quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Kamala Harris: o que Joe Biden pode ganhar ou perder com a escolha da senadora pela Califórnia como candidata a vice

Kamala HarrisDireito de imagemAFP
Image captionO candidato democrata à presidência dos EUA, Joe Biden, anunciou que Kamala Harris, senadora pela Califórnia, será sua companheira de chapa contra Trump.

Às vezes, a escolha óbvia é óbvia por um motivo.

Kamala Harris era apontada como favorita para compor a chapa de Joe Biden desde o momento em que o então provável candidato democrata anunciou, em março, que escolheria uma mulher como candidata a vice.

Harris era uma escolha segura e prática. Ela também está agora, aparentemente, na posição de ser a herdeira do Partido Democrata — seja daqui quatro anos porque Biden perdeu em 2020 ou não concorreu à reeleição, ou em oito anos se Biden cumprir dois mandatos completos.

Pode ser por isso que houve tantas tentativas de derrubar Harris ou apresentar candidatos alternativos no mês passado.

Na realidade, essa foi a primeira luta da próxima batalha de indicação presidencial, e Harris — cujas ambições são claras — agora dá um passo na competição.

Mas determinar a futura indicação democrata é uma batalha para outro momento. Agora a preocupação urgente para o partido é como Harris pode ajudar Biden a conquistar a Casa Branca.

A seguir, veja pontos fortes que ela traz para a chapa e algumas preocupações que os democratas podem ter.

Ponto forte: Diversidade

O Partido Democrata de hoje não se parece com Joe Biden. É jovem e é etnicamente diverso. Assim, para ter uma chapa que refletisse as pessoas que votariam nele, estava cada vez mais óbvio que Biden precisava encontrar alguém mais jovem e menos branco que ele.

Harris, cujo pai era jamaicano e mãe veio da Índia, preenche essa necessidade específica. Ela se torna a primeira mulher negra e a primeira asiática a concorrer em uma chapa presidencial de um grande partido. E embora aos 55 anos ela não seja exatamente jovem, quando comparada a Joe Biden, de 77 anos, ela é totalmente ágil.

Foto da família HarrisDireito de imagemHARRIS FAMILY
Image captionPai de Harris era jamaicano e mãe dela veio da Índia.

Na tarde de terça-feira (13/08), antes de ser anunciada como a escolha de Biden, Harris tuitou sobre a necessidade de diversidade na liderança do partido.

"Mulheres negras e mulheres de cor há muito tempo estão sub-representadas em cargos eletivos e em novembro temos a oportunidade de mudar isso", escreveu.

Harris pode ser a responsável direta por algumas dessas mudanças.

Ponto forte: Combate

Um dos papéis tradicionais de um candidato a vice na chapa presidencial é enfrentar a oposição. Enquanto o candidato no topo da chapa segue o caminho retórico, o número dois parte para o ataque contra a oposição.

Em 2008, Sarah Palin, vice da chapa de John McCain, mais do que fez jus ao apelido, "Sarah the Barracuda" (um tipo de peixe conhecido por ser agressivo), por exemplo.

Cartaz da campanha de Kamala HarrisDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionCartaz da campanha de Kamala Harris

Se esta é uma tarefa que recai sobre Harris, a história sugere que ela estará à altura da função. Biden certamente se lembra que foi Harris quem foi atrás dele com gosto durante o primeiro debate das primárias democratas em julho de 2019, criticando a oposição dele a um programa de ônibus escolares.

Harris também demonstrou ser uma interrogadora muito determinada e combativa durante seu mandato no Senado dos Estados Unidos. Donald Trump se lembra claramente disso, ao comentar na noite de terça-feira que achava que Harris foi "extraordinariamente desagradável" com seu segundo candidato à Suprema Corte, Brett Kavanaugh.

Trump pode não gostar, mas "desagradável" pode ser exatamente o que Biden está procurando.

Ponto forte: Estabilidade

Uma coisa que os políticos que concorreram a cargos nacionais disseram repetidas vezes é que é impossível ter dimensão da intensa pressão que essas campanhas criam até que se tenha realmente participado de uma.

