domingo, 4 de junho de 2017

Dória: a cracolândia, a política, a controvérsia

As notícias ganham espaços movidas pelas curiosidades. Nem todos se ligam ao seu conteúdo. Apostam no sensacionalismo. Surgem os preconceitos, as violências, as amarguras. Observe a questão da cracolândia. Um inferno, na capital mais rica do Brasil, que assusta e comove. Ela não é só movimentada pela pobreza ou astúcia dos traficantes. Mostra que a sociedade se despedaça. A droga, citada, estraçalha. Traz a dependência quase fatal, A ameaça se generaliza, pois há apatias que apagam ânimos. Existem suicídios em plena luz do dia, denunciando a miséria humana e os valores esfarrapados. A questão não se resume a proibi-la de forma abrupta. A profundidade da questão nos fere, pois as reflexões são contraditórias, giram em torno de lutas políticas e a tensão estica a corda da dúvida. Não é fácil argumentar onde a dor aporta e confunde.
Se o desequilíbrio social traz problemas, os abandonos afetivos também arrasam futuros. A droga aparece, muitas vezes, como um consolo que tumultua e alimenta escapes. Solta ilusões que se fragmentam e adoecem. O pior é visualizar soluções. Isso é explorado pelo sistema que fermenta o lucro. Por detrás do comércio de drogas existem interesses que sacodem instituições. O problema não é apenas nosso. O mundo vive de trocas sujas que enriquecem minorias. As distopias avançam, porque o pessimismo se agiganta diante dos vazios. Como escolher? O prazer sobrevive? E solidariedade está presa e incomunicável? Não há histórias que são indeterminadas?
O fracasso das políticas e as corrupções se espalham. A desconfiança é um perigo. Joga-se com a descrença ou se mantém a população envolvida com suspenses. Encontrar o caminho num mundo cheio de mercadoria é difícil. A pressa de viver não esconde as agonias. O tempo imprime ansiedades. Todos querem um conforto para amenizar seus desencontros. Armam-se escândalos, pois eles atraem. A cracolândia é um dos retratos dos descontroles. Possui um simbolismo cruel e apavorante. Quem quer se ver envolvido por tantos infortúnios? Mas não é com violência que se rebate a situação. Observe a história e as tramas dos divertimentos e aventuras humanas, as rebeldias, a necessidade de burlar as instituições. Mas não esqueça as variedades múltiplas. Nem toda droga atinge como o crack.
As ações de Dória mostram desacertos. Quem pensa na coletividade? O perigoso é que ele é apontado como modelo. Muitos se fascinam. Querem higienes opressoras. Estamos numa sociedade marcada pela propriedade privada. Dória não assumiu o poder para vender bilhetes de loteria. Possui planos, não é dominado pela generosidade anônima. No entanto, surgem admiradores, eles difundem a luta do bem contra o mal, tão comum em missões religiosas. A política está tonta, faz tempo. Submersa nas espertezas do capitalismo gosta de vender. Os mercados abrem suas portas. Cada território tem seu valor e assombra quem acha que a ingenuidade abraça os ditos salvadores. Os mecanismos da mídia merecem atenção, pois invertem saídas muitas vezes com intenções nada saudáveis. Travam.
Paulo Rezende
Professor Edgar Bom Jardim - PE

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