domingo, 22 de janeiro de 2017

Quem conhece o vandalismo, o desengano, as lágrimas?

Na sociedade do espetáculo, a moda possui um lugar especial. Ela ocupa todos os espaços e fascina quem quer se destacar. Está entrelaçada com as inaugurações e as novidades. Move-se com rapidez. Adora uma mídia e uma rede social. Mas também provoca escândalos e discórdias. Invade, ocupa, distrai, chateia, exibe-se. Atinge todos os grupos sociais, organiza desfiles, frequenta praias, gosta de aparecer. Estamos cercados por muitas modas. Há vocabulários específicos. Eles se tornam ponto de debate. Já leram sobre a questão do vandalismo? Não pescaram alguma manchete cheia de dubiedades e dúvidas? Observaram o charme dos analistas políticos das TVs? As mentiras assombram e divertem, conquistam os  ares do cinismo.
O vândalo é contemporâneo, surgiu de repente,  protesta ou está na vitrine das políticas? Lembro-me da Idade Média, dos chamados povos bárbaros. Não é difícil associar. Nem todos escutaram histórias medievais, portanto se encantam com a sonoridade das palavras. As interpretações dominam as concepções de mundo. Muitos acham que estamos numa sociedade de tecnologia de rara beleza.. Não tiram o celular do bolso, imaginam  ruídos extravagantes. O mundo não é apenas fascinação. Já pensaram nas poluições, nas favelas, na beiras dos rios, construídas com papelão? O risco das palavras não cria superficialidades?
Existem inquietudes e não sossego. Há quem se esconda, quem tenha guarda pessoal. Os carros blindados enchem os olhos dos milionários. O medo os faz inseguros. Não se conhece o passado como se deveria. Há uma paixão pelo agora, como se a cultura não estivesse manchada pelo tempo. Quem se recorda das Cruzadas, das bombas atômicas, do fim da nazismo? Por que relacionar o povo bárbaro com os desenganos atuais? Os delírios são variados e o desejo de ser herói não se foi. Não vamos cantar versos que não fizemos.Nas esquinas se pedem esmolas e socorro, sacode-se conversa fora e preparam-se emboscadas.
A sociedade e as reações são tensas. Os vândalos tinham outros hábitos, não trabalhavam em bancos, nem disputavam olimpíadas. Lutavam, guerreavam, temiam. Coisas que se situam longe dos espetáculos e das neuroses atuais. Mas há outros perfumes. Por que não explicam a ideia de (res)significar? O lixo e o luxo não são formas de barbárie? Os golpes, as armadilhas, a concentração de riqueza desistiram de desenhar seus espaços? Reagir à exploração não é estranho. Os incômodos acontecem, intimidam, desadormecem. Os vândalos ressuscitaram ou não temos nomes para o caos que nos acompanha? A barbárie de hoje, não desloca a barbárie de ontem. A história é outra.
Somos atores, escrevemos dramas e acasos. Não nos livramos da violência, da destruição, da inveja. Somos solidários  com os mitos que escolhemos. As horizontalidades trazem visões diferentes, redefinem organizações, desconfia da tradição. Não confunda o novo com a novidade. Tudo passa com velocidade e dói quando as imagens chegam abatidas. A sociedade atravessa caminhos que assustam. Não há sentido transparente para as mudanças desejadas. Há ensaios. O teatro fechas as cortinas. As agonias se comportam como se estivessem no divã de Freud. As lágrimas são sinais intransferíveis. Para que vaias?
Paulo Rezende.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

No que você está pensando?


Foto circula nas redes sociais com diversos depoitentos sobre a morte do Ministro  Teori Zavascki do Supremo Tribunal Federal (STF).
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Motorista é confundido com assaltante em Recife.

