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quinta-feira, 11 de julho de 2019

Não esqueça dos inimigos dos trabalhadores

Fonte: Ivan Moraes 
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 10 de julho de 2019

Frio é resultado do aquecimento global


Mulher em clima frioDireito de imagemPEXELS
Image captionTuíte do vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, no último domingo reacendeu polêmica sobre efeito das mudanças climáticas; BBC News Brasil conversou com especialistas em clima
"Só por curiosidade: quando está quente a culpa é sempre do possível aquecimento global e quando está frio fora do normal como é que se chama?".
O questionamento acima foi feito por um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), em sua conta oficial no Twitter no último domingo, 7 de julho, em meio a uma onda de frio que fez as temperaturas caírem no Sul e no Sudeste do Brasil.
Na rede social, a opinião dividiu os usuários. Para os apoiadores do parlamentar, o comentário reforça a tese de que o aquecimento global não existe. Já seus críticos apontaram para desinformação sobre o assunto.
Não é a primeira vez que Carlos Bolsonaro coloca em xeque o aquecimento global. Ele e os outros filhos do presidente têm um histórico de críticas e deboche quanto ao tema.
Logo após ser eleito, o próprio Bolsonaro ameaçou retirar o Brasil do Acordo de Paris, mas voltou atrás na decisão. O tratado, assinado por 195 países, quer reduzir a emissão de gases de efeito estufa (GEE), um dos vilões por trás do aquecimento global, segundo a comunidade científica. Pelo acordo, o Brasil deverá reduzir em 37% suas emissões até 2025 e chegar a 43% em 2030.
Coincidentemente, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também recorre ao Twitter para fazer comentários semelhantes. Ele retirou o país do pacto global pelo clima em junho de 2017.
Em janeiro deste ano, por conta de uma onda de frio intensa que atingiu o Meio-Oeste dos Estados Unidos, Trump tuitou a pergunta: "Se o mundo está ficando mais quente, por que, então, está fazendo tanto frio nos EUA"?
Como Trump e Carlos Bolsonaro, muitas pessoas acreditam ser exagerada ou mesmo falsa a preocupação com o aquecimento global.
Mas, segundo explicam especialistas em clima ouvidos pela BBC Brasil, a suposição de que dias muito frios comprovam a inexistência do aquecimento global é errada. Pelo contrário, eles reforçam a certeza, compartilhada por boa parte da comunidade científica, de que esse fenômeno existe e vem nos afetando de forma cada vez mais intensa.
"Essa fala de Carlos Bolsonaro é muito comum entre os negacionistas (aqueles que negam o aquecimento global). Mas é resultado de uma confusão - intencional ou não - entre os conceitos clima e tempo", diz à BBC News Brasil Alexandre Köberle, pesquisador do Grantham Institute na Universidade Imperial College London, uma das mais prestigiosas do Reino Unido.

'Confusão de conceitos'

