sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Ministro do STJ manda Queiroz de volta à prisão; entenda o que acontece agora


Queiroz aparece sentado dando entrevistaDireito de imagemREPRODUÇÃO/YOUTUBE/SBT
Image captionFabrício Queiroz em entrevista ao SBT em dezembro de 2018; nova decisão do STJ levará ex-assessor de Flávio Bolsonaro de volta à cadeia

O ministro Superior Tribunal de Justiça (STJ) Felix Fischer derrubou a prisão domiciliar concedida a Fabrício Queiroz durante o plantão judicial. Com isso, o ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro terá que voltar à cadeia.

A decisão também vale para a mulher de Queiroz, Márcia Aguiar, que esteve foragida da Justiça até o benefício da prisão domiciliar ser concedido pelo presidente do STJ, João Otávio de Noronha.

Ele havia decidido que Queiroz deveria cumprir a prisão preventiva em casa por estar em tratamento de câncer, o que o colocaria no grupo de risco da covid-19. Noronha também deu o benefício a Aguiar com o argumento de que ela seria a responsável por auxiliar o marido nos cuidados com sua saúde.

Queiroz e sua mulher são suspeitos de participar de um esquema de desvio de recursos do antigo gabinete de deputado estadual de Flávio Bolsonaro. Eles foram presos em 18 de junho por determinação do juiz Flavio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, que viu indícios suficientes de que ambos estavam agindo para atrapalhar as investigações.

A íntegra da decisão de Felix Fischer que coloca os dois na cadeira não foi divulgada pelo STJ porque o caso está em segredo de Justiça, mas o sistema de acompanhamento processual da Corte indica que o ministro recusou o habeas corpus do casal e derrubou a liminar concedida por Noronha.

A decisão do presidente do STJ, embora tenha seguido a recomendação 62 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para concessão de prisão domiciliar a presos em grupo de risco, raramente é adotada na Corte, o que alimentou críticas de que ele teria agido para agradar o presidente Jair Bolsonaro — visando uma indicação para o Supremo Tribunal Federal (STF) em novembro, quando o ministro Celso de Mello se aposenta.

Agora, Queiroz e sua mulher ainda poderão tentar voltar à prisão domiciliar recorrendo da decisão de Fischer à Quinta Turma do STJ ou ao STF.

Além disso, outro habeas corpus que tenta derrubar totalmente a prisão preventiva já foi apresentado no STF e foi direcionado "por prevenção" ao ministro Gilmar Mendes, já que ele foi sorteado anteriormente para julgar outros recursos relacionados à mesma investigação.

Habeas corpus por causa da pandemia são raros no STF e no STJ

Considerando as jurisprudências do STJ e do STF, as chances do casal retornar à prisão domiciliar parecem pequenas.

Um painel no site do STF com estatísticas sobre as decisões da Corte relacionadas ao coronavírus indica que a maioria dos habeas corpus com esse argumento tem sido recusada.

O mesmo ocorre na Quinta Turma do STJ. Levantamento da BBC News Brasil por meio da ferramenta de buscas por jurisprudência da Corte mostrou que houve 115 decisões desse colegiado no primeiro semestre envolvendo pedidos de liberdade, de prisão domiciliar ou de progressão de pena que citavam os riscos de contágio por covid-19 como argumento. A grande maioria desses pedidos (112 ou 97,4% do total) foi recusada, e apenas 3 foram concedidos.

As decisões foram sempre unânimes, mostrando o forte alinhamento entre os integrantes da Quinta Turma — além de Felix Fischer, composta pelos ministros Jorge Mussi, Reynaldo Soares da Fonseca, Joel Ilan Paciornik e Ribeiro Dantas.

Na maioria dos casos, os ministros recusam os pedidos de relaxamento da prisão usando dois fundamentos: um argumento processual, de que a solicitação precisa primeiro ser submetida a instâncias inferiores do Judiciário; ou destacando que o preso não demonstrou estar em grupo de risco.

No entanto, há recusas mesmo para pessoas idosas ou com estado delicado de saúde, como uma detenta de 52 anos hipertensa e portadora de HIV, presa em Santa Catarina. Nesse caso, a decisão da Turma destaca que "a penitenciária em que está internada a paciente vem tomando as precauções necessárias em relação à possível contaminação pelo coronavírus e possui recursos para proporcionar o devido tratamento das enfermidades de que sofre a interna (hipertensão e HIV)".

Os três casos em que a Quinta Turma permitiu a saída da prisão apresentam aspectos diferentes do de Queiroz e não parecem servir como precedentes para a análise do seu recurso. Dois deles foram autorização de prisão domiciliar a mulheres com filhos menores de 12 anos. Essas decisões, embora citem também o contexto de pandemia para conceder o benefício, seguem principalmente uma determinação do STF de 2018, em que ficou estabelecido que mães com filhos pequenos devem prioritariamente ficar presas em casa, perto das crianças.

A terceira decisão liberou um homem de pagar fiança de R$ 3 mil para que pudesse deixar a prisão, após ser detido por ter cometido uma contravenção penal (vias de fato) e ter resistido à ação policial. Os ministros entenderam que, devido à crise econômica causada pela pandemia, não é razoável manter uma pessoa presa apenas pelo não pagamento de fiança.

O ministro Felix Fischer de toga e sentado em sala de tribunalDireito de imagemLUCAS PRICKEN/STJ
Image captionFelix Fischer derrubou a prisão domiciliar concedida a Queiroz durante o plantão judicial

Entenda a investigação da 'rachadinha'

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) investiga Flávio Bolsonaro, Queiroz e outros ex-funcionários do antigo gabinete de deputado estadual do filho mais velho do presidente por um suposto esquema de rachadinha (desvio de parte dos salários dos assessores parlamentares).

Queiroz nega as acusações e diz que recolhia parte dos salários para conseguir contratar mais pessoas para atuar pelo mandato de Flávio no Estado do Rio de Janeiro. Já o hoje senador afirma que não tinha conhecimento do que seu ex-assessor fazia.

No mais recente desdobramento do caso, foi revelado que a mulher do presidente Jair Bolsonaro, a primeira-dama Michelle Bolsonaro, recebeu 27 depósitos de Queiroz e sua mulher que totalizam R$ 89 mil, entre 2011 e 2016.

A informação veio da quebra de sigilo fiscal e bancário do casal, autorizada pela Justiça.

Segundo reportagem da revista Crusoé de sexta-feira (07/08), a quebra de sigilo mostrou que Queiroz depositou 21 cheques na conta de Michelle entre 2011 e 2016, somando R$ 72 mil. O jornal Folha de S.Paulo e o portal G1, por sua vez, descobriram também que a abertura das informações bancárias de Marcia Aguiar revelou mais seis cheques depositados por ela para a primeira-dama entre janeiro e junho de 2011, no valor total de R$ 17 mil.

Antes da quebra de sigilo do casal, sabia-se que Michelle tinha recebido R$ 24 mil de Queiroz. As novas informações contrariam versão do presidente sobre essa operação — Bolsonaro havia dito que o valor foi depositado para sua mulher como pagamento por um empréstimo de R$ 40 mil concedido por ele a Queiroz. No entanto, a abertura dos dados bancários do amigo do presidente não mostram o recebimento desse empréstimo, segundo os veículos da imprensa que tiveram acesso à quebra de sigilo.

Até a noite de quinta-feira (13/08) o presidente e a primeira-dama não apresentaram qualquer esclarecimento sobre as novas informações sobre os depósitos.

A apuração do MP-RJ indica que Queiroz seria o operador do esquema de rachadinha no gabinete de Flávio Bolsonaro e aponta que ele teria feito até 2018 diversos pagamentos em dinheiro vivo de contas do então deputado estadual, como boletos de plano de saúde da família e mensalidades escolares de suas duas filhas. Em entrevista ao jornal O Globo publicada na semana passada (05/08), Flávio reconheceu pela primeira vez que Queiroz pagava contas suas, mas negou ilegalidades.

"Pode ser que, por ventura eu tenha mandado, sim, o Queiroz pagar uma conta minha. Eu pego dinheiro meu, dou para ele, ele vai ao banco e paga para mim. Querer vincular isso a alguma espécie de esquema que eu tenha com o Queiroz é como criminalizar qualquer secretário que vá pagar a conta de um patrão no banco. Não posso mandar ninguém pagar uma conta para mim no banco?", justificou o senador.

Ao término da investigação, Queiroz e Flávio podem vir a ser denunciados pelos crimes de peculato (desvio de recurso público), lavagem de dinheiro e organização criminosa. No momento, porém, o caso está em suspenso à espera de uma definição do Supremo Tribunal Federal STF sobre se Flávio tem ou não direito a foro privilegiado.

Inicialmente, a investigação contra o hoje senador correu na primeira instância da Justiça do Rio, já que o STF decidiu em 2018 restringir o foro privilegiado aos casos de crimes relacionados com o exercício do atual mandato político da pessoa investigada. Apesar disso, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) decidiu em junho que o hoje senador teria direito nesta investigação ao foro de deputado estadual, levando o caso para a segunda instância judicial.

O Ministério Público, então, recorreu da decisão do TJ-RJ ao STF e o caso está sob relatoria do ministro Gilmar Mendes. Ele aguarda a manifestação da PGR sobre o recurso para pautar seu julgamento na Segunda Turma do Supremo. Decisões anteriores do STF sobre foro privilegiado indicam que a Corte deve derrubar a decisão do TJ-RJ e retornar o caso para a primeira instância, abrindo caminho para uma denúncia do MP contra Queiroz e Flávio Bolsonaro.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Coronavírus: como informações falsas sobre a pandemia mataram mais de 800 pessoas


Facebook, Twitter e aplicativos como o WhatsApp têm sido terreno fértil para informações falsas sobre covid-19Direito de imagemREUTERS
Image captionFacebook, Twitter e aplicativos como o WhatsApp têm sido terreno fértil para informações falsas sobre covid-19

Ao menos 800 pessoas morreram ao redor do mundo por causa de informações falsas relacionadas à pandemia de covid-19 nos três primeiros meses do ano, segundo pesquisadores.

Um estudo publicado no American Journal of Tropical Medicine and Hygiene afirma que quase 5,8 mil pessoas deram entrada em hospitais por causa de informações falsas recebidas em redes sociais.

Muitas delas morreram após ingerir metanol ou produtos de limpeza à base de álcool por acreditarem erroneamente que esses produtos eram a cura para o vírus.

Os pesquisadores analisaram 2.311 registros de boatos, estigmas e teorias conspiratórias em 25 línguas em 87 países. Quase 25% eram ligados à doença, transmissão e mortalidade e 21%, a tratamentos e curas que não funcionam.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse anteriormente que a “infodemia” em torno do novo coronavírus se espalha tão rápido quanto o vírus em si, com teorias conspiratórias, boatos e estigmas que contribuem para mortes e lesões.

Informações falsas custam vidas

Muitas das vítimas seguiram conselhos semelhantes a informações médicas confiáveis, como comer grandes quantidades de alho, urina de vaca ou ingerir grandes quantidades de vitaminas, com o objetivo de prevenir infecções.

Segundo os autores do estudo, todas essas atitudes acarretam implicações potencialmente graves para a saúde.

O artigo conclui que é responsabilidade de agências internacionais, governos e plataformas de redes sociais combater a “infodemia”. Empresas de tecnologia têm sido amplamente criticadas pela resposta demorada e insuficiente.

Leis para regular esses danos onlines devem demorar anos para surgir em países como o Reino Unido, por exemplo.

Grafite anti-5G em Nova York
Image captionGrafite anti-5G em Nova York

Uma investigação conduzida pela BBC sobre informações falsas ligadas à covid-19 apontou a relação de uma série de agressões, incêndios e mortes com desinformações sobre o vírus.

Boatos na internet levaram a ataques na Índia e envenenamento em massa no Irã. Engenheiros de telecomunicações foram ameaçados e atacados, e torres de transmissão foram incendiadas em diversos países, por causa de teorias conspiratórias contra a tecnologia 5G amplificadas em redes sociais.

Essas plataformas também ajudaram golpistas a ganharem dinheiro ao se aproveitarem da pandemia para vender promessas falsas de cura, algumas delas com produtos de limpeza diluídos.

Teorias conspiratórias ameaçam vacina contra covid-19

Em meio ao avanço dos estudos para descobrir uma vacina contra o novo coronavírus, há uma crescente campanha de desinformação de cidadãos anti-vacina para tentar convencer as pessoas a não se proteger com a imunização (caso um dia ela seja aprovada).

