O Museu de Bom Jardim agradece ao Papa Francisco pela missão linda de Praticar, Viver e nos Ensinar a Verdadeira Paz de Jesus Cristo 🙏
"Reunião com Jesus" - Museu de Bom Jardim
Nossa homenagem com sentimento de gratidão e máximo respeito ao Santo Pontífice Francisco, nascido Jorge Mario Bergoglio em Buenos Aires em 17/12/36.
Deixou o mundo após um papado de 12 anos e 35 dias, com muitas lições e exemplos fortes dos princípios cristãos de amor ao próximo, humildade, justiça social, paz e proteção ao meio ambiente.
Em uma de suas bem humoradas e célebres palavras disse: “O povo brasileiro tem um grande coração. Quanto à rivalidade, creio que já está totalmente superada. Porque negociamos bem: o Papa é argentino e Deus é brasileiro.”
Descanse em paz, Papa Francisco! 🙏🏽🤍✝️
Reunião Com Jesus - Acervo: Museu de Bom Jardim Pernambuco - Criação e Idealização: Edgar Severino dos Santos - Arte: Sandro Roberto Leite.
A tela "Reunião com Jesus" é uma obra de arte única no mundo. Foi uma criação idealizada para Exposição na 2ª Bienal BJ ARTE (2021) com apoio da LEI ALDIR BLANC.
A Pedra do Navio em Bom Jardim, Pernambuco é o cenário para uma reunião de Jesus com líderes e personalidades de diversos países do mundo.
Legenda da foto,Papa Francisco fez uma aparição pública e abençoou os fieis na Praça de São Pedro no domingo de Páscoa (20/4)
Morreu nesta segunda-feira (21/04), aos 88 anos, o papa Francisco, primeiro papa sul-americano e jesuíta da história da Igreja Católica.
Segundo o Vaticano, as causas da morte foram um acidente vascular cerebral (AVC), seguido de um quadro de insuficiência cardíaca irreversível.
O pontífice faleceu em sua residência no Vaticano, Casa Santa Marta. O anúncio da morte do pontífice foi feito pelo cardeal Farrell:
"Caros irmãos e irmãs, é com profundo pesar que me cabe anunciar a morte de Sua Santidade Papa Francisco."
"Às 7:35 desta manhã (hora local. 2:35 de Brasília), o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda sua vida foi dedicada a servir ao Pai e Sua Igreja."
"Ele nos ensinou a viver os valores das Escrituras com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados."
Segundo a certidão médica que atestou a morte, o papa sofreu um AVC cerebral, entrou em coma e teve um colapso cardiocirculatório irreversível às 7h35, pelo horário de Roma (2h35 em Brasília)
O boletim médico informa que o quadro foi agravado por pneumonia bilateral, bronquiectasias múltiplas, hipertensão e diabetes tipo 2. A morte foi confirmada por um exame de eletrocardiograma
Sucessor de Bento 16, primeiro papa a renunciar em quase 600 anos, Francisco esteve à frente da Igreja Católica durante 12 anos.
Jorge Mario Bergoglio nasceu em Buenos Aires, na Argentina, em 1936. Ele virou padre aos 32 anos, foi arcebispo de Buenos Aires, e se tornou o Papa Francisco aos 76 anos, em 2013.
À época de sua eleição, a escolha surpreendeu as listas de favoritos, e suas declarações, atitudes e condução da Igreja causaram espanto semelhante entre aqueles que apostavam numa repetição do conservadorismo de Bento 16.
Com o fim de seu papado, inicia-se um processo longo, que passa por um período de luto e pelos rituais fúnebres, até a eleição de um novo papa.
Os papas são tradicionalmente escolhidos por cardeais num processo eleitoral extremamente secreto que remonta aos tempos medievais.
Entenda o que acontece a seguir.
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Legenda da foto,Com a morte de Francisco, inicia-se um processo longo, de rituais fúnebres até a eleição de um novo papa
O período de luto
Quando um papa morre, nove dias de luto são declarados e o enterro ocorre entre o 4º e o 6º dia após a morte.
O funeral é organizado pelo camerlengo (título do tesoureiro nomeado da Santa Sé), que também organiza o conclave que escolhe o próximo papa.
Atualmente, essa função é desempenhada pelo cardeal irlandês Kevin Farrell.
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Legenda da foto,O papa Francisco quebrou a tradição e escolheu um Anel do Pescador de prata em vez de ouro — objeto será quebrado após a sua morte pelo camerlengo
Em um ato simbólico, o camerlengo quebra o "Anel do Pescador", o anel de sinete de ouro dos papas. No centro do anel, há uma gravura de São Pedro lançando sua rede de um barco e o nome do pontífice reinante está inscrito na borda.
O ato simboliza a suspensão do poder pontifício. Este é o momento da chamada sede vacante, ou "trono vazio".
O poder dentro da igreja passa então às mãos do Sagrado Colégio dos Cardeais.
Funeral e enterro
Ainda nesta segunda-feira, às 15h no horário de Brasília, o cardeal Kevin Joseph Farrel, presidirá o rito de constatação da morte e o depósito do corpo do papa Francisco no caixão.
A expectativa é que o funeral do papa seja realizado na Praça de São Pedro, bi Vaticano, atraindo milhares de fiéis e chefes de Estado.
Uma fonte no governo confirmou à BBC News Brasil que Lula planeja ir a Roma para acompanhar o funeral do papa Francisco. O Planalto ainda não confirmou oficialmente a informação.
A cerimônia deverá ser conduzida pelo decano do Colégio dos Cardeais, atualmente o italiano Giovanni Battista Re, de 91 anos.
Tradicionalmente, os papas costumam ser sepultados nas Grutas do Vaticano, criptas localizadas sob a Basílica de São Pedro, onde estão enterrados quase 100 papas, incluindo Bento 16, morto em 2022.
No entanto, Francisco manifestou o desejo de ser sepultado na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, uma das suas igrejas favoritas.
Crédito,Vatican News
Legenda da foto,Santa Maria Maior é a primeira Basílica do Ocidente dedicada à Virgem Maria e uma das mais belas e adornadas de Roma
Se este desejo se concretizar, ele será o primeiro papa em mais de um século a ser enterrado fora do Vaticano.
Pela tradição, os corpos de papas costumam ser colocados dentro de três caixões, feitos de cipreste, chumbo e carvalho.
Francisco, no entanto, pediu para ter um funeral mais simples, e para ser enterrado apenas num caixão de madeira e zinco.
Reunião dos cardeais no Vaticano
Os cardeais devem se reunir no Vaticano entre o 15º e o 20º dia após a morte do papa, onde ficarão em acomodações especiais enquanto as eleições acontecem.
O número desses "cardeais eleitores" geralmente é limitado a 120, mas atualmente há 135 deles com condições para eleger o novo papa.
Ao todo, há 252 cardeais em todo o mundo, mas aqueles com mais de 80 anos não têm permissão para votar.
A votação requer uma maioria de dois terços e a votação continua até que isso seja alcançado.
Se os cardeais não conseguirem chegar a um acordo sobre a pessoa a ser eleita, a votação é suspensa por um dia de oração e discussão antes de a votação começar novamente.
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Legenda da foto,Os cardeais devem se reunir no Vaticano entre o 15º e o 20º dia após a morte do papa
Na reunião, todos eles, incluindo os aposentados, discutirão em segredo os méritos dos prováveis candidatos.
Segundo o Vaticano, os cardeais são guiados pelo Espírito Santo. Mas embora uma campanha pública seja proibida, a eleição papal ainda é um processo altamente político.
Os encarregados pela coalizão têm duas semanas para forjar alianças, e acredita-se que os cardeais mais velhos, apesar de terem menos chances de se tornarem pontífices, reúnem maior poder de influência.
Conclave
A eleição de um papa é conduzida em condições de segredo únicas no mundo moderno.
Os cardeais são trancados no Vaticano até chegarem a um acordo – o significado da palavra conclave indica que eles estão literalmente trancados "com uma chave".
O processo de eleição pode levar dias. Em séculos anteriores, ele durou semanas ou meses, e alguns cardeais até morreram durante os conclaves.