Esses dois conceitos têm significados diferentes na meteorologia.
Segundo Koberle, o tempo se refere às condições atmosféricas registradas em um período de tempo curto - a onda de frio que fez no Sul e Sudeste do Brasil no último fim de semana é um exemplo disso.
O clima, por outro lado, é um panorama mais prolongado e completo dos padrões de tempo. Ele se refere às condições que prevalecem em uma região ou em toda a Terra, e pode ser estudado com uma análise das tendências históricas.
Sendo assim, quando falam em clima, os cientistas estão se referindo à situação do planeta todo, ao longo do tempo. Ou seja, mesmo que esteja fazendo mais frio que a média em uma região específica, o mundo como um todo está, na média, mais quente - é isso que apontam centenas de estudos feitos por cientistas no mundo todo ao longo de décadas.
Esse aquecimento da temperatura média da Terra - que cientistas creditam aos gases de efeitos estufa produzidos por ação humana - provoca eventos climáticos extremos, desde inundações na África até seca no Brasil, passando por invernos muito mais rigorosos na América do Norte.
"Ou seja, estamos falando de grandes flutuações. E esses eventos climáticos tendem a ficar cada vez mais frequentes e exagerados", explica Köberle.
Em sua página na internet voltada para crianças, a Agência Espacial Americana (Nasa) dá um exemplo simples para deixar clara a diferença entre os dois conceitos: um dia chuvoso na cidade de Phoenix (capital do Estado americano do Arizona) não muda o fato de que o Estado do Arizona tem uma clima seco.
A Nasa também explica que devemos esperar tempos frios mesmo que as temperaturas do planeta estejam aumentando de forma geral.
"O caminho até um mundo mais quente terá muitos episódios de tempos extremamente quentes e extremamente frios", diz o site da agência.
Isso porque as mudanças climáticas alteram a forma como correntes marítimas, correntes de vento e outros fenômenos meteorológicos funcionam ao redor do mundo, gerando eventos meteorológicos extremos - tanto de frio quanto de calor.
O aquecimento do Ártico, por exemplo, pode fazer com que as correntes de vento polar gelado se desloquem para o sul, causando ondas de frios em lugares onde elas não costumavam ocorrer.
Esse aquecimento, dizem, leva o oceano, livre de gelo, a liberar mais calor. Isso, em contrapartida, enfraquece a circulação de ar frio sobre o Ártico e permite que ele escape para o sul.
"Quando o Ártico está quente, tanto temperaturas frias como fortes nevascas são mais frequentes comparadas com quando o Ártico está frio", disse um estudo publicado na revista científica Natures Communications no ano passado.
"Também descobrimos que, durante o período de aquecimento acelerado, quando o calor do Ártico chega à troposfera superior e parte inferior da estratosfera entre o meio e o final do inverno, o tempo severo de inverno tem se intensificado."
O deslocamento para o sul de ar gelado polar, conhecido como vórtice polar, já vinha sendo noticiado por estudos anteriores. "Em vez de circular sobre o hemisfério norte em uma trajetória regular e previsível, esse vento de alta altitude ziguezagueia sobre os Estados Unidos, o Atlântico e a Europa", diz um estudo publicado em Phys.Org em 2013.
Jair BolsonaroDireito de imagemREUTERS
Image captionBolsonaro chegou a ameaçar retirar o Brasil do Acordo de Paris, mas voltou atrás

Recordes de temperatura máxima

Além disso, como lembra à BBC News Brasil Martin Beniston, ex-diretor do Instituto de Ciências Ambientais da Universidade de Genebra, na Suíça, e um dos maiores especialistas sobre clima no mundo, desde os anos 80, os dias com recorde de temperatura máxima têm sido muito mais frequentes do que os dias com recorde de temperatura mínima.
"Diversos estudos apontam que o mundo ficou 1 grau Celsius mais quente no último século. Em alguns países do mundo, como na Suíça, essa variação chegou a 3 graus Celsius", diz.
"Se analisarmos as últimas décadas, percebemos que os dias com recorde de temperatura máxima vêm acontecendo com muito mais frequência do que os dias com recorde de temperatura mínima. Também são mais prolongados".
Koberle diz que havia uma campanha em andamento, apoiada por parte dos especialistas em clima, para que o termo global warming ("aquecimento global", em português) fosse substituído pelo termo global weirding ("estranhamento global", ou seja, de que o clima estaria ficando cada vez mais 'estranho').
O objetivo seria evitar confusões como a que foi compartilhada pelo vereador, que associa ondas de frio à inexistência do aquecimento global.
Indústria liberando fumaçaDireito de imagemPEXELS
Image captionGases de efeito estufa são considerados um dos principais vilões do aquecimento global

Ação humana

Mas como os cientistas sabem que o aquecimento global vem sendo causado pela ação humana?
Para chegar a essa conclusão, diz Beniston, especialistas do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) realizaram um amplo estudousando modelos matemáticos em que analisaram o impacto de fenômenos naturais, como erupção de vulcões ou o El Niño (aquecimento das águas no Pacífico), no aumento da temperatura média global.
"Eles constataram que o aquecimento registrado pela Terra no último século não seria possível única e exclusivamente por causa desses eventos naturais", explica Beniston.
Entre as ações humanas que costumam a ser relacionadas ao aquecimento estão a queima de combustíveis fósseis, a poluição industrial e a difusão da atividade pecuária.
O último relatório do IPCC recomendou limitar o aquecimento do planeta em 1,5 grau Celsius em relação ao período pré-industrial. Caso contrário, o mundo viveria uma catástrofe climática
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Morre, aos 77 anos, o jornalista Paulo Henrique Amorim. Assista a última Conversa Afiada.


