionado às 0h05 do domingo e, até as 5h, sete viaturas com 25 bombeiros militares atuaram na extinção do fogo e no salvamento de várias pessoas que estavam no imóvel, que tem apenas dois pisos. Três delas foram encaminhadas para atendimento por conta de inalação de fumaça.

Junto com a Defesa Civil do Recife, foi providenciado o isolamento do local por risco de desabamento. Durante o dia, os bombeiros foram acionados por seis vezes para realizar novos rescaldos por conta do reaparecimento de fumaça. A corporação afirmou que não houve qualquer informação do desaparecimento de pessoas que estivessem no imóvel.

Na manhã desta segunda, o Corpo de Bombeiros foi novamente acionado por ter sido levantada a suspeita da existência de corpos no primeiro andar. Três guarnições foram enviada ao local, onde foram encontrados dois corpos, os quais foram retirados e entregues ao Instituto de Medicina Legal (IML), após levantamento de peritos do Instituto de Criminalística (IC).

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VítimasMais cedo a vendedora de lanches Márcia Maria Bezerra dos Santos confirmou que o filho e a nora dela estavam no imóvel. “Fiquei sabendo do incêndio. Vim para cá e falaram que ele estava lá”, disse. 
Márcia contou ainda que soube que duas pessoas haviam sido encaminhadas a um abrigo e que chegou a ir ao local, além de hospitais e em UPAs, na esperança de encontrá-los. Ela disse que o casal vivia há quatro anos na pensão dentro do sobrado.
VistoriaO proprietário do prédio Moacir Coelho, estudante de Direito, 62 anos, disse à reportagem que a Prefeitura do Recife realizou a vistoria no imóvel antes do incêndio e não encontrou problemas. “Isso aí foi uma fatalidade que aconteceu. O imóvel está regularizado”, afirmou.

Segundo Moacir, as pessoas o perguntam se foi um curto circuito na instalação, mas ele não acredita que tenha sido isso. “A instalação estava boa. Isso aí deve ter sido algum fogão elétrico, alguém botou alguma coisa para cozinhar, o que é proibido. Tem a cozinha, tem a geladeira, tem fogão tem lugar para o pessoal cozinhar e o pessoal ligou alguma coisa, e eles esqueceram”, disse.
O Secretário da Defesa Civil do Recife, coronel Cassio Sinomar, afirmou que o casarão teve um comprometimento da parte estrutural e que avaliou as casas do lado. "No casarão que está ao lado manteremos a interdição, e também vamos aumentar a interdição de duas casas", explicou.
Sobre as vítimas, ele confirmou que encontraram dois corpos. "O combate do Corpo de Bombeiros, até por segurança de toda equipe, toda a estrutura, foi feita por parte de fora. E aí não houve nenhum reconhecimento, ninguém da população sentiu falta de alguém".

Em nota, os bombeiros afirmaram que "atuaram de acordo com os protocolos de ação, salvando as vidas, o meio ambiente e o patrimônio". Mesmo assim, o Comando Geral da Corporação determinou que fosse feita uma apuração sobre a atuação das guarnições no local.

O secretário ainda informou que algumas famílias foram relocadas, mas é preciso um trabalho de conscientização para que as pessoas deixem as moradias em risco. "A gente solicita o trabalho de mobilização, estivemos aqui com assistente sociais, tivemos aqui com engenheiros, fazendo toda a avaliação, orientando", explicou.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Brasileiros querem Justiça na cola de Temer


A maior parte dos brasileiros, 81%, deseja que os deputados federais votem a favor da aceitação da denúncia contra o presidente Michel Temer. A pesquisa do Ibope, encomendada pela ONG Avaaz, foi divulgada nesta segunda-feira (31). A votação no plenário da Câmara dos Deputados está marcada para esta quarta (2). O presidente é acusado por corrupção passiva.

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A pergunta feita para os entrevistados foi: "o senhor ou senhora acredita que os deputados federais devem votar a favor ou contra abertura do processo que torna o presidente Michel Temer réu por crime de corrupção?". Apenas 14% disseram ser contra a abertura do processo e 5% não sabem/não responderam.

O posicionamento a favor da denúncia é maior entre os mais jovens (89%), entre os que têm ensino médio (86%) ou superior completo (85%) e entre os que têm renda familiar entre dois e cinco salários mínimos (87%).