O motorista Mário José Ferreira foi confundido com assaltante ao fazer uma compra de bolo de rolo para o patrão em um estabelecimento da Zona Norte, na noite da sexta-feira (20). Ao G1, ele relatou o constrangimento que passou. Por não ter todo o dinheiro da conta, ele precisou voltar ao carro para pegar o restante da quantia, mas foi impedido de voltar à loja e revistado por policiais.
“Não gosto nem de descrever o que aconteceu. Um cara que paga seus impostos, ter uma arma em cima de você e todo mundo olhando. Os ônibus, os motoqueiros... Eu não sei o que dizer, a minha cabeça está a mil. Que tipo de assaltante deixa R$ 600 e sai?”, contou o motorista neste sábado (21).
A Casa dos Frios afirmou que uma funcionária teve a impressão de vê-lo com uma arma e, por isso, a Polícia Militar foi acionada. Segundo Mário, os funcionários da loja pareciam desconfortáveis com a presença dele desde sua chegada ao estabelecimento. Ele havia saído uma primeira vez para buscar o dinheiro que deixara no carro. Ao passar as compras no caixa, viu que o valor não era suficiente e foi buscar o restante. Foi aí que o impediram de retornar à loja e a polícia surgiu.
"Eu tenho a empresa, meu patrão, que estão à frente disso aí. Mas não sou só eu, muita gente passa pela mesma situação. Sou mais um negro que passou por isso, só que a maioria não tem advogado", lamentou, contando ainda que todo o processo levou cerca de duas horas.
Motorista foi confundido com assaltante em loja da Zona Norte do Recife (Foto: Danielle Fonseca/TV Globo)

O caso foi divulgado nas redes sociais pelo advogado Gilberto Lima, chefe de Mário. O motorista costuma ir ao estabelecimento, na Avenida Rui Barbosa, usando o uniforme de trabalho. Na última sexta (20), ele estava sem a roupa utilizada durante o expediente.
“Nas vezes em que ele vai trajado de ‘motorista de madame’ não houve nenhum problema. Todavia, ele estava de trajes informais - calça jeans, camisa de malha, tênis. Aí simplesmente ele foi detido e acusado de sabe-se lá de quê porque é negro”, descreveu o advogado nas redes sociais.
"Eu estava com uma calça e com uma blusa justas. Quando me abaixei para pegar os bolos, minhas costas apareceram e dava pra ver que eu não tinha nada. Um funcionário disse que me viu com uma arma, mas eu não sei de onde ele tirou isso", frisa o motorista.
O episódio, segundo a advogada de Mário, Maria Eduarda Andrade, rendeu um Boletim de Ocorrência (B.O.). “Cheguei lá pouco depois e acompanhei a situação. Houve uma revista no carro dele e foi emitido um B.O. no qual os policiais informaram que não encontraram nada que incriminasse ele”, explica.
Segundo ela, o documento foi assinado pela vítima, por ela e pela Polícia, mas o estabelecimento se negou a assinar. “Com certeza vamos tomar as providências cíveis e penais, porque ele foi vítima de um crime”, pontua a advogada.

Outro lado

Procurada pelo G1, a Casa dos Frios, loja em que aconteceu o episódio, se posicionou através do advogado Márcio Gondim. Segundo ele, a empresa reconhece que o cliente esteve na loja, entrando e saindo diversas vezes do estabelecimento. “Uma funcionária da loja suspeitou que ele portava uma arma e, em função disso, a empresa deu início a um protocolo de segurança”, explica.
Ainda segundo Gondim, a loja enfatiza que a suspeita não foi motivada pela cor da pele do cliente, “Toda a informação partiu dessa suspeita. A funcionária informou que viu uma arma”, alega.
O estabelecimento também divulgou nota oficial. Confira abaixo:
"Vimos por meio desta nota esclarecer a ocorrência que se deu em nosso estabelecimento da Rui Barbosa na noite de 20 de Janeiro de 2017 e que está sendo divulgada de forma equivocada. Um senhor estava fazendo compras na nossa loja quando uma de nossas caixas teve a impressão de tê-lo visto portando uma arma embaixo da camisa e notificou o gerente da loja. Frente à situação atual de violência que se observa na cidade, o nosso gerente ativou o protocolo de segurança. Entrou imediatamente em contato com a polícia afirmando haver uma SUSPEITA de assalto. A polícia veio até o nosso estabelecimento e tomou as providências cabíveis à situação. Ressaltamos que a suspeita não foi atribuída a cor do cidadão, mesmo porque temos vários clientes e funcionários negros, sendo certo que a cor nunca foi e nunca será motivo de tratamento desigual em nossos estabelecimentos, cumprindo lembrar que em nossos --- anos de atuação jamais se cogitou alguma conduta descriminatória da Casa dos Frios.
Por fim, ressaltamos ainda que a despeito do ocorrido, não houve qualquer constrangimento ao cidadão em razão da sua cor."
G1PE
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Enquanto o TSE brincar de eleição muitos irão morrer

