segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

O que sei é que quase nada sei


As instabilidades deixam todos inseguros. Não pense que Temer ri gratuitamente. Há disfarces, os políticos são atores qualificados para multiplicar fingimentos. No entanto, as complicações não desaparecem. A expectativa é geral. Notícias de hoje não servem para amanhã. As interpretações da leis possuem sábios aplaudidos e manobras vergonhosas. Moro é o capitão da América e sonha com glória. Deseja ir para os Estados Unidos. Suas declarações mostram estimas elevadas. Surgiu e ficou. Herói nacional de muitos que não se esforçam para medir suas críticas. Confusão no ar, ninguém prever o futuro, a economia descendo a ladeira, o descrédito aumentando, a droga solta no mercado com violências autorizadas
As instituições estão, visivelmente, quebradas. Não conseguem dar respostas. O Supremo se contradiz, as Universidades submergem, as famílias tropeçam na ética, não formam os filhos para o mundo. As dissonâncias andam em ritmos nada estéticos. Não se trata de relembrar as vanguardas modernistas. A ameaça de caos se propaga, porque o lema é acumular. Tentam apagar as memórias das revoluções, dos tempos de inquietação. Vale o pragmatismo. É preciso ficar atento, pois os interesses mudam as cores de forma sutil e opressora.Não esquecem da reprimir.
Se a dúvida é jogada fora, o instituinte se fragmenta. Castoriadis é autor que reflete bem sobre as mesmices do contemporâneo. Há um conformismo agudo, celebrado na empolgação por mercadorias. O afeto vai para a lata do lixo, pois o importante é o poder de aquisição, as falsas tapinhas nas costas. Volte ao passado. Recorde-se da força do cristianismo. Quando o catolicismo se expande e se alia com a política, os negócios se animam. Onde está o próximo?Tudo se perdoa, para se sentar em tronos de ouro. O Brasil se veste de fantasias falsificadas.para viver jantares definidores de golpes construídos por minorias.
Sócrates tinha razão ao dizer que nada sabia. Imagine se vivesse em Brasília, fosse vizinho de Temer. Há desesperos que circulam. Encontro pessoas que se esvaziam. O número de farmácias cresce, sobretudo nas esquinas das grandes avenidas. Quando a sinceridade não existe, a mentira se sofistica. As reuniões acontecem para fabricar versões e não resolver a quebra da sociedade. Ha quem recorra as finanças adormecidas em bancos estrangeiros. Celebrar a ordem e o progresso é sinal que o pântano é profundo. Não desenhe o que desconhece. A cartografia das manipulações é extensa. Desconfie.
Se está aflito, porém, ainda possui uma vida razoável, troca seu carro, mantém seus filhos com seguro saúde, não fique apático e desista de beber sua cerveja importada. Qualquer vacilação procure pegar um ônibus às 18 horas, daqueles lotados e sujos. Ouça a conversa dos passageiros. Compreenda a saga de cada um. O inferno existe e você não sabia. Há muita gente que acorda às 4 horas e dorme às 23 horas. Trabalha para ganhar o mínimo e suportar as neuroses do patrão. É um teste. Não brinque com a dor dos outros. Tudo é relativo? Talvez, seja. A piedade dos deuses tem limite. Não entre na quadrilha de Ali Babá. Não se descuide dos sinais da história.
Por Paulo Rezende.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

João Lira toma posse em Bom Jardim


A tarde do primeiro de janeiro 2017, em Bom Jardim-PE, foi marcada  pela solenidade de posse do prefeito João Francisco de  Lira (PSD) e sua vice Ivonete Ivo, na sede da prefeitura municipal. A entrega simbólica  das chaves foi feita pela  Ilustríssima Senhora Valdecir Cabral, chefe da equipe de transição do ex-prefeito Miguel Barbosa.
A nova equipe de secretariado  do município é composta por colaboradores do segundo governo do prefeito eleito e de seus familiares. Lúcio Mário Cabral (Administração), Elisangela Braz (Finanças), Edgar Lira (Infraestrutura), João Francisco (Educação), Elizabete Silva (Saúde). Nos próximos dias poderão ser anunciados outros nomes. Comenta-se que o Senhor Vanva poderá fica no Governo.

Valéria Lira (PSD), esposa do prefeito João Lira, foi eleita para presidir a Câmara Municipal com 7 votos dos colegas diante de seu concorrente, o vereador Jotinha (PSB). Vitor e Lene Cadete, ambos do Partido Progressista (PP),  partido de Miguel Barbosa, aderiram a chapa governista no legislativo.