Joe Biden conversando com sua candidata a vice-presidente Kamala Harris por um link de vídeo, divulgado por seu fotógrafo oficial de campanha.Direito de imagemADAM SCHULTZ
Image captionBiden diz a Harris que ela será sua companheira de chapa

Embora a candidatura presidencial de Harris para 2020 não tenha sido bem-sucedida e ela tenha desistido antes da maioria de seus concorrentes, ela sabe o que é estar sob tamanho escrutínio. Quando ela lançou sua campanha para dezenas de milhares de apoiadores em janeiro de 2019, ela foi tratada como uma candidata presidencial de primeira linha. Por algum tempo em julho, depois de sua forte participação no primeiro debate, ela subiu para o topo de algumas pesquisas primárias.

Harris passou pelo fogo, pelo menos por um tempo, e sabe como é. Se houvesse grandes problemas em seu passado, eles já teriam aparecido. Dado que ela já participou de disputa democrata para a presidência (primárias), não é impossível para muitos americanos imaginá-la como presidente algum dia.

A senadora da Califórnia pode não ter sido a candidata mais dinâmica na campanha em 2019 e certamente não foi a mais bem-sucedida, mas neste momento ela é conhecida. E para Biden, que atualmente está em alta nas pesquisas, quanto menos surpresas no resto da campanha, melhor.

Desvantagem: 'Harris é um policial'

Mais do que quase qualquer outro candidato ao posto de vice-presidente, Harris vem de um passado em cargos na área de aplicação da lei. Dadas as recentes manifestações contra a brutalidade policial e alegações de racismo institucional na aplicação da lei, o currículo de Harris pode fazer com que alguns progressistas dentro do Partido Democrata hesitem.

Certamente aconteceu durante a campanha presidencial de Harris, quando a frase "Harris é um policial" foi uma acusação irônica feita à senadora da Califórnia em mais de uma ocasião.

Tanto como promotora distrital de São Francisco quanto como procuradora-geral da Califórnia, Harris se posicionou mais ao lado da polícia do que dos suspeitos, mesmo nos casos em que esses suspeitos possam ter sido condenados injustamente. Embora ela tenha expressado oposição pessoal à pena de morte, ela apoiou seu uso enquanto esteve no cargo.

Kamala Harris.Direito de imagemREUTERS
Image captionMais do que quase qualquer outro candidato ao posto de vice-presidente, Harris vem de um passado em cargos na área de aplicação da lei.

Ser um combatente do crime obstinado pode ser um atributo atraente entre os eleitores independentes e de tendência conservadora nas eleições gerais, mas se esse apoio vier à custa do entusiasmo pela chapa Biden-Harris entre os eleitores da esquerda, então pode não ser positivo.

Desde a morte de George Floyd, Harris tem defendido abertamente a reforma da aplicação da lei, recebendo elogios de alguns progressistas. No entanto, é seguro dizer que eles ainda guardam algumas dúvidas.

Desvantagem: Mudanças

O fato de Harris ter realizado uma campanha presidencial foi notado como um marco a seu favor. No entanto, há um outro lado nisso. A campanha dela, embora tenha começado com estrondo e tenha seus momentos, também teve algumas falhas graves (e algumas dessas falhas relacionadas à própria candidata).

Embora Harris tenha um histórico bastante moderado como senadora e procuradora-geral do estado, ela tentou virar à esquerda durante sua campanha presidencial. Ela se pronunciou a favor da educação universitária gratuita, do programa ambiental Green New Deal e da saúde universal, por exemplo, mas nunca soou muito convincente sobre isso.

Ela tropeçou particularmente na questão sobre se o seguro privado deveria ser banido — o que, embora seja bom para os progressistas, causa desconforto para muitos moderados.

"Vamos eliminar tudo isso", disse ela com certa desenvoltura durante uma entrevista. "Vamos continuar."

Nos dias de hoje, a sentença de morte para políticos é parecer muito político — serem percebidos como dispostos a mudar valores e crenças com base no que os eleitores desejam.