Foram ouvidas pelo Ibope 1 mil pessoas por telefone entre os dias 24 e 26 de julho. O nível de confiança da pesquisa é de 95%, e a margem de erro máxima é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Portugal perpetua mito do 'bom colonizador' e banaliza escravidão


Escravos por DebretDireito de imagemJEAN-BAPTISTE DEBRET
Image captionPintura do francês Jean-Baptiste Debret de 1826 retrata escravos no Brasil

"De igual modo, em virtude dos descobrimentos, movimentaram-se povos para outros continentes (sobretudo europeus e escravos africanos)."
É dessa forma - "como se os negros tivessem optado por emigrar em vez de terem sido levados à força" - que o colonialismo ainda é ensinado em Portugal.
Quem critica é a portuguesa Marta Araújo, investigadora principal do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra.
De setembro de 2008 a fevereiro de 2012, ela coordenou uma minuciosa pesquisa ao fim da qual concluiu que os livros didáticos do país "escondem o racismo no colonialismo português e naturalizam a escravatura".
Além disso, segundo Araújo, "persiste até hoje a visão romântica de que cumprimos uma missão civilizatória, ou seja, de que fomos bons colonizadores, mais benevolentes do que outros povos europeus".
"A escravatura não ocupa mais de duas ou três páginas nesses livros, sendo tratada de forma vaga e superficial. Também propagam ideias tortuosas. Por exemplo, quando falam sobre as consequências da escravatura, o único país a ganhar maior destaque é o Brasil e mesmo assim para falar sobre a miscigenação", explica.
"Por trás disso, está o propósito de destacar a suposta multirracialidade da nossa maior colônia que, neste sentido, seria um exemplo do sucesso das políticas de miscigenação. Na prática, porém, sabemos que isso não ocorreu da forma como é tratada", questiona.
Araújo diz que "nada mudou" desde 2012 e argumenta que a falta de compreensão sobre o assunto traz prejuízos.
"Essa narrativa gera uma série de consequências, desde a menor coleta de dados sobre a discriminação étnico-racial até a própria não admissão de que temos um problema de racismo", afirma.

Escravos por DebretDireito de imagemJEAN-BAPTISTE DEBRET
Image captionSegundo Araújo, livros didáticos portugueses continuam a apregoar visão "romântica" sobre colonialismo português

'Vítimas passivas?'

Para realizar a pesquisa, Araújo contou com a ajuda de outros pesquisadores. O foco principal foi a análise dos cinco livros didáticos de História mais vendidos no país para alunos do chamado 3º Ciclo do Ensino Básico (12 a 14 anos), que compreende do 7º ao 9º ano.
Além disso, a equipe também examinou políticas públicas, entrevistou historiadores e educadores, assistiu a aulas e conduziu workshops com estudantes.
Em um deles, as pesquisadoras presenciaram uma cena que chamou a atenção, lembra Araújo.
Na ocasião, os alunos ficaram surpresos ao saber de revoltas das próprias populações escravizadas. E também sobre o verdadeiro significado dos quilombos ─ destino dos escravos que fugiam, normalmente locais escondidos e fortificados no meio das matas.
"Em outros países, há uma abertura muito maior para discutir como essas populações lutavam contra a opressão. Mas, no caso português, os alunos nem sequer poderiam imaginar que eles se libertavam sozinhos e continuavam a acreditar que todos eram vítimas passivas da situação. É uma ideia muito resignada", diz.
Araújo destaca que nos livros analisados "não há nenhuma alusão à Revolução do Haiti (conflito sangrento que culminou na abolição da escravidão e na independência do país, que passou a ser a primeira república governada por pessoas de ascendência africana)".
Já os quilombos são representados, acrescenta a pesquisadora, como "locais onde os negros dançavam em um dia de festa".
"Como resultado, essas versões acabam sendo consensualizadas e não levantam as polêmicas necessárias para problematizarmos o ensino da História da África."

'Visão romântica'

Araújo diz que, diferentemente de outros países, os livros didáticos portugueses continuam a apregoar uma visão "romântica" sobre o colonialismo português.
"Perdura a narrativa de que nosso colonialismo foi um colonialismo amigável, do qual resultaram sociedades multiculturais e multirraciais - e o Brasil seria um exemplo", diz.
Ironicamente, contudo, outras potências colonizadoras daquele tempo não são retratadas de igual forma, observa ela.
"Quando falamos da descoberta das Américas, os espanhóis são descritos como extremamente violentos sempre em contraste com a suposta benevolência do colonialismo português. Já os impérios francês, britânico e belga são tachados de racistas", assinala.
"Por outro lado, nunca se fala da questão racial em relação ao colonialismo português. Há despolitização crescente. Os livros didáticos holandeses, por exemplo, atribuem a escravatura aos portugueses", acrescenta.
Segundo ela, essa ideia da "benevolência do colonizador português" acabou encontrando eco no luso-tropicalismo, tese desenvolvida pelo cientista social brasileiro Gilberto Freire sobre a relação de Portugal com os trópicos.
Em linhas gerais, Freire defendia que a capacidade do português de se relacionar com os trópicos ─ não por interesse político ou econômico, mas por suposta empatia inata ─ resultaria de sua própria origem ética híbrida, da sua bicontinentalidade e do longo contato com mouros e judeus na Península Ibérica.
Apesar de rejeitado pelo Estado Novo de Getúlio Vargas (1930-1945), por causa da importância que conferia à miscigenação e à interpenetração de culturas, o luso-tropicalismo ganhou força como peça de propaganda durante a ditadura do português António de Oliveira Salazar (1932-1968). Uma versão simplificada e nacionalista da tese acabou guiando a política externa do regime.
"Ocorre que a questão racial nunca foi debatida em Portugal", ressalta Araújo.

