quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Padre Júlio Lancellotti: o que é a arquitetura 'antipobres' denunciada por religioso em São Paulo


Morador de rua deitado ao lado de banco cilíndrico instalado em Florianópolis

CRÉDITO,REPRODUÇÃO/ INSTAGRAM PADRE JÚLIO LANCELLOTTI

Legenda da foto,

Procurada, Prefeitura de Florianópolis disse que está trocando todos os bancos 'anti-humanos' por novos modelos

Pedras, grades e espetos de ferro. Esses objetos foram inseridos na arquitetura de diversas construções e equipamentos públicos em diversas cidades do Brasil, como São Paulo e Florianópolis, para evitar a presença e permanência dos mais pobres, principalmente os moradores de rua.

Há meses, o padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua em São Paulo, usa as redes sociais para criticar essas intervenções e pressionar para que empresas e até mesmo órgãos públicos recuem e retirem essas instalações.

Em uma das fotos publicadas pelo padre, é possível ver um banco de praça com uma grade no meio dele, para evitar que uma pessoa se deite. Júlio Lancellotti define essas ações como aporobofia — aversão aos mais pobres.

Outra imagem mostra o banco de um ponto de ônibus em Florianópolis feito com ferros em forma de cilindro e espaçado. A estrutura também impede que alguém se deite. Nessa mesma foto, aparece um morador de rua dormindo no chão, em cima de um papelão.

Novos bancos instalados em Florianopolis

CRÉDITO,PREFEITURA DE FLORIANÓPOLIS

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Prefeitura de Florianópolis disse que vai retirar todos os bancos 'anti-humanos' da cidade e usar os antigos para fazer barreiras para proteger pedestres nas calçadas

Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Florianópolis informou, por meio da Secretaria Municipal de Mobilidade e Planejamento Urbano, que os abrigos de passageiros que aparecem na publicação do padre Júlio no Instagram "já estão sendo substituídos por novos há mais de um ano".


A prefeitura disse ainda que "os novos pontos de ônibus são humanizados, modernos e têm baixo impacto na paisagem". A administração municipal afirmou que os novos modelos já estão implantados em diversos pontos da cidade e que os antigos serão reciclados e transformados em balizadores urbanos de proteção de pedestres nas calçadas.

A pasta concluiu dizendo que "o modelo antigo de abrigo de passageiros foi feito em outra gestão" e que não sabe quem o projetou.

Campanha nacional


Com quase 1 milhão de seguidores no Instagram, o padre Júlio Lancellotti disse à BBC News Brasil que está sensibilizado pela quantidade de pessoas que estão mobilizadas nessa campanha para denunciar instalações hostis.


"Eu não peço nada, mas elas me mandam fotos e dizem: 'lembrei de você'. Outros falam que não percebiam que existiam construções hostis na cidade e agora estão percebendo. Isso tem sido importante porque a intenção das minhas publicações é sensibilizar as pessoas e sair da hostilidade para a hospitalidade", afirmou.

O padre ressaltou que é importante não confundir instalações hostis com o portão de uma casa ou a grade de um jardim. Mas ele afirmou que algumas pessoas instalam alguns objetos quase imperceptíveis, como obras de arte, vasos e plantas que servem como obstáculo, com a intenção de apenas obstruir um espaço público.

Entre os exemplos mais desumanos, o padre cita um sistema de gotejamento instalado em uma calçada na cidade de Santa Rita do Sapucaí, no interior paulista, para evitar que pessoas fiquem paradas na calçada.

Pule Instagram post, 1

Final de Instagram post, 1

"Teve gente dessa cidade que ficou irritada porque fiz duas publicações de lá. Alguns não conseguem entender que eu não quero que as pessoas fiquem ao relento ou embaixo dos viadutos e marquises. Mas que essas pessoas que estão mais preocupadas com hostilidade oferecem menos com acolhimento".

O padre lembrou ainda que essas instalações com grades e ganchos, por exemplo, podem causar acidentes. A preocupação dele é especialmente com os mais vulneráveis, como idosos e pessoas com deficiência física.