Até quando o TSE vai brincar de eleição? Até quando políticos corruptos terão diploma e cargos para exercer podres poderes. Todas as formas de violência que sofremos são permitidas pelos dirigentes políticos do Brasil. Há quem diga que hoje tem muitas festas em Brasília. É possível fazer uma conexão entre toda essa  violência que vivenciamo  e a política? 

FUTURO 
Com a morte do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), a relatoria da ação da Operação Lava Jato, da qual ele era o responsável, pode ser designada ao ministro que o substituirá na Corte, a ser escolhido por Michel Temer
Professor Edgar Bom Jardim - PE

'Discreto' e 'técnico', Teori ficou no centro do fogo cruzado com a Lava Jato


Teori ZavasckiDireito de imagemSTF
Image captionMinistro foi responsável por decisões comemoradas por apoiadores e contrários ao governo do PT durante a Lava Jato

Relator dos processos ligados à operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, o ministro Teori Albino Zavascki, de 68 anos, era conhecido como "discreto" e "independente".
Zavascki foi nomeado pela presidente Dilma Rousseff em dezembro de 2012, assumindo a vaga do ex-ministro Cezar Peluso em meio ao julgamento do "mensalão".
Em 2015 e 2016, foi responsável por alguns dos desdobramentos mais importantes da operação Lava Jato.
Elogiado por seus pares, que destacam seu perfil "técnico", o catarinense de Faxinal dos Guedes fez carreira pública no Estado vizinho, o Rio Grande do Sul, e chegou a ser advogado do Banco Central.
"Zavascki é um ministro de reconhecida competência e independência. Sempre teve uma atuação muito segura e costuma ser sensível às manifestações tanto da acusação quanto da defesa. Muitas vezes é duro, mas sempre prezando pela imparcialidade, pressuposto indispensável à atividade jurisdicional", afirmou à BBC em 2015 o advogado Nabor Bulhões, um dos que desfrutam de melhor trânsito no STF.
O ministro também era conhecido por ser minucioso em questões processuais. ''Espero que todos os bons momentos apaguem minha fama de apontador ou cobrador das pequenas coisas'', brincou, ao se despedir da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça e tomar posse no STF, há cinco anos.
O advogado gaúcho Eduardo Ferrão, amigo de Teori há mais de quinze anos, segue na mesma linha. Em entrevista à BBC Brasil nesta quinta-feira, ele disse que Teori era "muito reflexivo nos processos" e conhecia os documentos de "capa a capa".
"Ele era um juiz em todos os sentidos: um homem austero, recatado e sensível. Aquela austeridade, uma coisa quase espartana, ocultava sua sensibilidade."
Outra característiva notável do ministro, diz Ferrão, era sua independência.
"Ele era um sujeito extremamente equilibrado, sereno. Acho que vai existir uma grande dificuldade em substitui-lo. Se se convencesse de uma determinada posição, assumia, sem se preocupar com o que a imprensa dizer."
A última vez que falou com Teori, conta o advogado, foi no sábado. Ele estava na praia de Xangrilá, no Rio Grande do Sul, de férias com os filhos e netos.
"Estava feliz da vida. Disse que estava de férias, mas trabalhando também. Nas horas vagas ainda estava trabalhando."
Um dia antes do acidente em Paraty, o ministro e sua equipe haviam dado início à análise dos acordos de delação premiada dos executivos da Odebrecht, em meio ao recesso do Supremo.
Até dezembro, ele havia julgado 102 ações cautelares ajuizadas pelo Ministério Público Federal no âmbito da Lava Jato, entre pedidos de prisões preventivas, buscas e apreensões, além de quebras de sigilo bancário, fiscal ou telefônico.