Apesar de iniciativas em redes sociais para remover essas informações, ou classificá-las como falsas, pesquisas de opinião nos Estados Unidos apontaram que 28% dos cidadãos acreditam que Bill Gates quer usar vacinas para implantar microchips nas pessoas.

Para médicos ouvidos pela equipe anti-desinformação da BBC, a busca por uma vacina eficaz e segura contra o coronavírus, e a eventual distribuição dela para imunização em massa, pode ser completamente abalada pela desinformação.

BBC



Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

O "judiciário" transparente que fomenta o racismo



A defesa do acusado vai pedir a nulidade do processo ‘pelo crime de racismo e evidente parcialidade da juíza’

A juíza Inês Marchalek Zarpelon, da 1ª Vara Criminal da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba (PR), proferiu uma sentença atrelando a raça de um suspeito a possíveis crimes de furtos e organização criminosa. Natan Vieira da Paz, de 48 anos, foi condenado a 14 anos e 2 meses de prisão, mas sua defesa quer anular a processo por causa de racismo.

Em um trecho da sentença condenatória, Zarpelon destaca: ““Sobre sua conduta social nada se sabe. Seguramente integrante do grupo criminoso, em razão da sua raça, agia de forma extremamente discreta os delitos e o seu comportamento, juntamente com os demais, causavam o desassossego e a desesperança da população, pelo que deve ser valorada negativamente”.

Além de Vieira da Paz, outros oito suspeitos foram julgados e condenados no mesmo caso pela juíza.

A suspeita é de que o grupo integre uma organização criminosa que, entre os meses de janeiro de 2016 e julho de 2018, praticou furtos e “saidinhas” de banco nas praças Carlos Gomes, Rui Barbosa e Tiradentes, na região central de Curitiba (PR).

Eles teriam furtado mochilas, bolsas, carteiras e celulares.

A advogada de defesa de Vieira da Paz, Thayse Pozzobon, afirmou à reportagem de CartaCapital que pedirá a nulidade da sentença “pelo crime de racismo e evidente parcialidade da juíza”.

“Vou solicitar a nulidade às comissões de Igualdade Racial e Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil e também recorrer ao Conselho Nacional de Justiça e à Corregedoria”, afirmou.

“Independentemente do que está sendo apurado no processo, ela não tem o direito de avaliar a raça dele. Trata-se de um crime patrimonial e a lei deve se ater a isso. O que as circunstâncias de integrar uma organização criminosa ou praticar crimes têm a ver com a raça dele?”, questiona a advogada.

“Isso revela seu olhar parcial e um racismo latente que ainda temos que conviver em pleno século XXI”, criticou.

Pozzobon também mencionou o caso em um post em suas redes sociais, onde afirma que um julgamento que parte desta ótica está “maculado”.

“Um julgamento que parte dessa ótica está maculado. Fere não apenas meu cliente, como toda a sociedade brasileira. O Poder Judiciário tem o dever de não somente aplicar a lei, mas também, através de seus julgados, reduzir as desigualdades sociais e raciais. Ou seja, atenuar as injustiças, mas jamais produzi-las como fez a magistrada ao associar a cor da pele ao tipo penal”, avaliou.

O Tribunal Pará noticiou a prisão de Vieira da Paz em fevereiro de 2019, bem como de outros suspeitos de praticar o crime do “cavalo louco” em Curitiba, que é o furto na saída de agências bancárias.

Segundo a advogada de defesa, no momento, ele se encontra respondendo ao crime em liberdade pelo excesso de tempo de julgamento do crime.

Motoboy humilhado

Na semana passada, o entregador de aplicativo Matheus Pires Barbosa foi humilhado com injúrias racistas por um morador de um condomínio em Valinhos, interior de São Paulo, ao efetuar uma entrega. No vídeo que circulou nas redes sociais, é possível ver Mateus Almeida Prado, o morador, dizendo a Barbosa que ele tem “inveja” dos moradores do condomínio e de sua cor branca.


A defesa do motoboy apresentou, na segunda-feira 10, uma representação criminal por injúria racial contra o homem. De acordo com o advogado Márcio Santos Abreu, a defesa de Barbosa vai tentar provar que o agressor não estava em surto provocado pela esquizofrenia, como alegou o pai do rapaz.

