domingo, 8 de janeiro de 2017

Rosa Luxemburgo, política, anarquismo


Será que estamos assumindo a barbárie ou nunca deixamos de cuidar das vinganças? Mal começou o ano, os atentados recomeçam, a violência derruba limites. Insisto que não se brinca com o desejo de intolerância. Há quem escreva procurando atiçar desencontros, culpando os outros por uma carência pessoal. Quem conhece sabe que os psicopatas não estão apenas nas ruas. O pior  é que são celebrados por outros ensandecidos, desamparados pela terrível situação que vivemos. É necessário não se calar. Mas temos de fazer distinções. A violência pode ser um sinal de que as fronteiras estão rasgadas e as ameaças estão liberadas. As redes sociais não cessam de celebrar coragens pouco convincentes. Há um desfile de estrelas e astros encantados.
Não se assuste. Há  motivos para revoltas, mas há motivos também para repensar a política. Se não denunciarmos que o sistema apodrece, o desmanche será maior. As brigas nas torcidas organizadas, nas células agressivas das facções, as melancolias dos apáticos são comuns A desigualdade não se estabelece gratuitamente. Se tudo se anima com a competição, não estranhe se a pedagogia for o retrato do desencontro. O perigo são as transferências, a construção de inimigos, a destruição do coletivo. Há quem se ausente das suas ações principais e arquitetem paraísos  totalitários. Existem grupelhos localizados, acostumados com tensões ou fabricadores de tensões. Ocupam-se dos prazeres momentâneos disfarçando os incômodos.
O capitalismo segue sua trilha aproveitando-se do imprevisto. Joga com astúcia. Seus programadores minam resistências. Como sair de tantas armadilhas ? Teorias não faltam. O anarquismo, uma delas, traz a ideia da igualdade, condena a subordinação, discute o poder, alimenta a necessidade de dividir. O anarquista considera o espaço da violência, porém nem toda sua articulação significa  o caos ou o fim dos outros. Ela faz suas comunhões, avista suas possibilidades, analisa o niilismo, critica à hierarquia. As estratégias podem ajudar a fixar caminhos sem pedras. O drama é anarquista que nunca leu sobre anarquismo.
Alguns abominam as leituras. A exacerbação da insensatez mostra o horror , lembra genocídios de todos os lados, exalta gênios obscuros. Analise a primeira década do século XX. Rever as teorias dentro da contemporaneidade é fundamental. Rosa Luxemburgo escreveu um texto exemplar sobre 1917, debateu sobre os limites da política.  Rosa era marxista, como também Poulantzas, Gramsci, Althusser, Marcuse, Hobsbawm … Há quem se restrinja às aventuras opressoras e assassinas de Stálin. Como pensar os ruídos dúbios do socialismo? O livro de Padura, O homem que amava cachorros, provoca, narra, inquieta. Não esqueça as justificativas, as idolatrias pelos autoritários de ontem e de hoje.
Passamos por duas guerras, o cinismo tornou-se um tema presente. Andamos com  olhos presos em teclados sofisticados e ainda falamos de simplicidade. Estamos exilados e recolhidos. Apostamos no acaso, no anjo da guarda ou nos pesadelos feiticeiros? Contamos as mortes, para vender escândalos e  dimensionamos as hostilidades que residem perto de nós. Perdemos a noção de profundidade. Olvidamos que o socialismo não pode existir sem a democracia, sacudimos os livros no lixo cansados com a primeira leitura. Construímos frágeis idealizações. Volto A Revolução Molecular de Felix Guattari. O que somos no fluir das moléculas revolucionárias?

PS: Foto de um comício com Rosa. Está no google. Rosa foi assassinada
Fonte:Astúcia de Ulisses
Professor Edgar Bom Jardim - PE

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