domingo, 16 de abril de 2017

Por que a Síria de Bashar al-Asad é tão importante para Rússia de Vladimir Putin


Vladimir PutinDireito de imagemAFP
Image captionPutin tem um grande capital político, estratégico e pessoal investido em seus laços com o governo sírio

A atitude do presidente russo Vladimir Putin de apoiar o regime de Bashar al-Asad na Síria tem incomodado cada vez mais o Ocidente. Na terça-feira, os chanceleres do G7, grupo que reúne as nações mais industrializadas do planeta, alegaram não terem a intenção de "isolar ainda mais a Rússia no cenário internacional" ao decidirem não impor novas sanções contra Moscou por sua aliança com o governo sírio.
No entanto, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Rex Tillerson, está em Moscou para pressionar o presidente Vladimir Putin a parar de apoiar Asad, a quem o Ocidente acusa de ter realizado um ataque com armas químicas contra civis na semana passada .
Os esforços de Tillerson, que, no passado, tinha boas relações com o Kremlin, podem ter resultados irrelevantes - não só porque os russos já não veem mais riscos de sanções prejudiciais, como também pelo profundo compromisso de Putin com a Síria.
O presidente russo não está necessariamente ligado a Asad. Ele inclusive chegou a criticá-lo durante entrevista ao jornal alemão Bild, em 2016. "(Asad) cometeu muitos erros durante o conflito. Vocês e eu sabemos que o conflito não teria alcançado tal amplitude se desde o início não tivesse sido alimentado a partir do exterior por enormes quantidades de dinheiro, armas e combatentes", disse Putin na época.
Mas certamente o presidente russo não quer ver o colapso do governo de um país no qual tem interesses estratégicos, políticos e pessoais, além de ter feito um grande investimento militar e econômico.

Estratégia

"A intervenção na Síria, combinada com a vitória eleitoral de Donald Trump nos Estados Unidos (que muitos atribuem a uma manipulação de Moscou) é o maior sucesso de Putin nos últimos anos", disse Famil Isamilov, editor de notícias do serviço russo da BBC.

Rex TillersonDireito de imagemREUTERS
Image captionSecretário de Estado americano, Rex Tillerson, chegou a Moscou com o objectivo de pressionar Putin a ficar longe do regime sírio

Após as sanções impostas pelo governo do ex-presidente Barack Obama e da União Europeia, depois da anexação da Crimeia e do conflito na Ucrânia, o Ocidente tinha virado as costas para Moscou. A Rússia estava a caminho de se tornar um país isolado.
"Com a sua intervenção na Síria, Putin deu as costas a essa situação. Ele abriu um espaço internacional de prestígio para ele e para a Rússia", disse Ismailov. "Ele era um líder na luta contra o terrorismo, bem como o único capaz de resistir à imposição dos Estados Unidos no mundo."
O analista de política internacional e especialista no Oriente Médio, Mariano Aguirre, concorda que a última coisa que Moscou quer é deixar que o governo sírio caia e que o poder possa ser tomado por um ou mais grupos jihadistas.

Putin em encontro na RússiaDireito de imagemREUTERS
Image captionPutin é um aliado do governo sírio, mas não necessariamente de Al Asad

"Moscou teme que a Síria se torne uma 'zona livre' para este tipo de milícias e que elas passem a coordenar e operar com radicais islâmicos na Rússia", disse o analista internacional à BBC Mundo.
"Em princípio, (Putin) se recusa a aceitar que há uma 'mudança de regime' político através da força - como aconteceu na Líbia em 2011 - e menos ainda que a mudança possa ser conduzida a partir do Ocidente", disse Aguirre.

Política

Em termos de interesses políticos, Putin equilibra dois elementos: nacionais e internacionais.
Quanto à política externa, com a sua aliança com o governo na Síria, a Rússia retorna à briga pelo Oriente Médio, depois de estar muito tempo marginalizada.
"O regime sírio, não necessariamente Bashar al Assad, é um aliado na região onde você quer ganhar peso", Aguirre disse, embora afirme que esse peso é relativo.
"Os poderes verdadeiros na região são locais: Irã, Israel, Arábia Saudita e Turquia. Nem os Estados Unidos nem a Europa ou a Rússia têm hoje o peso que teve nos dois séculos anteriores", explicou. "Hoje, a influência é conseguida através de alianças com as autoridades locais".
Embora isso seja complicado pela volatilidade e complexidade de interesses, Famil Ismailov assegurou que Moscou está surgindo como um "player" importante na região.

