quarta-feira, 12 de abril de 2017

Os próximos passos após lista de Fachin causar terremoto no mundo político




Edson FachinDireito de imagemREUTERS
Image captionRelator da Lava Jato no STF, ministro Edson Fachin autorizou 76 pedidos de abertura de inquérito

Foram, ao todo, 76 pedidos de abertura de inquérito, envolvendo oito ministros, 24 senadores, 39 deputados e três governadores.
Na terça-feira, o ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), deu sinal verde às investigações contra uma parcela significativa da classe política brasileira, provocando um verdadeiro terremoto em Brasília.
Os inquéritos foram abertos com base na "delação do fim do mundo" - como ficaram conhecidos os acordos de delação premiada da empreiteira Odebrecht, alvo da operação Lava Jato, iniciada a partir da investigação de um amplo esquema de corrupção na Petrobras.
A decisão de Fachin ocorre cerca de um mês depois de o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviar 83 pedidos de abertura de inquérito ao STF.
O ministro também enviou dezenas de outros inquéritos - totalizando mais de 200 nomes, incluindo os de quatro ex-presidentes - a outros tribunais porque os envolvidos não têm prerrogativa de foro no STF.
Entre eles, estão, por exemplo, governadores de Estado que têm de ser julgados pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça), além de ex-presidentes, como Dilma Rousseff, Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso.
Embora tenha sido citado, o presidente Michel Temer não será alvo de inquérito, uma vez que a lei proíbe que o presidente seja investigado por fatos anteriores ao seu mandato.
Trata-se de uma etapa importante do processo, acompanhado atentamente por milhões de brasileiros. Mas o que esse novo estágio significa? E quais serão os próximos passos? Confira abaixo.

1) O que aconteceu?

Na terça-feira, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin decidiu abrir inquérito contra oito ministros, 24 senadores, 39 deputados e três governadores.
Fachin também enviou dezenas de outros inquéritos - totalizando mais de 200 nomes, incluindo de ex-presidentes - a outros tribunais porque os envolvidos não tem prerrogativa de foro no STF.
Todos eles foram citados nas delações premiadas de 78 ex-executivos do grupo Odebrecht. A empreiteira é acusada de participar de um amplo esquema de corrupção na Petrobras.
Devido à magnitude, e seu possível impacto no universo político brasileiro, esse conjunto de delações foi apelidado de "delação do fim do mundo".
Prevista por lei desde 1999 no Brasil, a delação premiada é um benefício legal concedido ao réu em uma ação penal que aceite colaborar com a Justiça.
Caso apresente provas que possam ajudar nas investigações ou solucionar um crime, o réu pode ser beneficiado pelo juiz com a diminuição da pena, cumprimento da pena em regime semiaberto, extinção da pena ou mesmo perdão judicial.

2) O que isso significa?

A abertura de um inquérito é considerada a primeira etapa de uma apuração. A partir do sinal verde de Fachin, serão colhidas provas que podem, potencialmente, transformar um investigado em suspeito pela prática de um crime.
Ou seja, por ora, todos são investigados.

3) Por que a decisão sobre a abertura dos inquéritos coube ao ministro Edson Fachin?

Fachin é, atualmente, o relator da Operação da Lava Jato no STF. Ele foi sorteado como novo relator do processo que investiga o esquema de corrupção na Petrobras substituindo o ex-relator, ministro Teori Zavascki, morto em acidente de avião no início deste ano.
Pela lei brasileira, só é possível abrir um inquérito contra presidentes, ministros ou parlamentares após autorização do STF. Isso porque eles contam com o chamado "foro por prerrogativa de função" (ou popularmente conhecido como foro privilegiado), que os impede de ser julgados nas instâncias inferiores.
Ou seja, por terem imunidade, só podem ser julgados pela maior instância jurídica do país, o STF.
Apesar de não ser competência do STF julgar governadores - a tarefa cabe ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), Fachin decidiu abrir inquérito contra três deles (Alagoas, Acre e Rio Grande do Norte) pois são citados em ações envolvendo pessoas com foro no Supremo.