Aproximadamente quatro mil populares acompanharam a festa de posse do novo prefeito, secretários e vereadores.  João Lira governa o município pela terceira vez. Mais experiente, tem a chance de fazer melhor, respeitando todos, sem revanchismos. Que faça uma boa gestão para todos.
Fotos de Lucas Cabral e Daniel Sarinho.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

CRIANCINE:Cinema para todos no Fim de Ano Cultural de Bom Jardim

Nesta sexta, 29 de dezembro 2016, tem cinema para crianças e todos os públicos em Bom Jardim.
Participe! 

Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Festival de Dança na Programação do Ciclo Natalino do Bom Jardim

CONVITE
O Balé Municipal do Bom Jardim,convida Vossa Senhoria e Família para participarem nesta quarta, 28, do FESTIVAL DE DANÇA - Projeto Formando Coreógrafos, um belo espetáculo natalino.
Local:Centro Cultural Marineide Braz.
Início: 18:00 horas.
Classificação Livre.
Realização: Governo Municipal - 
Secretaria de Turismo, Cultura e Esportes.
Entrada Franca.


Professor Edgar Bom Jardim - PE

Juíza desmascara as falácias da tão propalada meritocracia.

Juíza usa sua própria história para desmascarar as falácias da tão propalada meritocracia. Entre os pontos abordados, Fernanda Orsomarzo afirma que se esforçou para chegar ao cargo que tem hoje, mas jamais teria conseguido se não tivesse acesso a uma série de privilégios. Confira a íntegra do texto que viralizou

juíza meritocracia texto redes sociais
A meritocracia” é o processo de alavancamento profissional e social como consequência dos méritos individuais de cada pessoa, ou seja, dos seus esforços e dedicações.
Quem defende a teoria da meritocracia, acredita que qualquer pessoa possa chegar onde quiser apenas através do seu esforço.
De outro lado, muitas pessoas criticam essa ideia, principalmente em um país cuja sociedade é desigual, racista, machista, homofóbica.
A juíza de direito do Tribunal de Justiça do Paraná Fernanda Orsomarzo escreveu um post no seu Facebook contando sua história de muito esforço, porém também de muito privilégio, para afastar a ideia de meritocracia. O post já passa de 50 mil curtidas.
Fernanda se classifica como branca e parte de uma família classe média, o que a possibilitou de frequentar boas escolas, cursinhos e universidades. “Todos têm suas lutas e histórias de vida. Todos enfrentam dificuldades e desafios. Porém, enquanto para alguns esses entraves não passam de meras pedras no caminho, para outros a vida em si é uma pedra no caminho”, afirmou.
Confira a íntegra do texto:
Ralei duro para ser Juíza de Direito. Cheguei a estudar 12 horas por dia em busca da concretização do tão almejado sonho. Abdiquei de festas, passei feriados em frente aos livros, perdi momentos únicos em família. Sim, o esforço pessoal contou. Mas dizer que isso é mérito meu soa, no mínimo, hipócrita.
Em primeiro lugar, nasci branca. Faço parte de uma típica família de classe média. Estudei em escola particular, frequentei cursos de inglês e informática, tive acesso a filmes e livros. Contei com pais presentes e preocupados com a minha formação. Jamais me faltou café da manhã, almoço e jantar. Nunca me preocupei com merenda ou material escolar.
Todos têm suas lutas e histórias de vida. Todos enfrentam dificuldades e desafios. Porém, enquanto para alguns esses entraves não passam de meras pedras no caminho, para outros a vida em si é uma pedra no caminho. Meu esforço individual contou, mas eu nada seria sem as inúmeras oportunidades proporcionadas pelo fato de ter nascido – repito – branca e no seio de uma família de classe média minimamente estruturada.
O mérito não é meu. Na linha da corrida em busca do sucesso e realização, eu saí na frente desde que nasci. Não é justo, não é honesto exigir que um garoto que sequer tem professores pagos pelo Estado entre nessa competição em iguais condições. Nunca, jamais estivemos em iguais condições.
O discurso embasado na meritocracia desresponsabiliza o Estado e joga nos ombros do indivíduo todo o peso de sua omissão e da falta de políticas públicas. A meritocracia naturaliza a pobreza, encara com normalidade a desigualdade social e produz esquecimento – quem defende essa falácia não se recorda que contou com inúmeros auxílios para chegar onde chegou.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 24 de dezembro de 2016

Paulo Câmara recebe Carta do Fórum Regional de Cultura


O Governador Paulo Câmara, recebeu documento Carta do Fórum Regional de Cultura realizado em Bom Jardim, no dia 13 de dezembro.
Após a solenidade de inauguração da estrada do Buraco do Tatu, em clima bem descontraído e alegre o prefeito Miguel Barbosa e o Professor Edgar Santos, entregam documento contendo reivindicações ao governador de Pernambuco.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Miguel promoveu alegria das crianças com Papai Noel nas Ruas de Bom Jardim

Natal do Bom Jardim 2016.

