Mostrando postagens com marcador Brasil. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Brasil. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 26 de julho de 2018

"Cheiro de gambá", diz Josias de Souza sobre Centrão

Geraldo AlckminDireito de imagemREUTERS
Image captionAlckmin recebeu apoio formal do Centrão, composto por PP, PR, DEM, PRB e Solidariedade
"O grupo só não abre mão de sua eterna proximidade com os cofres públicos", declarou o jornalista Josias de Souza, em comentário sobre a aliança do Centrão.
Ladeado por outros onze homens em uma longa mesa, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) recebeu nesta quinta feira em Brasília o apoio formal do Centrão, bloco formado por PP, PR, DEM, PRB e Solidariedade, a sua candidatura à Presidência da República.
A ampla aliança garante ao tucano o maior tempo de propaganda eleitoral no rádio e na TV, aposta para elevar seu desempenho nas pesquisas de intenção de voto, que hoje não chega a 10%. Também representa mais capilaridade nacional para a campanha, assim como sinaliza para o eleitor condições de governabilidade em caso de vitória.
Não à toa, esses partidos, ou parte deles, foram disputados também por outros pré-candidatos, como Ciro Gomes (PDT), Jair Bolsonaro (PSL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em seu discurso, o tucano disse que estava "feliz" e que o "sentimento" em torno de seu nome hoje é diferente do de 2006, quando perdeu a disputa para a reeleição do então presidente Lula.
"Estamos aqui, para minha honra, recebendo o apoio de cinco grandes partidos que têm responsabilidade para com o povo brasileiro e para com o nosso país. Seria fácil de ir para o pré-candidato se eu estivesse em primeiro lugar, disparado nas pesquisas, mas não, estão vindo por convicção de que nós temos de estar juntos num grande esforço conciliatório", agradeceu.
No entanto, apesar desse apoio ser considerado importante para alavancar sua candidatura, pode não ser determinante caso prevaleça nos eleitores um voto de oposição ao atual governo, acreditam analistas políticos ouvidos pela BBC News Brasil. Os cinco partidos que anunciaram apoio a Alckmin, assim como o próprio PSDB, fazem parte da base do presidente Michel Temer, administração que enfrenta indíceis recordes de impopularidade.
Para o cientista político Antônio Lavareda, da Universidade Federal de Pernambuco, o apoio do Centrão "melhorou muito a capacidade de comunicação" de Alckmin, mas o resultado disso "vai depender da mensagem que a campanha vai vincular".
"Desde de a derrota de Ulysses Guimarães (candidato do PMDB em 1989), há diversos casos que mostram que o maior tempo de propaganda eleitoral não assegura necessariamente intenção de voto. Mas, embora não seja automático, em geral contribui para melhorar o desempenho eleitoral", nota o professor.

O peso de Temer

O cientista político Rafael Cortez, da consultoria Tendências, acredita que será uma estratégia natural dos outros adversários tentar desgastar Alckmin associando sua imagem à do atual presidente. Além de estar rodeado de aliados de Temer, a plataforma do ex-governador inclui uma agenda de reformas parecida com a defendida pelo emedebista - entre elas, a impopular reformulação da Previdência.
Presidente Michel TemerDireito de imagemREUTERS
Image captionCientista político disse que adversários de Alckmin devem tentar ligar sua imagem à do atual presidente, Michel Temer
"O apoio do Centrão pode não ser suficiente para Alckmin. Eleição presidencial costuma ser plebiscito sobre a continuidade ou não do governo. Como a maioria da população rejeita Temer, isso pode prejudicá-lo", ressalta.
Lavareda, por sua vez, considera que esse desgaste pode recair mais sobre Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda que pretende disputar a presidência pelo MDB, partido de Temer.
Na campanha tucana, a estratégia para tentar evitar o rótulo de candidato governista, por enquanto, tem sido ressaltar que Temer chegou ao planalto com os votos de Dilma Rousseff, já que era seu vice-presidente. Alckmin usou esse argumento em entrevista ao programa Roda Viva, no início da semana, e diversos aliados fizeram coro ao discurso nesta manhã.
"O adversário que jogar a pedra (de que Alckmin é continuidade de Temer) tem que ter cuidado para ela não cair na sua cabeça. Ele foi eleito na mesma chapa (de Dilma)", respondeu à BBC News Brasil o deputado federal Silvio Torres (PSDB-SP).
"Temer não vai ter muita presença na campanha, mesmo na do candidato do MDB (Henrique Meirelles). Vai ser esquecido", argumentou ainda.

Alckmin quer ser visto como moderado

Outro desafio da candidatura tucana, ressalta o cientista político Rafael Cortez, será conquistar eleitores fiéis a Lula, em especial no Nordeste, ao mesmo tempo que recupera votos perdidos para Bolsonaro entre um eleitorado mais conservador.

Com informações de BBC/ Uol Notícias.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Reação: após remoção do Facebook, cúpula do MBL troca WhatsApp por Telegram e prepara ofensiva


Pessoa olhando o celular no metrôDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionFacebook argumenta que só removeu páginas e perfis que quebraram suas regras de funcionamento
Na manhã desta quarta-feira, os responsáveis pelo Facebook anunciaram a remoção da rede social de 196 páginas e 87 perfis de cunho político, principalmente ligados à direita. A lista dos usuários atingidos não foi divulgada pela empresa, mas várias das páginas afetadas eram relacionadas ao Movimento Brasil Livre (MBL). O grupo ativista de direita teve participação significativa nas manifestações pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016.
Em comunicado divulgado na manhã de hoje, o Facebook afirma que a remoção do conteúdo é "parte de nossos esforços contínuos para evitar abusos", e que a empresa agiu após uma "rigorosa investigação". As páginas e perfis removidos fariam "parte de uma rede coordenada que se ocultava com o uso de contas falsas no Facebook, e escondia das pessoas a natureza e a origem de seu conteúdo, com o propósito de gerar divisão e espalhar desinformação".
Após a ação, o MBL lançou uma campanha contra a medida em diversas redes sociais - incluindo o próprio Facebook e o WhatsApp, que também pertence à empresa americana.
Página do MBL no Facebook
Image captionAo longo do dia de hoje, a página do MBL no Facebook dedicou-se a denunciar a suposta 'censura' do Facebook | Imagem: Reprodução/Facebook
"É ação coordenada. Estão censurando em camadas. Completamente orwelliano", escreveu um dos coordenadores do movimento em mensagem à BBC News Brasil pelo WhatsApp. A referência é ao escritor britânico George Orwell (1903-1950). No livro "1984", Orwell descreve uma sociedade totalitária, na qual os cidadãos são controlados por uma mistura de propaganda, revisionismo histórico, vigilância e censura.
Ao longo da quarta-feira, a cúpula do movimento começou a estudar formas de responder ao que consideram um ataque do Facebook. Políticos simpáticos ao grupo no Congresso Nacional foram acionados para rechaçar a medida e o grupo estuda a possibilidade de mover ações judiciais contra o Facebook, além de cogitar a realização de manifestações. Ao mesmo tempo, um procurador da República em Goiás, Ailton Benedito, requisitou à empresa a lista de páginas e perfis removidos.
A cúpula do MBL também tomou hoje uma medida de segurança: os coordenadores nacionais do grupo passaram a usar o Telegram, aplicativo de mensagens de origem russa considerado uma alternativa ao popular WhatsApp. É que este último pertence ao Facebook. "Não confio (no WhatsApp)", justificou um coordenador.
Notificação do Telegram mostrando a entrada dpo vereador Fernando Holliday (DEM-SP) e de Renan Santos, ambos líderes do MBL
Image captionNotificações do Telegram mostram a entrada do vereador Fernando Holliday (DEM-SP) e de Renan Santos, ambos líderes do MBL
No mundo político, a medida do Facebook foi comemorada por representantes da esquerda. O candidato do PSOL à Presidência da República, Guilherme Boulos, classificou o MBL de "rede criminosa de calúnias e fake news". "Agora é preciso investigar quem financiou e financia esta turma", escreveu ele no Twitter. Também pelo Twitter, o senador Humberto Costa (PT-PE) disse que o MBL "foi pego pelo Facebook por manter uma rede de páginas e contas falsas com a finalidade de propagar mentiras".
O comunicado do Facebook é assinado por Nathaniel Gleicher, identificado como líder de Cibersegurança da empresa. "Nós estamos agindo apenas sobre as páginas e os perfis que violaram diretamente nossas políticas, mas continuaremos alertas para este e outros tipos de abuso, e removeremos quaisquer conteúdos adicionais que forem identificados por ferir as regras", diz o texto.
Um dos coordenadores do MBL, Pedro D'Eyrot, diz que o Facebook está promovendo "uma cruzada" contra o grupo. "O que nós temos agora é uma empresa estrangeira interferindo na política brasileira, sob a desculpa esfarrapada de tentar proteger as eleições (de notícias falsas)", diz ele. "A partir do momento que eles começam a agir politicamente, a conversa (com a empresa) é outra", diz.
Em março deste ano, o jornal O Globo publicou reportagem apontando a suposta ligação do MBL com a página Ceticismo Político, que, na ocasião, divulgou o posicionamento de uma desembargadora carioca relacionando a vereadora assassinada Marielle Franco (PSOL) ao tráfico de drogas no Rio de Janeiro. O MBL nega ligação com a página - que foi derrubada nesta quarta-feira.

Qual a reação do MBL contra o Facebook?

O grupo cogita uma manifestação contra o Facebook nos próximos dias. Também deve ingressar com ações judiciais contra a empresa - o argumento é o de que o Facebook teria rompido o artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor, pois algumas das páginas removidas tinham dinheiro aplicado para impulsionar (aumentar a visibilidade) de suas publicações.
Pessoas usando celularesDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionAlgumas das páginas derrubadas tinham dinheiro aplicado para ampliar seu alcance, argumenta o MBL
Ao longo da quarta-feira, o grupo acionou congressistas de direita para falar contra a suposta "censura" do Facebook - o deputado federal Jerônimo Goergen (PP-RS) chegou a dizer que iria estudar a possibilidade de coletar assinaturas de seus colegas, com o objetivo de instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara.
"Acredito que o melhor ambiente para estes esclarecimentos seja no Congresso, com a instalação de uma CPI. Uma empresa com o tamanho e o alcance do Facebook pode influenciar na tomada de decisões dos eleitores", disse o deputado. Goergen fez a ressalva de que uma eventual coleta de assinaturas só poderia ocorrer depois do fim do recesso parlamentar.
Em outra ponta, o procurador da República em Goiás Ailton Benedito requisitou à rede social que apresente em até 48 horas a relação das páginas removidas e uma justificativa para a retirada de cada uma delas. À BBC News Brasil, Ailton disse que a requisição tem por objetivo obter dados para uma outra investigação em curso, que visa apurar se o Facebook está "impondo censura de natureza discriminatória ao usuário brasileiro".
Segundo Ailton, que é o atual chefe do MPF em Goiás, o objetivo é proteger "o direito constitucional à liberdade de informação e opinião".
"O fato de ser empresa privada não a exclui da obrigação de fornecer essas informações. Sendo um provedor de aplicativo de internet, deve estar de acordo com o Marco Civil da Internet. A internet é um serviço de natureza social e pública", argumenta o procurador.

Quais páginas foram removidas?

