segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

5 problemas crônicos das prisões brasileiras ─ e como estão sendo solucionados ao redor do mundo

Em novembro de 2012, o então ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que "preferia morrer" a "ser preso" no Brasil.
"Do fundo do meu coração, se fosse para cumprir muitos anos em alguma prisão nossa, eu preferia morrer", disse ele na ocasião.
"Quem entra em um presídio como pequeno delinquente muitas vezes sai como membro de uma organização criminosa para praticar grandes crimes", acrescentou.
Desde então, a situação pouco mudou ─ piorou, na verdade, segundo as mais recentes estatísticas oficiais.
A tal ponto que, na virada do ano, rebeliões em unidades prisionais de Manaus terminaram em tragédia, com 60 presos mortos, a maior desde o Carandiru.
Na sexta-feira passada, outros 33 detentos foram mortos na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista, a maior de Roraima.
Esse cenário não é exclusivo do Brasil. Outros países também enfrentam problemas semelhantes.
Mas iniciativas colocadas em prática no exterior para melhorar as condições de vida e a segurança nas prisões vêm obtendo resultados promissores.
A BBC Brasil listou cinco problemas crônicos das prisões brasileiras ─ e como estão sendo solucionados ao redor do mundo.

1) Superlotação

Um dos principais problemas do sistema penitenciário brasileiro é a superlotação. Com a quarta maior população carcerária do mundo, o Brasil possui, segundo o Ministério da Justiça, 622 mil detentos, mas apenas 371 mil vagas.
A cada mês, penitenciárias de todo o país recebem 3 mil novos presos.
E desde 2000, a população carcerária praticamente dobrou de tamanho.
Especialistas ouvidos pela BBC Brasil acreditam que a solução desse problema estaria na combinação de penas alternativas ─ e mais curtas, dependendo do crime cometido ─ e julgamentos mais rápidos.
"Para melhorar a situação atual, o Brasil deve, em primeiro lugar, reduzir o número de prisioneiros, começando pelos que estão presos aguardando julgamento. Se a prisão é um lugar para a reabilitação, elas não podem estar repletas de pessoas que ainda não foram consideradas culpadas", diz à BBC Brasil Alessio Scandurra, coordenador do Observatório Europeu das Prisões, sediado em Roma.
"Inevitavelmente, as penitenciárias acabam se tornando lugares para estocar gente, verdadeiros armazéns humanos, e não promovem a reinserção social", acrescenta.
Atualmente, três em cada dez presos brasileiros esperam ser julgados pelos crimes que cometeram atrás das grades.

Traficante de drogasDireito de imagemTHINKSTOCK
Image captionNa Suécia, juízes vêm dando penas menores especialmente para crimes relacionados a drogas

Na Suécia, por exemplo, 80% dos prisioneiros são condenados a menos de um ano de prisão. Juízes também vêm dando penas menores especialmente para crimes relacionados a drogas.
O mesmo ocorre na Noruega. No país escandinavo, a condenação máxima ─ com raras exceções, como genocídio ou crimes de guerra ─ é de 21 anos.
O extremista norueguês Anders Behring Breivik, autor confesso de um ataque armado em 2011 que resultou na morte de 77 pessoas, foi condenado à pena máxima.

Anders Behring BreivikDireito de imagemAP
Image captionAnders Behring Breivik foi condenado a 21 anos pela morte de 77 pessoas em 2011

A pena (em média, 100 dias por cada vida que ceifou), foi considerada excessivamente branda em vários cantos do mundo ─ mas muitos noruegueses, incluindo pais que perderam seus filhos no massacre, se mostraram satisfeitos com o veredicto.
O que muitos fora da Noruega talvez não sabiam é que, a cada cinco anos, serão feitas avaliações sobre o comportamento do preso e o potencial de sua reabilitação, e a pena pode ser estendida em igual período, indefinitivamente.
Mas se as autoridades perceberem que Breivik não está se recuperando, ele pode permanecer na prisão para sempre.
Já o Estado americano do Oregon reduziu o tempo de prisão para quem comete infrações de menor gravidade, como falsidade ideológica e porte de maconha para consumo próprio.
Outros Estados do país também vêm fazendo o mesmo, revendo penas mínimas e reclassificando infrações.

2) Reincidência

A reincidência ─ ou seja, voltar a praticar o crime ─ é um problema global.
Mas no Brasil tem dimensões muito maiores. Segundo estatísticas oficiais, 70% dos que deixam a prisão acabam cometendo crimes novamente.

Prisão de HaldenDireito de imagemPRISÃO DE HALDEN
Image captionPrisão de segurança máxima de Halden, na Noruega, não tem grades nas janelas e cozinhas são equipadas com objetos pontiagudos

A solução para esse problema, na avaliação de especialistas, passa pelo tratamento recebido pelos detentos.
Sendo assim, medidas socioeducativas dentro das prisões são indispensáveis para reintegrá-los à sociedade.
Um relatório sobre reincidência realizado pelo Departamento de Justiça dos Estados em 2007 mostrou que um encarceramento mais rígido aumenta, na verdade, as chances de um ex-detento voltar a cometer crimes.
Enquanto isso, indica o estudo, prisões que incorporam "programas cognitivos-comportamentais baseados na teoria de aprendizagem social" são mais efetivas em manter ex-detentos longe das grades.
A Noruega, por exemplo, segue o modelo chamado de "justiça restaurativa", em oposição à concepção tradicional da justiça criminal - a justiça punitiva-retributiva, que vigora no Brasil.
Esse sistema propõe reparar os danos causados pelo crime (não somente às vítimas, mas também à sociedade e ao criminoso) em vez de punir pessoas. Foca-se, assim, em reabilitar os prisioneiros.
Um dos exemplos mais notórios disso no país é a prisão de segurança máxima de Halden.
Ali não há grades nas janelas, as cozinhas são equipadas com objetos pontiagudos e guardas e prisioneiros mantêm uma relação de amizade. As celas também possuem TV de tela plana, minirrefrigerador e banheiro privativo.
Descrita como a penitenciária mais "humana do mundo", Halden busca preparar os detentos para a vida fora da prisão por meio de programas vocacionais: marcenaria, oficinas de montagem e até um estúdio para gravação musical. Os prisioneiros também têm aulas de natação e de tênis.
Iniciativas parecidas também existem na Alemanha e na Holanda.
Em muitas prisões dos dois países, detentos não são obrigados a usar uniforme e podem exercer controle parcial sobre as suas vidas. Por outro lado, são forçados a trabalhar e a estudar. Eles também desfrutam de certa privacidade ─ os guardas, por exemplo, batem antes de entrar nas celas ─ e mantêm o direito ao voto. Celas solitárias são raramente usadas.
Já nos Estados Unidos, alguns Estados vêm colhendo os frutos dos programas de reintegração social oferecidos aos internos.
No Texas, o Prison Entrepreneurship Program (PEP, ou Programa de Empreendedorismo na Prisão, em português) ensina aos detentos habilidades importantes em um ambiente empreendedor ─ como criar um plano de negócios e buscar financiamento.
Como resultado, a taxa de reincidência entre os presos que fizeram o curso é de apenas 7%, contra 76% da média nacional.
Além disso, praticamente todos eles conseguiram emprego após deixar a prisão.
Dos 1,1 mil graduados, 165 abriram o próprio negócio ─ e pelo menos dois deles já têm patrimônio superior a US$ 1 milhão (R$ 3,22 milhões).
No Estado americano de Delaware, os detentos podem reduzir o tempo de prisão em 60 dias a cada ano se completarem com sucesso os programas para evitar reincidência
E, na República Dominicana, um sistema implantado em algumas prisões conseguiu reduzir em dez vezes ─ de 50% para 5% ─ a taxa de reincidência.
Em vigor desde 2003, o modelo consiste na alfabetização compulsória dos detentos. Além disso, outros programas educacionais foram reforçados.

3) Saúde precária

Estudos mostram que detentos brasileiros têm 30 vezes mais chances de contrair tuberculose e quase dez vezes mais chances de serem infectados por HIV (vírus que causa a AIDS) do que o restante da população.
Além disso, estão mais vulneráveis à dependência de álcool e drogas.
Nos Estados Unidos, a Geórgia investiu US$ 5,7 milhões (R$ 18,3 milhões) em programas de combate ao abuso de álcool e drogas, reduzindo, assim, a probabilidade de que o prisioneiro volte a cometer crimes depois de ganhar a liberdade.
Já na Suécia, há um programa específico composto de doze etapas para tratar presos com algum tipo de vício, o que, segundo especialistas, está na raiz de muitos crimes. Um funcionário cuida de cada preso.