Mais de 600 crianças da cidade de Bom Jardim- PE, participaram do projeto Cultura do Brincar, com a chegada de Papai Noel nas ruas da cidade e no Pátio de Eventos João Salvino Barbosa, por ocasião do ciclo natalino e da última Feira Cultural neste ano 2016. 
Ao som de  banda de música, "Papai Noel" alegrou cetenas de crianças que receberam  saquinhos contendo guloseimas, doces, carinhos, bonecas e outros pequenos brinquedos. A emoção era grande nas ruas  por onde o carro passou. A brincadeira terminou no Pátio de Eventos João Salvino Barbosa.
A Feira Cultural, o Projeto Cultura do Brincar foram legados importantes da gestão Miguel Barbosa, por meio da Secretaria de Turismo, Cultura e Esportes.
Na programação da noite desta sexta-feira (23) também teve apresentações musicais de Dodi Show e Manezinho do Forró. Houve também o bingo beneficente organizado por  Dona Damiana.
A programação do Fim de Ano Cultural ainda terá apresentação do Balé Popular, pastoril, show musical e cinema.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Cantata de Natal e Chegada de Papai Noel em Bom Jardim


Professor Edgar Bom Jardim - PE

Convite Inauguração da PE - 88 Estrada do Buraco do Tatu

Paulo Câmara e  Miguel Barbosa convidam todos para comemorar a realização da nova estrada do Buraco do Tatu, nesta sexta-feira, 23 de dezembro 2016. Horário: 10:00 h. Local; Patio de Eventos.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Bom Jardim e suas Ruas Históricas

Sítio Histórico de Bom Jardim precisa ser melhor cuidado por seus proprietários e pelo poder público. A região do marco zero da cidade perdeu ao longo de décadas 50% de sua originalidade.
A ignorância  dos legisladores, proprietários, aliada a ideia de modernidade são as principais causas da  destruição da arquitetura original de casas e das ruas. Do piso ao teto há  descaracterização, mudanças que comprometem  nossa identidade histórica e paisagística. 


Fotos: Akires Sabino
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Quem se lembra do século XIX

Não crie hierarquias temporais. A ideia do progresso é perigosa. Observe as diferenças, mas não se sacuda nas ideologias desenvolvimentistas. Há muitas traições nas teorias que marcam políticas dominantes. Sei que a desconfiança corrói. Não caia, no entanto, na ingenuidade. Abra os olhos. A história entrelaça tempos, se mostra complexa. Não fique encantado com as aventuras tecnológicas. Elas são usadas, também, para oprimir e espalhar violências. As guerra continuam, as armas são sofisticadas, as ciências justificam, muitas vezes, preconceitos raciais. Portanto, não eleja verdades definitivas, flutue enganando a lei de gravidade.
Um viagem ao passado faz bem. Há experiências que merecem ser lembradas. Darwin abalou o conhecimento com suas descobertas. Deixou as religiões perplexas e provocou debates infindáveis. Não é à toa que ainda seja odiado por  fanáticos. Mostrou que somos animais, estamos envolvidos no processo de evolução. Tocou em dogmas, desfez arrogâncias, abriu espaços para o conhecimento. Tudo que fere a vaidade provoca a sociedade, desmancha esquemas de poder. Daí, as mudanças nas concepções de mundo e nos comportamentos humanos. O avesso sobrevive, a linha estreita se alarga.
O capitalismo se alimenta e transforma em mercadorias as ousadias das ciências. Mas há choques. Ele quer manter tradições, aceita apenas o que o torna mais opressor. Marx, admirador de Darwin, colocou o capitalismo na berlinda. Cortou seus laços de sedução, afirmando suas táticas de exploração. A sociedade é atravessada por lutas políticas que precisam ser denunciadas, pois expõem interesses e subordinações. As reflexões de Marx não morreram. sofreram releituras, porém estão vivas e inquietas. Entraram nas heterogeneidades dos saberes, quebraram hierarquias, traçaram caminhos para as revoluções.
Quem pode esquecer de Nietzsche? Seus textos são belos e arquitetam dúvidas. Zaratustra falou pensando na possibilidade da recriações de valores, da relatividade da história, do perigo de se amarrar em crença absolutas. Nietzsche retorna, desafia, influencia. Ganha lugar privilegiado nos ensinamentos acadêmicos. Dê uma lida em Foucault e não estranhe seus diálogos com Nietzsche. O tempo não corrompeu sua luta, suas acusações contra o cristianismo, seu desejo de ressaltar a força da arte. O homem julga, está cercado de mandamentos, por isso não deve a abandonar a crítica e a interpretação de cada sentimento. Esclareça-se: as religiões são companheiras da fé trazem deslumbramentos e paralisias. possuem pacto com o invisível e o discurso da salvação.
Tudo isso é um pouco do que foi o século XIX. É preciso lembrar os colonialismos, o imperialismo, a concentração de riquezas. Mas existiam contrapontos atuantes e resistências às repressões contínuas. Se hoje temos abalos incríveis e permanências perversas é importante costurar os tempos, não negar as semelhanças, recordar que Freud não se descuidou do sonho, nem das frustrações. Os avisos de juízo final são comuns na história. Não se assombre, nem exagere. Selecionar o melhor dos mundo é uma ilusão que não se foi. Cuidado com as culpas e com a lama que está debaixo do pé. Sua interioridade pede imaginação. Não contemple sem multiplicar a coragem. O eterno retorno não é compromisso com o que se esvaziou.
PS: Quadro acima é do pintor Coubert, expressão artística da época.
POR Paulo Rezende
Professor Edgar Bom Jardim - PE