Congresso NacionalDireito de imagemAGÊNCIA BRASIL
Image captionDecisão de Fachin causou terremoto em Brasília, mas processo pode durar anos

4) Como foi o trâmite (ou como a "lista de Janot" se tornou a "lista de Fachin")?

Há cerca de um mês, no dia 14 de março, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a abertura de 83 inquéritos ao STF.
Fachin aprovou 76 pedidos e arquivou sete.
Em 2015, a primeira lista com pedidos de abertura de inquérito ao STF totalizou 27 nomes, mas apenas quatro políticos se tornaram réus (ou seja, passaram a responder a um processo judicial).
São eles: o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e os deputados Nelson Meurer (PP-RJ) e Aníbal Gomes (PMDB-CE).



Políticos e autoridades com inquéritos abertos por Fachin por causa de 'delação do fim do mundo'Direito de imagemAFP, REUTERS, AGÊNCIA BRASIL
Image caption'Delação do fim do mundo' envolve parcela significativa da classe política brasileira

5) Qual será o próximo passo?

Com a autorização do Supremo para a abertura do inquérito, a Procuradoria-Geral da República (PGR) passa a comandar a apuração dos investigados com foro.
Nesse contexto, o órgão pode solicitar a ajuda da Polícia Federal. Serão conduzidas diligências e colhidos depoimentos.
Se ao fim do inquérito houver indícios de que os investigados tiverem cometido crime, a PGR pode apresentar denúncia ao STF. Durante essa etapa de coleta de provas, o órgão pode, por exemplo, pedir a quebra do sigilo telefônico ou bancário e a prisão preventiva dos investigados, com autorização prévia de Fachin.
Só a partir do momento em que o STF aceita a denúncia, o denunciado passa à condição de réu e começa a responder ao processo judicial.
Além do processo no Judiciário, os investigados podem ser penalizados com a possível cassação do mandato, mas disso dependerá a decisão do Congresso (Legislativo).

6) Quanto tempo esse processo pode demorar?

Não se sabe. Existe o risco de algumas investigações prescreverem, como já ocorreu anteriormente.
O desfecho do caso ainda está bem distante - e há temores de que mudanças legislativas ponham em xeque a punição de parte dos crimes cometidos.
Em 2014, pesquisadores da FGV do Rio de Janeiro analisaram a duração de processos no STF entre 1988 e 2013.
Segundo o estudo, ações que envolviam direito penal - caso de grande parte das denúncias apuradas na Lava Jato - levaram em média 5,5 anos para serem julgadas.
Se seguirem essa média, os julgamentos dos políticos na "nova lista de Janot" que se tornarem réus chegariam a uma conclusão no final de 2022.
Fonte:BBC.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 11 de abril de 2017

ONU alerta para risco de mortes em massa por causa da fome na África



Em 2011, fome matou cerca de 260 mil pessoas na região chamada de "Chifre da África"; a maioria das vítimas era crianças
Em 2011, fome matou cerca de 260 mil pessoas na região chamada de "Chifre da África"; a maioria das vítimas era criançasFoto: Tony Karumba/AFP
A fome pode provocar mortes em massa no Chifre da África, Iêmen e Nigéria, alertou nesta terça-feira (11) a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). "O risco de mortes em massa provocadas pela fome na população do 'Chifre da África', do Iêmen e da Nigéria cresce", declarou o porta-voz da Acnur, Adrian Edwards, em Genebra.

A ONU teme que a situação seja pior que a da fome de 2011, que provocou mais de 260 mil mortos no Chifre da África, dos quais mais da metade eram crianças menores de cinco anos. "É preciso evitar a qualquer preço que isso se repita", disse o porta-voz do ACNUR, lamentando o fato de esta crise parecer quase "inevitável", apesar de que "podia ter sido evitada".

