domingo, 22 de janeiro de 2017

Quem conhece o vandalismo, o desengano, as lágrimas?

Na sociedade do espetáculo, a moda possui um lugar especial. Ela ocupa todos os espaços e fascina quem quer se destacar. Está entrelaçada com as inaugurações e as novidades. Move-se com rapidez. Adora uma mídia e uma rede social. Mas também provoca escândalos e discórdias. Invade, ocupa, distrai, chateia, exibe-se. Atinge todos os grupos sociais, organiza desfiles, frequenta praias, gosta de aparecer. Estamos cercados por muitas modas. Há vocabulários específicos. Eles se tornam ponto de debate. Já leram sobre a questão do vandalismo? Não pescaram alguma manchete cheia de dubiedades e dúvidas? Observaram o charme dos analistas políticos das TVs? As mentiras assombram e divertem, conquistam os  ares do cinismo.
O vândalo é contemporâneo, surgiu de repente,  protesta ou está na vitrine das políticas? Lembro-me da Idade Média, dos chamados povos bárbaros. Não é difícil associar. Nem todos escutaram histórias medievais, portanto se encantam com a sonoridade das palavras. As interpretações dominam as concepções de mundo. Muitos acham que estamos numa sociedade de tecnologia de rara beleza.. Não tiram o celular do bolso, imaginam  ruídos extravagantes. O mundo não é apenas fascinação. Já pensaram nas poluições, nas favelas, na beiras dos rios, construídas com papelão? O risco das palavras não cria superficialidades?
Existem inquietudes e não sossego. Há quem se esconda, quem tenha guarda pessoal. Os carros blindados enchem os olhos dos milionários. O medo os faz inseguros. Não se conhece o passado como se deveria. Há uma paixão pelo agora, como se a cultura não estivesse manchada pelo tempo. Quem se recorda das Cruzadas, das bombas atômicas, do fim da nazismo? Por que relacionar o povo bárbaro com os desenganos atuais? Os delírios são variados e o desejo de ser herói não se foi. Não vamos cantar versos que não fizemos.Nas esquinas se pedem esmolas e socorro, sacode-se conversa fora e preparam-se emboscadas.
A sociedade e as reações são tensas. Os vândalos tinham outros hábitos, não trabalhavam em bancos, nem disputavam olimpíadas. Lutavam, guerreavam, temiam. Coisas que se situam longe dos espetáculos e das neuroses atuais. Mas há outros perfumes. Por que não explicam a ideia de (res)significar? O lixo e o luxo não são formas de barbárie? Os golpes, as armadilhas, a concentração de riqueza desistiram de desenhar seus espaços? Reagir à exploração não é estranho. Os incômodos acontecem, intimidam, desadormecem. Os vândalos ressuscitaram ou não temos nomes para o caos que nos acompanha? A barbárie de hoje, não desloca a barbárie de ontem. A história é outra.
Somos atores, escrevemos dramas e acasos. Não nos livramos da violência, da destruição, da inveja. Somos solidários  com os mitos que escolhemos. As horizontalidades trazem visões diferentes, redefinem organizações, desconfia da tradição. Não confunda o novo com a novidade. Tudo passa com velocidade e dói quando as imagens chegam abatidas. A sociedade atravessa caminhos que assustam. Não há sentido transparente para as mudanças desejadas. Há ensaios. O teatro fechas as cortinas. As agonias se comportam como se estivessem no divã de Freud. As lágrimas são sinais intransferíveis. Para que vaias?
Paulo Rezende.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

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