Divulgação/ TV Record
Divulgação/ TV Record
Morreu, na manhã desta quarta-feira (10), o jornalista Paulo Henrique Amorim, aos 77 anos. Amorim sofreu um enfarte fulminante na sua residência no Rio de Janeiro, a informação foi confirmada pela mulher do apresentador. Na noite anterior o jornalista tinha saído para jantar com os amigos. Veja a última Conversa Adiada
https://www.facebook.com/alex.amorim.359126/videos/336030987273263/

O jornalista fez sua estréia no jornal a Noite, no ano de 1961. Posteriormente, foi trabalhar em Nova York, como correspondente internacional da revista Realidade e logo depois da Revista Veja.

Na TV, passou pela extinta TV Manchete e pela TV Globo, onde também atuou como correspondente internacional em Nova York. 

No ano de 1966 migrou da TV Globo para a TV Bandeirantes, onde apresentou o Jornal da Band e o programa Fogo Cruzado. Paulo Amorim também trabalhou para a TV Cultura. 
Amorim foi contratado pela Record TV no ano de 2003, na emissora ele apresentou o Jornal da Record segunda edição, ajudou a criar a revista eletrônica Tudo a Ver e em 2006 se tornou o apresentador do Domingo Espetacular, até ser afastado no último mês.
Amorim deixa uma filha e a mulher, a jornalista Geórgia Pinheiro.
Com DP
Professor Edgar Bom Jardim - PE

A aventura do cinismo:distrações perversas

Resultado de imagem para cinismo

Os ruídos dos tempos modernos são frequentes. Já houve provações contínuas e crescem as buscas incessantes da história. O sonho persiste, apesar dos desmantelos. As palavras se espalham, se vestem de cores berrantes. Quem não quer  contar suas aventuras? Há mágoas e frustrações. Nunca deixou de se fabricar o disfarce para cada situação. Já leu Guimarães? Preste atenção às questões de Riobaldo e analise como a multiplicidades não coisa nova. O mundo possui inúmeras invenções, não foge da ambiguidade e cogita mudar seus significados. É pesado, mas se vai na onda do tapete mágico tecnológico.
O sossego aparece distraído, tentando abafar os ruídos. O bem e mal se confundem, para o delírio dos cínicos. Eles se divertem, compram máscaras, se fazem de vítimas, se balançam nos trapézios. Não se engane.São perigosos, simulam sorrisos e se conectam com os poderes mais sujos. As mudanças técnicas não trouxeram transparências. Levaram a sociedade para curtir mecanismos de comunicação que brincam com a sorte. O tempo inquieta motivos utópicos, porém arquiteta ambiguidades perversas. Muitos temem os vazamentos.
Contar a história não é um pacto com a verdade exclusiva. Marx não é são Francisco, Foucault não é Baudelaire, Graciliano não é Guimarães, Caetano não é Cartola. As diferenças possibilitam interpretações. Nem todos querem consultar os mistérios. Há quem costume construir labirintos e se entregam celebrar ironias. Somos animais  sociais que não se incomodam com os danos da falta de solidariedade.Contar a história é olhar para as permanências e desconfiar de seus sentidos. Os cínicos se elogiam nas instabilidades, no desprezo, nos azares mais perversos.
Não esqueça que as religiões se engessaram. Seus dogmas formulam concepções de mundo, valores, silêncios diante das dúvidas. Se desertos povoam territórios, pesadelos de juízos também impressionam os mais ingênuos. Difícil é desenhar a salvação. Quem não teme as astúcias das escritas, não se cansa de derrubar vulcões e se desfazer de pedras inúteis. Cair nas narrativas do progresso é um escorregão fatal. Conte sua história, sem desconhecer que a memória é seletiva e os deuses estão na terra. Não se negue a escutar o sertão e suas metáforas. Desfie-se. Por Paulo Rezende.
A astúcia de Ulisses

Professor Edgar Bom Jardim - PE

A 'compra de votos' e a destruição da previdência pública:governo prioriza 'Centrão' ao liberar R$ 2,5 bi em emendas antes de votação




plenário da CâmaraDireito de imagemPABLO VALADARES/CÂMARA DOS DEPUTADOS
Image captionCâmara dos Deputados começou nesta terça a votação da proposta