Álcool e drogasDireito de imagemTHINKSTOCK
Image captionPresos estão mais vulneráveis à dependência de álcool e drogas

Mas especialistas suecos acreditam que não basta combater o vício. Nils Oberg, chefe do Serviço de Prisão e de Liberdade Condicional da Suécia, contou ao jornal britânico The Guardian acreditar que vários casos de reincidência de crimes estão ligados a Transtorno de Deficit de Atenção, depressão e outros distúrbios, e o país passou a oferecer tratamento qualificado para estes problemas.
Segundo o The Guardian, desde 2004, a população prisional da Suécia - país com 9,5 milhões de habitantes - caiu de 5.722 para 4.500, e algumas prisões tiveram de ser fechadas por falta de presos.
Nos EUA, a saúde mental dos presos também foi identificada como um problema a ser enfrentado.
Um relatório de Departamento de Justiça dos Estados Unidos publicado em 2006 revelou que cerca de 56% dos detentos de presídios estatais, 45% de presídios federais e 64% das cadeias comuns sofriam algum tipo de problema de saúde mental ─ o que pode prejudicar sua reintegração à sociedade.
A Geórgia, por exemplo, investiu outros US$ 11,6 milhões (R$ 37,2 milhões) na expansão de tribunais para julgamentos rápidos, focados em detentos com histórico de abuso de drogas ou de doença mental.

4) Má administração

O sistema prisional brasileiro sofre com a má administração.
Prisões geridas tanto pelo poder público quanto pelo capital privado enfrentam problemas como superlotação, condições insalubres e rebeliões.
O Estado americano da Carolina do Sul vem conseguindo reduzir a população carcerária, economizando mais de US$ 5 milhões (R$ 16 milhões) por ano em recursos públicos, depois de adotar uma estratégia conhecida como "reinvestimento de Justiça".
A partir do uso de modelos matemáticos, as autoridades reúnem dados para entender o que há por trás dos custos do sistema prisional ─ por exemplo, por que o número de presos está crescendo.
Elas desenvolvem, então, políticas para solucionar esses problemas, como penas alternativas para crimes de menor gravidade ou acompanhamento obrigatório de prisioneiros em liberdade condicional.
A partir daí, acompanham o progresso para ver quais reformas estão funcionando.
Em última análise, o objetivo é evitar que os prisioneiros voltem a cometer crimes.

GráficosDireito de imagemTHINKSTOCK
Image captionOhio aprovou lei que exige uso de conjunto padrão de ferramentas de avaliação de risco em todo sistema prisional

Também nos Estados Unidos, o Estado de Ohio aprovou uma lei que exige o uso de um conjunto padrão de ferramentas de avaliação de risco em todo o sistema prisional.
Essas ferramentas ajudam a prever os fatores de risco criminais dos infratores bem como a probabilidade de reincidência. Elas também permitem às autoridades saber quem pode ser solto com supervisão.
Por sua vez, um bom exemplo do impacto da pressão externa vem da Suécia. No país, os contratos para a prestação de serviços de educação aos presos são licitados a cada três anos.

5) Falta de apoio da sociedade

Especialistas alertam, ainda, para a falta de apoio da sociedade na reintegração dos presos.
"Em todo o mundo, e talvez em maior grau no Brasil, discursos políticos que apelam para um endurecimento do combate ao crime ganham votos, não o oposto", afirma Scandurra, do Observatório Europeu das Prisões.
"E por causa disso, mesmo políticos que sabem muito bem que esse tipo de política é cara e fadada ao fracasso, a acabam apoiando porque têm medo de perder eleitores", acrescenta.
No Estado americano de Minnesota, uma ONG conduz entrevistas para saber se os detentos têm acesso a auxílio-moradia, acompanhamento psicológico e plano de saúde.
Desde 2014, a Transition from Jail to Community Initiative (Iniciativa de Transição da Prisão para a Comunidade) vem fornecendo esses tipos de serviços a quem acabou de deixar a prisão.
A iniciativa envolve não só assistentes sociais, mas também policiais e juízes.
Fonte:Luis Barrucho e Luciana Barros
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 8 de janeiro de 2017

Foto da Semana

Queima da Lapinha
                      Procissão Dia de Reis em Bom Jardim - 06/01/2017.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Como o Japão praticamente extinguiu as mortes por arma de fogo

O Japão tem uma das menores taxas do mundo de crimes cometidos com armas de fogo. Em 2014, foram registradas no país seis mortes contra 33.599 nos Estados Unidos no mesmo período. Mas qual é o segredo dos japoneses?
Se você quer comprar uma arma no Japão é preciso paciência e determinação. É necessário um dia inteiro de aulas, passar numa prova escrita e em outra de tiro ao alvo com um resultado mínimo de 95% de acertos.
Também é preciso fazer exames psicológicos e antidoping.
Os antecedentes criminais são verificados e a polícia checa se a pessoa tem ligações com grupos extremistas.
Em seguida, investigam os seus parentes e mesmo os colegas de trabalho.

Lei rigorosa

A polícia tem poderes para negar o porte de armas, assim como para procurar e apreendê-las.
E isso não é tudo. Armas portáteis são proibidas. Apenas são permitidos os rifles de ar comprimido e as espingardas de caça.
A lei também controla o número de lojas que vendem armas.
Na maior parte das 47 prefeituras do Japão, o número máximo é de três lojas de armas e só se pode comprar cartuchos de munição novos se os usados forem devolvidos.

Homem apontando armaImage copyrightALAMY
Image captionAté mesmo o crime organizado no Japão dificilmente usa armas de fogo. Geralmente, os criminosos utilizam facas

A polícia tem que ser informada sobre onde a arma e a munição ficam guardadas - e ambas devem estar em locais distintos, trancadas. Uma vez por ano a polícia inspecionará a arma.
Depois de três anos, a validade da licença expira e a pessoa é obrigada a fazer o curso e as provas de novo.
Tudo isso ajuda a explicar por que os tiroteios e massacres com armas de fogo são muito raros no Japão.
Quando um massacre ocorre no país, geralmente o criminoso utiliza facas.

Apenas seis tiros em 2015

A atual lei de controle de armas japonesa foi criada em 1958, mas a ideia por trás dela remonta a séculos atrás.
"Desde que as armas chegaram ao país, o Japão sempre teve leis bastantes rigorosas," diz Iain Overton, diretor-executivo da organização não-governamental Action on Armed Violence e autor do livro Gun Baby Gun (Arma Baby Arma, em tradução livre).
"O Japão foi o primeiro país do mundo a criar leis sobre as armas e isso é a base para mostrar que elas não fazem parte da sociedade civil".
A população japonesa tem sido premiada por devolver armas antigas, algumas de 1685.
Overton descreve essa política como "talvez a primeira iniciativa para comprar armas de volta".
O resultado é um índice muito baixo de porte de armas: 0,6 armas por 100 pessoas em 2007, em comparação com 6,2 por 100 na Inglaterra e no País de Gales, e 88,8 por 100 nos Estados Unidos, de acordo com o projeto Small Arms Survey, do Instituto de Estudos Internacionais e de Desenvolvimento de Genebra, na Suíça.
"Quando se tem armas na sociedade, há violência armada. E acredito que a relação tem a ver com a quantidade", diz Overton.
"Se há poucas armas numa sociedade, é quase inevitável que os níveis de violência sejam baixos", acrescenta.
Policiais japoneses dificilmente andam armados e a ênfase é maior nas artes marciais - todos devem chegar a faixa preta do judô. Eles passam mais tempo praticando quendô (uma luta com espadas de bambu) do que aprendendo a usar armas de fogo.
"A resposta à violência nunca é violência. A polícia japonesa disparou apenas seis tiros em todo o país em 2015", diz o jornalista Anthony Berteaux.
"O que geralmente a polícia japonesa faz é usar imensos colchonetes para embrulhar, como uma panqueca, a pessoa que está violenta ou bebeu demais e levá-la para se acalmar na delegacia", explica.
Overton compara este modelo com o americano que, segundo ele, tem sido o de 'militarizar a polícia".

Policial em Ferguson, Missouri.Image copyrightGETTY IMAGES
Image captionEspecialistas afirmam que nos EUA a política é de "militarização das polícias" e isso aumenta a violência na sociedade

"Se há muitos policiais sacando armas nos primeiros instantes de um crime, isso leva a uma pequena corrida por armas entre a polícia e os criminosos", afirma.
Para frisar o tabu ligado ao uso inadequado de armas no Japão, um policial que usou a própria arma para cometer suicídio foi processado, depois de morto, por ter cometido um crime.
Ele se matou quando estava de serviço - os policiais nunca andam armados nas folgas e deixam as armas na delegacia quando terminam o dia de trabalho.
O cuidado que a polícia tem com as armas de fogo se aplica aos próprios policiais.
Uma vez, o jornalista Jake Adelstein assistiu a um treinamento de tiro e, quando todas as cartucheiras foram recolhidas, a preocupação foi imensa ao descobrirem que estava faltando uma bala.
"Uma bala tinha sumido - havia caído atrás dos alvos - e ninguém pôde sair dali até que fosse achada", lembra.
"Não existe um clamor popular no Japão para que as leis sobre armas sejam relaxadas", diz Berteaux. "Isso tem muito a ver com um sentimento pacifista do pós-guerra, de que a guerra foi horrível e não podemos nunca mais passar por isso".

Munição em loja de armas do JapãoImage copyrightREUTERS
Image captionA compra de munição também é rigorosamente controlada no Japão, onde o número de lojas que vendem armas é limitado por lei

"As pessoas assumem que a paz sempre vai existir e, quando se tem uma cultura como esta, você não sente a necessidade de estar armado ou de ter um objeto que acabe com esta paz".
Na verdade, movimentos para aumentar o papel do Japão em missões de paz no exterior têm causado preocupação.
"É um território desconhecido," diz Kouchi Nokano, professor de Ciência Política. "Será que o governo vai tentar tornar normal a morte nas forças de defesa e até mesmo exaltar o uso de armas?"
De acordo com Iain Overton, "o nível de rejeição que torna quase tabu" as armas no Japão significa que o país "caminha para se tornar um lugar perfeito" - embora ele lembre que a Islândia também tem um índice muito baixo de crimes com armas de fogo, apesar de ter muito mais donos de armas.
Henrietta Moore, do Institute for Global Prosperity da University College London, aplaude os japoneses por não considerarem a propriedade de armas como uma "liberdade civil" e rejeitarem a ideia de que armas de fogo "são algo que se usa para defender a sua propriedade contra outras pessoas".
Mas para o crime organizado japonês as rígidas leis de controle de armas são um problema. Os crimes da máfia japonesa, a Yakuza, caíram drasticamente nos últimos 15 anos e os criminosos que continuam usando armas de fogo têm que descobrir novas maneiras de entrar com elas no país.
"Os criminosos escondem armas dentro de carregamentos de atuns congelados", conta o policial aposentado Tahei Ogawa. "Já descobrimos alguns peixes recheados com armamento".
Fonte:BBC Brasil
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Prefeito João Lira é criticado por nomear parentes


A Família Real de Bom Jardim– O novo prefeito de Bom Jardim, 
João Lira (PSD), criou a família real no município com a nomeação de tantos parentes para aumentar os dividendos do clã com o erário público. Além do filho Edgar Lira, nomeado para a pasta de Infraestrutura, e da sobrinha Elisangela Lira para tomar conta do cofre, a Secretaria de Finanças, impôs aos vereadores da sua base na Câmara e eleição de sua mulher Valéria Lira para presidente. O nepotismo nunca reinou com tanta força num município tão pobre, onde mais de 70% da sua população vive pendurada no programa Bolsa-Família.
fonte: Blog do Magno https://www.blogdomagno.com.br/?pagina=3
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Rosa Luxemburgo, política, anarquismo