Na manhã de quarta, o Facebook tirou do ar páginas ligadas a células do MBL em São José dos Campos (SP) e em Taubaté (SP). Também removeu páginas de militantes como Renato Battista e Thomaz Henrique Barbosa. Outra página removida foi a do Movimento Brasil 200, uma campanha de empresários pró-liberdade de mercado capitaneada por Flávio Rocha, dono da rede de lojas Riachuelo. Até meados de julho, Rocha era pré-candidato à Presidência pelo PRB, e contava com o apoio do MBL.
O empresário Flávio Rocha em ato no MBLDireito de imagemREPRODUÇÃO/MBL
Image captionO empresário Flávio Rocha num ato do MBL em São Paulo, em abril deste ano
No Twitter, Rocha disse que a exclusão da página era "inaceitável" e "uma violência". "Conclamo a bancada do Brasil 200 no Congresso Nacional a tomar posição sobre essa arbitrariedade. Nem no tempo da ditadura militar se verificava tamanha arbitrariedade", escreveu ele.
Também foram excluídas páginas mantidas por apoiadores do candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL), mas não perfis oficiais ligados ao capitão da reserva.
Esta não é a primeira vez que o MBL reclama de ter seu conteúdo removido pelo Facebook. No começo de julho, a rede social tirou do ar por duas vezes uma popular página de memes de política, a Corrupção Brasileira Memes (CBM) - a página divulgava conteúdo de humor, ideologicamente associado à direita, e a maioria de seus administradores era de integrantes do MBL. A página tinha mais de um milhão de seguidores. Uma outra página de militantes do MBL no Rio de Janeiro também foi removida na mesma época.
*Colaborou Rafael Barifouse, da BBC News Brasil em São Paulo
Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 24 de julho de 2018

Direção nacional do PP definiu que, para atingir os 30% exigidos, os homens abrirão mão de uma parte que seria deles.


Na resolução entregue ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em que especifica como será a distribuição dos recursos do fundo eleitoral entre seus candidatos, o Partido Progressista Nacional(PP) estipulou que os homens indicarão as candidatas mulheres que desejam beneficiar.

O novo fundo eleitoral, de R$ 1,7 bilhão, foi criado para financiar as campanhas depois que as doações de empresas foram proibidas. A única exigência objetiva do TSE é que os partidos destinem, no mínimo, 30% do que receberem para candidaturas de mulheres.
A direção nacional do PP definiu que, para atingir os 30% exigidos, os homens abrirão mão de uma parte que seria deles. Assim, um candidato homem vai indicar a candidata mulher que ele quer que receba a parte subtraída da dele.

Dois especialistas ouvidos pela reportagem sob condição de anonimato disseram que esse critério, que subordina a mulher ao homem, subverte o objetivo da regra, que era fomentar a participação feminina na política.

O ideal, para um dos especialistas consultados, era que os partidos repassassem os 30% para o movimento de mulheres, e elas decidissem como usar o recurso.

O tesoureiro do PP, deputado Ricardo Barros (PR), afirmou que a opção do partido, na verdade, privilegia as mulheres. Segundo ele, uma candidata a deputada, por exemplo, receberá sua parte do fundo, como qualquer outro postulante à Câmara, e mais o que os candidatos homens lhe repassarem.

A sigla decidiu que vai dar R$ 2 milhões para os deputados federais, de qualquer gênero, que forem tentar a reeleição.

O PP é um dos 12 partidos que já remeteram ao TSE seus critérios de distribuição interna do "fundão". Faltam 23 partidos submeterem a documentação à corte eleitoral, exigência para que recebam o recurso público. A campanha eleitoral começará em 16 de agosto.
Com informação de Folha de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Eleições 2018: Por que as próximas duas semanas serão cruciais para Bolsonaro, Marina, Ciro e Alckmin

Composição com os rostos de Jair Bolsonaro, Ciro Gomes, Geraldo Alckmin e Marina SilvaDireito de imagemAGÊNCIA BRASIL, CNI E GOVERNO DE SP
Image captionPretensões presidenciais ganharão força ou sofrerão abalos nos próximos dias
"Guerreiros vitoriosos vencem antes de ir à guerra", escreveu o general e filósofo chinês Sun Tzu (544 a.C. - 496 a.C). No Brasil de 2018, as campanhas políticas não tomam decisões baseadas em livros como A Arte da Guerra, escrito por Sun. Mas para quem pretende se eleger presidente da República é crucial chegar ao começo da propaganda eleitoral, em 31 de agosto, com o apoio do maior número possível de partidos. Nos próximos 15 dias, Jair Bolsonaro (PSL), Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) farão de tudo para fechar alianças com o maior número possível de legendas.
O calendário traçado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para as eleições de 2018 determina que as legendas realizem suas convenções partidárias no período entre a sexta-feira passada, 20, e 5 de agosto. É nas convenções que os partidos devem tomar a principal decisão da campanha: se vão disputar com candidato presidencial próprio, apoiar um nome de outro partido, ou se permanecerão neutros.
Junto com o apoio dos partidos vêm o tempo de TV e rádio; o dinheiro dos fundos Eleitoral e Partidário e a "máquina" das legendas - governadores, prefeitos, cabos eleitorais etc.. É com essas armas que os candidatos começam a ganhar a eleição antes da abertura oficial da disputa.
Nesta quinta-feira, o grupo de partidos conhecido como "centrão" deve oficializar o apoio ao candidato do PSDB ao Planalto, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin. São cinco partidos: DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade. Juntos, os partidos somam 164 deputados federais (número usado no cálculo do tempo de TV e rádio), R$ 440,4 milhões no Fundo Eleitoral e 1.221 prefeitos eleitos em 2016.
A pré-candidata presidencial Marina SilvaDireito de imagemANDRÉ CARVALHO / CNI
Image captionMarina Silva será oficializada candidata em 4 de agosto, em evento em Brasília
No dia 1º de agosto, o PCdoB da pré-candidata Manuela D'Ávila realiza sua convenção em Brasília. A candidatura da deputada gaúcha ao Planalto corre risco: dirigentes do partido estão conversando tanto com Ciro Gomes (PDT) quanto com o PT. Neste fim de semana, a cúpula do partido se reuniu em São Paulo para debater a conjuntura eleitoral - e o encontro terminou com a presidente do partido, Luciana Santos, fazendo um apelo pela unidade dos partidos de esquerda.

'Ele nos encolhe e nos envergonha'

Outro que enfrenta alguma resistência dentro do próprio partido para concorrer é o ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Nesta segunda feira, ele foi ao Paraná pedir votos dos delegados que decidirão seu destino no encontro do MDB - o diretório do MDB no Estado, sob influência do senador Roberto Requião, é um dos cinco onde há objeções à candidatura de Meirelles, junto com Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Ceará.
"Não podemos permitir que o MDB se preste a servir de legenda de aluguel para a anticandidatura de Henrique Meirelles (...). Com menos de 1% nas pesquisas e uma agenda contra o povo, ela nos encolhe e envergonha", escreveu o senador emedebista Renan Calheiros (AL), numa carta enviada na última sexta-feira aos votantes da convenção do MDB, marcada para o dia 2 em Brasília.
Na mensagem, Calheiros pede que o partido libere seus quadros e negue legenda a Meirelles. Este tem o apoio do senador Romero Jucá (RR), do presidente Michel Temer e de outros caciques da sigla - o cálculo da cúpula do partido é o de que Meirelles tenha 443 dos 629 votos na convenção. O partido tem a segunda maior bancada na Câmara (51 deputados) e a maior fatia do Fundo Eleitoral: R$ 234 milhões.
A BBC News Brasil procurou a campanha de Meirelles, mas ele preferiu não responder diretamente às críticas de Calheiros.

Desafios dos candidatos em Pernambuco

Para Ciro Gomes, a definição mais importante será a do PSB. No dia 30, o partido fará uma reunião de seu Diretório Nacional, em Brasília, que na prática definirá quem a legenda apoiará (a convenção oficial será em 5 de agosto). Os socialistas têm a oferecer uma bancada de 26 deputados e R$ 118 milhões no Fundo Eleitoral. Para comparação, o PDT de Ciro tem R$ 61 milhões neste fundo.
O presidente do PSB, Carlos Siqueira, está apoiando abertamente Ciro. O pedetista também conta com o apoio público do governador de Brasília, Rodrigo Rollemberg.
A principal resistência a Ciro no PSB está em Pernambuco. O Estado nordestino é o "berço" da legenda, e o diretório local defende que o partido fique neutro. O atual governador, Paulo Câmara, quer o apoio do PT local para tentar a reeleição - ou pelo menos que o partido retire a candidatura estadual de Marília Arraes, prima do ex-governador e candidato pelo PSB em 2014, Eduardo Campos (1965-2014).
"A nossa posição é tentar a aliança com o PT em Pernambuco. E eles (PT) têm dito que só admitem apoiar as nossas candidaturas se houver aliança nacional. O nosso interesse é esse, mas Pernambuco não resolve as coisas sozinho", admite o deputado Tadeu Alencar (PSB-PE).
Ciro Gomes no lançamento de sua candidatura presidencialDireito de imagemMARCELO CAMARGO / AGÊNCIA BRASIL
Image captionCiro se lançou candidato pelo PDT na última sexta-feira, em Brasília

Para que serve uma coligação?

Segundo a cientista política Lara Mesquita, pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas (FGV), uma coligação grande traz três vantagens importantes para o candidato presidencial: mais tempo de propaganda eleitoral, estrutura partidária com abrangência nacional maior e uma imagem de maior capacidade de governar caso eleito.
As coligações também são fundamentais para aumentar a capilaridade da campanha - devido às dimensões continentais do Brasil, é difícil que os candidatos presidenciais consigam percorrer todo o país durante a campanha. Com uma aliança ampla, o concorrente presidencial terá mais candidatos desses partidos em todo o país pedindo votos em seu nome.
Mesquita ressalta que a proibição das doações de empresas para campanhas aumentou ainda mais a relevância das máquinas partidárias. "O único apoio dos partidos que muitos candidatos a deputado recebem é o material impresso para campanha. Esse santinho do candidato já virá com o nome do candidato presidencial que a coligação está apoiando", exemplifica a pesquisadora.

Qual candidato sai na frente com o cenário atual?

Se o quadro atual se mantiver, o grande beneficiado é o candidato do PSDB, Alckmin.
O apoio do "centrão" - DEM, PP, PR, PRB e SD - foi definido na última quinta-feira. A aliança foi selada após um café da manhã na residência oficial do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) em Brasília, seguida de uma reunião à tarde no bairro dos Jardins, em São Paulo.
O deputado Efraim Filho (DEM-PB) diz que o grupo "até fez um esforço" para fechar com Ciro Gomes (PDT), mas a falta de identidade ideológica com o pedetista acabou falando mais alto. "A posição de Ciro é mais à esquerda do que aquilo que o centrão desejava", diz ele. "No fim, optou-se pela alternativa que gera o menor ruído", disse Efraim à BBC News Brasil na noite da quinta-feira.
Em troca do apoio, Alckmin teria se comprometido com algumas demandas do "centrão": apoio a alguns candidatos do grupo nos Estados; suporte à candidatura de Rodrigo Maia (DEM-RJ) ao comando da Câmara dos Deputados em 2019; e a vaga de vice-presidente na chapa para o empresário mineiro Josué Alencar (PR).
O presidente da República Michel Temer (esq.) e o ex-ministro Henrique Meirelles (dir.)Direito de imagemFILIPE CARDOSO
Image captionMeirelles terá de enfrentar resistências dentro do MDB para oficializar sua candidatura
No fim da semana passada, o tucano também recebeu promessas de apoio do PTB, do PPS e do PSD. Com o PSDB, o grupo de nove partidos soma 275 deputados federais, mais que a metade dos 513 integrantes da Câmara - o número de deputados é o que determina o tempo de TV de cada candidato.
A super-aliança de Alckmin também controlaria R$ 829 milhões de R$ 1,7 bilhão do Fundo Eleitoral - 48% do total. Além disso, os partidos elegeram 2.933 prefeitos em 2016: uma multidão de possíveis cabos eleitorais para o ex-governador paulista.
Para Deysi Cioccari, cientista política da PUC-SP, a ampla aliança construída por Alckmin lhe dá "uma possibilidade concreta de estar no segundo turno".
Na sua avaliação, embora as redes sociais tenham relevância crescente como meio de informação, elas ainda não terão peso determinante na eleição, porque boa parte da população brasileira vive em pequenas cidades ou no meio rural, onde o uso da internet não é tão intenso.
"No interior, muitas pessoas só ouvem rádio, veem TV. Não tem Twitter, Facebook", ressalta. Cioccari acredita que o tempo amplo de propaganda eleitoral pode ser uma oportunidade para Alckmin recuperar parte dos votos, de um eleitor mais conservador de direita, que perdeu para Bolsonaro.
Geraldo Alckmin fala pelo microfoneDireito de imagemAFP
Image captionPara a cientista política Deysi Cioccari, ampla aliança construída por Alckmin lhe dá 'uma possibilidade concreta de estar no segundo turno'

O que Marina e Bolsonaro podem fazer sem aliados?

Apesar do tempo de propaganda ser importante, nem sempre ele é definitivo para a vitória eleitoral. Lula, por exemplo, venceu as eleições de 2002 e 2006 mesmo não sendo o candidato com mais tempo de rádio e TV.
Nas últimas duas semanas, Jair Bolsonaro (PSL) falhou em construir alianças com o PR e, mais tarde, com o nanico PRP. Já Marina Silva tenta alianças com partidos pequenos, como o PROS, o PMN, o PHS e o PPL (este último indica que lançará como candidato presidencial João Vicente Goulart, filho do ex-presidente João Goulart).
O pré-candidato Jair BolsonaroDireito de imagemREUTERS
Image captionNas últimas semanas, Bolsonaro teve dificuldade em formar alianças
Para Lara Mesquita, da FGV, candidatos com pouco tempo de propaganda, como Marina Silva (Rede) e Jair Bolsonaro (PSL) podem se beneficiar caso o voto de oposição ao governo atual prevaleça nessa eleição.
"Bolsonaro e Marina não foram atingidos pela Lava Jato. Se o fator anticorrupção for importante na definição do voto do eleitor, isso pode beneficiá-los", lembra ainda Mesquita. A reportagem da BBC News Brasil procurou as campanhas dos dois candidatos, mas não houve resposta.

Como são as regras para a formação de alianças?

O calendário do TSE determina que as candidaturas e coligações devem ser registradas até o dia 15 de agosto.
Segundo o advogado eleitoral Gustavo Guedes, os partidos têm adotado como prática usar as convenções para oficializar só os pontos mais importantes - como as alianças presidenciais e os nomes dos candidatos a governador, por exemplo. Definições menos relevantes (como os candidatos a deputados), costumam ser repassadas para comissões eleitorais ou para as Executivas dos partidos.
"A convenção, via de regra, define só os aspectos mais relevantes", diz Guedes. Para definir o número de candidatos a deputado federal, por exemplo, os partidos precisam saber quantos serão os partidos de sua coligação - portanto, esta decisão só pode ser tomada depois de todos os partidos fecharem uma posição, diz o advogado.
As coligações também vão determinar o tempo de TV e rádio para cada candidato presidencial - o número exato é calculado pelo TSE com base nas bancadas dos partidos da Câmara dos Deputados, considerando quais foram as coligações formadas. Isto porque só o número de deputados dos seis maiores partidos na coligação é considerado para o cálculo do tempo de TV do candidato.
Além disso, em maio, alguns partidos questionaram o TSE e o STF a respeito do critério a ser usado: a bancada eleita pelo partido para a Câmara em 2014 ou a bancada atual das siglas na Casa. O cálculo final do tempo de TV de cada candidato também dependerá desta definição.

Professor Edgar Bom Jardim - PE