domingo, 9 de julho de 2017

Egoístas, egocêntricos, alienados e inconsequentes


Por Isabel Cristina Gonçalves
Acabaram as festas, janeiro começou e em breve o ano letivo ganhará vida. Novos calouros ávidos por uma “nova” vida de descobertas desembarcarão em Adamantina. Nem faz um ano uma garota, em sua primeira semana de aula na faculdade, teve suas pernas queimadas em um dia de acolhimento de calouros. Jovem, em seus 17 anos e feliz por realizar o sonho de ingressar em uma faculdade. Mas em um dia que deveria ser de festa foi interceptada por “colegas” veteranos. Foi pintada com tintas e esmalte até que sentiu que jogaram um líquido em suas pernas. Nada notou até que a água da chuva, por ironia, em lugar de lavar e limpá-la provocou uma reação química que resultou em queimaduras de terceiro grau em suas duas pernas. O mesmo aconteceu com uma colega de turma que teve as pernas queimadas e outro rapaz que correu o risco de perder a visão. O líquido? Uma provável mistura de creolina e ácido!
Casos amplamente noticiados pela imprensa local, regional e nacional. Mas relatos contam mais sobre este dia trágico, como inúmeros casos registrados de coma alcoólico, além de meninas que tiveram suas roubas rasgadas e sofreram toda uma série de constrangimentos.
Fatos como estes contribuem para nos trazer de volta a realidade e, guardadas as devidas proporções, ilustra que vivemos sim em um país onde a “barbárie” ganha força e impera em diversos núcleos de nossa sociedade e se alastra com uma rapidez de rastilho de pólvora. Casos se repetem em diversos estados e cidades, o caso dos calouros da FAI de Adamantina não é e nem será o último, quantas tristes histórias já foram relatadas, como a do o jovem morto atirado em uma piscina da USP, amanhã mais um gay ou um negro, ou mais uma mulher que não se “deu o valor” e andou por aí exibindo seu corpo.
Vivemos em uma sociedade de alienados, sujeitos que não conseguem sequer interpretar um texto, nossas crianças são “condicionados nas escolas” jamais educados. Infelizmente não há cultura neste país da desigualdade. Parece que perdemos a capacidade de raciocinar, de entender o contexto e complexidade de tudo os que nos cerca. Ninguém discute com seriedade o que está levando a nossa sociedade a viver na idade das trevas.
O apresentador Chico Pinheiro do Bom dia Brasil, revoltado com os trotes violentos, afirmou que estes alunos deveriam voltar para o ensino fundamental. Discordo radicalmente dele, estes alunos deveriam voltar para o seio de suas famílias e lá, sim, receber educação básica, educação para a vida.
Os pais estão terceirizando a educação de seus filhos e, em um mundo sem tempo e repleto de culpa delegam a educação de seus filhos a professores que não podem ser responsabilizados e muito menos tem competência e formação para isso. Professores são facilitadores da inteligência coletiva, pais são os educadores na/da/para a vida!
Nos dias de hoje o tempo passa rápido demais. Muito rápido, tão rápido que nem dá tempo de tentar entender e processar o que foi vivido nas poucas horas atrás.
A molecada acorda cedo, vai pra escola. Chega em casa, almoça ao mesmo tempo que assiste TV, atualiza a conversa no WhatsApp, checa sua ‘TimeLine’ no Facebook, curte páginas dos amigos, coloca em dia as curtidas do Instagram e comenta de forma superficial – pois não compreende o contexto e complexidade – as reportagens da TV. Se perguntar quem dividiu a mesa com eles (os pais também estão brincando com o celular) é possível que nem tenham se dado conta, pois estão mais próximos dos amigos “virtuais” do que daqueles que compartilham o mesmo espaço, a mesma mesa e a mesma comida com eles. Mas o mais trágico nisso tudo é que os pais, também, estão sentados à mesa assistindo TV, atualizando a conversa no WhatsApp, checando sua ‘TimeLine’ no Facebook, colocando em dia as curtidas do Instagram e comentando de forma superficial as reportagens da TV.