OAB/PR manifesta repúdio

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Paraná publicou uma nota de repúdio sobre o caso. No texto, a organização afirma que irá encaminhar o caso às autoridades do Poder Judiciário e do Ministério Público e solicitar um pedido de apuração e aplicação das sanções cabíveis, além de acompanhar o desenrolar dos fatos.

Veja a nota na íntegra:

A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção do Paraná, juntamente com suas comissões da Advocacia Criminal e da Igualdade Racial, vem a público manifestar seu veemente repúdio à fundamentação lançada em sentença da magistrada Inês Marchelek Zarpelon, da 1ª Vara Criminal de Curitiba, ao tecer considerações sobre a cor de um cidadão como algo negativo, na análise de sua conduta social. Na decisão, afirmou-se que referida pessoa seria “seguramente integrante do grupo criminoso, em razão da sua raça”.

A afirmação é inaceitável e está na contramão do princípio constitucional da igualdade e da não discriminação. Cor e raça não definem caráter e jamais podem ser utilizadas para fundamentação de sentença, notadamente na dosimetria da pena.

A humanidade deve caminhar no sentido da eliminação de todos os preconceitos, notadamente os relacionados à origem, raça e cor, pois somente assim alcançaremos o ideal de uma sociedade livre, justa, fraterna, igualitária e solidária, estabelecido, na Constituição Federal, como um dos objetivos da República Federativa do Brasil.

A cultura de séculos de opressão, que vem desde o sequestro violento de negros na África para exploração de suas vidas Brasil, com a violação repetida e sistemática de seus mais fundamentais direitos, é narrada em incontáveis publicações científicas atestando as consequências terríveis que geram na Justiça Criminal.

A OAB-PR comunica que, na condição de defensora intransigente das garantias fundamentais, está encaminhando às autoridades do Poder Judiciário e do Ministério Público pedido de apuração e aplicação das sanções que o caso reclama e que acompanhará todo o desenrolar desses fatos.


Com informações de Carta Capital

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Kamala Harris: o que Joe Biden pode ganhar ou perder com a escolha da senadora pela Califórnia como candidata a vice

Kamala HarrisDireito de imagemAFP
Image captionO candidato democrata à presidência dos EUA, Joe Biden, anunciou que Kamala Harris, senadora pela Califórnia, será sua companheira de chapa contra Trump.

Às vezes, a escolha óbvia é óbvia por um motivo.

Kamala Harris era apontada como favorita para compor a chapa de Joe Biden desde o momento em que o então provável candidato democrata anunciou, em março, que escolheria uma mulher como candidata a vice.

Harris era uma escolha segura e prática. Ela também está agora, aparentemente, na posição de ser a herdeira do Partido Democrata — seja daqui quatro anos porque Biden perdeu em 2020 ou não concorreu à reeleição, ou em oito anos se Biden cumprir dois mandatos completos.

Pode ser por isso que houve tantas tentativas de derrubar Harris ou apresentar candidatos alternativos no mês passado.

Na realidade, essa foi a primeira luta da próxima batalha de indicação presidencial, e Harris — cujas ambições são claras — agora dá um passo na competição.

Mas determinar a futura indicação democrata é uma batalha para outro momento. Agora a preocupação urgente para o partido é como Harris pode ajudar Biden a conquistar a Casa Branca.

A seguir, veja pontos fortes que ela traz para a chapa e algumas preocupações que os democratas podem ter.

Ponto forte: Diversidade

O Partido Democrata de hoje não se parece com Joe Biden. É jovem e é etnicamente diverso. Assim, para ter uma chapa que refletisse as pessoas que votariam nele, estava cada vez mais óbvio que Biden precisava encontrar alguém mais jovem e menos branco que ele.

Harris, cujo pai era jamaicano e mãe veio da Índia, preenche essa necessidade específica. Ela se torna a primeira mulher negra e a primeira asiática a concorrer em uma chapa presidencial de um grande partido. E embora aos 55 anos ela não seja exatamente jovem, quando comparada a Joe Biden, de 77 anos, ela é totalmente ágil.

Foto da família HarrisDireito de imagemHARRIS FAMILY
Image captionPai de Harris era jamaicano e mãe dela veio da Índia.

Na tarde de terça-feira (13/08), antes de ser anunciada como a escolha de Biden, Harris tuitou sobre a necessidade de diversidade na liderança do partido.