Rey Abdalá e PutinDireito de imagemREUTERS
Image captionRey Abdalá, da Jordânia, tem sido um dos muitos líderes do Oriente Médio que visitaram Putin em Moscou

"Muitos países do Oriente Médio têm se voltado para a Rússia para dar assessoria, treinamento e armas", disse o editor do serviço russo da BBC.
"Em primeiro lugar, o Irã é praticamente o mais forte aliado de Moscou. Mas representantes do governo na Líbia, Egito e Líbano recentemente também viajaram a Moscou", disse ele.
O rei da Jordânia viajou em janeiro para formular estratégias para combater o terrorismo na região e discutir questões de cooperação econômica.
Mesmo a Arábia Saudita, vista como o país da região mais próximo do Ocidente, iniciou negociações com a Rússia pela primeira vez em muitos anos para procurar estabilizar o mercado de petróleo.
Mas, para além desta nova estrutura no cenário internacional, o que acontece internamente é que a sua imagem dentro da Rússia é muito importante para o presidente.
Do ponto de vista russo, "é aquele que apostou na luta contra o Estado Islâmico quando o Ocidente não poderia encontrar soluções e é visto como o único que está fazendo algo contra o terrorismo", disse Famil Ismailov.
Apesar de setores da oposição classificarem seu governo como repressivo, Putin restaurou o orgulho do povo russo, afirma Famil Ismailov. "Ele é visto como o único que pode impedir o ataque constante da visão americana de mundo."

Militar

A intervenção na Síria não traz qualquer benefício militar, disse à BBC Mariano Aguirre. No entanto, a Rússia "estrategicamente disputa com os Estados Unidos para ser uma potência global."

Almirante Kuznetsov e outros navios russos ao longo da costa síriaDireito de imagemEPA
Image captionAlmirante Kuznetsov e outros navios russos ao longo da costa síria

Um dos problemas que a Rússia tem para se projetar como uma potência militar tem sido a idade de seus equipamentos bélicos e a falta de preparo do seu exército.
Para Famil Ismailov, o cenário sírio tem servido para a Rússia desenvolver e testar suas novas armas, e tem sido um treino excelente para os militares, especialmente para as unidades especiais.
"Sua frota naval lançou a partir do mar Cáspio com novos mísseis de longo alcance que sobrevoaram o território iraniano e iraquiano e fizeram um impacto considerável e preciso em alvos na Síria. Esses ataques foram considerados um grande sucesso, do ponto de vista militar e de prestígio."
Além disso, a Rússia enviou ao Mediterrâneo uma frota naval que escoltou o porta-aviões Kuznetsov à costa da Síria.
Embora o Kuznetsov seja uma embarcação velha, ele está servindo para lançar voos de reconhecimento e ataque. Mais importante ainda é que sua equipe está recebendo treinamento em um conflito atual, o que não se compara a uma academia.

Econômico

A aventura na Síria "é uma grande despesa", na opinião de Mariano Aguirre, "e com um custo político numa forte crescente, dado que 20% da sociedade russa se opõe ao envolvimento na guerra na Síria."
O encargo financeiro é particularmente oneroso porque a economia russa continua a depender fundamentalmente de petróleo.
Neste contexto, é talvez uma sorte que o G7 decidiu não impor novas sanções contra Moscou. Ele explicou que o grupo de nações não teve a intenção de isolar a Rússia.
Mas também pode ser um reconhecimento à presença de Putin na Síria após o grande investimento a longo prazo que foi feito e comprovado com a construção de bases militares e melhorias de outras.
A base aérea de Khmeimim, na costa do Mediterrâneo, foi construída em 2015. Embora ela compartilhe algumas instalações com a Força Aérea da Síria, o acesso a ela é exclusivo para funcionários russos.