Depois do almoço os pais irão para o trabalho e os filhos para a aula de computação, inglês, academia…
À noite ficarão no quarto em frente ao note navegando por sites que jamais se lembrarão, conversando pelo skype, jogando on line, até a hora de dormir.
No final de semana estes jovens dormirão a maior parte do tempo para se preparar para a noite, para a balada, onde pegarão todos e todas e beberão até cair.
Estes jovens entram muito cedo em sua vida pretensamente “adulta”. Já “brincam” de papai e mamãe antes mesmo de brincar de casinha. Estes jovens são lançados da infância, cada vez mais curta, direto para a vida “adulta”, passando sem piscar pela adolescência.
Qual estrutura e base estes jovens terão para superar conflitos pessoais? Comportam-se como adultos aos 13, 14, 15 anos e, em muitos casos são tratados como adultos, mas não são adultos, são crianças e adolescentes que não sabem absolutamente nada da vida, mas são cobrados como se soubessem de tudo e pior, acreditam que sabem sobre tudo. Eles querem ser aceitos, infelizmente querem ser aceitos em um mundo irreal de aparências!
Nesse “nosso” mundo do “parecer”, do “fake”, do consumo do corpo perfeito, da mentira perfeita, do dinheiro a qualquer custo, do consumir e exibir, da exposição sem limites, da falsa propaganda que vende vidas “perfeitas” somos “forçados” a fazer parte dessa sociedade de “mentirinha”.
Na sociedade do consumo do corpo perfeito, da vida perfeita, do ser perfeito, não existe espaço pra “ser humano”, não existe lugar “para sermos quem somos”, aqueles que exibem suas imperfeições, pois o imperfeito não cabe na aparência perfeita do mundo da mentira.
Todos nós queremos fazer parte de algo, ser parte de algo. Principalmente quando somos jovens. Nossa turma é nossa razão de ser e estar no mundo. Comportamo-nos como tribos, somos territorialistas e, fazer parte deste “algo” nos confere identidade. E aí para fazer parte desse mundo, o jovem segue a turma, mesmo em muitos casos, sem saber por que está fazendo isso, mesmo sabendo que muitas coisas que fazem são erradas, vale a pena correr o risco para “ser” parte da turma!
E neste mundo, empoeirado, intenta-se forçar o sujeito a aderir sem contestação ao padrão de ser e estar neste “mundo”, reduzindo sublimes e maravilhosas peculiaridades e particularidades, ou seja, nossas magníficas diferenças, em uma uniformidade que se encaixa na perfeita adequação a uma sociedade tamponada, uniforme, opaca, moralista, hipócrita. É a construção de um mundo baseado em mentiras e sem alicerce.
As inquietudes de nossa alma deveriam ser tratadas em nossas relações cotidianas, primeiro no seio carinhoso da família, depois nas escolas, nos relacionando com os professores e com os colegas de aula, com os amigos e também com os inimigos, com os namorados, patrões… Vivendo nossas experiências boas e más, aprendendo a entendê-las. Passamos por frustrações a aprendemos a superá-las.
Este é o ciclo natural das coisas, é preciso viver para compreender a vida, viver todas as emoções, boas e más, sorrir, chorar, vencer, perder, amar, rejeitar, ser rejeitado, ter amigos, inimigos, construir alianças, quebrá-las… Cabe a família dar o suporte, fornecer o alicerce para que este ser, mesmo em épocas de tempestade, não desmorone. E na convivência cotidiana, construirá seu edifício interno, com janelas, portas, divisórias, que poderá balançar em muitos casos, mas jamais desabar se bem estruturado.