O processo é projetado para evitar que qualquer detalhe da votação venha à tona, durante ou após o conclave. A ameaça de excomunhão paira sobre qualquer um tentado a quebrar esse silêncio.
João Paulo 2º mudou as regras do conclave para que um papa pudesse ser eleito por maioria simples. Mas Bento 16 mudou os requisitos de volta para que uma maioria de dois terços seja necessária, o que significa que o eleito provavelmente será um candidato de base ampla.
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Legenda da foto,Votação ocorre na Capela Sistina, que é toda inspecionada por especialistas em segurança
Antes do início da votação na Capela Sistina, toda a área é verificada por especialistas em segurança para garantir que não haja microfones ou câmeras escondidos.
Uma vez que o conclave tenha começado, os cardeais comem, votam e dormem em áreas fechadas até que um novo papa seja escolhido.
Eles não têm permissão para contato com o mundo exterior – exceto em caso de emergência médica. Todos os rádios e aparelhos de televisão são removidos, jornais ou revistas não são permitidos e telefones celulares são proibidos.
Dois médicos são permitidos no conclave, assim como padres que podem ouvir confissões em vários idiomas e equipe de limpeza.
Toda essa equipe tem que fazer um juramento prometendo observar segredo perpétuo e se comprometer a não usar equipamento de gravação de som ou vídeo.
Rituais de votação
A votação é realizada na Capela Sistina. No dia em que o conclave começa, os cardeais celebram uma missa pela manhã antes de caminhar em procissão até a capela.
Uma vez que os cardeais estão dentro da área do conclave, eles têm que fazer um juramento de segredo. Então, o comando latino extra omnes ("todos fora") instrui todos aqueles não envolvidos na eleição a sair antes que as portas sejam fechadas.
Os cardeais têm a opção de realizar uma única votação na tarde do primeiro dia.
A partir do segundo dia, duas votações são realizadas pela manhã e duas à tarde.
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Legenda da foto,Urnas utilizadas pelos cardeais no conclave
A cédula é retangular. Impressas na metade superior, estão as palavras Eligio in Summum Pontificem ("Eu elejo como Sumo Pontífice").
Abaixo, há um espaço para o nome da pessoa escolhida. Os cardeais são instruídos a escrever o nome de uma forma que não os identifique e a dobrar o papel duas vezes.
Depois que todos os votos foram lançados, os papéis são misturados, contados e abertos.
Conforme os papéis são contados, um dos escrutinadores chama os nomes dos cardeais que receberam votos.
Ele perfura cada papel com uma agulha – através da palavra "Eligio" – colocando todas as cédulas em um único fio.
As cédulas são então queimadas – emitindo a fumaça visível para os espectadores do lado de fora, que tradicionalmente muda de preto para branco quando um novo papa é escolhido.
O costume era adicionar palha úmida para tornar a fumaça preta, mas ao longo dos anos muitas vezes houve confusão sobre a cor da fumaça. Mais recentemente, um corante foi usado.
Se uma segunda votação ocorrer imediatamente, as cédulas da primeira votação são colocadas de um lado e então queimadas junto às da segunda votação.
O processo continua até que um candidato tenha alcançado a maioria necessária.
Anúncio de um novo papa
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Legenda da foto,Fumaça branca é sinal da eleição de um novo papa
Após a eleição do novo papa ser sinalizada pela fumaça branca subindo da chaminé da Capela Sistina, haverá um pequeno intervalo antes que sua identidade seja finalmente revelada ao mundo.
Uma vez que um candidato tenha atingido a maioria necessária, ele é questionado: "Você aceita sua eleição canônica como Sumo Pontífice?"
Depois de dar seu consentimento, o novo papa é questionado: "Por qual nome você deseja ser chamado?"
Depois que ele escolhe um nome, os outros cardeais se aproximam do novo papa para fazer um ato de homenagem e obediência.
O novo papa também pode precisar de ajustes em suas novas vestes. O alfaiate papal terá preparado vestimentas para vestir um papa de qualquer tamanho – pequeno, médio ou grande –, mas alguns ajustes de última hora podem ser necessários.
Então, da sacada da Basílica de São Pedro, o anúncio tradicional ecoará pela praça: Annuntio vobis gaudium magnum... habemus papam!: "Anuncio a vocês uma grande alegria... temos um papa!"
Seu nome é então revelado, e o pontífice recém-eleito fará sua primeira aparição pública.
Depois de dizer algumas palavras, o papa dará a bênção tradicional de Urbi et Orbi – "à cidade e ao mundo" – e um novo pontificado começa
O assessor internacional da Presidência da República, Celso Amorim, disse, em entrevista ao jornal O Globo desta quinta-feira (17), que a política tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é um perigoso risco para o sistema multilateral, um dos pilares da política externa brasileira.
Alvo principal da guerra tarifária de Trump, a China, segundo Amorim, tem hoje uma disponibilidade de recursos para investimento no exterior muito maior que a dos EUA, oferecendo “mais oportunidades ao Brasil e menos riscos”.
“A China tem hoje uma disponibilidade de recursos para investimento no exterior que os Estados Unidos não têm. É uma questão pragmática. A China hoje oferece mais oportunidades ao Brasil e menos riscos”, disse.
Na avaliação de Amorim, o tarifaço de Trump foi usado como estratégia para “forçar negociações bilaterais”.
“O grande risco nisso tudo é o sistema multilateral. Na minha opinião, o que os EUA quiseram fazer não foi botar uma tarifa para a China, outra para o Brasil etc… isso também, mas acho que eles quiseram forçar negociações bilaterais”, disse.
“Essa quebra do multilateralismo está expressamente dita na nota da Casa Branca, onde também são elogiados acordos do século passado. Sabemos que os acordos de 1930 contribuíram para a depressão, que contribuiu para a Segunda Guerra Mundial. Não vou dizer que seja a única causa ou a principal, mas contribuiu. Esse é o risco maior, a ruptura do multilateralismo”, disse Amorim.
“Vantagem comparativa ao Brasil é ilusão”, diz Celso Amorim
Sobre eventuais vantagens ao Brasil com a guerra tarifária, Amorim apontou que “isso é uma ilusão”. “Quando as pessoas dizem que o Brasil pode ter uma vantagem comparativa, eu acho que isso é uma ilusão. A quebra do sistema multilateral traz um prejuízo muito maior do que a eventual vantagem comparativa que, talvez, você possa ter.”
“Se tiver uma tarifa sobre um produto com o qual competimos com a China, ou outro que tenha uma tarifa maior do que a nossa, temos uma vantagem. Mas sem multilateralismo nunca ganharíamos um caso como o que ganhamos o do algodão com os EUA, ou o açúcar com a União Europeia (UE)”, completou.
Foi o multilateralismo que, segundo ele, propiciou ao Brasil ter conseguido um acordo no uso de medicamentos genéricos, por exemplo.
“Não teríamos conseguido legitimar o uso de genéricos como legitimamos. Tudo isso foi no âmbito multilateral. Quando a gente fala do âmbito multilateral, não é uma religião, é uma coisa prática”, enfatizou.
Escalada Trump
Questionado sobre uma moderação por parte de Trump, Amorim disse que hoje, mesmo nos Estados Unidos, há uma “percepção diferente” por parte de economistas americanos, industriais, empresários.
Ele também vê riscos de recessão global, “até mesmo os Estados Unidos”, que é o país mais ameaçado pela guerra tarifária de Trump, e isso traz um problema para o mundo. “É isso que eu temo”, frisou.
“No passado, isso foi o prelúdio da Segunda Guerra Mundial. Houve necessidade de fomentar a indústria armamentista para levantar as economias. Porque o consumidor não tinha mais força. O consumo dos indivíduos, das famílias, não era suficiente para levantar as economias. As economias só começam a se levantar quando começa a haver a perspectiva da guerra. Espero que dessa vez não se chegue a isso”, disse Amorim
Participando do Seminário "Por Uma Cultura de Direitos", promovido pelo Ministério da Cultura, por meio do Programa Nacional dos Comitês de Cultura de Pernambuco, em parceria com a Secretaria de Educação e Cultura de Surubim, o produtor cultural Edgar Santos, representante do Museu de Bom Jardim, destacou: "Há urgente necessidade de serem criadas secretarias municipais de cultura em todo país. As políticas públicas de cultura necessitam de atenção. É preciso criar o CPF da cultura para que o povo, artistas, grupos culturais possam ter maiores possibilidades de usufruir de seus direitos garantidos na Constituição Federal e na Declaração Universal dos Direitos Humanos.
O seminário foi realizado na Casa da Juventude de Surubim em 28 de março, contou com a presença de participantes dos municípios de Surubim, Bom Jardim, João Alfredo, Santa Maria do Cambucá, Casinhas, Frei Miguelinho, Vertente do Lério e Salgadinho. Jefté Amorim (palestrante), Joana Darc( representante do Comitê de Cultura de Pernambuco) e Deborah Duarte ( diretora de Cultura de Surubim) comandaram os trabalhos. A delegação de Bom Jardim foi bem expressiva
Os direitos culturais estão garantidos na Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Artigo 215 "O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e o acesso às fontes de cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais".
Ele defende secretarias municipais de Cultura | Vídeo: TV SURUBIM
Sexta-feira Santa: Como morreu Jesus, segundo a ciência
Religião à parte, pouca gente duvida que um homem chamado Jesus viveu há 2 mil anos em uma parte do que hoje é Israel.
E que esse homem foi um judeu dissidente que acabou liderando um grupo de seguidores e, às vésperas da Páscoa judaica, ele foi condenado, torturado e crucificado.
Neste vídeo, Camilla Veras Mota explica o que dizem cientistas sobre a morte de Jesus
O que os historiadores dizem sobre a real aparência de Jesus |BBC
Foram séculos e séculos de eurocentrismo para que se sedimentasse a imagem mais conhecida de Jesus Cristo: um homem branco, barbudo, de longos cabelos castanhos claros e olhos azuis.
Apesar de ser um retrato já conhecido pela maior parte dos cerca de 2 bilhões de cristãos no mundo, trata-se de uma construção que pouco deve ter tido a ver com a realidade.
Neste vídeo, Camilla Veras conta que, segundo historiadores, o Jesus real muito provavelmente era moreno, baixinho e mantinha os cabelos aparados, como os outros judeus de sua época.
Legenda da foto,Hoje, os cristãos usam a cruz como símbolo religioso, mas inicialmente rejeitaram o instrumento em que Jesus morreuArticle information
Author,Juan Francisco Alonso
Role,BBC News Mundo
"E, levando a sua cruz, saiu para aquele lugar, chamado Calvário e, em hebraico, Gólgota, onde o crucificaram, e com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio."
A passagem do Evangelho de João será mais uma vez parte fundamental dos cultos religiosos realizados nesta Sexta-Feira Santa (18/4) em igrejas ao redor do mundo, onde milhões de fiéis vão participar da adoração à cruz.
O rito, por meio do qual os fiéis reverenciam ou beijam uma imagem de Cristo crucificado colocada aos pés dos altares das igrejas, serve para relembrar a morte de Jesus nas mãos do Império Romano, e faz parte da liturgia católica há mais de 1,5 mil anos.
Mas o instrumento no qual o carpinteiro de Nazaré, nos arredores de Jerusalém, foi executado nem sempre foi objeto de veneração por seus seguidores, tampouco usado como símbolo cristão
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Legenda da foto,Para os judeus, a pena de crucificação era abominável não apenas por causa da crueldade, mas também porque a vítima era humilhada ao ser exposta nua em público
Uma lembrança sinistra e dolorosa
Nos primeiros séculos após a morte de Jesus, seus seguidores não se identificavam com a cruz
Nas catacumbas romanas, onde eles realizavam cultos escondidos da perseguição religiosa, não foram encontradas imagens de cruz, e as representações encontradas do messias mostram ele vivo, repartindo o pão na Última Ceia, ou já ressuscitado, mas nunca agonizando ou morto na cruz.
Segundo Cayetana Johnson, arqueóloga da Universidade Eclesiástica de San Dámaso, na Espanha, os primeiros cristãos não usavam a cruz como símbolo "por uma mistura de medo e vergonha".