Aviões na SíriaDireito de imagemAFP
Image captionA base aérea de Khmeimim é um projeto a longo prazo nos planos militares russos na Síria

Moscou assinou um contrato de arrendamento com a Síria por 49 anos, renováveis ​​por 25 anos - o primeiro pacto desse tipo a longo prazo no país.
Além disso, a base naval em Tartus, antes uma pequena instalação para manter a frota russa, foi expandida para funções completas de reabastecimento e manutenção, sem a necessidade de navios de guerra precisarem voltar para sua base no Mar Negro através dos estreitos turcos.
Pela primeira vez, a Rússia juntou empresas privadas para operações, treinamento e segurança, disse Ismailov. Elas são compostas de militares aposentados que voltaram a atuar por contratos lucrativos.
Além disso, "as armas russas são fortes no mercado e suas vendas estão no céu", disse ele.

Pessoal

O aspecto pessoal é um dos fatores cruciais na incursão de Vladimir Putin no conflito sírio.
Preservar o seu legado, seu prestígio e seu orgulho são grandes motivações para o presidente, cujo ego e narcisismo têm sido objeto de análise constante na imprensa.
O ponto é que os Estados Unidos acabam de eleger um presidente com um ego e narcisismo comparável.

Bonecos de cera de Trump e PutinDireito de imagemEPA
Image captionÉ uma questão de quem é mais "macho"? As figuras de cerade Trump e Putin em exposição na Bulgária

Em um confronto de dois presidentes, ninguém vai dar o braço a torcer facilmente. De acordo com Ismailov, "é uma questão de quem é mais 'macho'".
Pelo menos na Rússia, não está claro quem é: "Para muitos russos, Putin é o homem do momento", disse o editor do serviço russo da BBC.
Sendo assim, Mariano Aguirre não acredita que a política de Putin na Síria vai mudar em breve.
"Inicialmente, não acho que ele recuou. A sua credibilidade perante a sociedade russa está em questão", concluiu o analista.
Fonte:BBC
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Pastor Everaldo ajudou Aécio em debate em troca de dinheiro, diz delator


Do G1:
O executivo Fernando Reis afirmou em depoimento de delação premiada que a empreiteira Odebrecht orientou em 2014 o então candidato a presidente Pastor Everaldo (PSC) a ajudar o candidato do PSDB, Aécio Neves, em um debate entre os presidenciáveis realizado durante a campanha.
Reis não informa qual foi o debate nem se Aécio tinha conhecimento do pedido. Segundo ele, o objetivo da empresa com a manobra foi “dar mais visibilidade” para o candidato tucano durante o debate e ajudá-lo a garantir vaga no segundo turno para disputar com a então presidente Dilma Rousseff, que concorria à reeleição.
O G1 falou por telefone com Pastor Everaldo, mas ele disse que não poderia dar entrevista naquele momento porque estava em uma reunião. Também procurou a assessoria de Everaldo, mas não conseguiu contato.
Fernando Reis afirmou que a Odebrecht repassou R$ 6 milhões para a campanha de Pastor Everaldo, a quem disse ter sido apresentado pelo ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
De acordo com o delator, após a morte de Eduardo Campos, candidato a presidente pelo PSB, os votos da comunidade evangélica migraram para Marina Silva, que o sucedeu como candidata. “Aí, ele [Everaldo] praticamente desapareceu nas pesquisas”, disse.
Segundo Reis, Pastor Everaldo “tinha uma rixa com o PT”, partido de Dilma Rousseff, e “a ideia” da Odebrecht com o pedido de ajuda foi “ajudar Aécio a chegar num segundo turno”.
“Como a gente se sentia credor por ter contribuído tanto para a campanha dele, nós sugerimos a ele que usasse o debate sempre para perguntar ao candidato Aécio porque aí daria mais tempo ao Aécio. E analisando a transcrição do debate do primeiro turno se nota que ele fez perguntas absolutamente simples e inócuas para que o candidato Aécio pudesse ter tempo na televisão”, afirmou.
Fonte:clickpolitica.com
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 15 de abril de 2017

Leitor pergunta e professor Pasquale explica: quando usar o gerúndio?


O leitor Miguel Aguilera perguntou à BBC Brasil sobre o gerúndio: quando se usa e quando não se usa?
Trata-se da raiz do verbo acrescida da terminação “ndo”. Exemplos: pegando, dormindo, estudando.
Neste terceiro vídeo da série sobre dúvidas de português, o professor Pasquale Cipro Neto lembra que o uso excessivo do gerúndio até ganhou um nome: o "gerundismo".
“Eu imagino que isso tenha surgido das traduções literais quando começou a importação, nos anos 90", conta.
"No Brasil até então pouco se importava, a gente não tinha aqui grande quantidade de produtos importados. Então vieram vários e vários produtos importados com os manuais traduzidos, sabe Deus por quem, ao pé da letra”, explica o professor.
O gerúndio em inglês foi então traduzido literalmente para o português, apesar de eles cumprirem papéis diferentes.
“O que em inglês é ‘I will be sending’, por exemplo, em português não é ‘Eu vou estar enviando’, é ‘Eu vou enviar’”, diz Pasquale.
“Alguém começou a traduzir isso ao pé da letra e, meu Deus do céu, isso infestou o teleatendimento, virou um inferno, né?”
De acordo com o professor, o gerúndio usado fora do lugar traz a ideia de uma “coisa que não vai ser resolvida nunca”.
Exemplo do que não se deve dizer: “O senhor vai ter que estar esperando”.
“Eu não posso só esperar?”, pergunta o professor.
Outro exemplo de gerúndio sem necessidade: “O senhor precisa estar pegando uma senha”.
O correto é: “O senhor precisa pegar uma senha".
De acordo com Pasquale, o gerúndio pode ser empregado em ações contínuas, que têm um curso. Exemplo: “Não me ligue nessa hora, porque eu vou estar dormindo”.
“Então nada de condenar o gerúndio por si só, coitado. Gerúndio maldito, você veio ao mundo para ser excomungado, amaldiçoado - nada disso”, afirma.
“O gerúndio é da língua, é perfeito, não há nenhum problema. Desde que ele faça o papel dele.”
Fonte:BBC
Professor Edgar Bom Jardim - PE

O que se sabe sobre o programa nuclear da Coreia do Norte


O desfile do "Dia do Sol", que comemora o nascimento do fundador do país, é o momento em que a Coreia do Norte exibe todo seu arsenal militar; o último aconteceu neste sábado

Uma das questões que mais preocupa a comunidade internacional é justamente essa: quão avançado estaria o programa nuclear da Coreia do Norte?
Ainda não há resposta clara para isso, mas foi exatamente para buscá-la que o presidente americano Donald Trump enviou um de seus grupos de combate de elite, incluindo um porta-aviões, à península coreana.
O que se sabe com mais certeza é o tamanho da reserva de mísseis - que ficou perceptível graças aos testes realizados pelo país e ao uso dos mesmos no "Dia do Sol", o desfile militar mais importante da nação asiática onde eles mostram todo o seu arsenal militar (a última edição dele foi neste sábado).
Uma data marcada pela tensão internacional e pela resposta da Coreia do Norte aos Estados Unidos dizendo que está "pronta para responder ao golpe com ataques nucleares".
Acredita-se que a Coreia do Norte tenha mais de mil mísseis de capacidades distintas, incluindo os de longo alcance - que poderiam supostamente alcançar os Estados Unidos.
O programa de armas de Pyongyang teve grandes progressos nas últimas décadas - do foguete tático de artilharia em 1960 e 1970 aos mísseis balísticos de curto e longo alcance nas décadas de 1980 e 1990. E agora, um sistema de maior alcance está sendo pesquisado e desenvolvido.

Alcance dos mísseis

  • Curto alcance: 1 mil km pelo menos
  • Médio alcance: 1.000 - 3.000 km
  • Alcance intermediário: 3.000 a 5.500 km
  • Alcance intercontinental: mais de 5.500 km
Fonte: Federação Americana de Ciências

Mísseis de curto alcance

O programa de mísseis da Coreia do Norte começa com os Scuds, que chegaram até eles pela primeira vez pelo Egito em 1976.
Já no ano de 1984, os norte-coreanos estavam construindo sua própria versão do míssil, denominado Hwasong.

Desfile Dia do SolDireito de imagemEPA
Image captionMilhares de militares marcharam em demonstração de força e poderio militar na capital coreana

Acredita-se que haja uma variedade desses mísseis de curto alcance - que poderiam alcançar alvos mais próximos, como a vizinha Coreia do Sul.
As relações entre as duas Coreias são tensas e se mantêm, tecnicamente, em constante alerta de guerra. Os Hwasong-5 e Hwasong-6, também conhecido como Scud-B e Scud-C, contam com alcances de 300 e 500 km respectivamente, segundo o Centro de Estudos de Não Proliferação de Armas dos Estados Unidos.
Esses mísseis transportam cabeças explosivas tradicionais, mas também podem ter cabeças com capacidade biológica química ou nuclear.
Ambos os mísseis já foram testados e utilizados - inclusive, o Hwasong-6 já foi vendido ao Irã.

Mísseis de médio alcance

A Coreia do Norte lançou um programa especial ao fim da década de 1980 para construir um míssil de médio alcance conhecido como Nodong - que tem um alcance de mil quilômetros.
O míssil foi desenhado com base no Scud, mas é 50% maior e com um motor mais poderoso.
Em uma análise de abril de 2016, o Instituto Internacional para Estudos Estratégicos, que tem base em Londres, disse que esses mísseis poderiam comprovadamente alcançar a Coreia do Sul e até mesmo o Japão.
O Instituto avaliou também que uma variante dele desenvolvida em outubro de 2010 poderia até alcançar 1,6 mil quilômetros, o que significava atingir as bases americanas na ilha de Okinawa, no sul do Japão.

Mísseis de alcance intermediário

A Coreia do Norte passou anos desenvolvendo mísseis Musudan, com os quais realizou vários testes em 2016.
As estimativas sobre seu alcance são bastante diferentes. A inteligência de Israel afirma que eles alcançam cerca de 2,5 mil quilômetros, enquanto a Agência de Defesa de Mísseis dos Estados Unidos calcula que chegue a 3,2 mil quilômetros. Outras fontes dizem que pode alcançar até mesmo 4 mil quilômetros.

Mísseis da Coreia do NorteDireito de imagemEPA
Image captionO míssil Musudan poderia alcançar a base americana de Guam.

Segundo essas estimativas, mesmo o menor número de alcance do Musudan - que também é conhecido como Nodong-B - já é suficiente para que ele chegue à Coreia do Sul e ao Japão.
E em seu alcance maior, um desses mísseis pode chegar até a base militar americana em Guam, na Micronésia. Sua carga explosiva é desconhecida, mas estima-se que ela fique entre 1 e 1,25 toneladas.
Além disso, a Coreia do Norte afirma ter testado um "míssil balístico de médio a grande alcance", o Pukguksong, em agosto de 2016, lançado a partir de um submarino. No último mês de fevereiro, ela voltou a realizar testes desses mísseis, desta vez partindo da terra.
O governo da Coreia do Norte diz que usa combustível sólido, o que faz o lançamento dos mísseis ser mais rápido. O alcance deles, porém, ainda é desconhecido.

Mísseis multi-etapa

Um míssil multi-etapa é um míssil lançado em duas ou mais partes - ou "etapas"- e cada uma delas têm seus próprios motores e propulsores.
O Taepodong-1, conhecido como Paektusan-1 na Coreia do Norte, foi o primeiro míssil multi-etapa do país, testado em 1998 como lançador espacial.

Míssil multi-etapaDireito de imagemAFP
Image captionO último míssil multi-etapa, Taepodong, tem um alcance intermediário

A Federação Americana de Ciências (FAS, na sigla em inglês), um centro de estudos independente, acredita que o Tapodong-1 estava composto em sua primeira etapa por um míssil Nodong e na segunda por um Hwasong-6.
Depois desse, veio o Paektusan-2, que também é um míssil de duas ou três etapas, mas com avanços significativos. Esses foram testados várias vezes na última década.
Seu alcance é estimado entre 5 mil e 15 mil quilômetros. O Centro de Estudos de Não Proliferação de Armas coloca seu alcance máximo como sendo 6 mil quilômetros.
A Coreia do Norte se refere ao lançador do Taepodong-2 como "Unha", que significa galáxia, em coreano. Ele foi utilizado com êxito em fevereiro de 2016 para lançar um satélite.
Apesar de os lançamentos espaciais e os lançamentos de mísseis terem trajetórias distintas - e de os foguetes serem otimizados para um propósito diferente -, a tecnologia básica utilizada é a mesma. Isso inclui a estrutura, os motores e o combustível.
Se o Taepodong-2 tiver seu lançamento bem-sucedido, ele chegará ao alcance máximo estimado, o que significa que poderia ir até a Austrália e partes dos Estados Unidos - além de outros países dentro desse perímetro.

Mísseis balísticos intercontinentais

No discurso de Ano Novo, o líder norte-coreano Kim Jong assegurou que o país estava na etapa final de desenvolvimento de um míssil balístico intercontinental.
Acredita-se que a Coreia do Norte esteja desenvolvendo seu míssil de maior alcance, conhecido como KN-08 ou Hwasong-13.
O objetivo do país parece ser colocar uma ogiva nuclear em um míssil balístico intercontinental, que consiga atingir alvos ao redor do mundo. Até agora, cinco testes nucleares já foram realizados em busca deste objetivo.
Um dos primeiros sinais de sua construção foi em setembro de 2016, quando o país provou um novo motor de foguete que poderia alimentar um míssil balístico intercontinental.
O Pentágono acredita que a Coreia do Norte tem ao menos seis KN-08, que podem alcançar a maior parte dos Estados Unidos.
Acredita-se, inclusive, que o país conseguiu desenvolver uma versão melhorada, o KN-14.
Existe a possibilidade de a Coreia do Norte estar muito perto de desenvolver um míssil de grande alcance nuclear. Pyongyang afirma ter miniaturizado ogivas nucleares para usá-las em mísseis, mas especialistas dizem duvidar, por falta de provas.
Fonte:BBC
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 14 de abril de 2017

A violência não tem medida: machismos, guerras e cia.

Fala-se em civilização. Juntam-se ordens. As culturas se organizam para descobrir mundo. Fundam-se instituições. O cuidado existe, precariamente, mas muitos esquecem que o homem é o um animal social. Possui sofisticações e tatuagens mascaradas. Desafia verdades tradicionais, luta por melhores condições de vida, assume invenções científicas. No entanto, nem tudo merece celebração. Há tropeços e desgovernos fatais. Quebram-se serenidades e as guerras cotidianas enchem as ruas. Há quem justifique os desmantelos e os preconceitos não abandonam a sociedade. O sinal vermelho se firma com múltiplos significados e descontroles.
As notícias sobre violência atraem: uns gostam de saber e outros ficam perplexos. Quando se pensava que a igualdade deveria tomar conta do mundo, a violência e suas astúcias avançam  para derrotar os mais fracos. Ela se espalha como agrotóxicos. Não são os roubos, ou a falta de justiça. Há uma destruição da convivência. Uma onda de defensores da família se avoluma de forma oportunista. Seguem os estupros, os assassinatos de homossexuais, os discursos agressivos, a segregação racial. Quem aposta na paz, na civilidade, no desejo de assegurar direitos?
Nunca acreditei na linearidade, na conquista de um progresso ilimitado. Basta olhar o século XX. As sociedades se odeiam, as religiões criam orações perniciosas, os governantes se perdem com seus falsos projetos. A cultura consegue cobrir incompletudes, mas não nos distancia dos retornos de práticas fascistas. A intolerância está solta. As leis são manipuladas, o controle satisfaz a quem se locupleta com privilégios. Muitos pensadores do século XIX já se vestiam de pessimismo. Gritavam que o ocidente se chocava com abismos profundos. Trump estica a irresponsabilidade com fúria e psicopatia. Brinca para atender o terror das armas.
A chamada pós-modernidade não trouxe o equilíbrio, porém uma complexidade incrível. Não sabemos, ainda, enfrentar tantas mudanças. As melancolias, as depressões, as desilusões, as distopias estão passeando pelo mundo. A banalidade do mal ganha corpo. O homem não foge da sua animalidade mais feroz. Será possível? Houve transformações nos hábitos. O caminho, contudo, está com pedras pontiagudas. Culpam-se alguns e inocentam outros de forma cínica. O festival de polêmicas não fermenta diálogos. Os ódios não se intimidam, buscam alvos, pois a tecnologia não é neutra e se instrumentaliza para a guerra. Não faltam ameaças universais.
A história não promete viajar para o paraíso. Não sei nada sobre o futuro. As relações continuam tensas até na padaria da esquina. Promessas iludem, derrubam políticas. Os inocentes são atacados e morrem com seus sonhos. A velha luta do bem e do mal não é uma ficção. Não permute os tempos, nem consagre salvadores. As imagens enganam e compõem o mercado. Numa sociedade dos preços e das disputas, é quase impossível observar a luz. Não adianta se envolver com apatias para não sofrer. Os anjos também se cansaram e os deuses negociam seus ministérios. É preciso atenção e coragem. Desacreditar , em tudo, é o juízo final.

Fonte:astuciadeulisses
Professor Edgar Bom Jardim - PE