Avião que caiuDireito de imagemEPA
Image captionTeori Zavascki morreu após avião onde estava cair perto de Paraty

Decisões

Católico não praticante, descendente de poloneses e italianos, Zavascki, que sempre primou pela discrição, precisou a aprender a lidar, a duras penas, com a repercussão de suas decisões junto à opinião pública.
Joaquim Falcão, professor de Direito da FGV-RJ, chegou a definir o catarinense comoum "contraponto a outros ministros da casa, que preferem os holofotes".
No entanto, os holofotes o perseguiram durante o trabalho no STF.
Zavascki foi nomeado ao cargo na mais alta corte do país em pleno julgamento da ação penal 470, mais conhecida como "mensalão", da qual não participou, mas deu voto favorável aos réus quando o plenário do STF discutiu os chamados "embargos infringentes" - recurso exclusivo da defesa interposto quando não há unanimidade na decisão colegiada.
A decisão de Zavascki, que optou por absolvê-los do crime de formação de quadrilha, acabou por reduzir a pena de alguns dos envolvidos, como o ex-ministro José Dirceu, que se livrou do regime fechado.
Desde então, suas decisões foram comemoradas, alternadamente, por grupos favoráveis e contrários ao governo Dilma e ao PT.
Em março de 2015, ele autorizou a abertura de inquérito para investigar 47 políticos suspeitos de participação no esquema de corrupção da Petrobras, a pedido do procurador-geral da República Rodrigo Janot.
Meses depois, Zavascki autorizou a prisão do senador Delcídio do Amaral, o primeiro político a ser preso no âmbito da Lava Jato durante o mandato, e homologou sua delação premiada.
Em 2016, o ministro determinou que todas as investigações da Lava Jato envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente Dilma Rousseff e outros políticos com foro privilegiado deveriam ser remetidas ao STF - em meio à polêmica da divulgação de ligações telefônicas interceptadas entre Lula e outros membros do alto escalão do PT, incluindo a ex-presidente.
Zavascki também acatou ao pedido de Janot para a suspensão do então deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da Presidência da Câmara dos Deputados, e negou o pedido do governo para anular o processo de impeachment de Dilma, o que permitiu que o Senado votasse pelo afastamento da presidente.

Luiz Fux, Teori Zavascki e Edson FachinDireito de imagemSTF
Image captionTeori estava no STF desde 2012

Em junho de 2016 ele determinou que a investigação envolvendo Lula fosse devolvida ao juiz Sergio Moro, mas que as interceptações telefônicas divulgadas pelo juiz do Paraná deveriam ser anuladas enquanto provas, por considerá-las ilegais.
No mesmo mês, ele negou os pedidos de prisão de Renan Calheiros, Romero Jucá e José Sarney, feitos por Janot.
Em diálogo gravado pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e divulgado pelo jornal Folha de S. Paulo, Jucá, líder do PMDB no Senado, chama o ministro de "burocrata" e de "cara fechado". Ele respondia a uma sugestão de Machado de "buscar alguém que tem ligação com o Teori". A conversa tratava do avanço da Lava Jato sobre os políticos.
"Desde que meu pai se tornou ministro do STF, a carga de trabalho aumentou e cresceu também a preocupação com a segurança. Por essa razão, ele vem cada vez mais restringindo suas saídas", disse à BBC Brasil seu filho Francisco Zavascki, em 2015.
"Nunca passamos por nenhum constrangimento público juntos, mas toda vez que meu pai toma uma decisão polêmica, vez ou outra, sou alvo de xingamentos em minha página no Facebook."

Família e futebol

Doutor em Direito Processual Civil, Zavascki veio de uma família de sete irmãos.
Estudou em um internato em Chapecó (SC) e formou-se em Direito em 1972, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde fez mestrado e doutorado. Também foi professor da Universidade de Brasília (UnB).
Pai de três filhos ─ o infectologista Alexandre e os advogados Liliana e Francisco ─ e avô de cinco netos, Zavascki costuma despachar ao som de música clássica.
Ele era viúvo da segunda mulher, a juíza federal Maria Helena Marques de Castro Zavascki, que morreu de câncer em 2013.
Segundo Francisco Zavascki, seu gosto pelo trabalho só não era maior do que o fanatismo pelo Grêmio, clube do qual era membro conselheiro.
BBC Brasil
Professor Edgar Bom Jardim - PE

O Brasil quer saber por que o ministro morreu?


Professor Edgar Bom Jardim - PE

Onde vai ficar a feira de Bom Jardim?

Rua Dr. Paiva pode ser opção para realizar mudança da feira em Bom Jardim


                                                     Foto:Edgar S. Santos.


Enquanto a cidade do Bom Jardim não tiver um local adequado para sediar a feira livre que acontece nas quartas e sábados,  o centro de nossa cidade será sempre o mesmo e os problemas também.

Uma opção para atender as necessidades da cidade é levar a feira para Rua Dr. Paiva, trecho do popular beco dos três cocos, iniciando ao lado do boticário. 

O local é bem no centro da cidade, a rua tem um pequeno fluxo de veículos, é próxima dos mercadinhos, lojas, repartições públicas, igreja, hospital, prefeitura, mercado público. Área plana é outro fator muito positivo. Lógico que é preciso revitalizar, fazer parcerias com proprietários de ruínas, fazer retirada de lixo, ajudar os feirantes. O local é perfeito para ser um centro de comércio popular de pequeno porte. Uma parte da Rua Manoel Augusto seria utilizada como estacionamento rotativo tipo Zona Azul. O beco dos três cocos ficaria interditado para passar carro nos dias feira.

O prefeito João Lira, começou um processo de reorganização das calçadas, retirada de bancas, barracas e mercadorias expostas. Nem todos querem obedecer e cumprir aquilo que foi posto no DECRETO. É natural que muitas pessoas não aceitem as medidas. É natural que o poder público faça o seu papel de gerente da cidade. É preciso rever o Plano Diretor engavetado e dialogar.

Desde de 2011, período em que João Lira, também era prefeito, que declarou sua intenção de reorganizar a feira livre de Bom Jardim. Na verdade não teve coragem para mexer com a situação. Ele concedeu uma entrevista para um grupo de estudante da EREM Justulino. Sua fala foi filmada e anotada. Será que agora tá mesmo determinado em fazer a mudança? As calçadas serão padronizadas conforme sua função social? Teremos uma cidade socialmente justa para todos? O que esperar do presente e do futuro de nossa cidade?

                                *Foto antiga da feira na subida para  Rua Grande.



POR Bom Jardim Política. Bom Jardim, 18 de janeiro de 2017.
http://bomjardimpolitica.blogspot.com.br/2017/01/rua-dr-paiva-pode-ser-opcao-para.html
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quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Presidente do FMI contradiz Meirelles e afirma que prioridade deve ser combate à desigualdade social


Henrique Meirelles e Christine Lagarde em DavosDireito de imagemAFP/EPA
Image captionDepois da fala de Meirelles, Lagarde falou que 'economistas' disseram que a desigualdade social não era problema deles

Após ouvir o ministro da Fazenda brasileiro, Henrique Meirelles, defender a necessidade de adotar amargas reformas, como o governo Michel Temer tem feito no país, a presidente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Christine Lagarde afirmou nesta quarta-feira que a prioridade das políticas econômicas precisa ser o combate à desigualdade social.
O comentário de Lagarde ocorreu durante a participação de ambos em um painel do Fórum Econômico Mundial, que ocorre em Davos, na Suíça.
Questionado pela moderadora sobre como convencer a classe trabalhadora a aceitar reformas que exigirão dela "grandes sacrifícios", Meirelles havia dito que o Brasil, diferentemente dos países ricos, não tem a tradição de uma classe média sólida, o que tornaria necessário o pacote de medidas - que inclui a instituição de teto para os gastos públicos, afetando áreas como saúde e educação.
"Nos países em desenvolvimento temos uma dinâmica diferente, não temos uma história de classe média crescente ou grande parte da população sendo classe média, como é nos países desenvolvidos. Isso é um fenômeno recente no Brasil", afirmou o ministro.
"Nos últimos quinze anos, vimos a proporção da classe média na população dobrar. E isso aconteceu ao longo da última década. Por causa da recessão que vimos nos últimos anos, essa dinâmica se inverteu, mas isso é um problema de curto prazo", disse Meirelles.
Lagarde respondeu na sequência.
"Não sei por que as pessoas não escutaram a mensagem (de que a desigualdade é nociva), mas certamente os economistas se revoltaram e disseram que não era problema deles. Inclusive na minha própria instituição, que agora se converteu para aceitar a importância da desigualdade social e a necessidade de estudá-la e promover políticas em resposta a ela", afirmou a francesa.