Sinceridade, ou pelo menos a aparência dela, é um prêmio de virtude para os eleitores — e parte da razão pela qual Donald Trump se tornou presidente. Embora seus apoiadores nem sempre concordassem com ele, eles sentiam que ele dizia o que pensava.

A mudança de Harris, de moderada, depois para a esquerda e agora de volta, talvez, para o centro de Biden, pode deixar alguns eleitores se perguntando onde estão seus valores fundamentais — ou se ela tem algum valor fundamental.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Lia de Itamaracá faz live no YouTube e pede patrocínio


A cirandeira mais famosa do Estado busca apoio.

No auge dos seus 76 anos, Lia de Itamaracá, tida como a patrona da ciranda em Pernambuco, também parou suas atividades por causa da pandemia do novo coronavírus desde março.

De lá para cá, a cirandeira participou de algumas transmissões ao vivo promovidas por empresas do setor de bebidas e também de debates virtuais produzidos por instituições culturais e outros colegas cantores. 

No próximo sábado, 15, entretanto, ela mesma será anfitriã da sua live. A apresentação será às 20h no canal oficial no Youtube.

A apresentação será transmitida de um estúdio na Zona Norte do Recife e contará com apenas três músicos - DJ Dolores, produtor musical; a percussionista Aisha e o guitarrista Samico. Para possibilitar alguma remuneração, Lia busca apoio e divulga conta bancária para depósito de qualquer quantia que possa ser dividida entre eles. 

Obviamente, o ritmo predominante do show ao vivo e virtual será a ciranda com as suas principais canções, porém, Lia dará ênfase ao repertório do seu álbum, "Ciranda sem Fim", lançado pelo selo Natura Musical, no mês de novembro do ano passado. 

Live terá aproximadamente 1h30 de duração

A proposta do DJ Dolores, produtor do disco, não é desconfigurar a referência que Lia carrega enquanto "Rainha da Ciranda", mas oferecer uma fusão entre novos e antigos sons: um show de música romântica, brega e até bolero.

Segundo ele, a poesia é a obra que marca esse trabalho recente, diferentemente dos discos anteriores: Rainha da Ciranda (1977), Eu Sou Lia (2000) e Ciranda de Ritmos (2010), a poesia é obra presente neste álbum atual. 

A live de Lia de Itamaracá terá aproximadamente 1h30 de duração. As doações também já podem ser feitas, antes da apresentação, via transferência bancária, depósito e QR Code. Os dados estão nas redes sociais da artista (Instagram e Facebook).

SERVIÇO

Live Lia de Itamaracá,15/08, às 20h

Doações: 

Centro Cultural Estrela de Lia Bradesco

Agência: 2399-0

Conta Corrente: 24434-1

CNPJ: 08.284.461/0001-45

Folha de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 11 de agosto de 2020

Por que ‘dar carvão’ às vacas pode ser bom para o meio ambiente

gadoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionA criação de gado é fonte de renda para cerca de 1,3 bilhão de pessoas no mundo.

Em um dia quente de verão, é difícil ignorar o cheiro de estrume em uma fazenda de gado na Austrália Ocidental. Mas não por muito tempo: um grupo de besouros de esterco, conhecidos como rola-bosta, trabalha duro para enterrar o estrume das vacas no solo.

Quando está calor, pode demorar menos de uma hora para os besouros eliminarem completamente os excrementos da superfície do pasto. Em outras ocasiões, quando está mais frio e os besouros são menos ativos, pode levar até duas semanas.

De qualquer maneira, os insetos trabalham com afinco até que o único odor presente no ar seco do verão seja o cheiro de eucalipto das árvores.

O excremento que esses besouros em particular estão enterrando não é um excremento comum. Nesta fazenda perto de Manjimup, no sudoeste da Austrália, as fezes dos animais são ricas em biochar (ou biocarvão), basicamente um carvão vegetal produzido por meio de um processo de cozimento lento, que é adicionado à ração do gado.