A situação atual é o resultado de múltiplos fatores: seca, falta de fundos e os conflitos, que provocam deslocamentos em massa, explicou Edwards. Somália, Sudão do Sul, Iêmen e Nigéria são afetados por uma grave seca e, além disso, são vítimas da violência ou de conflitos armados. A ONU pediu à comunidade internacional 4,4 bilhões de dólares para enfrentar a fome que ameaça estes países.

A ONU recebeu até o momento 21% deste valor, ou seja, 984 milhões de dólares, indicou um porta-voz do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), Jens Laerke. "Sem fundos para comprar alimentos, as porções distribuídas diminuem", apontou a Acnur em um comunicado. No Djibuti, estas diminuíram 12%; Na Tanzânia e Ruanda, entre 20% e 50%, e em Uganda, até 50%.

"Agora"

A situação humanitária pode piorar, e mais ainda tendo em conta que as crianças, mais frágeis, representam a maioria dos refugiados, segundo a ONU. No Sudão do Sul, por exemplo, quase 100.000 pessoas têm que enfrentar a fome atualmente, mas quase um milhão de pessoas estão à beira da fome, segundo o ACNUR.

No Iêmen, atingido pela maior crise humanitária do mundo, 17 milhões de pessoas (60% da população) passam fome. Por outro lado, sete milhões de pessoas estão afetadas pela insegurança alimentar na Nigéria, onde a situação é especialmente negativa no nordeste do país, afetado pela insurreição jihadista do grupo extremista Boko Haram.

A situação também é "muito, muito desesperadora" na Somália, indicou David Hermann, coordenador do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICR) nesse país. "A resposta deveria ser dada agora, do contrário (...) as pessoas morrerão de fome", declarou a jornalistas.

Os problemas de acesso, principalmente no Iêmen, mas também em algumas partes do Sudão do Sul, dificultam as tarefas dos trabalhadores humanitários, explicou Jens Laerke. "Precisamos ter acesso às pessoas necessitadas" e "fundos para prevenir a fome", insistiu.

"É urgente responder a estas necessidades agora", enquanto que os deslocamentos não param de aumentar na região, afirmou Adrian Edwards. Além disso, o ACNUR está revisando seus dados de deslocados na África, acrescentou. Neste sentido, a ONU espera que cerca de 180.000 pessoas procedentes do Sudão do Sul cheguem neste ano ao Sudão. A estimativa inicial era de 60 mil.
Por Folha de Pernambuco via  AFP 
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Pernambuco perde Nena Marinho,

Nena Marinho, mulher forte, ativista dos movimentos sociais, defensora da cultura regional, educadora, mulher militante da luta política, defensora das causas das mulheres, engajada, comprometida com cidadania das agricultoras, dos negros,  dos povos quilombola, movimento de mulheres de Pernambuco. Nena  residia em Belo Jardim.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Nomes dos 29 senadores investigados na Lava-Jato


O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a abertura de inquérito contra nove ministros do governo Temer, 29 senadores e 42 deputados federais, entre eles os presidentes das duas Casas –como mostram as 83 decisões do magistrado do STF, obtidas com exclusividade pelo Estado. O grupo faz parte do total de 108 alvos dos 83 inquéritos que a Procuradoria-Geral da República (PGR) encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) com base nas delações dos 78 executivos e ex-executivos do Grupo Odebrecht, todos com foro privilegiado no STF. Os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff não aparecem nesse conjunto porque não possuem mais foro especial.
Dentre os pernambucanos que, segundo o Estadão, serão investigados no Supremo, por determinação do Ministro Edson Fachin, estão os ministros Bruno Araújo (PSDB), das Cidades e Roberto Freire (PPS), da Cultura, os senadores Humberto Costa (PT) e Fernando Bezerra Coelho (PSB), os deputados federais Jarbas Vasconcelos (PMDB) e Betinho Gomes (PSDB) e o ex-prefeito do Cabo de Santo Agostinho, Vado da Farmácia.
Fonte:Estadão/ Rede.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 9 de abril de 2017

O início da Semana Santa em Bom Jardim

                                   Procissão do Encontro
A Semana Santa começa no Domingo de Ramos, porque celebra a entrada de Jesus em Jerusalém montado em um jumentinho – o símbolo da humildade – e aclamado pelo povo simples, que O aplaudia como “Aquele que vem em nome do Senhor”. Esse povo tinha visto Jesus ressuscitar Lázaro de Betânia havia poucos dias e estava maravilhado. Ele tinha a certeza de que este era o Messias anunciado pelos profetas; mas esse mesmo povo tinha se enganado no tipo de Messias que Cristo era. Pensava que fosse um Messias político, libertador social que fosse arrancar Israel das garras de Roma e devolver-lhe o apogeu dos tempos de Salomão.

Para deixar claro a este povo que Ele não era um Messias temporal e político, um libertador efêmero, mas o grande Libertador do pecado, a raiz de todos os males, então, o Senhor entra na grande cidade, a Jerusalém dos patriarcas e dos reis sagrados, montado em um jumentinho; expressão da pequenez terrena. Ele não é um Rei deste mundo! Dessa forma, o Domingo de Ramos dá o início à Semana Santa, que mistura os gritos de hosanas com os clamores da Paixão de Cristo. O povo acolheu Jesus abanando seus ramos de oliveiras e palmeiras.

Os ramos lembram nosso batismo

Esses ramos significam a vitória: “Hosana ao Filho de Davi: bendito seja o que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel; hosana nas alturas”. Os ramos santos nos fazem lembrar que somos batizados, filhos de Deus, membros de Cristo, participantes da Igreja, defensores da fé católica, especialmente nestes tempos difíceis em que esta é desvalorizada e espezinhada. Os ramos sagrados que levamos para nossas casas, após a Missa, lembram-nos de que estamos unidos a Cristo na mesma luta pela salvação do mundo, a luta árdua contra o pecado, um caminho em direção ao Calvário, mas que chegará à Ressurreição.

O sentido da Procissão de Ramos

O sentido da Procissão de Ramos é mostrar essa peregrinação sobre a terra que cada cristão realiza a caminho da vida eterna com Deus. Ela nos recorda que somos apenas peregrinos neste mundo tão passageiro, tão transitório, que se gasta tão rapidamente. E nos mostra que a nossa pátria não é neste mundo, mas sim na eternidade, que aqui nós vivemos apenas em um rápido exílio em demanda da casa do Pai. A Missa do Domingo de Ramos traz a narrativa de São Lucas sobre a Paixão de Nosso Senhor Jesus: Sua angústia mortal no Horto das Oliveiras, o Sangue vertido com o suor, o beijo traiçoeiro de Judas, a prisão, os maus-tratos causados pelas mãos do soldados na casa de Anãs, Caifás; Seu julgamento iníquo diante de Pilatos, depois, diante de Herodes, Sua condenação, o povo a vociferar “crucifica-o, crucifica-o”; as bofetadas, as humilhações, o caminho percorrido até o Calvário, a ajuda do Cirineu, o consolo das santas mulheres, o terrível madeiro da cruz, Seu diálogo com o bom ladrão, Sua morte e sepultura.