"Além de ser desumano, coloca uma sociedade inteira em risco. A pessoa pode sofrer uma queda e se acidentar gravemente nesses ganchos. A cidade que instala isso não odeia os pobres. Mas nessa cidade existe ódio contra os pobres", afirmou o padre Júlio.

Mas o padre disse ter recebido notícias de que alguns bancos estão reunindo os gerentes para discutir esse assunto com eles e pedir para que não implantem mais esse tipo de instalação nas agências.

padre Júlio Lancellotti

CRÉDITO,AGÊNCIA BRASIL

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O padre Júlio Lancellotti tem usado as redes sociais para criticar as intervenções

Aporofobia

Aporofobia foi eleita a palavra do ano em 2017 pela Fundação Espanhol Urgente (Fundéu). O termo tem sido usado de maneira recorrente pelo padre Júlio Lancellotti como uma campanha para descrever as pessoas que implantam as instalações urbanísticas que impedem a aproximação e permanência de moradores de rua em locais públicos.

Segundo ele, o motivo dessas intervenções é a aversão às pessoas mais pobres.

O termo aporofobia vem de duas palavras gregas: "áporos", o pobre, o desamparado, e "fobia", que significa temer, odiar, rejeitar. Da mesma forma que "xenofobia" significa "aversão ao estrangeiro", aporofobia é a aversão ao pobre pelo fato de ser pobre.

Em entrevista à BBC, a escritora e filósofa espanhola Adela Cortina, que inventou a palavra aporofobia há 20 anos, explica que o preconceito ao próximo é causado por questões financeiras.

"E a palavra surgiu da forma mais simples, quando percebemos que não rejeitamos realmente os estrangeiros se são turistas, cantores ou atletas famosos, rejeitamos se eles são pobres, imigrantes, mendigos, sem-teto, mesmo que sejam da própria família."

Adela Cortina

CRÉDITO,ADELA CORTINA

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Adela Cortina cunhou o termo 'aporofobia', que significa ódio aos indigentes, aversão aos desfavorecidos

Professora da faculdade de arquitetura e urbanismo da USP, Raquel Rolnik diz que esse tipo de instalação ocorre não apenas em cidades brasileiras, mas também em grandes metrópoles em todo o mundo.

"Ela está presente em duas situações: cidades com muitos moradores de rua, como Los Angeles, nos Estados Unidos e regiões muito desiguais. O livro Cidade de Quartzo relata as estratégias urbanas usadas nos anos 1980 e 1990 para evitar a presença das pessoas em situação de rua na cidade americana", afirma.

Em entrevista à BBC News Brasil, a urbanista explicou que a "marca" dessa relação entre os mais ricos e os moradores de rua é a desigualdade. E que a pandemia aumentou ainda mais o número de pessoas sem teto.

"Em plena crise, os aluguéis e preços de imóveis não pararam de subir. A quantidade de pessoas que não tem onde morar porque não podem pagar nem mesmo aluguel numa favela ou periferia é muito grande. Diante disso, precisamos de políticas públicas de moradia para lidar com esse fenômeno", disse à BBC News Brasil.

Pule Instagram post, 2

Final de Instagram post, 2

Segundo a urbanista, hoje não há, em nível municipal, estadual ou federal, nenhuma política efetiva para diminuir o número de moradores de rua.

"O abrigamento é uma antipolítica. O que deve haver é uma defesa de políticas de moradia. O abrigo não é a casa dessa pessoa. Não é um lugar onde ela consegue respirar e ter privacidade", afirmou.

Para Rolnik, essas intervenções que afastam pessoas da frente de lojas e casas são respostas dos mais ricos a esse grande aumento da população de rua.

"A ocupação da rua é a única alternativa dessas pessoas e a resposta dos mais ricos é: 'Não quero essas pessoas na porta da minha casa ou diante do meu negócio'. E essas intervenções são as estratégias que eles usam para que aquele lugar não se torne um abrigo", explicou.

Um dos exemplos dados pela urbanista é de que os bancos de praça, que eram retos, agora são ondulados justamente para evitar que pessoas durmam neles. Para ela, a visibilidade dada a esse assunto, por meio das publicações do padre Júlio, são essenciais para que as pessoas entendam o que significa cada uma dessas intervenções e não passem despercebidas, gerando uma onda de solidariedade.