"Para os judeus praticantes, entre os quais estavam os primeiros seguidores de Jesus, a crucificação era algo escandaloso", ela explica à BBC News Mundo, serviço de notícias em espanhol da BBC.
"Esta forma de execução era abominável, e uma verdadeira vergonha, tanto pela maneira como era realizada — porque os corpos dos prisioneiros tinham que ser completamente despidos e, uma vez mortos, eram jogados em uma vala comum —, mas também porque quem a executava era um governante estrangeiro", acrescenta.
"A cruz era sinônimo de morte retumbante", observa Johnson, lembrando que a prática não consistia apenas em pregar a pessoa em uma viga de madeira para sangrar e sufocar até a morte, um processo que podia levar horas ou até dias, mas que antes o prisioneiro era forçado a carregar o patibulum (barra transversal superior da cruz) até o local da execução.
E para evitar que fugissem, os prisioneiros eram acorrentados à viga de madeira.
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Legenda da foto,Os romanos obrigavam os condenados à crucificação a carregar parte da cruz na qual seriam pregados
A especialista lembrou que, devido à brutalidade e crueldade, a prática era reservada a inimigos do Estado e criminosos perigosos, e era usada como punição e advertência.
"Para os romanos, estava claro que exibir o crucificado era uma maneira de dizer à população conquistada: não se rebelem, não se revoltem, nem se oponham ao império", explica.
No século 1 a.C., após reprimir uma rebelião de escravos liderada por Espártaco, as forças romanas crucificaram cerca de 6 mil prisioneiros ao longo da Via Ápia, que levava a Roma, de acordo com o historiador Plutarco.
Mas esta forma cruel de execução não foi uma invenção romana — ela foi pega emprestada de outras culturas, como a assíria e persa, e aperfeiçoada.
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Legenda da foto,As primeiras comunidades cristãs usavam a silhueta de um peixe como símbolo
Homenagem ao pescador de homens
O primeiro símbolo do cristianismo foi a silhueta de um peixe, mais especificamente dois arcos cruzados. Isso se reflete nos escritos de Santo Agostinho de Hipona e Tertuliano, dois padres da Igreja Católica.
Mas por que este animal? "Porque no grego antigo, a palavra 'peixe' se escreve ichthys, que também é o acrônimo de Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador", explica à BBC News Mundo Diarmaid MacCulloch, professor emérito de história da igreja no St Cross College da Universidade de Oxford, no Reino Unido.
Joan Taylor, professora emérita das origens do cristianismo na Universidade King's College London, diz que o símbolo também foi escolhido por sua conexão com os ensinamentos de Jesus.
"O peixe evoca seu interesse pelos pescadores [vários de seus discípulos eram pescadores], e também por milagres como a multiplicação dos peixes que ele realizou durante seu ministério na Galileia", ela observa.
"Venham comigo, e eu farei de vocês pescadores de homens", disse Jesus aos seus seguidores, de acordo com os Evangelhos de Marcos e Mateus.
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Legenda da foto,O imperador Constantino incentivou o uso da cruz pelos cristãos depois de ter tido uma visão
Em termos semelhantes, Johnson lembrou que "nas primeiras representações orientais da Última Ceia, geralmente há dois peixes sobre a mesa, e não o cordeiro, como acontece agora".
No entanto, a professora da Universidade Eclesiástica de San Dámasco apresentou outros elementos que explicam a decisão dos primeiros cristãos.
"O peixe é um símbolo muito antigo, especialmente para os povos com uma forte relação com o mar, em particular com o Mar Mediterrâneo. Era um símbolo que representava a fertilidade e os ciclos da vida", ela acrescenta.
Por sua vez, Santo Agostinho de Hipona, em seus escritos, esclarece melhor por que esse animal foi o símbolo escolhido pelos primeiros cristãos, e afirma que os seguidores de Jesus eram como os peixes que se escondiam nas águas em busca da verdade escondida à vista de todos.
"Nós, pequenos peixes, segundo a imagem do nosso ichthys, Jesus Cristo, nascemos na água", escreveu Tertuliano.
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Legenda da foto,Há mais de 1,5 mil anos, os católicos veneram imagens de Cristo crucificado nas Sextas-feiras Santas
A visão que mudou tudo
O imperador Constantino 1° (280-337) não só teria sido responsável pelo fim da perseguição aos cristãos e pela legalização de sua fé no século 4, como também por tornar a cruz o símbolo desta religião.
"Diz-se que quando Constantino estava se preparando para lutar contra seu rival, Maxêncio, na Ponte Mílvia, nos arredores de Roma, ele viu uma cruz no céu e escutou uma voz que dizia: 'Com este sinal, você vencerá'", lembra Taylor.
"O imperador mandou então pintar a cruz nos escudos de seus soldados, e venceu a batalha. A partir de então, ele a utilizou militarmente, e também como símbolo pessoal em suas moedas, e ordenou que fosse colocada no topo das igrejas", acrescenta.
A historiadora inglesa esclarece, no entanto, que o símbolo não era a cruz que conhecemos hoje, mas uma combinação de duas letras gregas: Ji (representada como um X) e Rro (representada como um P), que são as primeiras letras da palavra grega Christos (Cristo).
MacCulloch e Johnson afirmam, por sua vez, que antes da intervenção imperial, a cruz já havia sido adotada pelos cristãos como parte de seu simbolismo.
"Padres da Igreja, como São Justino Mártir, no século 2, começaram a reinterpretar a cruz, argumentando que ela representava toda a ordenação de Deus no cosmos, porque tem quatro direções, representando os pontos cardeais e os quatro rios que fluem do Éden, de acordo com o livro do Gênesis", diz Johnson.
"No século 3, Minúcio Félix, um romano convertido ao cristianismo, observou que os romanos achavam os cristãos loucos por venerar alguém que havia sido julgado e condenado à pena de morte romana."
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Legenda da foto,A partir da Idade Média, as imagens de Cristo crucificado se tornaram cada vez mais sangrentas
Esta versão é corroborada por Joanne Pierce, professora de estudos religiosos no College of the Holy Cross, nos EUA, que citou o caso do chamado grafite de Alexamenos, uma ilustração encontrada em um muro do Monte Palatino, em Roma, na qual se vê uma figura crucificada com cabeça de burro.
"O cristianismo era proibido naquela época no Império Romano, e alguns o criticavam por considerá-lo uma religião para tolos, e tentaram ridicularizá-lo", ela escreveu em um artigo publicado, em 2020, no site de notícias acadêmicas The Conversation.
"Mas para os cristãos, a cruz tinha um significado profundo. Eles entendiam que, com sua morte na cruz, Cristo 'completou' sua missão, e que sua ressurreição, três dias depois, era o sinal de sua 'vitória' sobre o pecado e a morte", acrescentou a especialista.
Foi também o imperador Constantino quem confiou à sua mãe, Helena, a tarefa de encontrar a cruz onde Jesus morreu em Jerusalém, e a notícia de que ela supostamente a encontrou, no local onde hoje fica a Basílica do Santo Sepulcro, contribuiu para a ressignificação do símbolo.
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Legenda da foto,O processo de adoção da cruz como símbolo pelos cristãos levou tempo, de acordo com os especialistas ouvidos pela reportagem
Pouco a pouco
O fato de o imperador ter proibido a crucificação como forma de pena de morte, no ano 337, foi outro fator que facilitou a reinterpretação da antiga arma de execução pelos líderes religiosos.
No entanto, a arqueóloga espanhola explica que o processo de incorporação do símbolo levou tempo. As primeiras cruzes eram "delicadas, decoradas com pedras preciosas e não tinham elementos sangrentos".
"A partir do século 6 que começaram a aparecer as imagens de Cristo crucificado, mas elas eram serenas, sem feridas nem sangue, e ele estava vestido como um sacerdote ou um rei", ela acrescenta.
"Foi na Idade Média, repleta de guerras, de peste e problemas religiosos, como a Reforma Protestante e a Contrarreforma, que as imagens de Cristo crucificado se tornaram cada vez mais duras e sangrentas, como as que são vistas nas procissões espanholas."
Mais de dois milênios depois dos acontecimentos em Jerusalém, a cruz se tornou o símbolo indiscutível da religião fundada na crucificação do carpinteiro de Nazaré