O mistério da homossexualidade em animais


Fêmeas de macaco-japonêsImage copyrightPAUL VASEY
Image captionCientistas notaram que fêmeas do macaco-japonês buscam prazer com outras fêmeas

Durante a temporada de acasalamento de inverno, a competição por uma fêmea de macaco-japonês é acirrada. Os machos não têm de disputar apenas com outros machos, mas também com outras fêmeas.
Entre esses animais, objetos de estudo do psicólogo Paul Vasey, da Universidade de Lethbridge, no Canadá, uma fêmea sobe na outra e estimula seus genitais esfregando-os na parceira. As duas se olham nos olhos durante a relação e tendem a permanecer semanas juntas, inclusive para dormir e se defender de possíveis rivais.
Já se sabe que o comportamento homossexual é bastante comum no reino animal, envolvendo de insetos a mamíferos. Mas será que é possível chamar esses bichos de homossexuais?
O primeiro livro que trouxe o assunto para o centro das discussões foi Biological Exuberance, de Bruce Bagemihl, publicado em 1999. O texto citava inúmeros exemplos de relações homossexuais em uma grande variedade de espécies, que logo viraram objeto de estudo sistemático por parte dos cientistas.

Evolução


Besouros-castanhosImage copyrightALAMY
Image captionBesouros machos depositam esperma em outros e acabam por fertilizar mais fêmeas

Segundo Vasey, apesar de centenas de espécies terem sido observadas em relações sexuais com parceiros do mesmo sexo em ocasiões isoladas, poucas delas fazem disso uma parte rotineira de suas vidas.
No caso dos macacos-japoneses, Vasey e sua equipe observaram que mesmo participando de relações sexuais com outras fêmeas, elas continuavam interessadas nos machos. Entre esses animais, as fêmeas frequentemente montam no macho, aparentemente para incentivá-los a acasalar.
Em alguns casos, existem razões evolucionárias para explicar o comportamento homossexual dos animais.
Por exemplo: em seus primeiros 30 minutos de vida, machos das moscas-das-frutas tentam copular com qualquer outra mosca, macho ou fêmea. Só depois eles aprendem a reconhecer o odor das fêmeas virgens e se concentram nelas.
Essa abordagem de tentativa e erro pode parecer ineficaz. Mas para o biólogo David Featherstone, da Universidade de Illinois, trata-se de uma boa estratégia. Na natureza, moscas de diferentes habitats podem apresentar misturas de feromônios ligeiramente diferentes.
"Um macho poderia perder a oportunidade de ter filhotes viáveis se fossem programados para reconhecer apenas um tipo de odor", afirma.
Os besouros-castanhos machos usam um truque diferente. Eles copulam entre si e até depositam esperma no parceiro. Se o macho que estiver carregando esse esperma acasalar depois com uma fêmea, esse esperma poderá ser transferido – assim, o macho que produziu o esperma fertiliza uma fêmea sem ter que cortejá-la.
Em ambos os casos, os machos estão usando um comportamento homossexual como uma maneira de fertilizar mais fêmeas.
Por isso, fica claro por que esses comportamentos podem ter sido favorecidos durante a evolução das espécies. Mas também se nota que essas duas espécies estão longe de serem estritamente homossexuais.