Eleito com um discurso crítico ao que chamava de "velha política", o presidente Jair Bolsonaro não pediu indicações dos partidos políticos ao escolher os seus ministros. Vem tendo uma relação difícil com a Câmara dos Deputados e o Senado desde o começo dos trabalhos do Congresso, em fevereiro.
No entanto, às vésperas da votação na Câmara da Reforma da Previdência, o governo resolveu lançar mão de uma das práticas mais antigas de convencimento de parlamentares – a liberação de emendas ao Orçamento. A Reforma da Previdência é o projeto mais importante deste começo da gestão de Bolsonaro. Segundo especialistas, alterar as regras das aposentadorias é fundamental para ajustar as contas públicas. Só em julho, o governo liberou R$ 2,55 bilhões em emendas, de acordo com levantamento da ONG Contas Abertas.
A BBC News Brasil analisou os dados levantados pela Contas Abertas: entre os 10 congressistas da ativa que mais tiveram emendas empenhadas em julho, não há nenhum nome de partidos de oposição ao governo. O "Top 10" contempla partidos como o Podemos, o PP, o PL e o PSD.
As emendas são pequenas modificações que deputados e senadores fazem ao Orçamento da União. São usadas pelos congressistas para colocar dinheiro público em serviços e obras nas localidades onde eles têm votos - podem ser destinadas a manter um posto de saúde, reformar uma escola ou comprar uma ambulância, por exemplo.
A imprensa brasileira também noticiou acordos entre o governo e deputados para garantir a liberação de emendas nos Orçamento dos anos seguintes, como forma de conseguir mais votos para a Reforma da Previdência. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) teria prometido R$ 40 milhões a cada deputado que votar a favor da Reforma Previdenciária, até 2022.
A reforma foi discutida em sessão na noite de terça e a votação deve acontecer nesta quarta (10).
Na terça, os deputados terminaram a fase conhecida como "discussão" do projeto - no qual congressistas contrários e favoráveis à proposta falam na tribuna. A previsão para esta quarta-feira é que a oposição apresente pelo menos mais quatro requerimentos antes que o texto possa ser votado. A Reforma da Previdência é uma proposta de emenda à Constituição (PEC), que precisa ser votada em dois turnos na Câmara antes de seguir para o Senado. Por isso, há a expectativa de que o tema continue sendo discutido ao longo da semana.

'40 milhões!'

As promessas de emendas já são parte do folclore do Congresso. Numa das entradas da Câmara, um grupo de sindicalistas de Brasília gritava "R$ 40 milhões! R$ 40 milhões!", toda vez que um deputado pró-reforma passava, na manhã de terça-feira (9).
De acordo com levantamento da Contas Abertas, o governo empenhou (primeira etapa para uso dos recursos públicos) R$ 2,551 bilhões para emendas apenas nos cinco primeiros dias deste mês. O valor supera tudo que foi empenhado antes disso no primeiro semestre do ano: R$ 1,77 bilhão.

O presidente Jair BolsonaroDireito de imagemREUTERS
Image captionA aprovação de Reforma da Previdência é prioritária para o governo Bolsonaro