Entrada “solene” de Jesus em Jerusalém

A entrada “solene” de Jesus em Jerusalém foi um prelúdio de Suas dores e humilhações. Aquela mesma multidão que O homenageou, motivada por Seus milagres, agora vira as costas a Ele e muitos pedem a Sua morte. Jesus, que conhecia o coração dos homens, não estava iludido. Quanta falsidade há nas atitudes de certas pessoas! Quantas lições nos deixam esse Domingo de Ramos! O Mestre nos ensina, com fatos e exemplos, que o Reino d’Ele, de fato, não é deste mundo. Que Ele não veio para derrubar César e Pilatos, mas para derrubar um inimigo muito pior e invisível: o pecado. E para isso é preciso se imolar; aceitar a Paixão, passar pela morte para destruir a morte; perder a vida para ganhá-la. A muitos o Senhor Jesus decepcionou; pensavam que Ele fosse escorraçar Pilatos e reimplantar o reinado de Davi e Salomão em Israel; mas Ele vem montado em um jumentinho frágil e pobre.
Muitos pensam: “Que Messias é esse? Que libertador é esse? É um farsante! É um enganador que merece a cruz por nos ter iludido”. Talvez Judas tenha sido o grande decepcionado. O Domingo de Ramos ensina-nos que a luta de Cristo e da Igreja e, consequentemente, a nossa também, é a luta contra o pecado, a desobediência à Lei Sagrada de Deus, que hoje é calcada aos pés até mesmo por muitos cristãos que preferem viver um Cristianismo “light”, adaptado aos seus gostos e interesses, e segundo as suas conveniências. Impera, como disse Bento XVI, “a ditadura do relativismo”. O Domingo de Ramos nos ensina que seguir o Cristo é renunciar a nós mesmos, morrer na terra como o grão de trigo para poder dar fruto, enfrentar os dissabores e ofensas por causa do Evangelho do Senhor. Ele nos arranca das comodidades e das facilidades, para nos colocar diante d’Aquele que veio ao mundo para salvá-lo.
Com Informações de Canção Nova
Foto:Kahlynne Andrade.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

'Despreparada para a era digital, a democracia está sendo destruída', afirma guru do 'big data'


Martin HilbertDireito de imagemARQUIVO PESSOAL
Image captionMartin Hilbert, assessor de tecnologia da Biblioteca do Congresso dos EUA, investigou a disponibilidade de informação no mundo de hoje

Quando Martin Hilbert calcula o volume de informação que há no mundo, causa espanto. Quando explica as mudanças no conceito de privacidade, abala. E quando reflete sobre o impacto disso tudo sobre os regimes democráticos, preocupa.
"Isso vai muito mal", adverte Hilbert, alemão de 39 anos, doutor em Comunicação, Economia e Ciências Sociais, e que investiga a disopnibilidade de informação no mundo contemporâneo.
Segundo o professor da Universidade da Califórnia e assessor de tecnologia da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, o fluxo de dados entre cidadãos e governantes pode nos levar a uma "ditadura da informação", algo imaginado pelo escritor George Orwell no livro 1984.
Vivemos em um mundo onde políticos podem usar a tecnología para mudar mentes, operadoras de telefonia celular podem prever nossa localização e algoritmos das redes sociais conseguem decifrar nossa personalidade melhor do que nossos parceiros, afirma.
Com 250 'likes'; o algoritmo do Facebook pode prever sua personalidade melhor que seu parceiro
Hilbert conversou com a BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, sobre a eliminação de proteções à privacidade online nos EUA, onde uma decisão recente do Congresso, aprovada pelo presidente Donald Trump, facilitará a venda de informação de clientes por empresas provedoras de internet.
Confira os principais trechos da entrevista:

Donald TrumpDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionTrump usou redes sociais para alcan;ar o poder e suas decisões estão fortalecendo empresas que coletam dados dos cidadãos

Qual é sua opinião sobre a decisão do Congresso dos EUA de derrubar regras de privacidade na internet?

Os provedores de internet buscam permissão para coletar dados privados dos clientes há muito tempo - incluindo o histórico de navegação na web - e compartilhar com terceiros, como anunciantes e empresas de marketing.
Um provedor de internet pode ver suas buscas na internet - se, por exemplo, você assiste Netflix ou Hulu. Essa informação é valiosa, porque poderiam orientar sua publicidade a residências que usam seus serviços.
Enquanto isso parece ser um ato grave, liberado pelo novo governo dos EUA, há que reconhecer que nos últimos 30 anos os órgãos reguladores das telecomunicações nos EUA se afastaram de uma de suas metas originais: o benefício da sociedade. E se moveram no sentido de favorecer as empresas.

Os provedores de internet diziam que as regras não se aplicaram a grandes coletores de dados como Facebook ou Google. Como vê esse argumento?

Tem certa razão. Mas há uma diferença: para o Facebook, seu negócio são os dados que tem, trata-se de uma empresa de dados. A questão é se classificamos ou não os provedores de internet como provedores de dados.

FacebookDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionCada "like" no Facebook diz muito sobre você

Muitos provedores de telecomunicações inclusive estão começando a vender dados. Por exemplo: uma operadora de telefonia celular sabe onde você está em cada segundo. Então também podem vender essa informação? É preciso redefinir esses diferentes âmbitos. O órgão regulador precisa estar preparado e encontrar um equilíbrio em cada país.

Isso mostra a dificuldade de proteger a privacidade hoje?

A pergunta certa é que privacidade as pessoas querem. E a verdade é que as pessoas não estão tão preocupadas. O que ocorreu depois de todas as revelações de Edward Snowden? Nada. Disseram: "Não é bom que vejam minhas fotos íntimas". E no dia seguinte continuaram. Ninguém foi protestar.

Consideremos uma pessoa adulta que hoje usa um celular, um computador. Quanta informação pode ser coletada sobre essa pessoa?

No passado, a referência de maior coleção de informação era a biblioteca do Congresso americano. E hoje em dia a informação disponível no mundo chegou a tal nível que equivale à coleção dessa biblioteca por cada 15 pessoas.
Há um monte de informação por aí, e ela cresce rapidamente: se duplica a cada dois anos e meio. A última fez que fiz essa estimativa foi em 2014. Agora deve haver uma biblioteca do Congresso dos EUA opr cada sete pessoas. E em cinco anos haverá uma por cada indivíduo.
Há uma nova avaliação sobre como interpretar a privacidade. E as gerações jovens têm um conceito totalmente diferente do que é privacidade ou não.
Arquivo pessoal
Se colocássemos toda essa informação em formato de livros e os empilhássemos, teríamos 4,5 mil pilhas de livros que chegariam até o Sol. Novamente, isso era há dois anos e meio. Agora seriam 8 ou 9 mil pilhas chegando ao Sol.
E a informação que você produz cresce basicamente no mesmo ritmo: estima-se que haja 5 mil pontos de dados disponíveis para análise por morador dos EUA. São coisas que deixamos no Facebook, por exemplo. O volume de dados que deixamos de verdade é difícil de estimar, porque é quase um contínuo: você tem o celular consigo a cada segundo e deixa uma pegada digital. Então cada segundo está registrado por diversas empresas.

Pode dar exemplos?

Sua operadora de celular sabe onde você está graças a seu celular. O Google também sabe, porque você tem Google Maps e Gmail no seu telefone. E cada transação que faz com seu cartão de crédito é um ponto de dados, cada curtida no Facebook. Inclusive pode haver registros de como você movimenta o mouse ao usar a internet.

Logotipo do GoogleDireito de imagemREUTERS
Image captionGoogle tambiém sabe de você, porque, entre outros motivos, possui Google Maps e Gmail em seu telefone

Mas essa informação não está reunida em apenas um lugar ou por uma empresa. Até que ponto podemos ser previsíveis para uma empresa que coleta dados sobre nós?

Vou dar vários exemplos. Seu telefone te mostra quantas chamadas fez. A operadora deve coletar essas informações para processar sua conta. Eles não se preocupam com quem e o que falou. É apenas a frequência e duração de suas chamadas, algo conhecido como metadados. Com isso é possível fazer uma engenharia reversa e reconstruir um censo completo de um país com cerca de 80% de precisão: gênero, famílias, renda, educação.
Se tenho informação mais detalhada - por exemplo, se a operadora registra seus deslocamentos por meio das conexões às antenas. É possível prever com até 95% de precisão onde você estará em dois meses, e em que hora do dia.
Você tem o celular consigo a cada segundo e deixa uma pegada digital; cada segundo está registrado por diversas empresas
Passemos ao Facebook, que tem um pouco mais de informação, Há, por exemplo, as "curtidas", o que você gosta e quando. Pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, fizeram testes de personalidade com pessoas que franquearam acesso a suas páginas pessoais no Facebook, e estimaram, com ajuda de um algoritmo de computador, com quantas curtidas é possível detectar sua personalidade.
Com cem curtidas poderiam prever sua personalidade com acuidade e até outras coisas: sua orientação sexual, origem étnica, opinião religiosa e política, nível de inteligência, se usa substâncias que causam vício ou se tem pais separados. E os pesquisadores detectaram que com 150 curtidas o algoritmo podia prever sua personalidade melhor que seu companheiro. Com 250 curtidas, o algoritmo tem elementos para conhecer sua personalidade melhor do que você.

Para que essa informação é usada?

Para uma empresa de marketing ou um político em busca de votos, é algo muito interessante. Com o chamado big data (análise de grandes volumes de dados oriundos do uso de internet) também elevamos muito o poder de previsão das Ciências Sociais. Desenvolver um algoritmo de inteligência artificial pode custar milhões de dólares. Mas uma vez criado pode ser aplicado a todos. Então é algo que está sendo empregado rapidamente em outros países.
A operadora de celular Telefônica, bastante ativa na América Latina, trabalhou muito em previsão de localização. E até já começou a vender ese tipo de informação. Então caso você queria abrir uma empresa em alguma capital da América Latina para vender gravatas. você paga e te dizem em que hora e onde os homens caminham. E você fica sabendo em qual saída do metrô deve instalar sua loja.

Big dataDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionA operadora Telefônica começou a vender o chamado Big Data nos EUA

A questão é o quão perigoso é tudo isso, essa forma como estão coletando dados que permitem fazer previsões sobre os indivíduos e a sociedade em geral.
Uma tecnologia é apenas uma ferramenta. Pode-se usar um martelo para coisas boas, como erguer uma casa, mas também para matar alguém. Nenhuma tecnologia é tecnologicamente determinada, sempre é socialmente construída.
Não me preocupo tanto com o comércio ou com a economia. Quem não está preparada para esta transparência brutal entre cidadão e representante é a democracia representativa.

Por quê?

Porque a democracia representativa, como a inventaram nos EUA, é um processo de filtrar informação. Há 250 anos era impossível consultar todas as pessoas e as pessoas tampouco estavam informadas. Então os "pais fundadores" da nação americana inventaram um filtro de informação que chamaram de representação: ter representantes que em seu nome deliberam e definem o que serve à sociedade. Rompemos isso completamente.
Os representantes hoje podem ter acesso a tudo o que os cidadãos fazem. E os cidadãos podem ditar a vida dos representantes, com tuítes e outros recursos. A democracia representativa não está preparada para isso.
É o que vemos agora, com a última eleição nos EUA e como o novo presidente usa as mídias sociais - é parte dessa confusão em que estamos.
É preciso refletir e reinventar a democracia representativa. Caso contrário, ela pode facilmente se converter em ditadura da informação. E atentem que a visão mais antiga da sociedade da informação é de 1948, quando George Orwell publicou seu livro 1984. A visão era de uma ditadura da informação.

Direito de imagemGETTY IMAGES
Image captionO romance "1984" de George Orwell aborda uma sociedade futurista governada por um 'partido"', que controla todos os aspectos da vida dos cidadãos.

Se alguém dissesse isso há dez anos, certamente seria contestado pela maioria que acreditava que a internet era democracia pura e liberdade. Mas hoje pessias começam a entender a necessidade de atuação rápida. A democracia não está preparada para a era digital e está sendo destruída.
Estamos num processo que (o economista austro-estadounidense Joseph) Schumpeter chamou de destruição criativa. E não teremos nenhuma criatividade, porque não há proposta de como fazê-la de modo diferente. Não há uma saída, e isso preocupa.