'Homo' ou 'bi'?


Image copyrightALAMY
Image captionEntre aves, algumas fêmeas se unem a outras para cuidar de seus filhotes

Outros animais, no entanto, realmente parecem ser totalmente gays. Um deles é o albatroz-de-laysan, que vive no arquipélago americano do Havaí.
Entre esses enormes pássaros, os casais normalmente permanecem 'casados' por toda a vida e participam ativamente dos cuidados com os filhotes.
Mas em uma população da ilha de Oahu, 31% dos casais são formados por duas fêmeas sem parentesco entre si. E mais: elas cuidam de filhotes cujos pais são machos que já estão em um 'casamento estável' com outra fêmea, mas 'pulam a cerca' para acasalar com uma ou ambas as fêmeas do casal de mesmo sexo.
Segundo a bióloga Marlene Zuk, da Universidade de Minnesota, se as fêmeas de albatrozes não criassem seus filhotes com outra fêmea, teriam mais dificuldades para chocar seus ovos e buscar comida.
Mas, novamente, não se trata de animais inerentemente homossexuais. Estudos dessa e de outas espécies de pássaros sugerem que a união homossexual ocorre como uma resposta à falta de machos e é mais rara quando uma população tem uma proporção mais equilibrada entre os dois sexos.

BonobosImage copyrightALAMY
Image captionBonobos podem usar o sexo para ganhar influência em um grupo

E se olharmos para nossos parentes mais próximos, os primatas hominoides? Os bonobos, por exemplo, são uma espécie de chimpanzé extremamente ativa sexualmente. Tanto machos quanto fêmeas apresentam comportamentos homossexuais.
Mas o sexo entre esses animais também tem a função de consolidar as relações sociais. Bonobos podem usar o sexo para se aproximar de membros dominantes do grupo e assim ganhar mais status. Até mesmo os mais jovens costumam confortar outros com abraços e atos sexuais.
Algumas espécies de golfinhos também apresentam comportamentos homossexuais que os ajudam dentro do grupo. Mas, no fim, todos acasalam com membros do outro sexo para se reproduzirem.
Todas essas espécies seriam melhor descritas como 'bissexuais', pois transitam facilmente entre os dois comportamentos e não mostram uma orientação sexual consistente.

Homossexuais 'puros'


Carneiros e ovelhasImage copyrightNA
Image captionSegundo cientistas, 8% dos carneiros domesticados permanecem com sua opção pelo mesmo sexo

Apenas duas espécies reconhecidamente exibem preferência pelo mesmo sexo pelo resto da vida, mesmo quando há parceiros suficientes do outro sexo. Uma delas, claro, é a espécie humana. A outra é o carneiro domesticado.
Em rebanhos ovinos, até 8% dos machos preferem outros machos mesmo quando há fêmeas férteis no grupo.
Em 1994, neurocientistas descobriram que esses machos tinham o cérebro ligeiramente diferente do resto, com um hipotálamo menor – a parte que controla a liberação de hormônios sexuais.
Isso endossaria o polêmico estudo do neurocientista Simon LeVay, que em 1991 descreveu uma diferença entre a estrutura cerebral de homens gays e heterossexuais.
Mas LeVay acredita que carneiros selvagens não apresentam o mesmo comportamento. Segundo ele, o animal domesticado foi aos poucos sendo 'manipulado' por criadores para produzir fêmeas que se reproduzem o mais frequentemente possível, o que pode ter permitido o aumento do número de machos homossexuais.
Por isso, tanto LeVay quanto Vasey afirmam que os humanos são o único caso documentado de 'verdadeira' homossexualidade entre animais selvagens.
Talvez nunca encontremos um animal selvagem que seja estritamente homossexual como muitos humanos. Mas podemos estar certos de que vamos descobrir cada vez mais animais que não se encaixam nas categorias tradicionais de orientação sexual.
Eles usam o sexo para satisfazer todo tipo de necessidade, do simples prazer à afirmação social. E isso exige flexibilidade.
Fonte BBC. 

O mistério da homossexualidade em animais.

Professor Edgar Bom Jardim - PE