Até meses atrás, Bolsonaro manteve o seu discurso contra o que chamava de "velha política". A última vez que usou o termo foi no fim de março, quando trocou farpas com Rodrigo Maia. Segundo ele, as rusgas aconteciam porque alguns congressistas se recusavam a "largar a velha política". "O que é articulação? O que falta eu fazer? O que foi feito no passado? Veja onde estão dois ex-presidentes. Eu não seguirei o mesmo destino de ex-presidentes, pode ter certeza", disse, numa referência a Lula (PT) e Michel Temer, ambos investigados por corrupção.
Desde 2015, o governo federal é obrigado a empenhar uma parte das emendas, graças à regra conhecida como "orçamento impositivo". O economista Gil Castello Branco, fundador da Contas Abertas, nota que isso não tirou totalmente o potencial de negociação em torno desses recursos, já que o governo ainda controla o ritmo de liberação das emendas ao longo do ano.
O levantamento, que abrange dados desde janeiro de 2016, mostra também que o valor já liberado em julho é o quarto maior para um mês em todo o período. O mês com maior liberação nesse intervalo foi maio de 2016 (R$ 3,8 bilhão), quando houve o impeachment de ex-presidente Dilma Rousseff. Na ocasião, tanto o governo Dilma quantos os aliados do então vice-presidente, o emedebista Michel Temer, negociaram votos em troca de emendas.
Outro período de grande desembolso, nota Castello Branco, foram junho e julho de 2017, quando estava sendo analisada na Câmara a primeira denúncia contra o já presidente Temer. Somados os dois meses, houve liberação de R$ 4,6 bilhão. Para dar uma dimensão de como esses valores são elevados, a média mensal entre janeiro de 2016 e junho de 2019 fica em R$ 740 milhões.
"O que acontece hoje em dia não é o que ocorria anos atrás, em que você favorecia um parlamentar da base em detrimento de outros, um partido, em detrimento dos demais. Agora você libera tudo, mas libera à conta gotas, estrategicamente, quando tem uma votação importante no Congresso Nacional", afirma. Castello Branco.
"As emendas parlamentares são um idioma, uma das formas como se comunicam o Executivo e o Legislativo. Isso acontece há décadas e agora não foi diferente. Houve uma concentração (de empenho de recursos) e inclusive promessa de liberar recursos além dos limites mínimos obrigatórios (do Orçamento Impositivo)", disse ele à BBC News Brasil.
Bolsonaro respondeu no começo da noite de segunda às críticas de que estaria trocando votos por recursos do Orçamento. "Por conta do Orçamento Impositivo, o governo é obrigado a liberar anualmente recursos previstos no orçamento da União aos parlamentares e a aplicação destas emendas é indicada pelos mesmos. Estamos apenas cumprindo o que a lei determina e nada mais. Boa noite a todos", escreveu ele.

Emendas extras?

Castello Branco se refere às promessas feitas pelo governo a parlamentares - de liberar verbas extras para gastos em suas bases além dos limites previstos no chamado Orçamento Impositivo (o equivalente a 1,2% da receita corrente líquida do governo).
Dentro dessas regras, o Orçamento aprovado pelo Congresso em 2018 para 2019 prevê quase R$ 15 milhões em emendas para cada parlamentar neste ano, além de R$ 3,6 bilhões para serem distribuídos entre as bancadas estaduais. A soma disso dá R$ 10,8 bilhões, dos quais R$ 4,3 bilhões já foram empenhados.

O ex-presidente Michel TemerDireito de imagemAGÊNCIA BRASIL
Image captionOutro período de grande desembolso foi quando a Câmara analisava denúncia contra o então presidente Michel Temer, em 2017

A BBC News Brasil conversou reservadamente com técnicos em Orçamento da Câmara para entender como seria possível o governo liberar emendas além do aprovado pelo Congresso no ano anterior.
Segundo estes técnicos, qualquer verba extra não seriam emendas parlamentares, do ponto de vista formal.
O que a administração Bolsonaro pode fazer é usar recursos livres nos orçamentos dos ministérios e destinar para gastos em regiões indicadas pelos congressistas.
Por exemplo: destinar verbas da pasta da Saúde especificamente para obras em um hospital da base eleitoral do deputado ou senador. O parlamentar poderá divulgar em sua base que foi seu pedido que garantiu o dinheiro, mas esse gasto não terá o carimbo legal de sua indicação.
Esse mecanismo também não é novo e permitiria ao governo beneficiar parlamentares de primeiro mandato, que não estavam no Congresso no ano passado, e por isso não têm direito a emendas no orçamento deste ano.
"Essa liberação de verbas extras sempre foi usado, veio junto com as caravelas (portuguesas, em 1500)", brinca um técnico da Câmara.
O deputado Bohn Gass (PT-RS) explica que este tipo de acordo é feito com a aprovação de um tipo de projeto chamado PLN (Projeto de Lei do Congresso Nacional), que remaneja os recursos dentro do Orçamento da União. "Você vai ver um monte de PLNs sendo aprovados. E aí vai ficar um recurso extra ali no Ministério da Saúde, mais um pouco no Ministério do Desenvolvimento Regional, e o governo vai chamar os seus deputados para 'apadrinhar' os projetos que receberam esse dinheiro", diz ele.
Deputados disseram à BBC News Brasil que este tipo de arranjo será feito com os ministérios da Justiça, da Agricultura e da Saúde, entre outros.