Pode dar exemplos práticos dessa destruição?

(O ex-presidente americano Barack) Obama entende muito bem de big dataDepois do caso Snowden muitos perguntaram porque Obama nada fez. Bom, porque ele também o usou muito.
A maior despesa da campanha de Obama em 2012 não foi para comerciais de TV: criou-se um grupo de 40 engenheiros recrutados em empresas como Google, Facebook, Craigslist, e que incluiu até jogadores profissionais de pôquer. Pagou milhões de dólares para o desenvolvimento de uma base de dados de 16 milhões de eleitores indecisos: 16 milhões de perfis com diferentes dados: tuítes, posts do Facebook, onde vivem, o que assistiam na TV.
É preciso reinventar a democracia representativa. Caso contrário, ela facilmente se converte em ditadura da informação
Quando a campanha conhecia suas preferências, se um amigo seu no Facebook dava uma curtida na campanha de Obama, a equipe ganhava acesso à página desse amigo e passava e enviar mensagens.
E conseguiram mudar a opinião de 80% das pessoas alcançadas desta maneira. Com isso, Obama ganhou a eleição. È como uma lavagem cerebral: não mostra a informação, apenas o que querem escutar.

Como o big data está alterando as formas de governar?

O representante político tem muita informação sobre você, mas o inverso também é verdade. Veja o presidente Trump, que muitas vezes reage em tempo real ao que as pessoas dizem. É como alguém se convertesse em uma marionete do que recebe pela TV ou pelo Twitter.

Trump no TwitterDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionEm uma nova forma de governar, Donald Trump muitas vezes reage em tempo real, via Twitter, ao que as pessoas dizem

A ideia do mandato representativo, como criado peos "pais fundadores" dos EUA, era: confiamos em você como pessoa e você lidera e toma decisões em nosso nome. Agora os políticos medem sua popularidade no Facebook e mudam o discurso ao vivo para ajustá-lo aos comentários do Twitter. Isso não é a ideia que foi desenhada. Os grandes presidentes não se guiaram por populismo: eles lideraram.

Teria uma proposta de solução para esse problema?

A história mostra que é preciso mudar as instituições. Não é possível controlar quem tem dados e quem não tem. Pode-se criar instituições e determinar que algumas informações serão abertas ao público. Por exemplo: os partidos políticos devem declarar as doações que recebem. Mas vão abrir os dados das pessoas?
Abrir também não é a solução, Mas é preciso discutir muito esse assunto. E as pessoas não discutem.
Também é preciso mudar a tecnologia. A tecnologia não é algo que cai do céu. Há muitas oportunidades. Numa entrevista de emprego, por exemplo, a inteligência artificial poderia ser muito mais neutra do que um gerente de recursos humanos que possa discriminar alguém inconscientemente. Poderíamos abandonar padrões muito antigos e criar o futuro que queremos.
Fonte:BBC
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 8 de abril de 2017

Programação Semana Santa em Bom Jardim

Fonte: Matriz de Sant'Ana
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Bom Jardim – Encruzilhada terá Academia da Saúde e nova UBS…


A Vila da Encruzilhada, sede do 5º Distrito do Município do Bom Jardim, terá muito em breve um núcleo de saúde com UBS e academia, no local onde funcionava o Posto Fiscal, bem no centro daquela comunidade, que desponta com considerável índice populacional e socioeconômico.

Hoje na cidade de Santa Cruz do Capibaribe, acompanhado pelo deputado estadual  Joaquim Lira (PSD) durante a realização do Seminário “Pernambuco em Ação”,  o prefeito João Lira (PSD) assinou com o governador Paulo Câmara, o Termo de Compromisso para a doação definitiva daquele espaço ora ocioso ao Município, que já tem projeto elabora para a construção do citado complexo de Saúde. 

Fonte:Dimas Santos/ Foto Bom Jardim Noticia
Professor Edgar Bom Jardim - PE