Mas como educar se os pais não têm “tempo” para ajudar estes jovens a construir sua estrutura?
Os filhos não têm “tempo” para escutar o que os pais têm pra dizer, talvez uma conferência familiar pelo Whats ou Skype, quem sabe…
Os amigos não têm todas as respostas
E talvez o mais triste para esta geração
O Google não tem todas as respostas.
Nossos jovens produzem eventos para postar, ser curtido e comentado. Situações são criadas para movimentar e dar liquidez ao “mercado” da popularidade, as “ações pessoais na bolsa virtual” crescem conforme o número de “posts, comments e likes”. Uma sociedade baseada no consumismo, que valora cada ser humano por seus bens de consumo e potencial de exibição do produto, passou a consumir avidamente “vidas”. Vidas são colocadas em exposição, para o deleite do consumidor e regozijo daquele que se expõe, pois quanto mais visto, mais é consumido, assim, ganha popularidade, consequentemente “poder”. Uma sociedade sem amor, sem paz e sem alma.
A alma não está sendo vendida para o diabo, mas sim, depositada em sites de relacionamento e eventos que precisam ser constantemente alimentados para nutrir o mercado. Se não existe um evento, tudo bem, faz-se imagem de si mesmo, pois a imagem é tudo neste mundo baseado no TER, SER não importa, o que vale é PARECER e, para parecer e aparecer é preciso exibir.
É imperativo que estes jovens compreendam que eles NÃO têm o valor do que é “consumido” ou do que consomem em imagens, exposição, “likes”, compartilhamentos e “comments”. O seu valor não é “subjetivo e líquido”, pois este “valor” está na forma como ele se constitui enquanto ser humano real. SER REAL não é nada fácil no mundo “líquido”, mas precisamos tentar, não apenas com os jovens, mas também em relação a nossas vidas, pois creio que se hoje estas moças e moços vivem dessa forma, não são nada diferente de quem os criou, pois nossa sociedade vive de ter e exibir, nossa juventude nada mais é do que reflexo de uma sociedade “adoentada”.
Pois nossas crianças já nascem sem tempo, extremamente competitivas, presas em escolas integrais que garantirão seu “futuro”. E dessa forma continuarão a lubrificar as engrenagens de nossa sociedade doente e “medicada” que confunde saúde com remédios, consumo com qualidade de vida, amor com bens de consumo. Estamos formando uma geração de egoístas, alienados e inconsequentes, que se preocupam mais com sua imagem do que em “ser” humano.
Quando somos jovens, acreditamos que sabemos tudo, que estamos prontos para a vida, mas viver nos ensina que a gente não sabe NADA sobre a vida. Compreender e aceitar que não somos e nunca seremos perfeitos, que simplesmente não sabemos de quase nada e nem temos certeza de tudo, nos torna mais abertos, mais humanos, mais doces, mais amorosos e tolerantes, com nós mesmos e com os outros.
Mas para que nossos jovens possam compreender tudo isso, precisamos cria-los para que sejam mais humanos, colaborativos, criativos, transgressores, mas para isso, precisarão ser ensinados que serão alguém, não pela quantidade de bens que possuírem e exibirem, mas sim, por “ser” humano, “ser” como verbo de ação!
Isabel Cristina Gonçalves é Adamantinense, Oceanógrafa, Mestre em Educação e Doutora em Educação Ambiental. Atualmente trabalha como pesquisadora, Pós-Doutoranda, pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) no projeto: “Mudanças climáticas globais e impactos na zona costeira: modelos, indicadores, obras civis e fatores de mitigação/adaptação – REDELITORAL NORTE SP”
Título Original:Estamos formando uma geração de egoístas, egocêntricos, alienados e inconsequentes
resilienciamag
Professor Edgar Bom Jardim - PE