Deputados do Centrão foram os que mais receberam

A partir dos dados da ONG Contas Abertas, a BBC News Brasil analisou quais parlamentares que mais tiveram emendas empenhadas em julho.
As emendas empenhadas em 2019 correspondem ao Orçamento aprovado no ano passado. Por este motivo, a lista inclui também deputados que não têm mais mandato, seja porque não tentaram a reeleição para o Congresso em 2018 ou porque não conseguiram se reeleger.
Entre os que se reelegeram e, portanto, votarão a Reforma da Previdência, todos os dez que receberam maior valor são de partidos que vão do centro à direita. Parlamentares de partidos de esquerda, que fazem oposição ao governo, não aparecem no topo da lista.
Entre os dez mais estão os deputados Marco Feliciano (PODE-SP), com R$ 12,1 milhões; Alex Manente (Cidadania-SP), com R$ 11,9 milhões; Roberto de Lucena (PODE-SP), com R$ 10,1 milhões; Misael Varella (PSD-MG), com R$ 10 milhões; André Fufuca (PP-MA), com R$ 9,6 milhões; Altineu Côrtes (PL-RJ), com R$ 9 milhões; Celso Russomano (PRB-SP), com R$ 8,5 milhões; e Eli Côrrea Filho (DEM-SP), com R$ 7,5 milhões. Completam a lista dos dez parlamentares os senadores Ciro Nogueira (PP-PI), que é também presidente do PP, com R$ 7,6 milhões; e Mara Gabrilli (PSDB-SP), com R$ 7,6 milhões.
Quando a análise leva em conta todas as emendas do Orçamento de 2019 empenhadas desde o começo do ano para deputados e ex-deputados, porém, o quadro que emerge é de mais equilíbrio na divisão.

O deputado Marco Feliciano na CâmaraDireito de imagemAGÊNCIA BRASIL
Image captionO deputado Marco Feliciano é o que recebeu mais verbas de emendas parlamentares: R$ 12,1 milhões

Deputados do PT conseguiram empenhar em média R$ 5,5 milhões este ano - o valor é próximo do conseguido por deputados do DEM, por exemplo (R$ 5,9 milhões). Estes dados foram levantados pela reportagem da BBC News Brasil por meio da ferramenta Siga Brasil.
Segundo um deputado do Partido Progressista (PP), a questão das emendas é relevante principalmente para os deputados de Estados do Norte e do Nordeste. "O meu eleitorado (no Sudeste) já está me cobrando para que eu vote a favor da reforma, então eu já ia votar a favor independente de emenda. Para a gente do Sul e do Sudeste é mais fácil votar a favor, mas os colegas principalmente do Norte e do Nordeste precisam ter essa contrapartida (das emendas) para mostrar para o eleitorado deles", diz, sob condição de anonimato.
O congressista diz que em seu partido não houve promessa explícita de valores - o líder da bancada apenas avisou que "um valor extra" seria liberado em emendas. "Ele chegou e disse 'vai ser liberado um valor extra. Apresente os seus pedidos, e faça uma ordem de prioridade (do que deve ser liberado primeiro, conforme o dinheiro apareça)", diz o deputado, também sob anonimato.
"Eu mesmo apresentei só R$ 6 milhões. No momento não sabia que tinha essa coisa de R$ 20 milhões". Até agora, este congressista do PP teve cerca de R$ 4,5 milhões empenhados em emendas, segundo a ferramenta Siga Brasil.
A reportagem da BBC News Brasil apurou que a liberação das emendas está sendo negociada pela Secretaria de Governo (Segov), hoje comandada pelo general de Exército Luiz Eduardo Ramos. Formalmente, a decisão de pagar ou não uma determinada emenda é do ministro da pasta à qual ela está ligada. Por exemplo: se o deputado apresenta uma emenda para a construção de um posto de saúde, a decisão de pagar ou não cabe ao Ministério da Saúde.
Com informação da BBC
Professor Edgar Bom Jardim - PE