quinta-feira, 4 de maio de 2017

O que sei é o que sei e você?

Não compartilho com a famosa afirmação de que o que sei é que nada sei. Sócrates tinha razões, vivia outros tempos, firmava suas confidências. Sei e vejo muitas coisas, embora não negue as fragilidades. Há interpretações múltiplas. Vagamos no meio de tantos conhecimentos. E as novidades das informações? Portanto, as certezas querem se manter, mas sofrem ataques contínuos. Temos referências e não destinos. Querem destruir o passado para apagar a história ou inventar desesperos? As disputas não cessarão, porque somos invejosos e não profetas de tudo. As suposições fazem parte do cotidiano.Disfarçamos com voos espetaculares e enganosos.
A viagem é longa. Desconhecer as origens é doloroso. Se o futuro transformará o mundo é um enigma. Tropeçamos, porém os perigos são imensos e alguns superáveis. É preciso não jogar com as palavras, sem mergulhar nos seus significados. Lembro-me dos sofistas. Gosto do relativismo. Não me sinto solto, sem nada para dizer. Busco me equilibrar. A felicidade aparece em momentos passageiros. Os desprazeres existem, o pessimismo se amplia, mas há risos, brincadeiras, coloridos, mares azuis, livros de Kundera. Quem não se envolve com paixões?
O mundo é complexo. A morte amedronta. Ficamos perplexos com tantas dúvidas. Os deuses fazem suas apostas. Não acredito em julgamentos finais. Há muitos mistérios. Naveguemos. Camus tinha intuições singulares. Escreveu um livro fantástico O mito de Sífiso. Reflete sobre o suicídio, sobre os limites, os desencantos. Morreu tragicamente. Ninguém domina os saberes de forma absoluta. Mas aprecio quem lança questões, visualiza os danos do absurdo. Tudo produz polêmica, provoca andanças, traça ameaças, funda crenças, enfrenta dissabores.
Sei que estou numa sociedade turbulenta. As regras vacilam, as pessoas se drogam, os casamentos se desfazem, as guerras não se vão, a complexidade é um desafio. Escrever é conversar. Quem não retoma nostalgias, quem quer  naufragar em pesadelos? Definir os caminhos é quase incomum. Prometeu revoltou-se. Mostrou que não há nada estabelecido para sempre. As ilusões ajudam a diminuir as dores e arquitetar sonhos. O ponto final é um símbolo. Tudo está voando, com tempestades repentinas e fogos vermelhos enlouquecidos. A tensão desmonta lentidões.
O que sei é que pouco sei. Desconheço se há um encontro derradeiro ou se corpo apodrece inutilmente. As especulações frequentam cada desejo de pular o cerco das impossibilidades. Sócrates foi condenado. Já havia delação premiada. Nossa sociabilidade é escandalosa. Quem admite transcendências e se julga amigo dos anjos? Não se acanhe. Há quem roube, quem chore, quem fuja, quem se abandone. A confusão não é uma mentira, nem a vida uma aflição profunda. Siga com seus saberes e suas experiências. Um dia, casa cresce ou cai. E você levitará ous seus olhos ficarão vermelhos.
astuciadeulisses.com.br
Professor Edgar Bom Jardim - PE

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