O Rio em guerra. A política da repressão e o aumento da violência e do número de mortes


Somente de janeiro a junho deste ano ocorreram mais de 2,6 mil tiroteios no Rio. Estes foram responsáveis por quase 800 mortes, segundo o aplicativo Fogo Cruzado, da Anistia Internacional, que registra os dados da violência no estado. Um dado revelador é que a maioria dos tiroteios ocorreu em áreas onde estão implementadas as Unidades de Polícia Pacificadora, UPPs. Outro dado importante é que São Gonçalo foi o local com a maioria dos tiroteios. E esse é sintomático exatamente por ser o local onde se encontra o batalhão que sofreu recentemente uma operação que terminou com a prisão de quase um terço dos policiais locados lá. É de se suspeitar facilmente que apenas a polícia não resolve o problema da violência, e que em muitos casos, se não em todos, ela é ao menos um dos componentes diretos de responsabilidade por seu aumento.
A política da repressão praticada hoje em todo o país não apresenta resultados há décadas, a não ser o aumento da violência e do número de mortes, inclusive de policiais. No fundo essa política equivocada, que é muito lucrativa para diversos segmentos econômicos e até religiosos, apenas aprofunda e enraíza cada vez mais as segregações sociais e raciais.
A sociedade é a grande vítima dessa política desequilibrada, mas quem paga o preço maior são as pessoas residentes em regiões de vulnerabilidade e especial as negras. A classe média também é vítima da violência, mas em número representativamente inferior aos das classes D e E. Os policiais também o são, mas representam menos de 0,5% do total de vítimas no país, ao passo que são responsáveis por quase 10% destes.
Para trazer luz ao assunto podemos tentar entender como funcionou a política do secretário que mais tempo permaneceu à frente da Segurança Pública no Rio, o criador do badalado Programa das UPPs, José Mariano Beltrame, e os resultados desta. Ao longo de quase dez anos em que esteve à frente da pasta Beltrame teve acesso a bilhões de reais para justificar a sua política de "pacificação”, iniciada pelo Governador Sérgio Cabral em 2008. Nunca um secretário de segurança teve tantos recursos à disposição.
O secretário implantou 38 UPPs em mais de vinte favelas na cidade. E qual foi o resultado? Um fracasso! A lógica das UPPs começou a entrar em crise publicamente logo após o espetáculo midiático da ocupação do Complexo do Alemão. Além dos inúmeros problemas dentro das próprias unidades, como as mortes de moradores por policiais, corrupção, e até mesmo a formação de milícias, a criminalidade na cidade no Rio aumentou nos dez anos da atuação de Beltrame, e acabou culminando com o seu pedido de demissão em 2016.
Em certo período o secretário até comemorou uma redução expressiva no número de homicídios no estado, mas segundo especialistas a principal causa foi a coincidência com a melhora da economia, da empregabilidade, e das políticas sociais do governo Lula. Contudo, ao contrário da queda inicial da taxa de homicídios, a da violência policial explodiu. Apenas no Rio foram contabilizadas 4,371 mil mortes em autos de resistência até 2010, início da gestão Beltrame.
Diante da falida política de segurança pública praticada no Rio nos últimos dez anos e que custou bilhões aos cofres públicos, hoje deveríamos nos perguntar se o estado tivesse investido tantos recursos em políticas de inclusão social talvez o Rio experimentasse agora uma realidade diferente. Durante a gestão Beltrame os orçamentos das polícias Civil e Militar e da Secretaria de Segurança aumentaram 215,6%, alcançado um volume de recursos de quase 40 bilhões de reais.
O montante foi superior aos destinados à saúde e à educação durante o mesmo período no estado. Beltrame se utilizou de tais recursos para estabelecer uma verdadeira máquina repressiva. Isto fica explícito na concentração de recursos no policiamento ostensivo e de rua, em detrimento do de inteligência. A PM passou dos 64,5% do orçamento em 2006, para 72,8% em 2016. No mesmo período a Polícia Civil, a investigativa, caiu dos 33,4% para ínfimos 25%.
A concentração de recursos na polícia de militar exemplifica a política que acredita no confronto e que abre mão da estratégia como método mais eficiente de combate à criminalidade sem o emprego da violência. Esse é mais um dado que joga contra a crença no enfrentamento entre estado e criminosos como caminho para a pacificação. Não podemos esquecer ainda que a ultrapassada e fracassada guerra as drogas é um fator importante na criminalidade e na violência. É através dela que se paga propina a policiais, que se obtêm recursos para a compra de armas de grosso calibre, e que financia todo um aparato institucional das organizações criminosas no Brasil.
A descriminalização e a legalização, experimentada em diversos países com sucesso, é fortemente criticada pelas retrógradas bancadas da bala e da bíblia, que parecem preferir conviver com o crime fortalecido e organizado. Ao que tudo indica, uma população amedrontada pela violência parece ser um bom negócio para estes setores.
A violência no Rio e no Brasil é reflexo de um aprofundamento contínuo das desigualdades sociais, da ausência de reparações históricas e de uma sequência de políticas equivocadas de combate a violência, como a “gratificação faroeste” implementada pelo governo Marcelo Alencar (1995-1999), onde policiais eram premiados pelas mortes que perpetravam em confrontos. Muitos especialistas acreditam inclusive que este é o marco do degringolamento total da violência no Rio.
Esta dura realidade rebate categoricamente a tese de alguns direitistas, em especial os fanáticos seguidores do Bolsonaro, de que a resposta à criminalidade passa pela militarização e pelo acesso às armas pela população. Se aqueles que são "preparados" para enfrentar a criminalidade e que possuem autorização para andarem armados, e as usarem, são peça fundamental para o aumento da violência, como poderá ser a ampliação desta estratégia a solução? O único caminho possível para a diminuição da violência é a cidadania. E esta só pode ser vislumbrada com políticas urgentes de diminuição das desigualdades sociais.
Além disso, o estado precisa alcançar e atender as classes sociais menos favorecidas com o seu aparato institucional. Esses indivíduos precisam ter acesso a uma educação de qualidade, a saúde, saneamento básico, urbanização, cultura e lazer. A pacificação pretendida, ao menos pela maioria da população, passa pela reparação e pelo acesso aos equipamentos e políticas do estado, e não por uma política de ocupação policial e de armamento da população. A desmilitarização e a humanização das polícias são imprescindíveis para obtenção de sucesso na diminuição da violência. E por fim, e mais importante, as elites financeiras e políticas do país, que não vivenciam o problema da violência, devem abrir mão de ao menos uma pequena parcela de sua absurda acumulação de recursos financeiros, por bem ou por mal, para que alcancemos o país saia definitivamente do estado de guerra em que se encontra a décadas.
Fonte:Carta Capital
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Frivolité de Orobó na Passarela da Fenearte/2017.

PREFEITURA APOIA MULHERES RENDEIRAS.
                                    Arte, irreverência e beleza para as lentes do mundo!



 A prefeitura de Orobó desde a gestão do prefeito José Francisco da Silva, da secretária de Assistência Social, Josefa Martins Reis, visionária,com sua equipe deram apoio ao trabalho das rendeiras. O apoio continuo sendo dado na gestão do prefeito Manoel João e na atual gestão do prefeito Cleber Chaparral. O trabalho continuado, os esforços das rendeiras fazem com que a arte tenha vigor e a cidade ganhe destaque e projeção a cada ano na Fenearte e no mundo da moda. Dona Rosa, Dona Damiana, Denise e todas as mulheres rendeiras oroboenses de parabéns.                      #MulherRendeiraOrobóTem #OrobóTerraDaFrivolité


Fotos:Frivolité Artesãos de Orobó
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 8 de julho de 2017

Destaques da FENEARTE


É comum se perder em meio aos mais de cinco mil expositores que compõem a Fenearte. A Feira Nacional de Negócios do Artesanato está em sua 18ª edição até o dia 16 e a Folha de Pernambuco percorreu os mais de 800 estandes para dar uma forcinha àqueles que querem achar um artigo diferenciado para gastar a recompensa do mês trabalhado.
Assim, destacamos as peças mais originais e nobres de oito tipos diferentes de materiais, sem deixar de lado a qualidade.
Madeira
Onças, jacarés, araras... A fauna brasileira está ricamente representada nas peças de madeira feitas pelos alunos do Instituto Jardim das Artes, de Sirinhaém.
O Mestre Nido, batizado como Eronildo José, ensina seu talento nato gratuitamente na cidade. Atualmente, ele trabalha numa estátua de dois metros do vaqueiro Raimundo Jacó, primo de Luiz Gonzaga.
Metal
A artesã Simone Lapenda, do estande "Constant 77", faz do arame e ferro desde pequenas peças de enfeite extremamente delicadas a pesadas cadeiras. Em suas mãos o metal é retorcido, formando palavras, pássaros e outros adereços.
Seu trabalho também transforma janelas em espelhos ornados com metal, sustentando penduricalhos como chapéus e casacos.
Renda
Natural de Poção, dona Odete Cavalcanti Maciel, 89 anos, costura como ninguém e criou um vestido de renda colorida não tingido.

Cada bordado foi feito separadamente e depois unido em etapas. Durou cerca de três meses para confeccionar.

Não à toa, o trabalho árduo custa caro, mas dona Odete sente prazer em fazê-lo e promete continuar enquanto puder.

Cerâmica
As sócias Rosa Pandolfi e Tereza Goulart moldam o barro em peças únicas. O estande “Arteiras” vende peças a partir de R$ 20.

Tereza trouxe seus arabescos em relevo, potes e peças versáteis para decoração. Rosa criou ornamentos ligados à água que vão do Litoral (quadros com peixes, tubarões e fortes tons de azul) ao Sertão (com cactos realistas e bem trabalhados).

Vidro
Vindos da Tunísia, frascos de vidro são inteiramente artesanais. “São soprados e pintados à mão com pó de ouro”, diz o tunisiano que vende as obras do tio.

Os preços partem de R$ 50 e o mercador preferiu não estimar um limite. O valor inclui a adição de uma das 17 fragrâncias típicas do país, como a essência de mirra e “mil e uma noites”.

Couro
Filho de sapateiro, José Eufrásio Filho, mais conhecido como Seu Neném, manipula e costura couro desde os oito anos.

Hoje, com 52, é um dos 63 mestres convidados a expor suas percatas e bolsas exclusivas na Fenearte. Alguns dos solados dos sapatos masculinos foram feitos com reaproveitamento de pneus. Bolsas, mochilas e pastas também foram personalizados.

SERVIÇO
Fenearte
Quando: Até 16 de julho
Das 14h às 22h (segunda a sexta)
Das 10h às 22h (fim de semana)
Onde: Centro de Convenções, Olinda
Quanto: R$ 10 e R$ 5 (meia-entrada), de segunda a quinta
R$ 12 e R$ 6 (meia-entrada), de sexta a domingo

Professor Edgar Bom Jardim - PE

"Meu cérebro não é penico, isso é poluente", diz Lobão sobre Anitta e Wesley Safadão


O roqueiro Lobão, que está lançando o livro Guia Politicamente Incorreto dos Anos 80, participou na última quinta-feira do programa Pânico, da rádio Jovem Pan. Na oportunidade, o músico apontou o rock como um termômetro para medir se um país é um país desenvolvido. "O Brasil, como é subdesenvolvido, não tem cultura de rock", declarou. 
Lobão ainda criticou os fenômenos pops atuais, como Anitta Wesley Safadão, a quem diz não acompanhar:
– Eu me recuso terminantemente (acompanhar artistas como Anitta e Safadão). Desliguei completamente, eu não ligo TV aberta. Eu me recuso a saber. Não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe. É uma questão de contaminação. Meu cérebro não é penico, isso é poluente. Não tenho curiosidade. 
Confira trecho da entrevista:


Zero Hora.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Encontro secreto selou aliança de Maia e Tasso por queda de Temer

No início da noite de quarta-feira (5), enquanto o presidente Michel Temercobrava dos ministros ajuda para se manter no cargo, o deputado Rodrigo Maiarecebeu sigilosamente, na residência oficial do presidente da Câmara, o senador Tasso Jereissati, comandante interino do PSDB. Favorito para suceder Temer no Palácio do Planalto caso o peemedebista seja afastado do cargo, Maia discutiu com Tasso a formação do novo governo. Os dois concordaram em manter a equipe econômica, tocar a agenda de reformas e fazer mudanças pontuais no ministério. “O Rodrigo começou a compor o novo governo”, disse a VEJA um importante cacique tucano. O DEM, partido de Rodrigo Maia, também já trabalha nos bastidores pela substituição de Temer. Os dois partidos compartilham da análise de que o peemedebista não terá condições de reverter o estrago provocado pelo parecer do relator da Comissão de Constituição de Justiça (CCJ), Sérgio Zveiter, sobre a denúncia contra Temer. Nos gabinetes de Brasília, é barbada que Zveiter votará pela abertura de processo contra o presidente. “O Temer é impopular, a única coisa que o sustenta é o Congresso. Com o colapso na CCJ, o efeito dominó será inevitável”, declarou a VEJA o vice-presidente do Senado, Cássio Cunha Lima.
Veja.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Sonho dos brasileiros:Queda de Temer 'vai demorar um pouco mais' que 15 dias, diz senador tucano


Senador tucano Cássio Cunha LimaDireito de imagemAGÊNCIA SENADO
Image captionSenador tucano Cássio Cunha Lima afirmou que o governo Michel Temer vai cair

O vice-presidente do Senado, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), afirmou em entrevista à BBC Brasil nesta sexta-feira que o presidente Michel Temer (PMDB) deve "demorar mais um pouco" para cair.
A um grupo de empresários, o senador tucano havia dito, segundo a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, que, a depender do processo aberto contra Temer na Câmara dos Deputados, "dentro de 15 dias o país terá um novo presidente".
"Falei que ele cairia em 15 dias em uma reunião com empresários. Usei uma força de expressão, que vazou. Acho que vai demorar um pouco mais", disse à BBC Brasil.
O senador citou como um dos principais problemas do presidente a instabilidade dentro do próprio PMDB. "As dificuldades (de Temer) são fruto do PMDB, não do PSDB. Se dentro do próprio partido, o presidente não consegue apoio, a dificuldade dele só aumenta".
Cunha Lima afirma ser favorável ao desembarque do PSDB do governo Temer. "O PSDB deve ouvir sua bancada na Câmara, ouvir seus deputados, e não se conformar apenas com quatro ministérios", afirmou.

Michel TemerDireito de imagemDIVULGAÇÃO/ PALÁCIO DO PLANALTO
Image captionTemer disse durante o encontro do G20 em Hamburgo que uma possível delação de Eduardo Cunha não prejudicaria seu governo

Mais cedo nesta sexta, Temer comentou a possibilidade de o partido aliado deixar o governo. "Zero preocupação. O PSDB tem quatro ministérios, os ministros estão todos trabalhando muito tranquilamente", disse o presidente em entrevista coletiva em Hamburgo, onde participa da cúpula do G20.
Na próxima semana, será votada na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara a aceitabilidade da denúncia que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, fez contra Temer. No documento, Janot acusa o presidente de corrupção passiva.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

O que o Brasil compra - e o que vende - da isolada Coreia do Norte


Bandeiras do Brasil e da Coreia do Norte
Image captionSegundo dados da ONU, Brasil foi 8º maior importador de produtos norte-coreanos do mundo no ano passado

Se, ao leste, do outro lado do Pacífico, está seu arqui-inimigo, os Estados Unidos, ao sudeste, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, tem um aliado, pelo menos do ponto de vista comercial.
Único nas Américas a manter embaixadas nas duas Coreias, o Brasil foi, no ano passado, o 8º país que mais comprou produtos vindos da Coreia do Norte, indicam dados compilados pela ONU.
Durante o período, o comércio bilateral totalizou US$ 10,75 milhões (cerca de R$ 36 milhões em valores atuais).
Apesar de significativo para a isolada Coreia do Norte, contra a qual pesam sanções econômicas devido à manutenção de seu programa nuclear e de seus testes balísticos, o volume negociado entre os dois países é o menor desde 2000.
Também está bem abaixo do recorde de 2008, quando o intercâmbio comercial (soma das importações e exportações) foi quase 40 vezes maior do que o do ano passado (US$ 375,2 milhões).
A BBC Brasil apurou que essa redução se deu, principalmente, pelo medo de exportadores brasileiros serem retaliados por potências ocidentais e seus aliados ao negociarem com a Coreia do Norte.
Essas empresas temem que, ao venderem produtos para o isolado país, possam perder contratos importantes - e financeiramente mais vantajosos - com Estados Unidos e Japão, por exemplo.
Sanções impostas pela ONU proíbem a exportação de armas, minerais e bens de luxo para a Coreia do Norte. Estados Unidos, Coreia do Sul, Japão e União Europeia impuseram sanções próprias semelhantes.

'Potência nuclear'

Na última terça-feira, no dia da Independência dos Estados Unidos, o governo norte-coreano anunciou que havia lançado com sucesso seu primeiro míssil balístico intercontinental.
Segundo especialistas, o projétil poderia atingir o Estado americano do Alasca.
A televisão estatal norte-coreana divulgou imagens do teste, chamado de "presente aos Estados Unidos", e anunciou que o feito põe o país no patamar de "potência nuclear", agora capaz de "atingir qualquer parte do mundo".
No dia seguinte, os Estados Unidos e um de seus aliados asiáticos, a Coreia do Sul, conduziram, em retaliação, um teste de mísseis no território do sul-coreano.
Autoridades dos dois países emitiram, então, um comunicado destacando que a moderação "é tudo o que separa a trégua da guerra".
Na sequência, os americanos convocaram uma reunião de emergência no Conselho de Segurança da ONU, em Nova York, onde anunciaram que pretendem apresentar um conjunto de sanções ao país asiático e elevaram o tom do discurso.
"Podemos usar (nossas forças militares) se precisarmos", alertou a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki Haley.
A relação conflituosa entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos e seus aliados asiáticos não é recente, mas o lançamento bem-sucedido de um míssil que poderia chegar à fronteira americana aumenta a preocupação quanto a um potencial confronto armado.

Michel Temer e Kim Jong-unDireito de imagemAFP
Image captionComércio entre Brasil e Coreia do Norte totalizou cerca de R$ 36 milhões em 2016

Produtos

No ano passado, o Brasil exportou à Coreia do Norte US$ 2 milhões em produtos, segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic).
O café torrado (47% do total) foi o principal item vendido, seguido por fumo, couros e peles, além de carne bovina desossada e congelada.
Do lado das importações, o país comprou cerca de US$ 8,7 milhões dos norte-coreanos, em sua maioria peças de computador, como placas de memória digital (41% do total).
A BBC Brasil entrou em contato com algumas empresas brasileiras listadas como exportadoras de produtos à Coreia do Norte. Duas delas afirmaram que nunca venderam ao país e não sabem como apareceram nas planilhas de comércio divulgadas pelo Mdic.
Questionado pela reportagem, o ministério afirmou, em nota, que "devem ter ocorrido erros no preenchimento no sistema".
"Provavelmente, devido à semelhança do nome do país com 'Coreia do Sul' e a proximidade dos dois códigos, devem ter ocorridos erros no preenchimento de dados no sistema. Destacamos, mais uma vez, que o registro efetuado é de reponsabilidade dos operadores, exportadores e importadores e são informações de caráter declaratório", alegou o Mdic.
A China continua sendo a principal aliada econômica da Coreia do Norte, sendo responsável por mais de 80% tanto das importações quanto das exportações do país.
Outros produtos norte-coreanos têm como destino Índia, Filipinas e Paquistão.
Na outra ponta, depois da China, a Coreia do Norte compra da Índia, Rússia e Filipinas.

Embaixada do Brasil em PyongyangDireito de imagemMRE
Image captionBrasil mantém embaixada na capital norte-coreana, Pyongyang, desde 2009

Relações diplomáticas

Brasil e Coreia do Norte estabeleceram relações diplomáticas em 2001, durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Em 2005, o governo norte-coreano inaugurou sua embaixada em Brasília.
Quatro anos depois, foi a vez de o Brasil fazer o mesmo na capital norte-coreana, Pyongyang.
Desde julho do ano passado, contudo, a representação diplomática brasileira não tem um embaixador e é chefiada por um diplomata que exerce a função de encarregado de negócios.
Ele é único membro do corpo diplomático no posto, com exceção de oficiais de chancelaria enviados periodicamente em caráter temporário.
Além disso, diferentemente do que acontece no exterior, a embaixada do Brasil em Pyongyang não tem, entre as suas atribuições, a promoção comercial, limitando-se à "observação política in loco".

Ajuda humanitária e cooperação técnica

Isolada do resto do mundo e prejudicada pelas sanções econômicas, a Coreia do Norte é particularmente afeita a desastres naturais e fenômenos climáticos extremos, como secas e enchentes, ocasionando a quebra de colheitas.
Por causa disso, o Brasil realizou "três iniciativas de ajuda humanitária ao país - todas por meio do Programa Mundial de Alimentos da ONU: em abril de 2010, doação pecuniária, no valor de US$ 200 mil; em dezembro de 2011, doação de 16,5 mil toneladas de milho; e, entre abril e maio de 2012, doação de 4.600 toneladas de feijão", informou o Itamaraty.
Os dois países também já conduziram projetos de cooperação técnica.
A última missão de técnicos brasileiros à Coreia do Norte foi realizada em 2010, seguida, em 2011, por uma missão norte-coreana integrada por quatro técnicos, que receberam treinamento sobre plantio de soja na Embrapa em Piracicaba e Londrina.
De acordo com o Itamaraty, recentemente, o governo norte-coreano solicitou um novo projeto de cooperação técnica com o Brasil na área de capacitação de técnicos para manutenção de maquinário agrícola.
"A referida iniciativa tem sua viabilidade sendo considerada pelo Itamaraty e pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), haja vista seu propósito humanitário de contribuir para a segurança alimentar do país", acrescentou o órgão.
Professor Edgar Bom Jardim - PE