Lagarde em DavosDireito de imagemEPA
Image captionLagarde disse que prioridade das políticas econômicas deve ser combate à desigualdade

Desigualdade no foco

Meirelles também havia argumentado que os problemas brasileiros são recentes.
"Isso se deve à recessão dos últimos anos e está afetando a classe média e, em particular, a de baixa renda. Em resumo, a saída para uma economia como a brasileira é voltar a crescer de novo, criando empregos novamente e se modernizando abrindo o mercado de forma a se tornar mais eficiente", afirmou.
"Estamos em um outro momento do que as economias ricas. Estamos estabelecendo a classe média, fazendo ela crescer com a abertura da economia", defendeu.
Em sua fala, porém, Lagarde destacou que a desigualdade social precisa estar no centro das atenções dos economistas se eles quiserem um crescimento sustentável e, como consequência, uma classe média forte.
"Nosso argumento é de que, se há excesso de desigualdade, isso é contraprodutivo para o crescimento sustentável ao qual os membros do G-20 aspiram", disse.
"Se quisermos um pedaço maior de torta, precisamos ter uma torta maior para todos, e essa torta precisa ser sustentável. O excesso de desigualdade está colocando travas nesse desenvolvimento sustentável", afirmou, retomando a mensagem central do discurso de abertura que fez no Fórum de 2013.

Desemprego e Quarta Revolução Industrial

Um estudo do próprio FMI de 2013, assinado pelos especialistas Jaejoon Woo, Elva Bova, Tidiane Kinda e Y. Sophia Zhang, aponta que políticas de controle de gastos públicos resultam na geração de desemprego a curto prazo, o que contribui para a contração da classe média e o aumento do fosso social entre ricos e pobres.
O estudo mostra que pacotes de ajustes fiscais como o adotado pelo Brasil podem ter resultados adversos, dependendo das estratégias escolhidas na gestão pública.
"Pacotes de cortes nos gastos públicos tendem a piorar mais significativamente a desigualdade social, do que pacotes de aumentos de impostos", afirma o levantamento.

Manifestação em São Paulo contra a PEC 241, que estabelece um teto para os gastos públicosDireito de imagemREUTERS
Image captionEstudo do FMI mostrou que pacotes de ajustes com os implantados por Temer resultam em desemprego

O documento de 2013 revisou políticas de ajuste fiscal executadas durante os últimos 30 anos por países desenvolvidos e em desenvolvimento.
A conclusão foi de que o primeiro reflexo de cortes nos gastos públicos é um aumento do desemprego e consequente aumento da desigualdade social, indicador medido pelo índice Gini - um coeficiente Gini 0 representa a plena igualdade, enquanto que 1 é o máximo de desigualdade.
Na média, um corte nos gastos da ordem de 1% do PIB gera aumento de 0.19 ponto percentual no nível de desemprego durante o primeiro ano, enquanto o aumento da desigualdade no índice Gini oscila de 0,4% a 0,7% nos dois primeiros anos, afirma o estudo.
Em termos amplos, é o desemprego gerado pelo corte nos gastos o grande vilão.
"De forma aproximada, cerca de 15% a 20% do aumento de desigualdade social por conta de pacotes fiscais ocorrem por causa do aumento de desemprego", diz o relatório.

Políticas públicas

No debate em Davos, Lagarde recomendou a escolha cautelosa de políticas públicas no contexto da quarta revolução industrial, de modo que governos como o do Brasil não olhem apenas para os desafios imediatos da globalização, mas se preparem para o futuro de longo prazo.
"Estamos agora em um momento muito oportuno para colocar em prática as políticas que sabemos que irão funcionar (…) Um momento de crise, como o ministro (Meirelles) disse, é o momento de avaliarmos as políticas que estão em ação, o que mais podemos fazer, que tipo de medidas tomamos para reduzir a desigualdade social?", questionou a presidente do FMI.
"Qual tipo de redes de apoio social temos para as pessoas? Qual o tipo de educação e treinamento que oferecemos? O que temos em ação para responder não apenas à globalização, mas às tecnologias que irão descontinuar e transformar o ambiente de trabalho no longo prazo?", acrescentou.
"Há coisas que podem ser feitas: reformas fiscais, reformas estruturais e políticas monetárias. Mas elas precisam ser graduais, regionais, focadas em resultados para as pessoas e isso provavelmente significa busca uma maior distribuição de renda do que há no momento", reforçou Lagarde.