No entanto, ela diz que essas exposições são válidas quando são seguidas de desdobramentos práticos nas leis e no comportamento das pessoas.

Lei Padre Júlio Lancellotti

A Comissão de Desenvolvimento Urbano, da Câmara dos Deputados, aprovou em novembro de 2021 o projeto de lei Padre Júlio Lancellotti, que proíbe a implantação de técnicas e construções que usem equipamentos para afastar ou restringir o uso de espaços públicos, principalmente por pessoas em situação de rua.

O relator do Projeto de Lei é o deputado federal Joseildo Ramos (PT-BA). O texto ainda precisa passar pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, antes de seguir para votação.

O padre Júlio disse à reportagem que gostou muito do projeto de lei, mas acha difícil que ele seja aprovado.

"É muito difícil aprovar um projeto desses a nível nacional, principalmente por conta da nossa atual conjuntura política. Existe um na Assembleia Legislativa de São Paulo e outros em várias câmaras municipais que eu acho ter mais chances. Temos esperança, mas acho difícil. O principal é a consciência e a pressão que conseguimos fazer em comércios, bancos e igrejas para acabar com essas ações", disse o padre.

  • Felipe Souza - @felipe_dess
  • Da BBC News Brasil em São Paulo
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Sintomas de covid: 6 orientações diante da suspeita da doença



Profissional da saúde coloca haste flexível no nariz de paciente para realização do teste de covid-19

CRÉDITO,ZORANM/GETTY IMAGES

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Testagem é fundamental para o diagnóstico adequado de covid-19

Festas de final e início de ano, avanço da variante ômicron pelo mundo, recordes de novos casos em vários países, ausência de uma política de testagem... Esses são alguns dos fatores que levantam suspeitas de que o Brasil possa estar vivendo uma "onda silenciosa" de novas infecções pelo coronavírus nesse início de 2022.

Para completar o cenário, os sistemas de informática do Ministério da Saúde ainda não foram 100% recuperados de um ataque hacker realizado no início de dezembro, o que impede análises mais atualizadas sobre o atual cenário da pandemia nas últimas três semanas.

Embora a média móvel de novos casos de covid-19 ainda esteja bem abaixo do que foi registrado entre março e junho de 2021, alguns locais já lidam com o aumento da chegada de pacientes com sintomas respiratórios em postos de saúde e prontos-socorros nos últimos dias.

Mas o que fazer se você está com sintomas típicos da doença, como febre, tosse, coriza, dor no corpo, diarreia ou perda de olfato e paladar? Confira abaixo seis orientações básicas para proteger a própria saúde e a comunidade ao redor.

1. Busque o diagnóstico

O médico José David Urbaez Brito, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) do Distrito Federal, destaca a importância da testagem para detectar adequadamente a covid.


"Sempre que você apresenta sintomas de infecção respiratória, como tosse, coriza, dor de garganta, entre outros, é essencial procurar o diagnóstico correto", ressalta.

Nesse caso, o ideal é passar por um exame capaz de detectar o coronavírus (ou partes dele, como o material genético), caso dos testes de antígeno ou do RT-PCR.

Esses métodos também estão indicados caso você teve contato com alguém que está com suspeita ou recebeu o diagnóstico de covid nos últimos 14 dias.

De acordo com o site do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, esses exames ainda servem para você poder viajar de avião e entrar em alguns estabelecimentos, além de serem utilizados em estudos populacionais e ajudarem no controle de infecção em locais como escolas e postos de trabalho.

Os testes de antígeno são um pouco menos precisos, mas costumam dar o resultado em 15 a 30 minutos. Já o RT-PCR é considerado padrão-ouro para a detecção da doença, porém o laudo demora alguns dias para ficar pronto, informa o CDC americano.

Caixa de teste de antígeno para diagnosticar a covid

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Os testes de antígeno estão disponíveis por um valor bem baixo (ou de forma gratuita) em vários países no mundo

Se o resultado for negativo (ou seja, você não está com covid), é possível retomar as atividades, seguindo os cuidados básicos, como usar máscaras, evitar aglomerações e tomar a vacina (caso ainda não tenha completado o esquema de duas ou três doses).

Agora, se o resultado for positivo (o que significa que você está com covid), é importante obedecer as orientações básicas detalhadas abaixo.

2. Faça o isolamento

A transmissão do coronavírus acontece através de gotículas e aerossóis de saliva, que saem do nariz e da boca de alguém infectado e invadem o organismo dos indivíduos que estão num mesmo ambiente.

A melhor maneira de resguardar as outras pessoas, portanto, é evitar o contato com elas.

Se você divide a casa com familiares e amigos, é importante que todos usem máscaras de boa qualidade, especialmente quando estiver próximo deles ou no mesmo cômodo — se possível, tente ficar afastado dos demais moradores e não compartilhe o mesmo banheiro ou objetos de uso pessoal, como talheres, copos e toalhas.

Mulher deitada na cama de pijama assoa o nariz em um lenço

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O ideal é que a pessoa doente fique em um cômodo que não compartilhe com mais ninguém


Atualmente, há uma controvérsia de quanto tempo deve durar esse período de retiro entre infectados. No dia 27 de dezembro, o CDC dos EUA mudou a orientação e passou a pedir que indivíduos com covid fiquem isolados por apenas cinco dias.

Em outros países, como Reino Unido e Austrália, o período de isolamento varia entre sete a dez dias, contados a partir do resultado positivo de um exame ou do início dos sintomas.

A médica Sylvia Lemos Hinrichsen, consultora de biossegurança da SBI, entende que o momento atual exige uma certa cautela.

"Com o avanço da ômicron e o aumento de casos, me parece prudente seguir respeitando esse tempo de sete a dez dias", avalia.

Urbaez Brito concorda. "Continua em pé a recomendação de ficar em isolamento por até dez dias, desde que no nono dia você não tenha mais sintomas."

Como o próprio nome já adianta, isolamento significa não sair de casa para quase nada — a única exceção são as consultas médicas ou as visitas ao pronto-socorro, se necessário.

3. Avise seus contatos próximos

O terceiro passo da lista é ligar ou mandar uma mensagem para as pessoas com quem você interagiu durante os 14 dias anteriores ao diagnóstico positivo de covid.

Muito provavelmente, você já estava infectado antes de desenvolver os sintomas iniciais (como tosse, dor de garganta, febre, mal estar e dor no corpo). Há, portanto, um risco nada desprezível de que você tenha passado o coronavírus para esses contatos próximos.

Ao comunicá-los de que você está com covid, eles podem ficar mais atentos aos sintomas e fazer um teste — caso também estejam com a doença, eles devem fazer o isolamento, o que evita a criação de novas cadeias de transmissão na comunidade.

Caso você tenha filhos ou seja o tutor de uma criança ou um adolescente que está com covid, avise a escola (se ele estiver frequentando as aulas presenciais) para que o restante da turma, os professores e os funcionários também estejam cientes e se cuidem.

Escola na Alemanha retomou aulas e alguns alunos voltaram com máscaras

CRÉDITO,EPA

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Alunos e professores precisam ser avisados se algum colega estiver com covid

É importante também notificar a chefia e o departamento de recursos humanos da empresa onde você trabalha, principalmente se você teve contato com algum outro funcionário nos dias que antecederam o diagnóstico.

"No meio de uma pandemia, avisar os contatos próximos após testar positivo é uma atitude responsável e ética, porque permite que as pessoas se planejem e fiquem mais atentas à própria saúde", avalia Hinrichsen.

4. Monitore os sintomas

Na maioria das vezes, os incômodos iniciais da covid, como febre, tosse, cansaço, dor de garganta, desconforto e diarreia, tendem a melhorar com o tempo.

Fique de olho em todos os sintomas durante o período de isolamento e procure ajuda profissional caso eles piorem (ou surjam manifestações novas e inesperadas).

"Esse cuidado é essencial, ainda mais quando pensamos em idosos ou pacientes com comorbidades", orienta Hinrichsen.