Passagem de livro didático em PortugalDireito de imagemMARTA ARAÚJO
Image captionLivro didático português diz que escravos africanos "movimentaram-se para outros continentes"

'Sem resposta'

A pesquisadora alega que enviou os resultados da pesquisa ao Ministério da Educação português, mas nunca obteve resposta.
"Nossa percepção é que os responsáveis acreditam que tudo está bem assim e que medidas paliativas, como festivais culturais sazonais, podem substituir a problematização de um assunto tão importante", critica.
Nesse sentido, Araújo elogia a iniciativa brasileira de 2003 que tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena em todas as escolas, públicas e particulares, do ensino fundamental até o ensino médio.
"Precisamos combater o racismo, mas isso não será possível se não mudarmos a forma como ensinamos nossa História", conclui.
Procurado pela BBC Brasil, o Ministério da Educação português não havia respondido até a publicação desta reportagem.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 30 de julho de 2017

Gols e os melhores momentos de Bahia 1 X 3 Sport

Assista aqui em LEIA MAIS o que foi o jogão dos maiores clubes do nordeste
https://www.youtube.com/watch?v=OOu_Ypjnk2o
SPORT ENTRE OS MAIS BEM  CLASSIFICADOS
Mais três pontos, no mínimo, nos próximos dois jogos. Se possível, derrotando o líder do Campeonato, Corinthians. E, até o final da temporada, não deixar mais o G6 da Série A do Campeonato Brasileiro 2017. O vice-presidente do Sport, Gustavo Dubeux, traçou os planos de curto e longo prazo do Leão para o restante da temporada.

SANTA PERDE DE 4 A O PARA O PARANÁ. CRISE FINANCEIRA AFETA O CLUBE.

Uma catástrofe. Assim pode ser resumida a tarde deste sábado (29) para o Santa Cruz. Em Curitiba, o Tricolor perdeu a chance de encostar no G4 e foi trucidado pelo Paraná por 4x0 (gols de Alemão, Minho, Iago Maidana e Renatinho). A Cobra Coral segue com 23 pontos e caiu para a 12ª posição - provisoriamente - da Série B.


Sem rodeios, o técnico Givanildo Oliveira comentou sobre os atrasos salariais que pesam o ambiente do Santa Cruz. Com o elenco e os funcionários há dois meses sem receber – maio e junho –, ele admitiu que a falta de dinheiro abala a cabeça dos jogadores e também avisou que não proíbe que eles toquem no assunto nas coletivas de imprensa. Para ele, o problema financeiro já está exposto.
“Não posso e nunca vou fazer isso de proibir o jogador falar de salários. Ele não pode dizer que está tudo certo aqui, em dia... Às vezes, tem gente que não gosta de escutar a verdade, mas em muitas situações também existem verdades. Em cima disso, claro que os caras sentem. Quem não sente?”, disse.
Segundo informações apuradas pela reportagem da Folha de Pernambuco, a diretoria prometeu quitar uma folha salarial até a próxima sexta-feira (4) após reunião na semana passada entre o presidente, os atletas e os membros da comissão técnica. Givanildo depositou, mais uma vez, confiança no esforço do clube para saldar pelo menos parte das dívidas.
“O presidente (Alírio Moraes) está trabalhando no dia a dia. Ele se reuniu com o elenco e estamos esperando que as coisas aconteçam. E que ele consiga no dia marcado, 4 de agosto, fazer esse pagamento”, declarou.
NÁUTICO VIVE MAIS UM VEXAME, MAIS UMA DERROTA
A via crúcis do Náutico no Campeonato Brasileiro continua. Após ter evoluído nas últimas rodadas, o Timbu buscava, enfim, vencer o primeiro jogo em casa na Série B. Não deu certo. Os alvirrubros foram batidos pelo Criciúma, por 2x1, neste sábado (29) e seguem na última posição do torneio, com míseros oito pontos em 17 rodadas.
O pior clube desta Série B pode ter, faltando duas rodadas para o término do primeiro turno da edição 2017, o desempenho mais pífio do primeiro turno desde que o sistema de disputa foi adotado na Segundona, em 2006. Com apenas oito pontos conquistados em 17 jogos, o Náutico tem um aproveitamento de 15,7%. E, mesmo que vença os dois confrontos finais da metade do torneio, contra Vila Nova e Luverdense, os pernambucanos só chegarão, no máximo, à marca de 14 - mesma pontuação do ABC, em 2013, e do Vila, em 2014.
Com Informações de  Folha de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE