sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

Por que Groenlândia, cobiçada por Trump, é parte da Dinamarca



Donald Trump e mapa antigo da Groenlândia

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,Trump defende que Groenlândia é um território fundamental para a defesa dos EUA
  • Author,André Biernath
  • Role,Da BBC News Brasil em Londres

Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, voltou a manifestar o desejo de tornar a Groenlândia um território americano.

Numa coletiva de imprensa realizada na terça-feira (7/1), Trump reafirmou que a ilha é estratégica para a segurança nacional americana.

A Groenlândia está no caminho da rota mais curta entre a América do Norte e a Europa — e já abriga bases aéreas americanas desde a década de 1950.

A região também possui vastos depósitos de minerais — como carvão, ferro, chumbo, zinco, molibdênio, diamantes, ouro, platina, nióbio, tantalita e urânio — que são vitais para a fabricação de aparelhos eletrônicos e baterias, entre outros fins


Em conversa com jornalistas, Trump sugeriu que a ilha é crucial para manter os esforços militares americanos de rastrear navios chineses e russos — que, segundo ele, "estão por todos os lados"

"Estou falando aqui de proteger o mundo livre", defendeu o presidente eleito.

Ele também não descartou o uso da força econômica ou militar para atingir esses objetivos, que segundo falas recentes do presidente eleito incluem não apenas a Groenlândia, mas também o Canal do Panamá e o Canadá.

Os comentários foram feitos num momento em que o filho dele, Donald Trump Jr., realiza uma visita à Groenlândia.

Antes de chegar à ilha, Trump Jr. disse que faria "uma viagem pessoal" para conversar com as pessoas e não tinha nenhum compromisso agendado com representantes do governo local.

Avião de Trump na Groenlândia

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,O filho de Trump fez uma visita à Groenlândia para 'conversar com as pessoas'

Embora tenha autonomia e um governo próprio, a Groenlândia faz parte do Reino da Dinamarca.

Ao ser questionado sobre os comentários de Trump, a primeira-ministra dinamarquesa Mette Frederiksen afirmou que "a Groenlândia pertence aos groenlandeses" e que apenas a população local poderia determinar o próprio futuro.

Ela reforçou que "a Groenlândia não está à venda", embora tenha ponderado que a Dinamarca busque sempre uma cooperação com os Estados Unidos, um aliado estratégico do país na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Já o primeiro-ministro da Groenlândia, Múte Egede, disse reiteradas vezes que a ilha "não está e nem estará à venda" — e vê o atual momento como uma oportunidade de buscar uma independência total da Dinamarca.

Mas como uma ilha no Atlântico Norte, quase no Ártico, virou um território dinamarquês? Conheça a seguir os detalhes da Groenlândia e de sua história.

Mute Egede

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,O primeiro-ministro da Groenlândia, Múte Egede, afirmou que a ilha não está e nem estará à venda

Território gelado

Com 2.166.086 km², a Groenlândia é a maior ilha do mundo, considerada um território autônomo com governo e parlamento próprios.

"Apesar de fazer parte da América do Norte, a Groenlândia está politicamente e culturalmente associada com a Europa, particularmente com dois poderes coloniais, a Noruega e a Dinamarca, desde o século 9", diz o texto.

A BBC News estima que dois terços da receita orçamentária groenlandesa vêm da Dinamarca — o restante do dinheiro é obtido principalmente a partir da pesca.

Nuuk é a capital da Groenlândia e a ilha conta com 57 mil habitantes, que possuem uma expectativa de vida de 71 anos para os homens e 76 anos para as mulheres.

Mapa da Groenlândia

Durante dois meses do ano, a Groenlândia tem luz solar contínua.

No entanto, 80% do território é coberto por gelo permanente, que chega a ter 4 km de espessura em algumas partes — embora as mudanças climáticas provoquem o derretimento dessa camada e aumentem o acesso aos recursos minerais, que são uma pauta importante para a região atualmente.

O rei Frederik 10° da Dinamarca é reconhecido como chefe de Estado da ilha.

Como citado anteriormente, o primeiro-ministro é Múte Bourup Egede.

O rei Frederik 10° da Dinamarca

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,O rei Frederik 10° da Dinamarca é o chefe de Estado da Groenlândia

Egede chegou ao poder em abril de 2021 após seu partido de esquerda, Inuit Ataqatigiit, ganhar as eleições parlamentares com uma plataforma que defendia paralisar a busca por minerais em reservas ambientais.

Aliás, desavenças sobre projetos de exploração de recursos naturais foram o principal motivo que causou a queda do governo anterior.

Nas últimas semanas, na esteira dos comentários de Trump, Egede anunciou um desejo de desvincular totalmente a ilha da Dinamarca.

"A oportunidade do povo groenlandês surgiu a partir da aprovação da Lei de Autogoverno [que entrou em vigor em 2009] e cria uma base legal para que a independência seja alcançada", declarou ele.

A bandeira da Groenlândia

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,A bandeira da Groenlândia

História da Groenlândia

O site da Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos lembra que os inuítes, povos originários da América do Norte, fizeram uma série de migrações para a Groenlândia ao longo de um período que vai de 2.500 a.C. até o século 11.

A região foi visitada pela primeira vez por povos nórdicos no ano 982, quando o famoso explorador Eric, o Vermelho, aportou na região sul da ilha.

Ele escolheu o nome Groenlândia, que remetia a uma "terra verde", para torná-la mais atrativa para futuros colonos.

Poucos anos depois, em 986, Eric voltou à ilha com mais pessoas para formar as primeiras colônias no local.

Os povoados nórdicos se estabeleceram no território até os séculos 14 e 15, quando sumiram do mapa — a provável explicação para isso foi uma mudança temporária nas condições climáticas do lugar, com uma queda significativa das temperaturas

Em 1721, uma expedição liderada pelo missionário norueguês com ascendência dinamarquesa Hans Egede iniciou um novo ciclo de colonização na Groenlândia.

Um povoado foi estabelecido nas proximidades do que é hoje a capital Nuuk — e a ilha passou a ser parte da Dinamarca.

No século 20, durante a Segunda Guerra Mundial, a Dinamarca foi invadida pela Alemanha.

Para evitar um possível ataque das forças nazistas à América do Norte, os Estados Unidos assumiram a defesa da Groenlândia e tiveram controle sobre a ilha entre 1941 e 1945.

Com o fim da guerra, o presidente dos EUA, Harry Truman, fez uma primeira proposta de compra da Groenlândia com uma oferta de 100 milhões de dólares, mas a Dinamarca rejeitou a oferta.

Na década de 1950, o país escandinavo (que havia retomado controle total sobre a Groenlândia) permitiu a instalação de bases aéreas americanas, que foram expandidas e aprimoradas durante a Guerra Fria como uma linha de defesa da Otan.

Nuuk

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Legenda da foto,Nuuk é a capital da Groenlândia

Em 1953, a ilha deixou de ser classificada como uma colônia e foi oficialmente reconhecida como parte integral do reino da Dinamarca.

A partir dos anos 1970, surgiram os primeiros movimentos para que a ilha ganhasse mais autonomia. Um referendo de 1979 ratificou a possibilidade de um governo local. Já em 1985, a Groenlândia saiu da Comunidade Econômica Europeia.

Em 2008, um novo referendo garantiu ainda mais liberdade política para a região, com maior controle sobre as fontes de energia e um reconhecimento do Kalaallisut como uma língua oficial.

A Dinamarca segue responsável por questões como política internacional, segurança e aspectos da economia (a coroa dinamarquesa é a moeda oficial da Groenlândia), embora o governo local tenha possibilidade de assinar acordos e tratados próprios.

Nos últimos anos, a descoberta de reservas de petróleo, gás e minerais raros atraíram os interesses de empresas do setor, embora isso seja motivo de grande debate na região.

Montanha na Groenlândia

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Legenda da foto,A exploracão de minerais e outros recursos naturais geram grande debate na Groenlândia

Em 2013, a Groenlândia acabou com um veto sobre a exploração de materiais radioativos, como o urânio, o que gerou um aumento nas exportações desses recursos.

No ano de 2019, ainda em seu primeiro mandato, Trump fez insinuações de compra da Groenlândia pelos EUA.

Já em 2021, o novo governo groenlandês baniu novos empreendimentos de exploração de óleo e gás na ilha sob a justificativa de que o preço dessas atividades era "muito alto".


Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

O que muda no ensino médio a partir de 2025

MEC esclarece as dúvidas mais frequentes sobre a reestruturação da Política Nacional de Ensino Médio



Política Nacional de Ensino Médio foi instituída na quarta-feira, 31 de julho, por meio da Lei nº 14.945/2024. A norma reestrutura essa etapa de ensino, altera a Lei nº 9.394/1996, de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, e revoga parcialmente a Lei nº 13.415/17, que dispôs sobre a reforma do ensino médio.

Para informar a sociedade sobre as mudanças trazidas pela nova legislação, o Ministério da Educação (MEC) preparou uma lista com as principais dúvidas sobre o tema e suas respostas. Confira abaixo: 

Como será a implementação? 

A lei determina que os sistemas de ensino devem começar a implementação do ensino médio a partir de 2025, para os estudantes da primeira série do ensino médio. Em 2026, as regras começarão a valer também para a segunda série e, em 2027, para a terceira. De acordo com a secretária de Educação Básica do MEC, Kátia Schweickardt, as diretrizes curriculares do ensino médio serão revistas e os itinerários formativos serão mais bem delineados. “Essas definições serão feitas de forma colaborativa, junto ao Conselho Nacional de Educação [CNE], redes estaduais e especialistas nas áreas do conhecimento”, disse. As redes de ensino receberão apoio técnico do MEC para a elaboração dos planos de ação, que definirão, inclusiveas regras de transição para quem iniciou o ensino médio em 2024. 

“O apoio técnico às redes, inclusive através da formação continuada, também é uma de nossas prioridades, e nós, da Secretaria de Educação Básica [SEB], trabalharemos com as Secretarias de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão [Secadi] e Educação Profissional e Tecnológica [Setec] nessa frente”, explicou. 

Como fica a carga horária da formação geral básica? 

A nova lei prevê que, de um total de, no mínimo, 3 mil horas nos três anos do ensino médio, 2.400 horas devem ser destinadas à Formação Geral
Básica (FGB), que inclui português, inglês, artes, educação física, matemática, ciências da natureza (biologia, física, química) e ciências humanas (filosofia, geografia, história, sociologia). O conteúdo da FGB é definido na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Desse modo, com a implementação da nova lei, haverá um aumento da carga horária mínima de formação geral básica ao longo dos três anos do ensino médio, que era de 1.800 horas.  

De acordo com o secretário-executivo adjunto do MEC, Gregório Grisa, o aumento da carga horária é um avanço. “A ampliação da Formação Geral Básica de 1.800 para 2.400 horas garante que os componentes curriculares voltem ao currículo, ou seja, as disciplinas de literatura, artes, educação
física, biologia, física e química, filosofia, geografia, história e sociologia. O professor quer dar aula daquilo para o que foi formado”, avaliou. 

E como ficam os itinerários formativos? 

A nova lei regulamenta os itinerários formativos e prevê a construção de diretrizes para sua oferta. A carga horária mínima dos itinerários será de 600 horas, com exceção da formação técnica e profissional, quando pode chegar a 1.200 horas. Os itinerários formativos deverão servir como um aprofundamento das seguintes áreas do conhecimento ou do ensino técnico:   

I – Linguagens e suas tecnologias; 

II – Matemática e suas tecnologias; 

III – Ciências da natureza e suas tecnologias; 

IV – Ciências humanas e sociais aplicadas; 

V – Formação técnica e profissional, organizada a partir das diretrizes curriculares nacionais de educação profissional e tecnológica (EPT). 

A lei determina que os sistemas de ensino devem garantir que todas as escolas ofereçam, no mínimo, dois itinerários formativos. A regra não vale para escolas que ofertam EPT.  

De acordo com o texto, o Conselho Nacional de Educação (CNE), com a participação dos sistemas estaduais e distrital de ensino, deve elaborar
diretrizes de aprofundamento para os itinerários, reconhecidas as especificidades da educação indígena e quilombola.  

O que a lei diz sobre a educação profissional e tecnológica (EPT)? 

No caso da formação técnica e profissional, a carga horária mínima para formação geral básica será de 2.100 horas, admitindo-se 300 horas destinadas ao aprofundamento de conteúdos da BNCC relacionados à formação técnica e profissional. Desse modo, o ensino técnico passa das atuais 1.800 horas de formação geral para 2.100.  

De acordo com o MEC, as 300 horas que poderão ser destinadas aos conteúdos da formação geral deverão tratar de componentes que tiverem estrita relação com a área do curso técnico ofertado, ou seja, haverá um aproveitamento de disciplinas que forem compatíveis com o curso de formação profissional. Por exemplo, em um curso de mecatrônica, poderão ser aproveitadas disciplinas como matemática, física e química na organização do currículo. 

No caso do itinerário com ênfase na formação técnica, a carga horária mínima será de 900 horas, podendo chegar a 1.200 horas — que, somadas
às 2.100 horas da FGB, totalizam as 3 mil horas do ensino médio.  

Será permitida educação a distância (EaDpara o ensino médio? 

Não. O texto prevê que o ensino médio será ofertado de forma presencial, mas será admitido, excepcionalmente, o ensino mediado por tecnologia. Para tratar desses casos, a lei determina que será elaborado um regulamento com a participação dos sistemas estaduais e distrital de ensino. 

“O fenômeno da mediação por tecnologia já é utilizado em várias realidades, principalmente na Região Norte do Brasil, como no Amazonas, em função da peculiaridade geográfica. Então, são essas exceções de que se trata o texto. Nós temos que regulamentar isso, ouvindo as experiências das redes, mas não se está autorizando, absolutamente, a introdução de EaD no ensino médio”, explicou Grisa.  

E como fica o ensino de língua espanhola? 

Segundo a norma, os currículos de ensino médio poderão ofertar outras línguas estrangeiras, preferencialmente o espanhol, de acordo com a disponibilidade de oferta, locais e horários. De modo obrigatório, a norma prevê apenas o ensino da língua inglesa.  

O que a lei diz sobre o ensino noturno? 

A norma diz que os estados devem manter, na sede de cada um dos seus municípios, pelo menos uma escola da rede pública com oferta de ensino médio regular no turno noturno, quando houver demanda. 

As regras valem também para o ensino integral? 

Estudantes matriculados em regime de tempo integral poderão utilizar uma parte da carga horária de experiências extraescolares para cumprir a carga horária escolar, desde que as atividades tenham a ver com o currículo. As formas de comprovação dessas horas serão definidas pelos estados. 

Poderá valer como hora de aula no período integral: 

  • Experiência de estágio, programas de aprendizagem profissional, trabalho remunerado ou trabalho voluntário supervisionado; 

  • Conclusão de cursos de qualificação profissional com certificação; 

  • Participação comprovada em projetos de extensão universitária, iniciação científica ou atividades de direção em grêmios estudantis. 

A lei também determina que o MEC considere, em seu planejamento de expansão de matrículas em tempo integral, critérios de equidade social, garantindo a inclusão de estudantes em condição de vulnerabilidade, negros, quilombolas, indígenas, com deficiência e do campo. 

Além disso, as escolas que ofertam matrículas de ensino médio articulado com educação profissional e tecnológica deverão ter prioridade no recebimento de recursos federais no âmbito do Programa Escola em Tempo Integral. A prioridade deverá ocorrer por meio do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). A matrícula nesses cursos será considerada também um dos critérios para recebimento da poupança do Pé-de-Meia. 

Muda algo para a educação do campo? 

O texto aprovado inclui benefícios a estudantes do ensino médio de escolas comunitárias que atuam no âmbito da educação do campo. Assim, esses alunos se juntarão àqueles de baixa renda que tiverem cursado todo o ensino médio em escola pública no acesso aos benefícios de bolsa integral no Programa Universidade para Todos (Prouni) para cursar a educação superior em faculdades privadas e à cota de 50% de vagas em instituições federais de educação superior. Poderão contar, ainda, com a poupança do ensino médio, do programa Pé-de-Meia. 

 

Fonte: Assessoria de Comunicação Social do MEC, com informações da SEB 

Categoria
Educação e Pesquisa
Foto: Edgar Santos
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

Cerimônia de Posse - Prefeito Janjão, Vice Arsênio e Vereadores Eleitos



Assiste ao vivo a Posse do Prefeito Janjão. 



Professor Edgar Bom Jardim - PE