"Um indivíduo de mais de 60 anos com diarreia, por exemplo, pode sofrer uma desidratação ou desenvolver uma pneumonia pelo acúmulo de secreções nos pulmões muito rapidamente", completa a médica.

Se existir a possibilidade, a consultora da SBI sugere que as pessoas infectadas tenham em casa um oxímetro.

Esse pequeno aparelho mede a quantidade (ou a saturação) de oxigênio no sangue e pode soar o alarme antecipado de uma complicação pulmonar antes de aparecerem sintomas mais graves da covid, como a falta de ar.

"A saturação do oxigênio deve ser superior a 95%. Se a pessoa vê que esse número está em 98% e começa a cair para 97%, 96%, 95% e 94%, isso já serve de alerta para procurar um serviço de saúde", diz.

Mão de senhora com um oxímetro

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Saturação do oxigênio deve sempre estar acima de 95%

"Além de fazer a oximetria duas vezes ao dia, é necessário buscar o pronto-socorro imediatamente se o paciente com covid está com febre e dores musculares muito intensas, especialmente após o sexto ou sétimo dia de início dos sintomas", acrescenta Urbaez Brito.

"Nesses casos, é possível fazer uma intervenção com oxigênio e alguns medicamentos, como antiinflamatórios e terapias contra a trombose, que diminuem a taxa de letalidade", complementa o infectologista.

5. Repouse e capriche na hidratação

Os especialistas consultados pela BBC News Brasil também pedem muita atenção com os anúncios de tratamentos e receitas caseiras para "curar" a covid — a grande maioria dessas intervenções sequer foram avaliadas em estudos científicos e não são recomendadas pelas agências de saúde nacionais e internacionais.

Alguns remédios alçados à fama desde o início da pandemia como supostos "tratamentos precoces", caso de hidroxicloroquina, ivermectina e nitazoxanida, até chegaram a ser pesquisados, mas não mostraram efetividade alguma contra o coronavírus.

Atualmente, existem medicamentos antivirais contra a covid aprovados em alguns países, mas eles ainda não estão disponíveis no Brasil.

Diante desse cenário, a recomendação para quem testou positivo nos últimos dias e está com sintomas leves é fazer repouso e beber bastante água.

"A hidratação intensa ajuda a diluir as citocinas [moléculas inflamatórias] e eliminá-las pelos rins", ensina Urbaez Brito.

Mulher bebendo água

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Manter-se bem hidratado é um dos principais cuidados recomendados para os casos leves de covid

Se você está com febre, dor no corpo ou na cabeça, é possível usar algum remédio isento de prescrição para aliviar esses incômodos, desde que você não tenha nenhuma contra-indicação.

"Os mais comuns são o paracetamol ou a dipirona", exemplifica o infectologista.

Mas é primordial consultar um médico se esses sintomas persistirem ou piorarem.

6. Tome a vacina após a recuperação

Os imunizantes são indicados inclusive para quem já teve covid, pois eles são uma maneira segura e efetiva de estimular o sistema imune e aumentar o nível de anticorpos.

Mas a aplicação da vacina não deve acontecer em indivíduos que testaram positivo recentemente: a orientação do Ministério da Saúde é contar 30 dias a partir da data de início dos sintomas (ou do resultado positivo do exame) para, aí sim, receber a dose.

Homem recebe vacina no braço

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A vacinação está indicada mesmo para quem já teve covid

"Se eu estou com o coronavírus, meu sistema imune está trabalhando para me livrar daquela infecção. Com isso, ele não vai ser tão efetivo assim para produzir os anticorpos após a vacinação. Por isso é importante respeitar esse intervalo de um mês", explica Hinrichsen.

Que fique claro: aguardar esse tempo é apenas um cuidado extra para maximizar a resposta do sistema imunológico e garantir o máximo de proteção contra novos quadros de covid no futuro.

E essa recomendação vale para qualquer etapa do esquema vacinal: se chegou a data de você tomar a primeira, a segunda ou a terceira dose e está com covid, aguarde o tempo preconizado de 30 dias antes de ir ao posto de saúde.

  • André Biernath 
  • Da BBC News Brasil em São Paulo
Professor Edgar Bom Jardim - PE