Será que estamos assumindo a barbárie ou nunca deixamos de cuidar das vinganças? Mal começou o ano, os atentados recomeçam, a violência derruba limites. Insisto que não se brinca com o desejo de intolerância. Há quem escreva procurando atiçar desencontros, culpando os outros por uma carência pessoal. Quem conhece sabe que os psicopatas não estão apenas nas ruas. O pior  é que são celebrados por outros ensandecidos, desamparados pela terrível situação que vivemos. É necessário não se calar. Mas temos de fazer distinções. A violência pode ser um sinal de que as fronteiras estão rasgadas e as ameaças estão liberadas. As redes sociais não cessam de celebrar coragens pouco convincentes. Há um desfile de estrelas e astros encantados.
Não se assuste. Há  motivos para revoltas, mas há motivos também para repensar a política. Se não denunciarmos que o sistema apodrece, o desmanche será maior. As brigas nas torcidas organizadas, nas células agressivas das facções, as melancolias dos apáticos são comuns A desigualdade não se estabelece gratuitamente. Se tudo se anima com a competição, não estranhe se a pedagogia for o retrato do desencontro. O perigo são as transferências, a construção de inimigos, a destruição do coletivo. Há quem se ausente das suas ações principais e arquitetem paraísos  totalitários. Existem grupelhos localizados, acostumados com tensões ou fabricadores de tensões. Ocupam-se dos prazeres momentâneos disfarçando os incômodos.
O capitalismo segue sua trilha aproveitando-se do imprevisto. Joga com astúcia. Seus programadores minam resistências. Como sair de tantas armadilhas ? Teorias não faltam. O anarquismo, uma delas, traz a ideia da igualdade, condena a subordinação, discute o poder, alimenta a necessidade de dividir. O anarquista considera o espaço da violência, porém nem toda sua articulação significa  o caos ou o fim dos outros. Ela faz suas comunhões, avista suas possibilidades, analisa o niilismo, critica à hierarquia. As estratégias podem ajudar a fixar caminhos sem pedras. O drama é anarquista que nunca leu sobre anarquismo.
Alguns abominam as leituras. A exacerbação da insensatez mostra o horror , lembra genocídios de todos os lados, exalta gênios obscuros. Analise a primeira década do século XX. Rever as teorias dentro da contemporaneidade é fundamental. Rosa Luxemburgo escreveu um texto exemplar sobre 1917, debateu sobre os limites da política.  Rosa era marxista, como também Poulantzas, Gramsci, Althusser, Marcuse, Hobsbawm … Há quem se restrinja às aventuras opressoras e assassinas de Stálin. Como pensar os ruídos dúbios do socialismo? O livro de Padura, O homem que amava cachorros, provoca, narra, inquieta. Não esqueça as justificativas, as idolatrias pelos autoritários de ontem e de hoje.
Passamos por duas guerras, o cinismo tornou-se um tema presente. Andamos com  olhos presos em teclados sofisticados e ainda falamos de simplicidade. Estamos exilados e recolhidos. Apostamos no acaso, no anjo da guarda ou nos pesadelos feiticeiros? Contamos as mortes, para vender escândalos e  dimensionamos as hostilidades que residem perto de nós. Perdemos a noção de profundidade. Olvidamos que o socialismo não pode existir sem a democracia, sacudimos os livros no lixo cansados com a primeira leitura. Construímos frágeis idealizações. Volto A Revolução Molecular de Felix Guattari. O que somos no fluir das moléculas revolucionárias?

PS: Foto de um comício com Rosa. Está no google. Rosa foi assassinada
Fonte:Astúcia de Ulisses
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 7 de janeiro de 2017

"Tinha era que matar mais", diz secretário do governo Temer sobre massacre


Ao comentar a chacina que vitimou 56 presos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus, entre domingo e segunda-feira, o secretário nacional da Juventude, Bruno Júlio (PMDB), afirmou que "tinha era que matar mais". As informações são da coluna de Ilimar Franco, do jornal O Globo.
Ainda segundo a publicação, o secretário também afirmou que "tinha que fazer uma chacina por semana". Júlio utilizou a chacina de Campinas, onde um homem matou sua ex-mulher, seu filho e mais 10 pessoas durante comemoração de Ano-Novo, para justificar sua declaração.
O secretário afirmou que fica triste ao ver a repercussão que a morte dos presos teve no país. Segundo ele, "ninguém se importou com as meninas que foram mortas em Campinas". Júlio também foi irônico ao citar os apenados, usando termos como "coitadinhos" e "santinhos".
O governo federal, por meio de sua assessoria, afirmou que o secretário foi cobrado sobre as declarações e que ele não tem autorização para falar sobre o assunto e não expressa a opinião do governo. De acordo com o jornal O Globo, o secretário procurou a coluna para alegar que estava "brincando".
O secretário utilizou seu perfil oficial no Facebook para explicar suas declarações. Júlio afirma que "está havendo uma valorização muito grande da morte de condenado". No post, o peemedebista usa um tom mais moderado para criticar o caso:
Fonte:Zero Hora
Professor Edgar Bom Jardim - PE