"Mulheres negras e mulheres de cor há muito tempo estão sub-representadas em cargos eletivos e em novembro temos a oportunidade de mudar isso", escreveu.

Harris pode ser a responsável direta por algumas dessas mudanças.

Ponto forte: Combate

Um dos papéis tradicionais de um candidato a vice na chapa presidencial é enfrentar a oposição. Enquanto o candidato no topo da chapa segue o caminho retórico, o número dois parte para o ataque contra a oposição.

Em 2008, Sarah Palin, vice da chapa de John McCain, mais do que fez jus ao apelido, "Sarah the Barracuda" (um tipo de peixe conhecido por ser agressivo), por exemplo.

Cartaz da campanha de Kamala HarrisDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionCartaz da campanha de Kamala Harris

Se esta é uma tarefa que recai sobre Harris, a história sugere que ela estará à altura da função. Biden certamente se lembra que foi Harris quem foi atrás dele com gosto durante o primeiro debate das primárias democratas em julho de 2019, criticando a oposição dele a um programa de ônibus escolares.

Harris também demonstrou ser uma interrogadora muito determinada e combativa durante seu mandato no Senado dos Estados Unidos. Donald Trump se lembra claramente disso, ao comentar na noite de terça-feira que achava que Harris foi "extraordinariamente desagradável" com seu segundo candidato à Suprema Corte, Brett Kavanaugh.

Trump pode não gostar, mas "desagradável" pode ser exatamente o que Biden está procurando.

Ponto forte: Estabilidade

Uma coisa que os políticos que concorreram a cargos nacionais disseram repetidas vezes é que é impossível ter dimensão da intensa pressão que essas campanhas criam até que se tenha realmente participado de uma.

Joe Biden conversando com sua candidata a vice-presidente Kamala Harris por um link de vídeo, divulgado por seu fotógrafo oficial de campanha.Direito de imagemADAM SCHULTZ
Image captionBiden diz a Harris que ela será sua companheira de chapa

Embora a candidatura presidencial de Harris para 2020 não tenha sido bem-sucedida e ela tenha desistido antes da maioria de seus concorrentes, ela sabe o que é estar sob tamanho escrutínio. Quando ela lançou sua campanha para dezenas de milhares de apoiadores em janeiro de 2019, ela foi tratada como uma candidata presidencial de primeira linha. Por algum tempo em julho, depois de sua forte participação no primeiro debate, ela subiu para o topo de algumas pesquisas primárias.

Harris passou pelo fogo, pelo menos por um tempo, e sabe como é. Se houvesse grandes problemas em seu passado, eles já teriam aparecido. Dado que ela já participou de disputa democrata para a presidência (primárias), não é impossível para muitos americanos imaginá-la como presidente algum dia.

A senadora da Califórnia pode não ter sido a candidata mais dinâmica na campanha em 2019 e certamente não foi a mais bem-sucedida, mas neste momento ela é conhecida. E para Biden, que atualmente está em alta nas pesquisas, quanto menos surpresas no resto da campanha, melhor.

Desvantagem: 'Harris é um policial'

Mais do que quase qualquer outro candidato ao posto de vice-presidente, Harris vem de um passado em cargos na área de aplicação da lei. Dadas as recentes manifestações contra a brutalidade policial e alegações de racismo institucional na aplicação da lei, o currículo de Harris pode fazer com que alguns progressistas dentro do Partido Democrata hesitem.

Certamente aconteceu durante a campanha presidencial de Harris, quando a frase "Harris é um policial" foi uma acusação irônica feita à senadora da Califórnia em mais de uma ocasião.

Tanto como promotora distrital de São Francisco quanto como procuradora-geral da Califórnia, Harris se posicionou mais ao lado da polícia do que dos suspeitos, mesmo nos casos em que esses suspeitos possam ter sido condenados injustamente. Embora ela tenha expressado oposição pessoal à pena de morte, ela apoiou seu uso enquanto esteve no cargo.

Kamala Harris.Direito de imagemREUTERS
Image captionMais do que quase qualquer outro candidato ao posto de vice-presidente, Harris vem de um passado em cargos na área de aplicação da lei.

Ser um combatente do crime obstinado pode ser um atributo atraente entre os eleitores independentes e de tendência conservadora nas eleições gerais, mas se esse apoio vier à custa do entusiasmo pela chapa Biden-Harris entre os eleitores da esquerda, então pode não ser positivo.

Desde a morte de George Floyd, Harris tem defendido abertamente a reforma da aplicação da lei, recebendo elogios de alguns progressistas. No entanto, é seguro dizer que eles ainda guardam algumas dúvidas.

Desvantagem: Mudanças

O fato de Harris ter realizado uma campanha presidencial foi notado como um marco a seu favor. No entanto, há um outro lado nisso. A campanha dela, embora tenha começado com estrondo e tenha seus momentos, também teve algumas falhas graves (e algumas dessas falhas relacionadas à própria candidata).

Embora Harris tenha um histórico bastante moderado como senadora e procuradora-geral do estado, ela tentou virar à esquerda durante sua campanha presidencial. Ela se pronunciou a favor da educação universitária gratuita, do programa ambiental Green New Deal e da saúde universal, por exemplo, mas nunca soou muito convincente sobre isso.

Ela tropeçou particularmente na questão sobre se o seguro privado deveria ser banido — o que, embora seja bom para os progressistas, causa desconforto para muitos moderados.

"Vamos eliminar tudo isso", disse ela com certa desenvoltura durante uma entrevista. "Vamos continuar."

Nos dias de hoje, a sentença de morte para políticos é parecer muito político — serem percebidos como dispostos a mudar valores e crenças com base no que os eleitores desejam.

Sinceridade, ou pelo menos a aparência dela, é um prêmio de virtude para os eleitores — e parte da razão pela qual Donald Trump se tornou presidente. Embora seus apoiadores nem sempre concordassem com ele, eles sentiam que ele dizia o que pensava.

A mudança de Harris, de moderada, depois para a esquerda e agora de volta, talvez, para o centro de Biden, pode deixar alguns eleitores se perguntando onde estão seus valores fundamentais — ou se ela tem algum valor fundamental.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Lia de Itamaracá faz live no YouTube e pede patrocínio


A cirandeira mais famosa do Estado busca apoio.

No auge dos seus 76 anos, Lia de Itamaracá, tida como a patrona da ciranda em Pernambuco, também parou suas atividades por causa da pandemia do novo coronavírus desde março.

De lá para cá, a cirandeira participou de algumas transmissões ao vivo promovidas por empresas do setor de bebidas e também de debates virtuais produzidos por instituições culturais e outros colegas cantores. 

No próximo sábado, 15, entretanto, ela mesma será anfitriã da sua live. A apresentação será às 20h no canal oficial no Youtube.

A apresentação será transmitida de um estúdio na Zona Norte do Recife e contará com apenas três músicos - DJ Dolores, produtor musical; a percussionista Aisha e o guitarrista Samico. Para possibilitar alguma remuneração, Lia busca apoio e divulga conta bancária para depósito de qualquer quantia que possa ser dividida entre eles. 

Obviamente, o ritmo predominante do show ao vivo e virtual será a ciranda com as suas principais canções, porém, Lia dará ênfase ao repertório do seu álbum, "Ciranda sem Fim", lançado pelo selo Natura Musical, no mês de novembro do ano passado. 

Live terá aproximadamente 1h30 de duração

A proposta do DJ Dolores, produtor do disco, não é desconfigurar a referência que Lia carrega enquanto "Rainha da Ciranda", mas oferecer uma fusão entre novos e antigos sons: um show de música romântica, brega e até bolero.

Segundo ele, a poesia é a obra que marca esse trabalho recente, diferentemente dos discos anteriores: Rainha da Ciranda (1977), Eu Sou Lia (2000) e Ciranda de Ritmos (2010), a poesia é obra presente neste álbum atual. 

A live de Lia de Itamaracá terá aproximadamente 1h30 de duração. As doações também já podem ser feitas, antes da apresentação, via transferência bancária, depósito e QR Code. Os dados estão nas redes sociais da artista (Instagram e Facebook).

SERVIÇO

Live Lia de Itamaracá,15/08, às 20h

Doações: 

Centro Cultural Estrela de Lia Bradesco

Agência: 2399-0

Conta Corrente: 24434-1

CNPJ: 08.284.461/0001-45

Folha de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE