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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

92 imigrantes mortos no Saara


Mulheres e crianças estão entre maioria das vítimas, segundo autoridades.
Governo suspeita que imigrantes estavam a caminho da Argélia.

Da Reuters
Professor Edgar Bom Jardim - PEVoluntários e militares observam os corpos retirados da areia do Saara, ao norte de Arlit, no Níger (Foto: Almoustapha Alhacen/AP)Voluntários e militares observam os corpos retirados da areia do Saara, ao norte de Arlit, no Níger (Foto: Almoustapha Alhacen/AP)
Os corpos de 92 imigrantes, a maioria mulheres e crianças que morreram de sede, foram encontrados no norte do Níger, depois que um dos caminhões em que estavam quebrou quando tentavam atravessar o deserto do Saara, disseram autoridades nesta quinta-feira (31).
Os imigrantes haviam partido em meados de outubro em dois caminhões da cidade mineira mais ao norte do Níger, Arlit, para atravessar o deserto na direção de Tamanrasset, na Argélia, mas se dispersaram para procurar água depois que um veículo quebrou.
O prefeito de Arlit, Maouli Abdouramane, disse que 92 corpos foram recuperados após dias de buscas --52 crianças, 33 mulheres e sete homens.
"As buscas continuam", disse o prefeito à Reuters por telefone. Ele disse que todas as vítimas são do Níger, mas que seu destino final ainda não estava claro.
Uma autoridade militar disse que cerca de 20 pessoas do grupo sobreviveram à tragédia. Cinco delas andaram quilômetros pelo deserto escaldante de volta para Arlit, onde informaram as autoridades sobre o ocorrido.
A rota através do Saara ainda é usada por muitos emigrantes da região e de áreas mais distantes.
Mais de 32 mil imigrantes chegaram este ano ao sul da Europa, vindos da África, embora não esteja claro se esse era o destino desse grupo.
Centenas dos que tentaram chegar à Europa pelo Mediterrâneo morreram afogados durante a travessia nos últimos meses. G1.
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Voluntários ajudam no resgate de corpos de imigrantes no Saara, no Níger (Foto: Almoustapha Alhacen/ AP)Voluntários ajudam no resgate de corpos de imigrantes no Saara, no Níger (Foto: Almoustapha Alhacen/AP)

domingo, 27 de outubro de 2013

Brasil, um País Vendido



Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 20 de outubro de 2013

Pernambuco pode ganhar 12 novas cidades

185 distritos no país atenderão à regra para se emancipar, aponta entidade.
Projeto aprovado na Câmara e no Senado depende de sanção presidencial.

Felipe NériDo G1.

Levantamento da União Brasileira em Defesa da Criação dos Novos Municípios (UBDCNM) indica que Maranhão, Bahia, Ceará e Pará são os estados onde mais municípios poderão ser criados depois de ter sido aprovado, na Câmara e no Senado, projeto de lei que estabelece as regras para a emancipação de distritos.
De acordo com a entidade, o Maranhão tem 32 distritos que atendem aos requisitos estipulados pelo projeto para emancipação. A Bahia tem 28, o Ceará, 26, e o Pará, 21. No total, o levantamento apontou 185 distritos em todo o país em condições de reivindicar a separação dos municípios aos quais atualmente pertencem (veja na tabela abaixo). Há ainda, segundo a entidade, uma proposta de fusão de três municípios no Rio Grande do Sul.
O levantamento serviu de base para o parecer do relator do projeto no Senado, Valdir Raupp (PMDB-RO), aprovado na última quarta-feira (16). Com a aprovação, o projeto, que já tinha passado na Câmara, teve a tramitação concluída no Congresso e agora segue para sanção ou veto pela presidente Dilma Rousseff.
ESTADOS COM MAIS DISTRITOS EM CONDIÇÕES DE SE EMANCIPAR (*)
Estado
Distritos prontos para emancipação
Número atual de municípios
Maranhão
32
217
Bahia
28
417
Ceará
26
184
Pará
21
144
Pernambuco
12
185
Mato Grosso
11
141
Amazonas
9
62
Goiás
6
246
São Paulo
6
645
Esp. Santo
4
78
R. G. Norte
4
167
R. de Janeiro
4
92
M. G. do Sul
3
79
Minas Gerais
3
853
Rondônia
3
52
Sergipe
3
75
Acre
2
22
Paraíba
2
223
Sta. Catarina
2
295
Amapá
1
16
Paraná
1
399
Roraima
1
15
Tocantins
1
139
(*) De acordo com levantamento da União Brasileira em Defesa da Criação dos Novos Municípios (UBDCNM)
Fonte: UBDCNM e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
 O texto regulamenta a Constituição ao estabelecer regras de incorporação, fusão, criação e desmembramento de municípios e determina quais distritos poderão se emancipar após a realização de um plebiscito (veja as regras ao final deste texto).
Inicialmente, a UBDCNM havia identificado mais de 500 distritos que pretendiam se emancipar em todo o país. Mas a estimativa diminuiu devido às restrições introduzidas no projeto durante a tramitação no Congresso.
O presidente da entidade, Augusto César Serejo, informou que, se sancionada pela presidente Dilma Rousseff, a lei deverá afetar cerca de 1,8 milhão de pessoas que, segundo ele, vivem em “distritos abandonados”.
“Eram mais de 500 distritos no país inteiro que pretendiam emancipação mas, com o rigor da lei, quase 70% ficaram pelo caminho. A lei não nos agradou porque temos prova suficiente de que é emancipando que se desenvolve. Mas ficamos satisfeitos ao pensar que é melhor ter lei do que não ter norma nenhuma para se criar município”, declarou Serejo.
Desenvolvimento e autonomia
Para o pesquisador Paulo de Tarso Linhares, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), fundação pública vinculada à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, novas áreas de desenvolvimento e de produção agrícola estão entre os motivos para as demandas dos distritos por autonomia.
“O que pode estar acontecendo é que, nesses últimos 20 anos, o oeste da Bahia e o sul do Maranhão foram áreas que se desenvolveram muito, sobretudo com o cultivo de grãos. Se muitos desses distritos que querem autonomia estão nessa região é porque são áreas que atingiram escala populacional razoavelmente grande, o que demanda autonomia para se gerenciar melhor”, declarou Linhares.
Para o presidente da UBDCNM, os pedidos de emancipação surgiram devido à distância dos distritos em relação ao núcleo urbano dos municípios e à falta de serviços públicos básicos para as populações dessas áreas.
“Em Altamira, no Pará, por exemplo, existe um distrito de cerca de 15 mil habitantes que fica a 1.214 km do centro do município. No tempo de chuva, ficam praticamente seis meses isolados”, afirmou Serejo.
Desde 1996, a criação de municípios estava suspensa por falta de regulamentação. A Constituição de 1988 deixava a cargo dos estados definir as regras para a emancipação e fusão de localidades.
No entanto, uma emenda constitucional de 1996 determinou que municípios só poderiam ser criados após a regulamentação das normas em âmbito federal – proposta aprovada nesta semana.
Segundo o pesquisador Paulo de Tarso Linhares, que estuda os cerca de 1,5 mil municípios criados de 1988 a 1996,  em vários casos “podemos  dizer que a divisão de município foi bem sucedida”.
Linhares critica o argumento de que novos municípios geram mais gastos públicos. “Muitas coisas têm gasto, mas o que se espera é que se traga mais benefício do que custo. A pergunta é: em que casos isso se revela positivo e quando é negativo?”
Críticos
Antes de ser aprovado no Senado, o texto sofreu resistência do PSOL na Câmara, único partido a se manifestar na Casa contrariamente ao texto.
São mais gabinetes de prefeitos, mais cargos comissionados, mais estruturas administrativas, mais câmaras municipais, mais salários de vereadores, e o cobertor é curto."
Aloysio Nunes Ferreira, senador (PSDB-SP)
Para o líder do partido, deputado Ivan Valente (PSOL-SP) novos municípios geralmente resultam de “interesses políticos”.
“De alguma, forma, deve haver brecha para criar município mas, da forma como foi feita, a proposta dá uma dimensão ilusória de que basta você dividir município que você resolve problema”, afirmou.
O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) se alinha entre os críticos da matéria e votou contra o projeto no Senado.
"São mais gabinetes de prefeitos, mais cargos comissionados, mais estruturas administrativas, mais câmaras municipais, mais salários de vereadores, e o cobertor é curto", declarou.
De acordo com relator da proposta no Senado, Valdir Raup (PMDB-RO), não é possível estimar os custos da criação de novos municípios. Ele afirma que as despesas resultantes da criação de novos municípios não recairão sobre a União porque os recursos sairão dos municípios atualmente existentes.
“Não vai aumentar um centavo nem para União nem para os estados. Vai sair [recurso] dos municípios de cada estado"
Valdir Raupp, senador (PMDB-RO)
“Não vai aumentar um centavo nem para União nem para os estados. Vai sair [recurso] dos municípios de cada estado. Vai ser desmembrado um pequeno percentual, que a lei já prevê isso aí, das cotas do Fundo de Participação dos Municípios [...]. O ‘município-mãe’ vai perder percentual, isso é natural”, disse Raupp.
Regras
A proposta aprovada no Senado estabelece a população mínima que cada localidade deverá ter para que seja possível formar um novo município. Nas regiões Sul e Sudeste, cada novo município deverá ter cerca de 12 mil habitantes. No Norte e no Centro-Oeste serão aproximadamente 6 mil. Para o Nordeste, o número é de 8,5 mil.
Ao contrário do texto que havia sido aprovado inicialmente na Câmara, o texto aprovado pelos senadores impede novos municípios em reservas indígenas ou ambientais e em áreas pertencentes à União, a fundações e autarquias do governo federal.
O projeto também determina que, tanto para a emancipação de distrito quanto para a fusão, ao menos 20% do eleitorado da localidade deve subscrever pedido para realizar a mudança, que ainda depende de estudos técnicos e da realização de plebiscito entre todo o eleitorado da municipalidade.
Etapas para a criação
Confira abaixo cada uma das etapas para a criação de um município, de acordo com o projeto aprovado no Senado:
1. Protocolar na Assembleia Legislativa pedido de criação do município assinado por pelo menos 20% dos eleitores do distrito, obedecendo às seguintes condições:
- Eleitorado igual ou superior a 50% da população do distrito;
- Ter “núcleo urbano já constituído” e dotado de infraestrutura, edificações e equipamentos “compatíveis com a condição de município”;
- Ter arrecadação superior à média de 10% dos atuais municípios do estado;
- Área urbana não pode estar situada em reserva indígena, área de preservação ambiental ou área pertencente à União, a autarquia ou fundação do governo federal.
2. Após o pedido, elaboração em 180 dias, pela Assembleia Legislativa, de "estudo de viabilidade" do novo municípío e área remanescente do município do qual o distrito pretende se separar. O estudo deverá verificar a viabilidade econômica, ambiental e política do novo município. Concluída essa etapa, o relatório terá de ser apreciado pelos deputados estaduais, que poderão arquivar ou aprovar o projeto.
3. Se o pedido for aprovado pela assembleia, será realizado um plebiscito que envolverá a população do distrito interessado em se emancipar e a do município ao qual o distrito pertence.
4. Se no plebiscito vencer a opção "sim", a assembleia legislativa terá de votar uma lei estadual autorizando a criação do novo município.
5. Após a aprovação da lei pela assembleia, será marcada data para eleição de prefeito, vice e vereadores do novo município.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Como nasce uma nova ilha?


Formação na costa não deve durar muito, dizem especialistas.
Número de mortos pelo tremor no Baluquistão passa de 500.

Com informaçãoe do G1.
Professor Edgar Bom Jardim - PE.Imagem feita pelo satélite Pleiades divulgada nesta sexta (27) mostra a pequena ilha de lama e rocha criada na costa do Paquistão pelo forte terremoto que atingiu o país na terça-feira. (Foto: AFP)Imagem feita pelo satélite Pleiades divulgada nesta sexta (27) mostra a pequena ilha de lama e rocha criada na costa do Paquistão pelo forte terremoto que atingiu o país na terça-feira. (Foto: AFP).
Imagem feita pelo satélite Pleiades divulgada nesta sexta (27) mostra a pequena ilha de lama e rocha criada na costa do Paquistão pelo forte terremoto que atingiu o país na terça-feira.
A pequena ilha, que virou "atração" na região, não deve durar muito, segundo especialistas.
O número de mortos pelo terremoto passou de 515 nesta sexta, segundo uma autoridade local.
Babar Yaqoob, secretário-chefe de Baluquistão, forneceu o número atualizado de mortos enquanto percorria a região devastada de Awaran, a mais atingida pelo terremoto de terça-feira.
A área é também um refúgio dos insurgentes separatistas do Baluquistão, que atiraram em helicópteros que levavam oficiais militares no comando da resposta ao desastre.
"Há uma situação de lei e ordem aqui e outros obstáculos, mas apesar de tudo, iremos chegar até a última pessoa", disse o general Nasir Janjua.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Somos 201 milhões de brasileiros


Para cada cem pessoas em idade produtiva existem 46 sustentadas.
A partir de 2022, a proporção de brasileiros dependentes só vai subir.

Do G1.
A população brasileira cresceu e está em mais de 200 milhões de habitantes. Com menos filhos e mais idosos, o país precisa investir em educação para não envelhecer antes de enriquecer.
A população já tem data para começar a encolher. Hoje, são 201 milhões de brasileiros. Esse número chegará a 228 milhões em 2042. Depois, inicia a queda. Em 2060, serão 218 milhões de pessoas.
A projeção do IBGE também revela que daqui a apenas nove anos o Brasil irá experimentar uma virada importante. Nesse ano, vai começar a se fechar o que os técnicos chamam de janela de oportunidade.
Atualmente, para cada cem pessoas em idade produtiva existem 46 sustentadas. Mas, a partir de 2022, por causa do envelhecimento da população, a proporção de brasileiros dependentes só vai subir. Até lá, é preciso aproveitar para produzir e fazer o país crescer. Para isso, será necessário enfrentar o velho desafio da educação.
“Não é só mais uma questão do número de pessoas. Isso era importante quando o trabalho era braçal. A questão hoje é o quanto de valor cada um desses empregados vão conseguir trazer para a economia. Isso que vai fazer a grande diferença se a gente vai ou não vai conseguir usar essa janela de oportunidade”, diz Carmem Miguele, especialista em mercado de trabalho da FGV.
Publicado em 30/08/2013.
http://professoredgarbomjardim-pe.blogspot.com.br/

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Havia água em Marte

John Grotzinger, chefe da missão do Curiosity, falou ao jornal 'La Tercera'.
Ambiente propício à vida no planeta durou centenas ou milhares de anos.

Da EFE
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Uma rocha marciana analisada pelo veículo explorador de Marte (Rover) Opportunity, contém amostras de barro formado em água não-ácida (Foto: Nasa/AFP)Rocha de Marte analisada pela Nasa tem amostras de barro formado em água não ácida (Foto: Nasa/AFP)
Há 3,5 bilhões de anos, se os seres humanos já existissem e fossem para Marte, poderiam ter bebido água e vivido ali por muito tempo, afirmou no domingo (4) o cientista da agência espacial americana (Nasa) John Grotzinger, chefe da missão do robô Curiosity.
Em declarações ao jornal chileno "La Tercera", Grotzinger destacou que, um ano após o robô Curiosity chegar com sucesso ao planeta vermelho – o quarto do Sistema Solar –, o veículo descobriu que aquele é um meio ambiente similar à Terra, em que os seres humanos poderiam ter enchido um copo de água e provavelmente bebido-o se estivessem estado lá há 3,5 bilhões de anos.
O cientista indicou que o passo mais importante até agora foi descobrir, a partir da análise de rochas marcianas, que existiu um ambiente propício à vida que persistiu por centenas ou milhares de anos.
Grotzinger destacou que nesta terça-feira (6) o robô completará um ano em Marte, onde, em poucos meses, conseguiu atingir várias das metas propostas na missão de dois anos: caracterizar a água e a atmosfera do planeta e achar ambientes que no passado puderam suportar vida.
Desde então, essa se transformou na missão mais popular da Nasa, incluindo uma conta com mais de 1,3 milhão de seguidores no Twitter. O Curiosity também foi classificado como personagem do ano pela revista "Time".
"Foi um ano muito bom. Pudemos aterrissar, que era algo sobre o qual todos estávamos nervosos, e depois de oito meses conseguimos a meta primária da missão: que a água não era ácida como as missões anteriores detectaram, mas tinha um pH (potencial hidrogênio) neutro", disse.
Grotzinger afirmou que, embora Marte tenha perdido umidade e hoje seja um deserto frio, as análises do Curiosity mostram que o planeta "pôde ser um local onde micro-organismos teriam vivido facilmente".
O cientista explicou que o robô faz atualmente sua viagem mais longa na superfície do planeta vermelho, que é circundado por dois satélites. O trajeto foi iniciado em 4 de julho e deverá percorrer 8 km rumo ao Monte Sharp, uma montanha de 5.500 metros, em um deslocamento que poderá durar entre sete e nove meses.
"Será uma longa viagem, nos deteremos em algumas ocasiões para fazer medições, mas estamos comprometidos em dirigir ao monte o mais rápido possível", comentou Grotzinger.
O cientista disse que a ideia original da viagem era aterrisar próximo de sua base, no centro da Cratera Gale, pois as imagens do planeta tomadas ainda em órbita mostravam camadas e mais camadas no terreno com diferentes idades geológicas, além de cores de minerais que poderiam conter água.
Grotzinger acredita que nessa zona de Marte há mais possibilidades de encontrar ambientes habitáveis.
Detalhe da imagem onde aparece um buraco feito pelo robô (Foto: Nasa/Divulgação)Robô Curiosity completa um ano no solo de Marte nesta terça-feira (6) (Foto: Nasa/Divulgação
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www.professoredgar.com

sábado, 3 de agosto de 2013

Brics são caminho para contrapor os EUA, avalia Foro de São Paulo




Carta Capital.

A relação intercontinental do Brasil com a Rússia, Índia, China e África do Sul no âmbito dos Brics é vista pela esquerda latino-americana como uma forma de disputar espaço com a hegemonia dos Estados Unidos no cenário mundial. Tal avaliação ficou clara durante o seminário “Brics e a América Latina”, realizado na quarta-feira 31, no primeiro dia da 19ª reunião do Foro de São Paulo, encontro de representantes de partidos políticos e de organizações não governamentais de esquerda da América Latina e Caribe, realizado em São Paulo.
Para Guilherme Patriota, irmão do chanceler Antonio Patriota e integrante da assessoria especial da Presidência da República,os Brics dão ao Brasil mais autonomia e poder de decisão no jogo político-econômico global. Patriota afirma que o grupo não busca confronto com ninguém, mas deseja uma reforma da ordem ‘global hierarquizada’ para criar uma situação de mais igualdade entre os países. “Em um momento de tamanhas incertezas, é importante um país como o Brasil se relacionar com todo mundo. Não podemos passar o resto da vida numa auto-limitação no relacionamento com o exterior”, afirmou Patriota,
O diplomata aponta que com esse agrupamento, o Brasil inicia um diálogo autônomo com países importantes em suas respectivas regiões e também em órgãos deliberativos internacionais, como o Conselho de Segurança da ONU, onde a Rússia e a China têm assentos permanentes. “É importante ressaltar que para nós os BRICS não são uma proposta de formação de uma aliança militar, mas sim um mecanismo de coordenação muito importante para o fortalecimento da nossa diplomacia em negociações com países de maior ou menor afinidade. Os Brics são a afirmação do Brasil como nação”.
Cunhada em 2001 pelo chefe de pesquisa em economia global do grupo financeiro Goldman Sach’s, Jim O’Neill, a sigla Bricsagrupou as maiores economias em desenvolvimento no mundo, a despeito de não serem um bloco econômico ou uma associação comercial formal. Somadas, as cinco economias representam mais de 21% do PIB mundial, 42% da população mundial e 45% da força de trabalho.
Mesmo com as baixas projeções relativas de crescimento individual para os próximos anos, sobretudo na China onde o “pouso suave” do produto interno bruto no último trimestre levantou preocupações, o grupo ainda desponta como tendo indivíduos com grande poder de consumo o que promove o investimento de grupos financeiros internacionais.
Para Ronaldo Carmona, membro da Comissão Internacional do PCdoB, o Brasil vive uma “guerra de posições”, na busca de alianças e movimentos que tornem o sistema internacional mais favorável ao projeto de desenvolvimento nacional. “Os Brics são uma aliança contra-hegemônica, porque esses países contestam o status quo”, afirmou durante o seminário.
Carmona destacou que há um problema evidente nessa busca de ascensão compartilhada: as fortes disparidades entre a economia brasileira e a de seus vizinhos no continente. “Para o Brasil, esse impulso de tornar o movimento internacional mais favorável passa pela dificuldade em criar condições a uma união sul-americana e na consequente inserção da América Latina, enquanto região, no mundo”, afirma. “A expectativa brasileira em relação à sua ascensão no cenário político-econômico mundial deve ser compartilhada, porque o contrário seria desastroso para o país.”
Resposta ao sistema
No dia 27 de março deste ano, durante a 5ª reunião de cúpula dos Brics, foi anunciada a criação do “Banco dos Brics”, que teria, na sua atribuição principal, incrementar o comércio entre os cinco países, inclusive trabalhando a criação de moedas especiais. A preocupação do grupo de se proteger da crise de outros países fez com que eles pensassem em criar um fundo de emergência de 100 bilhões de dólares para socorro mútuo. A expectativa é que durante a próxima reunião de cúpula, em Fortaleza, em 2014, o estatuto do banco possa ser oficializado.
“O Banco dos Brics tem um potencial extraordinário de desenvolvimento sobretudo dos países do Sul”, afirma Ronaldo Carmona. O membro do PCdoB aponta ainda que um desenlace do atual modelo financeiro encontra resistência dos países centrais, já que nenhuma potência aceita ceder o seu poder de maneira pacífica. “É por isso que a aliança dos Brics é frequentemente desqualificada. Mas o grupo tem revelado mais identidade do que diferenças em torno de um conjunto de pautas internacionais, o que fortalece sua ação.”
Essa intransigência das políticas monetárias dos países desenvolvidos foi tema da fala da senadora e líder sindical Dolores Padierna Luna, considerada uma das mulheres de maior destaque da vida pública mexicana, tendo fundado o Partido da Revolução Democrática em 1989. “Os Estados Unidos têm um plano para cada país. No caso dos Brics, conter o avanço da China, porque o país é uma potência exportadora com alta reserva de dólares, e o Brasil, que por muitos anos foi o principal sócio dos americanos. Mas Lula, quando assumiu o poder, adotou uma outra política, e construiu junto com a Venezuela, Cuba e Argentina uma região autônoma e com integração”, disse.
Conservar seu crescimento, para prescindir do dólar. Ampliar a integração, cooperação e financiamento na América Latina. Ser um bloco estruturado, com sua própria dinâmica que impacte positivamente toda a região. Essas são as medidas propostas por Dolores para substituir a influência dos EUA no subcontinente.
“Os Brics representam um novo paradigma da política mundial, eles estão à frente da reorganização do sistema mundial dos estados, e seu papel é definitivo. Há uma condição favorável para o surgimento de novos atores globais, novos polos de desenvolvimento. O jogo político está aberto”, define a senadora.
Também presentes na discussão, os representantes do Partido Comunista Chinês e do Partido Comunista Russo, Pan Mingtao e Leonid Kalashnikov, insistiram na cooperação entre os países para criar uma relação favorável e virtuosa, e na confiança do caminho do desenvolvimento compartilhado. "Os Brics devem, sobretudo, ajudar a harmonizar as relações internacionais", disse Kalashnikov.
Os debates da 19ª edição do Foro de São Paulo continuam até o próximo domingo, 4 de agosto. Na sexta-feira 2, o ex-presidente Lula irá participar da abertura oficial do evento, em atividade na quadra do Sindicato dos Bancários, no centro da cidade, às 19h. Também são esperadas as presenças dos presidentes Nicolás Maduro, da Venezuela, e Evo Morales, da Bolívia, que deve participar da cerimônia de encerramento.
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