Visitantes no Forum Econômico de DavosDireito de imagemAFP
Image captionEm debate em Davos, presidente do FMI recomendou escolha cautelosa da políticas públicas

À BBC Brasil o professor e ex-ministro do Planejamento e do Trabalho Paulo Paiva afirmou que a produtividade é o grande desafio que o Brasil tem pela frente para a retomada do crescimento e, a julgar pela história recente, os ventos demográficos não estão a favor do país.
"O crescimento econômico é composto de crescimento da força de trabalho e da produtividade. Tivemos dois períodos distintos na nossa história recente: de 1950 a 1980 e de 1980 até hoje", introduziu.
"De 1950 a 1980 a economia brasileira cresceu a uma taxa média de 7% ao ano. Se eu decompor esse número em crescimento da força de trabalho e ganho de produtividade, houve um aumento de 2,8% do PIB por causa da população e 4,2% de ganho de produtividade, que inclui melhor qualificação do trabalhador e ambiente de trabalho."
"De 1980 pra cá, decompondo o crescimento da mesma forma, 0,9% se de deu pelo aumento da população e 1,5% pelo ganho de produtividade. Então isso dá 2,4% de crescimento médio anual do PIB", acrescentou.
"O problema é que a partir de 2015-30 a população não vai mais crescer, então se o Brasil não fizer nada (para aumentar o ganho de produtividade) está fadado a um crescimento de 1,5% ao ano. Essa é a visão mais dramática que temos pela frente e você pode imaginar o impacto dessa quarta revolução industrial numa situação dessa."

Vendendo o Brasil

Depois do painel, Meirelles participou de entrevista coletiva em conjunto com o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn.
No encontro com a imprensa, ele buscou vender a ideia de que o Brasil está em plena recuperação - e de que é um bom momento para investidores estrangeiros aportarem no país.
O ministro reforçou que as reformas da Previdência e trabalhista irão permitir ao Brasil se beneficiar ainda mais da globalização.
"No caso dos emergentes, a globalização foi definitivamente positiva. No caso do Brasil especificamente, o que precisamos fazer é reformar a economia para obtermos maiores vantagens da globalização, porque esse não foi o caso até o momento", afirmou.
"O crescimento brasileiro no passado foi muito baseado no mercado doméstico. Temos que aproveitar melhor a globalização como outros emergentes o fizeram, e estamos caminhando nessa direção."
O Presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, fez questão de apontar que o Brasil têm reservas da ordem de 20% do seu PIB e deverá utilizar esse recurso para manter as taxas cambiais dentro do esperado, amortecendo qualquer ataque ou volatilidade inesperada em relação ao real.

Meirelles e Michel TemerDireito de imagemAFP
Image captionMeirelles participou de coletiva em Davos, onde vendeu ideia de que Brasil está em plena recuperação

Meirelles também afirmou que a entrada de capital estrangeiro continua forte e que, diferentemente de outros emergentes, não se desenha no horizonte brasileiro o risco de uma fuga de capitais, conclusão que pesou para a decisão de cortar em 0,75 ponto percentual a Selic (taxa básica de juros) anunciada na semana passada.
"Não estamos vendo uma saída de capital que exija que o Brasil use suas reservas para segurar o valor de sua moeda. Muito pelo contrário, estamos em uma posição equilibrada. Estamos em uma recuperação econômica", afirmou.
"Apenas para dar os números que sustentam isso: o investimento estrangeiro direto no país está próximo de 4,4% do PIB e o deficit de conta corrente é de pouco mais de 1,1%, então há uma grande diferença, um é quatro vezes maior que outro", concluiu Goldfajn.
Fonte BBC Brasil
Professor Edgar Bom Jardim - PE