Essa substância preta, semelhante ao carvão, está liderando uma revolução silenciosa nesta região da zona rural da Austrália, em um esforço para reduzir as emissões de metano das vacas e para que o solo absorva mais carbono.

O biochar é uma ferramenta para os agricultores reduzirem o polêmico impacto ambiental do gado. À medida que as vacas digerem seus alimentos, elas liberam metano, um gás de efeito estufa 25 vezes mais potente que o dióxido de carbono.

O metano deixa o trato digestivo dos animais pelas duas extremidades: grande parte por eructação (arroto) e uma pequena parte por flatulência. Uma vez fora do sistema digestivo, o esterco continua a liberar uma quantidade reduzida de metano.

Atualmente, há mais de 1,4 bilhão de cabeças de gado no mundo e, juntos, liberam 65% de todos os gases de efeito estufa da agropecuária. Os esforços para reduzir as emissões de metano das vacas vão desde vacinas até alimentá-las com algas.

Agora, há um interesse crescente em saber se a adição de outra substância à dieta das vacas pode reduzir as emissões de metano: o biocarvão.

Essa substância preta quebradiça é muitas vezes produzida como subproduto da silvicultura e de outras indústrias. É criada quando a biomassa é colocada em condições de alta temperatura e baixo oxigênio, e passa por um processo chamado pirólise.

Há mais de 1,4 bilhão de gados no mundo e, juntos, eles liberam 65% de todos os gases de efeito estufa da agropecuáriaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionHá mais de 1,4 bilhão de gados no mundo. Juntos, eles liberam 65% de todos os gases de efeito estufa da agropecuária.

Muito antes de sua recente adoção na agricultura moderna, o biochar foi criado e adicionado ao solo pelos agricultores indígenas da Amazônia, por volta do século 5 a.C., formando o solo escuro e fértil da Bacia Amazônica, conhecido como terra preta.

A dieta de biocarvão para vacas também tem uma longa e ilustre história. No século 3 a.C., Catão, o Velho, escreveu que se deveria dar "três pedaços de brasa de carvão" ou carvão vegetal aos gados doentes. No entanto, ele também recomendou dar às vacas doentes 1,5 litros de vinho e uma série de outras substâncias questionáveis.

Estudos mais recentes mostraram que pode haver alguma sabedoria no primeiro pensamento de Catão, o Velho. Em 2012, um grupo de pesquisa no Vietnã descobriu que a adição de 0,5% a 1% de biochar na alimentação dos gados poderia reduzir as emissões de metano em mais de 10%, enquanto outros estudos identificaram reduções de até 17%.

Pesquisas sobre gados de corte nas Grandes Planícies dos EUA revelaram que o acréscimo de biochar na alimentação dos animais reduz as emissões de metano das vacas de 9,5% a 18,4%. Dado que o metano constitui 90% das emissões de gases de efeito estufa da pecuária, isso pode reduzir consideravelmente o impacto ambiental do gado.

O mecanismo que faz com que o biocarvão seja responsável por essas reduções, no entanto, não é bem compreendido. Uma das teorias é que ele “adsorva” moléculas de metano ou as mantenha em sua superfície. Outra hipótese é que o biochar favoreça o crescimento de certas comunidades microbianas no microbioma da vaca, resultando em uma digestão mais eficiente.

Para entender como o biocarvão reduz as emissões de metano das vacas, e em que proporção, são necessários mais estudos, escreveu Claudia Kammann, da Universidade Hochschule Geisenheim, na Alemanha.

Nesta fazenda perto de Manjimup, o criador de gado Doug Pow participa de pesquisas sobre biochar há vários anos. Ele obtém seu biocarvão como subproduto de um produtor local de silício.

A digestão do gado libera gás metano, mas uma mudança na dieta do animal pode reduzir seu impacto ambientalDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionA digestão do gado libera gás metano, mas uma mudança na dieta do animal pode reduzir seu impacto ambiental

Ele foi atraído inicialmente não pelo potencial do biochar de reduzir as emissões de metano do seu rebanho, mas como uma maneira de aumentar o sequestro de carbono no solo. Havia a dupla perspectiva de armazenar carbono e melhorar a saúde do solo.

"Devido à natureza altamente porosa e à área de superfície elevada do biochar, ele melhora a capacidade do solo de reter mais água", explica Bhawana Bhatta, professora de ciências do solo da Universidade de Melbourne, na Austrália.

“A fina rede de poros no biochar dá espaço para os microrganismos do solo viverem. Isso aumenta a diversidade microbiana no solo.”

A princípio, Pow ficou sem saber como faria para colocar o biocarvão em seus pastos. Geralmente, é necessário um maquinário especializado grande e caro.

"Pensei, não possuímos equipamentos agrícolas de grande porte e meus portões não são largos o suficiente", relembra.

Foi então que Pow se perguntou: seria possível colocar o biochar no solo com pouco ou nenhum custo, usando seu rebanho para distribuí-lo? Afinal, os animais vagavam pelos pastos o dia inteiro, e seu esterco era espalhado generosamente sobre ele. Parecia um sistema de distribuição feito sob medida.

Mas uma vez que o estrume enriquecido com biochar havia sido espalhado pela terra, ele se deparou com um desafio adicional. Como esse esterco entraria no solo?

O esterco é de certa forma incompatível com a paisagem australiana. Foram os primeiros colonos europeus que introduziram vacas, ovelhas e outros ruminantes na região. Os cangurus e outras espécies nativas defecam pequenos grânulos fibrosos, com os quais os besouros rola-bosta nativos da Austrália coevoluíram para lidar. Mas esses besouros ignoram os excrementos pastosos e úmidos produzidos pelas vacas.

Pow teve que procurar besouros rola-bosta bovinos, que foram introduzidos pela primeira vez na Austrália na década de 1960, mas continuam sendo relativamente raros.

Depois de buscar a ajuda de um entomologista para entender se ao alimentar seu gado com biochar poderia prejudicar as larvas de besouro que viviam no esterco, Pow foi em frente e fez um teste. Para documentar o progresso, ele se juntou a pesquisadores de biocarvão, como Stephen Joseph, da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália.

Atraído pela adição de melaço ao biochar, o gado de Pow obedientemente devora sua ração enriquecida e produz seu esterco. Na sequência, os besouros começam a trabalhar – em pares. O macho leva o esterco para os besouros fêmeas que cavam um túnel no solo.

Toda vez que um besouro remexe o solo, ele também traz à superfície terra nova com altos níveis de fósforo, que atua como fertilizante natural.

Estudos realizados durante um período de três anos na fazenda de Doug revelaram um aumento do carbono orgânico total e da fertilidade do solo desde o início. A pesquisa mostrou ainda que houve uma melhora na retenção de água no solo e um aumento na quantidade de carbono que estava sendo retida.

No geral, Pow viu um “salto quântico” na qualidade de suas terras agrícolas, à medida que se tornaram economicamente mais viáveis e produtivas.

"Estamos fazendo a nossa parte para recriar o solo de maneira positiva, com benefícios de longo prazo para o mundo", diz.

"Foi uma maneira muito engenhosa de colocar biochar no solo sem dispêndio de capital", avalia Kathy Dawson, diretora-executiva do Warren Catchment Council, organização sem fins lucrativos que auxilia no gerenciamento de recursos naturais na região sudoeste de Austrália Ocidental.

O biochar é normalmente uma forma muito estável de carbono, diferentemente da biomassa que é deixada para apodrecer na superfície, liberando dióxido de carbono no processo. Uma vez enterrado no solo, o biocarvão pode permanecer lá por centenas de anos.

Acredita-se também que a presença de biochar estabiliza o carbono orgânico no solo, diz Bhatta, resultando em um aumento do sequestro de carbono.

A ideia de enterrar essa substância no solo foi proposta como um promissor sumidouro de carbono para enfrentar as mudanças climáticas, mas a quantidade necessária para obter um efeito significativo teria que ser gigantesca.

Mas, dado o interesse nos demais benefícios ambientais da substância, será que outros fazendeiros vão adotar o sistema de biochar e besouros rola-bosta? Tem havido uma certa hesitação devido a questionamentos sobre quão rentável a prática é para os agricultores.

Os benefícios para a saúde do solo também dependem do tipo de biocarvão usado. Pow acredita que seria necessária uma legislação e incentivos adicionais, como créditos financeiros, para incentivar uma adoção mais ampla de práticas agrícolas com baixa emissão de carbono. Ele tem esperança de que o sistema que desenvolveu inspire mais agricultores com o tempo.

Embora a pecuária tenha um grande impacto ambiental, também é um meio de subsistência para cerca de 1,3 bilhão de pessoas em todo o mundo. E a combinação improvável de biocarvão e besouros de esterco pode ser uma maneira de os agricultores reduzirem sua contribuição para a crise climática, enquanto colhem os benefícios de um solo mais saudável.


Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Confederação Nacional de Municípios lança plataforma para viabilizar recursos da Lei Aldir Blanc





Confederação Nacional de Municípios (CNM) lançou recentemente a Plataforma +Brasil. Criada para receber as informações que viabilizarão as transferências de recursos no âmbito da Lei 14.017/2020, a partir do cadastro do município na ferramenta, o gestor local cadastrado com o perfil “gestor recebedor” poderá preencher e enviar as informações necessárias para manifestar o interesse da cidade em receber os recursos da Lei Aldir Blanc, que disponibilizará R$ 1,5 bilhão para aplicação pelos entes municipais no setor cultural.

Para isso, o município terá que preencher um plano de ação que demostre como planeja utilizar esses recursos. No momento do cadastramento do plano de ação, esse ente local também indicará uma agência de relacionamento do Banco do Brasil de sua preferência para que o governo federal abra uma conta bancária a fim de transferir os recursos. Acesse aqui o primeiro tutorial que orienta como inserir essas informações. Acesse aqui o primeiro tutorial que orienta como inserir essas informações.

A CNM destaca que são quatro os tutoriais do Ministério da Economia para orientar as prefeituras e detalha os procedimentos que devem ser seguidos em cada um desses documentos. A entidade recomenda também que os municípios já façam o preenchimento do plano de ação na Plataforma +Brasil, mas apenas enviem ao Governo Federal após a publicação da regulamentação da Lei Aldir Blanc. Assim sendo, caso haja alguma necessidade de adequação do plano de ação às regras estabelecidas na regulamentação, o gestor terá como fazer as alterações antes do envio.

Além disso, a Confederação Nacional de Municípios sugere a leitura da nota técnica da CNM A Lei Aldir Blanc: primeiras orientações aos gestores municipais de cultura, que auxiliará o preenchimento do plano de ação.

Organização do cadastro
Em primeiro lugar, o Município deve ter seu cadastro organizado na Plataforma +Brasil. O passo inicial é atualizar os cadastros dos gestores locais na Plataforma, criando novos usuários quando for preciso. É necessário que o gestor responsável por preencher as informações que manifestarão o interesse do município em receber os recursos seja cadastrado com o perfil “gestor recebedor”. Leia aqui o segundo tutorial que traz informações referentes ao cadastro dos gestores locais.

Além disso, as cidades que optarem por indicar seu fundo municipal de cultura ou órgão gestor municipal responsável pela área da cultura como o executor dos recursos devem cadastrá-lo na Plataforma +Brasil. Baixe aqui o terceiro tutorial que trata especificamente dos Municípios que fizerem essa escolha. A CNM esclarece que, apesar desse tutorial explicitar somente os fundos, o cadastro dos órgãos deve seguir as mesmas orientações.

Nessa etapa, caso o gestor cadastrado com o perfil “cadastrador do Ente” tenha alguma dificuldade para logar sua conta no gov.br, ele poderá buscar orientações aqui ou aqui para solucioná-la. Somente os gestores com esse perfil que podem atualizar os cadastros de gestores que já estão registrados na Plataforma +Brasil, bem como podem cadastrar novos usuários, o fundo municipal de cultura e o órgão gestor municipal de cultura.

Evidencia-se ainda, que o gestor cadastrado com o perfil “gestor recebedor” deverá também ter uma conta no gov.br para conseguir acessar a Plataforma +Brasil e, assim, preencher e enviar o plano de ação. Acesse aqui o quarto tutorial que auxilia o gestor a criar essa conta.

Fundos e órgãos de cultura
A CNM esclarece que existe a possibilidade de o Município vincular a conta bancária que será criada a um fundo municipal de cultura – que possua ou não um CNPJ – ou a um órgão gestor municipal responsável pela área da cultura, como, por exemplo, uma secretaria ou uma fundação municipal de cultura. Caso esse seja o interesse do Município, ele deve cadastrar anteriormente o fundo ou o órgão na Plataforma +Brasil, seguindo o tutorial dois. Em seguida, precisa indicar um dos dois como o executor dos recursos quando for preencher o plano de ação, seguindo o tutorial três. Assim sendo, quando o Município não cadastrar um fundo ou um órgão, indicando-o como o executor dos recursos, a conta bancária será aberta em nome da prefeitura.

Preenchimento do plano de ação
Alerta-se que do montante que o Município receberá, no mínimo, 20% deve ser utilizado em iniciativas do inciso III do artigo 2º da Lei Aldir Blanc: editais, chamadas públicas, prêmios, aquisição de bens e serviços vinculados ao setor cultural, entre outros. Destaca-se que ficou pactuado junto ao governo federal que os Municípios ficarão também responsáveis pelo inciso II do artigo 2º, que se trata do subsídio para manutenção de espaços artísticos e culturais, microempresas e pequenas empresas culturais, organizações culturais comunitárias, cooperativas e instituições culturais. Logo, o preenchimento do plano de ação deve levar em consideração a aplicação dos recursos nos incisos II e III. Contudo, ressalta-se que para que essa pactuação seja válida, é necessário que esteja estabelecida na regulamentação da Lei.

Roda de conhecimento
Na próxima quarta-feira, 12 de agosto, às 14h30 horas, será realizada uma edição da Roda de Conhecimento sobre como preencher o plano de ação na Plataforma +Brasil. Assista ao vivo no canal do YouTube da CNM e participe enviando sua pergunta.

Plataforma Êxitos
No conteúdo exclusivo do site da CNM é possível acessar a Plataforma Êxitos, que concentra informações para auxiliar os gestores municipais na preparação do plano de ação da Lei Aldir Blanc.

Acesse as publicações na íntegra:

Nota Técnica 44/2020 – A Lei Aldir Blanc: primeiras orientações aos gestores municipais de cultura

Cartilha – Institucionalização da gestão pública de cultura: como estruturar um sistema municipal de cultura

Foto:Edgar S. Santos
Professor Edgar Bom Jardim - PE

'Sapiens - Uma Breve História da Humanidade' ganha adaptação para HQ

O livro apresenta a trajetória da humanidade desde o surgimento da espécie, durante a Pré-História, até o presente




O livro best-seller "Sapiens - Uma Breve História da Humanidade", do historiador israelense Yuval Noah Harari, ganha, ainda este ano, sua primeira adaptação para os quadrinhos pela editora Companhia das Letras. A data de lançamento não foi divulgada, mas o volume terá ilustrações e roteiro dos franceses David Vandermeulen e Daniel Casanave.

O livro também vai ter nova edição, traduzida por Jorio Dauster, com lançamento previsto para dezembro de 2020. Haverá, ainda, versão em audiobook narrado pelo ator Antonio Fagundes, mas sem data definida.
Especializado em história mundial, Harari repassa no livro a trajetória da humanidade desde o surgimento da espécie, durante a Pré-História, até o presente.

Doutor em história pela Universidade de Oxford e professor da Universidade Hebraica de Jerusalém, o autor apresenta interpretações para fatos e procura mostrar como o Homo sapiens subjugou as demais espécies.

Com uma linha de pesquisa que gira em torno de questões abrangentes, Yuval Noah Harari também é autor de "Homo Deus", em que investiga qual será o futuro dos humanos na Terra.
 Com Folha de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE